29 outubro - Quando tiveres menos vontade de pronunciar
palavra, então é tempo de falar. (S 197). São Jose Marello
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Leitura
do santo Evangelho segundo São Lucas 14,1.7-11
1Aconteceu
que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus.
E eles o observavam. 7Jesus notou como os convidados
escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: 8”Quando fores convidado para uma festa
de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado
alguém mais importante do que tu, 9e o dono da casa, que convidou os
dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então ficarás envergonhado e irás
ocupar o último lugar. 10Mas, quando fores convidado, vai
sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá:
‘Amigo, vem mais para cima’. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos
os convidados. 11Porque quem se eleva será humilhado e
quem se humilha será elevado”.
Este
Evangelho nos ajuda a corrigir um preconceito sumamente difundido. «Num sábado,
Jesus entrou para comer na casa de um dos principais fariseus. Eles o
observavam atentamente».
Ao ler o Evangelho a partir de um certo ponto de vista, acabou-se fazendo dos
fariseus o modelo de todos os vícios: hipocrisia, falsidade; os inimigos por
antonomásia de Jesus. Com estes significados negativos, o termo «fariseu»
passou a fazer parte do dicionário de nossa língua e de outras muitas.
Semelhante idéia dos fariseus não é correta. Entre eles havia certamente muitos
elementos que respondiam a esta imagem e Cristo os enfrenta. Mas nem todos eram
assim. Nicodemos, que vai ver Jesus de noite e que depois o defende ante o
Sinédrio, era um fariseu (Jo 3,1;7,50ss). Também Saulo era fariseu antes da
conversão, e era certamente uma pessoa sincera e zelosa, ainda que não
estivesse bem iluminado. Outro fariseu era Gamaliel, que defendeu os apóstolos
ante o Sinédrio (At 5,34 e seguintes).
As relações de Jesus com os fariseus não foram só de conflito. Compartilhavam
muitas vezes as mesmas convicções, como a fé na ressurreição dos mortos, no
amor de Deus e no compromisso como primeiro e mais importante mandamento da
lei. Alguns, como neste caso, inclusive o convidam para uma refeição em sua
casa. Hoje se considera que mais que os fariseus, quem queria a condenação de
Jesus eram os saduceus, a quem pertencia a casta sacerdotal de Jerusalém.
Por todos estes motivos, seria sumamente desejável deixar de utilizar o termo
«fariseu» em sentido depreciativo. Ajudaria ao diálogo com os judeus, que
recordam com grande honra o papel desempenhado pela corrente dos fariseus em
sua história, especialmente após a destruição de Jerusalém.
Durante a refeição, naquele sábado, Jesus ofereceu dois ensinamentos
importantes: um dirigido aos «convidados» e outro para o «anfitrião».
Ao dono da casa, Jesus disse (talvez diante dele ou só em presença de seus
discípulos): «Quando deres um almoço ou um jantar, não convides seus amigos,
nem seus irmãos, nem seus parentes, nem os vizinhos ricos…».
É o que o próprio Jesus fez, quando convidou ao grande banquete do Reino os pobres, os alitos, os humildes, os famintos, os perseguidos.
Vamos meditar
no que Jesus diz aos «convidados». «Se te convidam a um banquete de bodas, não
te coloques no primeiro lugar…». Jesus não quer dar conselhos de boa educação.
Nem sequer pretende alentar o sutil cálculo de quem se põe em uma fila, com a
escondida esperança de que o dono lhe peça que se aproxime.
A parábola nisso pode dar pé ao equívoco, se não se levar em consideração o
banquete e o dono dos quais Jesus está falando. O banquete é o universal do
Reino e o dono é Deus.
No Evangelho de hoje Jesus vem nos dar um conselho bem prático para o nosso
dia-a-dia e se utiliza de uma simples parábola para nos revelar a importância
de sermos humildes e de reconhecermos a nossa pequenez diante dos homens.
Para Jesus, a pessoa verdadeiramente grande é aquela que atua com discrição e
humildade e sabe viver em atitude de serviço. Talvez, não se destaca por fazer
grandes coisas, mas sempre está presente, disposta a colaborar, a estender a
mão, a ajudar. Sua grandeza consiste precisamente em viver para os demais.
Ele está querendo revelar para cada um de nós que em nenhum momento devemos nos
valer da expectativa que temos em nós mesmos ou da autoconfiança, pois podemos
ser humilhados e colocados para sentar no último lugar. E como é desagradável
ser chamado a sair de um lugar para que outro possa ocupá-lo; e ao mesmo tempo
como é bom ser reconhecido na multidão pelo dono da festa e ser conduzido para
um lugar especial, escolhido e reservado para nós.
Na vida, quer dizer Jesus, devemos escolher o último lugar, procurar contentar
os demais mais que a nós mesmos; sermos modesto na hora de avaliar nossos
méritos, deixar que sejam os demais quem os reconheçam e não nós («ninguém é
bom juiz em causa própria»), e já desde esta vida Deus nos exaltará. Ele nos
exaltará com sua graça, nos fará subir na hierarquia de nossos amigos e dos
verdadeiros discípulos de seu Filho, que é o que realmente importa.
Ele nos exaltará também na estima dos demais. É um fato surpreendente, mas
verdadeiro. Não só Deus «se inclina ante o humilde e rejeita o soberbo» (Sl
107,6); também o homem faz o mesmo, independentemente do fato de ser crente ou
não.
A modéstia, quando é sincera, não artificial, conquista, faz que as pessoas
sejam amadas, que suas companhias sejam desejadas, que suas opiniões sejam
desejadas.
Vivemos em uma sociedade que tem suma necessidade de voltar a escutar esta
mensagem evangélica sobre a humildade.
Correr para ocupar os primeiros lugares, talvez pisoteando, sem escrúpulos, a
cabeça dos demais, são características desprezadas por todos e, infelizmente,
seguidas por todos. O Evangelho tem um impacto social, inclusive quando fala de
humildade e hospitalidade.
Lembremo-nos que a vinda de Jesus ao mundo é para servir o ser humano. Este Rei
não espera de braços cruzados que o Pai faça milagres, ele mesmo abre o
coração, acolhe, está presente e oferece o vinho novo. Servir para que todos
tenham VIDA.
Reflexão Apostólica:
Nesta narração, Lucas coloca a tônica em um dos
temas vitais da comunidade de seu tempo: o prestigio e a honra de ocupar os
primeiros postos. Com frequência, na mesa dos fariseus há disputas pelos
primeiros postos. Todos os convidados desejam chegar lá. Os primeiros em
ocupá-los são pessoas de distinção, os supostos eleitos.
Ocupar os últimos postos seria uma vergonha. Mostra-se, neste cenário, o
contexto da mesa e da comida: o reflexo da estratificação e exclusão social
daquele tempo. Entretanto, na mesa do reino de Deus os convidados buscam o
ultimo posto.
Na mesa de Jesus, os últimos sobem e os primeiros devem estar dispostos a
descer, de tal modo que se chegue a formar uma mesa na equidade, onde não haja
hierarquias opressoras e delimitadores da dignidade humana.
Os convidados à mesa do reino, ao banquete aberto a todos, são, em especial os
mais pobres, os necessitados, os marginalizados e os considerados “últimos”. A
verdadeira honra e prestigio evangélicos do discípulo de Jesus tem que passar
pelo permanente serviço desinteressado aos demais. Estes são os rostos e as
coordenadas do reino.
Jesus Cristo trouxe para nós a salvação de uma maneira muito abrangente. Ele não se restringiu a nos direcionar apenas para as “coisas do espírito”, mas também veio nos formar como homens e mulheres que estão aqui na terra, e que, portanto, precisam ser formados humanamente a fim de vivenciarem um relacionamento harmonioso e fraterno. Ocupar o primeiro lugar nos dá uma idéia de presunção e de soberba.
A mensagem evangélica nos leva a refletir que para Deus somos todos iguais, porém, nós próprios não podemos nos auto-promover entendendo que somos “mais dignos” que os outros.
Seremos reconhecidos por Deus e pelo próximo, na medida do nosso serviço e do amor que vivenciarmos. O reconhecimento da nossa verdade , isto é da nossa capacidade e limitação é o que pode se chamar de humildade.
Portanto, enquanto não formos distinguidos no meio dos outros, seremos apenas convidados a espera do lugar que a nós é destinado.
No plano espiritual também, somos chamados por Deus, por isso mesmo, precisamos estar atentos porque para cada um Ele reservou um “lugar muito especial”.
A humildade também requer paciência, esperança, compreensão e aceitação da vontade de Deus. A festa de casamento pode significar o Banquete da Salvação, quando o Noivo receberá Seus convidados e os assentará nos lugares designados pelo Seu Pai.
O noivo é Jesus, nós somos apenas Seus convidados, assim sendo, precisamos somente preparar as nossas vestes e aguardar pelo que para nós foi preparado.
Você gosta dos primeiros lugares? Qual o critério que você usa para escolher o seu lugar em uma festa, como convidado? Quando você escolhe o lugar você lembra que poderá ter alguém “mais especial” do que você? O que você entende por humildade e presunção? Você já está se preparando para a festa do céu?
Nem Jesus que era o próprio Deus se valeu dessa condição para estar no mundo e desempenhar sua missão, então quem somos nós para nos valermos dos poucos talentos que temos para tentar sermos melhor que os outros???
Precisamos valorizar o que temos de melhor em nós sim, mas tudo isso devemos fazer pela graça de Deus. É Deus quem deve nos elevar e não nós mesmos.
Qualquer um poderia tomar o Evangelho de hoje como um convite para formar um manual de urbanidade e bons modos cristãos, porém essa não é a intenção do evangelho. O problema que Jesus assinala não é de modos, mas de valores e atitudes.
Os valores são os princípios que uma pessoa ou grupo assumem como linhas orientadoras de seu comportamento. Os valores modulam nossas crenças e aspirações. São também exigências de compromisso e critérios estáveis em meio à confusão cotidiana. As atitudes são disposições permanentes que nos permitem encarar com firmeza e convicção as distintas circunstâncias da vida.
O que nos pede hoje o Evangelho? Desafiar nossos hábitos para ir mais além da
elegância ou da estética dos bons costumes, comprometermo-nos com os valores
que nos propõe o próprio Jesus, e assumir as atitudes coerentes com esses novos
valores.
O cristianismo não é uma religião de certos costumes bem aceitos socialmente, mas um compromisso de seguir diariamente o caminho de Jesus Cristo de acordo com os valores que Ele nos propõe e as atitudes que estes valores nos exigem.
Que seria de nós se somente nos contentássemos em marchar atrás da procissão de idolatrias, falsidades, mentiras e corrupções que cada dia mais alienam a nós e o ambiente em que nos movemos?
Pensemos nisso amanhã e hajamos como verdadeiros cristãos e não mais um que esse título para se locupletar por conta das benesses que lhes são prometidas. Votemos conscientes, lembrando-nos do sagrado DOM DA VIDA e pensando no Brasil e não em nós mesmo... e em nossas CONVICÇÕES políticas.
Que através desse Evangelho possamos pedir a graça da humildade verdadeira para nossos corações acreditando que Deus age na simplicidade e que não é preciso estar sempre na primeira fila para ser reconhecido por Deus e pelos nossos irmãos.
Tenham um dia abençoado por Deus e pratiquem a virtude da humildade, pois
quando nos humilhamos diante dos homens, somos exaltados diante do Pai.
Propósito:
Pai, faz-me humilde e discreto no trato humano. E que eu
não aspire grandeza humana. Basta-me ser reconhecido e exaltado por ti.
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