19 julho - O demônio pode intrometer-se de mil modos, até com aparência
de favorecer os interesses de Jesus: o único e infalível controle é a
obediência. (L 76). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 12,46-50
"Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém lhe disse: "Olha! Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo". Ele respondeu àquele que lhe falou: "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: "Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe"."
Meditação:
Mateus salienta que a
família de Jesus são os seus discípulos, isto é, a comunidade que já se dispõe
a segui-lo. São eles que aprendem os ensinamentos de Jesus, para levá-los aos
outros; são eles que trilham o caminho da vontade do Pai, isto é, a obediência
à radicalização da Lei proposta por Jesus. Desse modo, começa nova geração,
diferente da geração má dos fariseus.
Este episódio que
envolve a família de Jesus é narrado nos três evangelhos sinóticos. O evangelho
de Marcos o insere em um contexto de incompreensão da missão de Jesus por sua
família e de forte rejeição da parte dos escribas, em Cafarnaum.
Mateus introduz este
episódio após quatro narrativas de conflitos com fariseus e escribas,
preparando a série de parábolas que o seguem.
O núcleo da narrativa é
o argumento fundamental colocado por Jesus: se os próprios laços familiares são
superados pelo compromisso em fazer a vontade do Pai, na construção do Reino
dos Céus, tanto mais o serão os demais laços e compromissos.
Vemos neste texto de
hoje que JESUS é interrompido de um sermão por alguém que diz: A sua mãe e os seus irmãos estão
lá fora e querem falar com o senhor.
O que Ele disse quando
foi informado que Sua mãe e Seus irmãos estavam ali, nesta ocasião, parece
consistir em desprezo aos seus familiares, mas na realidade o significado é
mais profundo do que isso.
Ao declarar que todo aquele que faz a vontade
de Deus é a Sua família, Ele não estava renunciando à Sua família
segundo a carne. Como filho mais velho, Ele continuou a cuidar do bem estar da
Sua mãe. Isto foi comprovado quando, ao dar a Sua vida na cruz, Ele passou essa
responsabilidade ao discípulo a quem ele amava.
Simplesmente Jesus
define claramente que o parentesco de ordem humana, seja a mãe, os irmãos ou
irmãs que ele tinha, não tem qualquer significação no Reino de Deus.
O relacionamento mais
chegado do Senhor Jesus é com o Seu Pai, que está nos céus, o próprio Deus Pai.
O único “parentesco” permanente que Ele pode ter é de ordem espiritual – e é
com aqueles que fazem a vontade de Deus. A estes, Ele chama de meus irmãos.
Deixando de lado os
laços sangüíneos, representado pelo parentesco segundo a carne com sua mãe e
seus irmãos, o Senhor Jesus passará agora a ampliar o Seu ministério a todos
aqueles que O receberem, sem distinção entre judeus e gentios. Não se dará mais
exclusividade a Israel, devido à sua incredulidade e rejeição.
O relacionamento segundo
a carne passa a ser inteiramente superado por afinidades espirituais. A
obediência a Deus é agora o fator predominante e definitivo para estabelecer tais
afinidades, sem outra distinção qualquer.
O mesmo se aplica a todo
aquele que recebe Cristo como o seu Senhor e Salvador. Ele disse: Se alguém vem a mim e ama o seu
pai, sua mãe, sua mulher, seus filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria
vida mais do que a mim, não pode ser meu discípulo. Nosso
relacionamento espiritual com Cristo produz um vínculo maior do que nosso
parentesco de sangue.
Um aspecto muito
importante que deve ser esclarecido é sobre os irmãos de Jesus. Há dias uma das
assíduas comentadoras da homilia diária perguntava sobre este aspecto.
Os irmãos de Jesus, como
fica claro pelo próprio texto bíblico, eram filhos de Alfeu e sua esposa, e não
de José e Maria. A dúvida sobre se Maria teve outros filhos só revela a Em
diversos lugares o Evangelho fala desses ‘irmãos’. Assim, S. Marcos e S. Lucas
referem que ‘estando Jesus a falar, disse-lhe alguém: eis que estão lá fora tua
mãe e teus irmãos que querem ver-te” (Mt 12, 46-47; Mc 3, 31-32; Lc 8, 19-20; e
também em Jo 7, 1-10).
Toda a pessoa que
pergunte sobre os irmãos de Jesus somente revela a sua ignorância da própria
Bíblia. Até porque as línguas hebraica e aramaica não possuem palavras que
traduzam o nosso ‘primo’ ou ‘prima’, e serve-se da palavra ‘irmão’ ou ‘irmã’.
No Antigo Testamento encontramos
e sobretudo em Gn 37, 16; 42, 15; 43, 5; 12, 8-14; 39, 15), sobrinhos, primos irmãos
(1 Par 23, 21), e primos segundos (Lv 10, 4) – e até ‘parentes’ em geral (Job
19, 13-14; 42, 11). Há muitos exemplos na Sagrada Escritura. Lê-se no Gêneses
que ‘Taré era pai de Abraão e de Harão, e que Harão gerou a Lot (Gn 11, 27),
que, por conseguinte, vinha a ser sobrinho de Abraão. Contudo, no mesmo
Gênesis, mais adiante, chama a Lot ‘irmão de Abraão’ (Gn 13, 3). ‘Disse Abraão
a Lot: nós somos irmãos” (Gn 14, 14). Jacó se declara irmão de Labão, quando,
na verdade, era filho de Rebeca, irmã de Labão (Gn 29, 12-15).
No Novo Testamento, fica
claríssimo que os ‘irmãos de Jesus’ não eram filhos de Nossa Senhora. Os
supostos ‘irmãos de Jesus’ são indicados por S. Marcos: “Não é este o carpinteiro,
filho de Maria e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão e não estão
aqui conosco suas irmãs?” Tiago e Judas, conforme afirma S. Lucas, eram filhos
de Alfeu e Cleófas: ‘Chamou Tiago, filho de Alfeu… e Judas, irmão de Tiago” (Lc
6, 15-16). E ainda: “Chamou Judas, irmão de Tiago” ( Lc 6, 16). Quanto a ‘José’,
S. Mateus diz que é irmão de Tiago: “Entre os quais estava… Maria, mãe de Tiago
e de José (Mt 27, 56). Em S. Mateus se lê: “Estavam ali (no calvário), a observar
de longe…., Maria Mágdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de
Zebedeu”. Essa Maria, mãe de Tiago e José, não é a esposa de S. José, mas de
Cleofas, conforme S. João (19, 25). Era também a irmã de Nossa Senhora, como se
lê em S. João (19, 25): “Estavam junto à Cruz de Jesus sua mãe, a irmã de sua
mãe, Maria (esposa) de Cleofas, e Maria de Magdala”. Simão, irmão dos três
outros, ‘Tiago, José e Judas’ são verdadeiramente irmãos entre si, filhos do
mesmo pai e da mesma mãe. Alfeu ou Cleofas é o pai deles.
Da mesma forma, se Nossa
Senhora tivesse outros filhos, ela não teria ficado aos cuidados de S. João
Evangelista, que não era da família, mas com seu filho mais velho, segundo
ordenava a Lei de Moisés. Eis um dilema sem saída para os protestantes, pois os
‘irmãos de Jesus’ são filhos de Maria Cléofas e Alfeu.
Também decorre uma pergunta:
Por que nunca os evangelhos chamam os ‘irmãos de Jesus’ de ‘filhos de Maria’ ou
de ‘José’, como fazem em relação à Nosso Senhor? E por que, durante toda a vida
da Sagrada Família, apenas conta-se três membros: Jesus, Maria e José?
Portanto, a própria
Sagrada Escritura demonstra que os supostos ‘irmãos’ de Jesus são seus primos e
não seus irmãos carnais. Sua afirmação de que o trecho de S. Mateus tem duas
passagens, uma referindo-se à filiação carnal e a segunda à filiação espiritual
fica sem sentido, visto que não conferem com o texto bíblico. Até porque o
parentesco de sangue não é sequer mencionado pelos seus irmãos nas cartas que
escreveram e que se encontram no Novo Testamento, indicando que não davam valor
a isso. Ao invés disso, eles se dizem servos de Jesus Cristo.
Reflexão Apostólica:
Fazer a vontade de Deus é o requisito que Jesus nos apresenta para também sermos considerados da Sua família. Portanto, não é difícil para nós imaginarmo-nos membros da linhagem de Jesus.
Ele mesmo o diz e aponta para nós, como fez quando distinguiu os Seus
discípulos: “eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do
meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”.
Jesus não perdia tempo, por isso, ele aproveitava todos os momentos para
dirigir ao povo, mensagens de vida e conversão.
A Mãe de Jesus, em tudo fez a vontade do Pai, desde a encarnação até a
morte e ressurreição de Jesus. Soube confiar no plano de Deus e, por isso, é
chamada de co-Redentora, pois contribuiu para que tudo se realizasse.
Maria fez a vontade de Deus! José foi um homem ajustado ao Plano de Deus, e
você? Você se considera da família de Jesus? Jesus aponta para você também
quando pronuncia estas palavras? Você é um (a) discípulo (a) fiel?
Propósito:
Pai, reforça os laços que me ligam aos meus irmãos e irmãs de fé, de forma a testemunhar que formamos uma grande família, cujo pai és tu.
Não queira sempre ter razão. |
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