10 julho - Cada livro que lemos é como um átomo que integramos à massa; o tempo, ou melhor, Deus fecunda a assimilação. (L 5). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 10,25-37
"Um mestre da Lei se levantou e, querendo encontrar alguma prova contra Jesus, perguntou:
- Mestre, o que devo
fazer para conseguir a vida eterna?
Jesus respondeu:
- O que é que as
Escrituras Sagradas dizem a respeito disso? E como é que você entende o que
elas dizem?
O homem respondeu:
- "Ame o
Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e
com toda a mente. E ame o seu próximo como você ama a você mesmo."
- A sua resposta
está certa! - disse Jesus. - Faça isso e você viverá.
Porém o mestre da
Lei, querendo se desculpar, perguntou:
- Mas quem é o meu
próximo?
Jesus respondeu
assim:
- Um homem estava
descendo de Jerusalém para Jericó. No caminho alguns ladrões o assaltaram,
tiraram a sua roupa, bateram nele e o deixaram quase morto. Acontece que um
sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho. Quando viu o homem, tratou
de passar pelo outro lado da estrada. Também um levita passou por ali. Olhou e
também foi embora pelo outro lado da estrada. Mas um samaritano que estava
viajando por aquele caminho chegou até ali. Quando viu o homem, ficou com muita
pena dele. Então chegou perto dele, limpou os seus ferimentos com azeite e
vinho e em seguida os enfaixou. Depois disso, o samaritano colocou-o no seu
próprio animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte,
entregou duas moedas de prata ao dono da pensão, dizendo:
- Tome conta dele.
Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que você gastar a mais com ele.
Então Jesus
perguntou ao mestre da Lei:
- Na sua opinião,
qual desses três foi o próximo do homem assaltado?
- Aquele que o socorreu!
- respondeu o mestre da Lei.
E Jesus disse:
- Pois vá e faça a
mesma coisa."
Meditação:
Lucas aborda aqui o tema da "vida eterna", que será novamente abordado no episódio do homem rico que interroga Jesus (Lc 18,18-23).
Respondendo ao doutor da Lei, Jesus afirma que se tem a vida eterna no amor a Deus e ao próximo. E o meu próximo é aquele do qual me aproximo para socorrê-lo em suas necessidades.
O Evangelho de hoje nos leva a ocupar-nos ainda sobre a Igreja, a refletirmos sobre um de seus principais âmbitos: a caridade, o amor.
Escreve Bento XVI na sua encíclica Deus Caritas est número 20: “o amor do próximo, radicado no amor de Deus, é um dever antes de mais para cada um dos fiéis, mas o é também para a comunidade eclesial inteira, e isto a todos os seus níveis: desde a comunidade local passando pela Igreja particular até à Igreja universal na sua globalidade. A Igreja também enquanto comunidade deve praticar o amor”.
O Papa ainda continua na mesma encíclica no número 22: “A Igreja
não pode descurar o serviço da caridade, tal como não pode negligenciar os
Sacramentos nem a Palavra”. Os outros dois âmbitos de vida que não podem faltar
na Igreja, de fato, juntamente com a caridade, são a liturgia e a catequese.
O melhor testemunho que a Igreja pode dar a quem observa de fora é o exercício da caridade. A parábola do bom samaritano (que lemos hoje) no curso da história nunca deixou de interpelar a consciência dos fiéis em Cristo; e, em nossos dias atuais mais do que nunca. Para evitar o perigo de passar sem levar seriamente em consideração este tema, examinamos o trecho evangélico desde o princípio.
Logo no início, o Evangelho nos lembra antes de tudo que o
problema da caridade é uma questão religiosa. O doutor da lei, esperto nas
questões teológicas, cita o duplo mandamento do amor, a Deus e ao próximo, mas
o faz depois de ter interrogado Jesus sobre a eternidade: “Mestre, o que devo
fazer para herdar a vida eterna?”
O doutor da lei conhecia as indicações que Deus tinha dado por
boca de Moisés e a contra-pergunta de Jesus (o que está escrito na lei?) que o
convidava a dar sozinho a resposta, e, de fato, ele não erra o veredicto: é
preciso amar a Deus com todo o coração, com toda a alma e com toda a força e
com toda a inteligência e ao próximo como a si mesmo.
Encontra assim confirmada a reflexão do livro do Deuteronômio,
sempre a obra de Moisés que diz: “Este mandamento que hoje te dou não é difícil
demais nem está fora do teu alcance.
Então será só uma questão de boa vontade? Podia parecer que sim se
não fosse a sucessiva pergunta do doutor da lei que nos coloca de
sobreaviso (quem é o meu próximo?).
Sem a ajuda da graça de Cristo é impossível cumprir perfeitamente
o mandamento do amor de Deus e do próximo. De fato, entre as boas intenções e
as realizações práticas há um abismo.
Com a pergunta: “Quem é o meu próximo?”, o doutor da lei queria
justificar-se no sentido de perda que se prova diante de uma tarefa genérica e
juntamente árdua (para o judeu, o próximo era um igual a ele somente, outro
judeu).
Padres e pastores não deixaram escapar a ocasião de esclarecer as
várias correspondências e interpretaram assim o relato.
“A humanidade, criada por Deus, estava em Jerusalém, isto é, na
Paz do paraíso terrestre, lugar da presença de Deus em meio ao povo. Mas o
homem se moveu em busca de uma outra felicidade, para a cidade do pecado, que é
Jericó.
Comecemos a praticar.
Reflexão Apostólica:
Em qualquer situação que nos encontrarmos, como necessitados ou como colaboradores somos convocados pelo Senhor a amar o nosso próximo como a nós mesmos.
Às vezes nós ajudamos às pessoas e as socorremos por
obrigação ou a contra gosto, porém a própria Palavra do Evangelho nos esclarece:
o próximo “é aquele que usou de misericórdia para com ele”.
A misericórdia, então, é o sinal para que nós sejamos “o
próximo” de alguém. Agir com misericórdia é fazê-lo por amor a Deus e acolher a
miséria do outro com o mesmo amor de Deus e não somente com o nosso amor
imperfeito e interesseiro.
A parábola do samaritano mostra que o próximo é quem se
aproxima do outro para lhe dar uma resposta às necessidades.
Nessa tarefa prática, o amor não leva em conta barreiras
de raça, religião, nação ou classe social. O próximo é aquele que eu encontro
no meu caminho.
O legista estabelecia limites para o amor: “Quem é o meu
próximo?” Jesus muda a pergunta: ” O que você faz para se tornar próximo do
outro?”
Pai,
dá-me um coração cheio de misericórdia, como o de teu Filho Jesus, pois só
assim terei certeza de estar em comunhão contigo, a caminho da vida eterna.
Salmo 23
1
O Senhor é o meu pastor; nada me faltará.
2
Deitar-me faz em pastos verdejantes; guia-me mansamente a águas tranqüilas.
3
Refrigera a minha alma; guia-me nas veredas da justiça por amor do seu nome.
4
Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, porque
tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam.
5
Preparas uma mesa perante mim na presença dos meus inimigos; unges com óleo a
minha cabeça, o meu cálice transborda.
6
Certamente que a bondade e a misericórdia me seguirão todos os dias da minha
vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias.
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