06 agosto - TRANSFIGURAÇÃO DO SENHOR JESUS CRISTO.
Abracemo-nos em Cristo e,
no momento de nos juntar a Ele na união mística da Eucaristia,
transfiguremo-nos. (L 11). São Jose Marello
Evangelho de
hoje (Lc 9,28b-36)
Naquele tempo, Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago, e subiu à montanha para rezar. Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte, que Jesus iria sofrer em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. E, quando estes homens se iam afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro não sabia o que estava dizendo. Ele estava ainda falando, quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem. Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que ele diz!” Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.
FATO DA VIDA: TRANSFIGURAÇÃO E DESFIGURAÇÃO
Leonardo Da Vince, que pintou o quadro da Santa
Ceia no convento das Graças, em Milão, saiu à procura de um modelo para o rosto
de Cristo. Encontrou um jovem que revelava no rosto sua paz interior.
Correspondia exatamente ao sonho do artista. Passaram-se anos. Faltava
encontrar alguém para modelo de Judas, o apóstolo traidor. Era necessário um
rosto que retratasse a vilania e a perversidade. Finalmente, apareceu alguém de
acordo com os requisitos do pintor. Era um homem preso pela polícia em um
ambiente sórdido. Foi levado ao atelier. Ao ver a obra inacabada, a fisionomia
feroz do criminoso se descontraiu. Rompeu em prantos. Anos atrás serviria ele
mesmo de modelo para a figura de cristo e agora se prestava a retratar a
baixeza de Judas Iscariotes.
A PALAVRA DE DEUS:
"Jesus subiu a uma montanha para rezar,
levando com ele Pedro Tiago e João. E quando ele estava rezando, o rosto Dele
ficou todo mudado. E a roupa ficou toda branca e brilhante. Nisso, dois homens
apareceram e começaram a conversar com Ele. Eram Moisés e Elias cercados da
glória celestial. A conversa era sobre a morte que Jesus ia ter, em Jerusalém.
Pedro e os seus companheiros estavam caindo de sono. Quando acordaram, viram a
glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. Quando esses já iam
sumindo, Pedro disse a Jesus:" Mestre, como é bom a gente ficar
aqui! Vamos fazer 3 barracas: uma para o Senhor, outra para Moisés e
outra para Elias, (ele nem sabia o que estava dizendo). Pedro ainda estava
falando quando veio uma nuvem que cobriu todos eles. Como entraram na nuvem os
discípulos ficaram com muito medo. Então ouviram uma voz que vinha da nuvem:
"Este é o meu filho, o meu escolhido. Escutem o que ele diz". Quando
a voz terminou, Jesus estava sozinho. Os discípulos guardaram segredo daquilo
naqueles dias e não contaram para ninguém o que tinham visto.( LC
9,28b-36)".
EXPLICAÇÃO:
a)A CENA DA
TRANSFIGURAÇÃO:
A cena evangélica da Transfiguração de Jesus no
alto da montanha do Tabor, é celebrada duas vezes na liturgia: uma, no segundo
domingo da quaresma e outra na festa de 6 de agosto. E é assim que nos
encontramos de novo com essa luminosa página, em que Jesus oferece aos três
discípulos prediletos - Pedro, Tiago e João uma espécie de amostra da glória
futura. O cenário sugere o céu. A nuvem branca que envolve tudo é símbolo
Bíblico da presença de Deus. A transformação que opera em Jesus dá um sinal da
glória do corpo da ressurreição. Faz lembrar a visão do Filho do Homem do
Apocalipse: vestido com uma túnica longa e cingido à altura do peito com um
cinto de ouro. E os cabelos de Sua cabeça eram brancos, como lã branca, como
neve; e seus olhos pareciam chamas de fogo (Ap 1,13ss). A voz do Pai Celeste se
faz ouvir para proclamar o Filho, o eleito a quem deviam escutar ( Lc 9,35).E
apareceram Moisés e Elias, como se fora a lei e os profetas a fazer guarda de
honra do Evangelho. Conhecemos o texto que está nos três sinópticos, e sempre o
lemos com novo prazer.
b) MOISÉS É A
LEI E ELIAS A SANTIDADE:
São Lucas é que menciona o fato de Moisés e
Elias conversarem com Jesus a respeito de Sua Pátria que se ia consumar em
Jerusalém. De Seu êxodo, como é a palavra que Ele usa, insinuando que Jesus
repete a história de seu povo (Ele é o Moisés) e vai passar, podemos dizer,
pelo deserto do sofrimento da Paixão, ao encontro da glorificação final. O fato
é que a transfiguração está unida à Paixão em mais de um sentido. Estão unidas
à paixão como uma espécie de revigoramento da fé dos discípulos, para que eles
não se desencorajassem diante da humilhação da Paixão, mas acreditassem na
promessa da Ressurreição. Por isso mesmo, Jesus, ao descer do monte, refere-se
à ressurreição, ordenando-lhes: "Não conteis a ninguém esta visão, até que
o Filho do Homem ressuscite dos mortos (17,9). E ainda noutro sentido a
Transfiguração se relaciona com a Paixão no sentido que aquele momento de
fulgurante alegria não devia desviar Jesus de sua missão de servo sofredor que
Ele iria cumprir no Calvário. Nada de se fixarem ali no alto da montanha onde
tudo estava tão agradável. A glória só viria depois da cruz. Lição também para
nós. Deus nos dá de vez em quando momentos de céu nos quais gostaríamos de
permanecer para sempre. Mas estamos ainda na terra.
c) ESPERANÇA É UM
EMPRÉSTIMO DA FELICIDADE:
Temos que cumprir nossa peregrinação, marcada
pelo sofrimento. Devemos, no entanto, deixar que a esperança nos transfigure. A
esperança é, como alguém já disse, um empréstimo de felicidade. Da
felicidade do céu. Como a luz da aurora anuncia o sol que vai nascer e tinge o céu
de suave claridade, a alegria da esperança dá tons de aurora à nossa vida
envolta ainda como está entre as sombras noturnas dos problemas e angústias da
terra. Por isso mesmo, o verdadeiro cristão nunca se pode entregar à tristeza.
Alegres na esperança é um dos pontos que São Paulo dá como receita para uma
vida cristã vivida na fidelidade. (RM 12,12) E convida os
Tessalonicenses a que não se deixem acabrunhar pelo pensamento da morte,
como acontece com aqueles que não têm esperança (TS 4,13). E ainda ouvimos o
Evangelho em que Jesus diz a seus discípulos: "Alegrai-vos porque os
vossos nomes estão inscritos no céu". Notemos que essa esperança não se
refere apenas ao ponto final de nossa chegada à casa da eternidade. Ela deve ir
alimentando cada momento de nossa vida. Porque sabemos que Deus cuida de nós e
nos vai assistindo com a graça da coragem e da sabedoria em todos os nossos
passos. Passaremos por momentos de dor e de provação, mas o Pai do céu não nos
abandona. Os santos são para nós sinais e modelos de esperança. A tristeza é má
conselheira. Cultivar a alegria, essa que vem do mais profundo do ser em paz
com Deus é fonte de coragem e de energia espiritual. Nosso lema poderia ser
esse: "Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: Alegrai-vos!" ( 15 ).
UMA MENSAGEM PARA A
VIDA:
Certa vez, pouco antes da sua transfiguração,
Jesus reuniu os discípulos e lhes perguntou: "Quem dizem os homens que eu
Sou?"(Mc 8,27; Mt 16,13; Lc 9,18). A partir desse momento, muda o rumo dos
acontecimentos, e notam-se diferenças profundas na atividade de Jesus. Diminuem
os milagres: Na primeira fase de sua atividade entre o povo, Jesus fazia muitos
milagres. Na segunda fase, os milagres são quase uma exceção. Marcos só refere
dois, contra as dezenas de milagres na fase anterior. Mateus, igualmente,
conhece os mesmos dois milagres mais um (Mt 17,14-21;20,29-34;17,24-27). Lucas
só conhece cinco milagres, isto é, os dois conhecidos por Marcos e Mateus e
três outros só. Por que tantos milagres na primeira fase e tão poucos na
segunda? Começa a alusão constante à Paixão: Na primeira fase só uma ou outra
vez se fala da paixão como uma possibilidade futura. Agora, na segunda fase, a
paixão é uma certeza, e dela se fala respectivamente. Jesus chega mesmo a fazer
profecias da paixão (Mc 8,31-32;9,30-32;10,32-34). Muda a atitude para com o
povo. Antes, a grande preocupação de Jesus era o povo. Agora, na segunda fase a
grande preocupação dele são os discípulos e a sua instrução. Muitas vezes, está
a sós com eles e os vai instruindo. Faz até uma viagem ao exterior, na terra de
Tiro e Sidão, para estar a sós com os discípulos. Fala pela primeira vez em
Igreja (Mt 16,18). Começa a falar da necessidade da cruz para os discípulos:
Não só fala da sua própria paixão, mas igualmente da necessidade de a gente
sofrer com ele. Insiste nas exigências duras para alguém poder ser o seu
discípulo (Mt 16,24-28; Mc 8,34-38; Lc 9,23-27;14,27;17,33;12,9; Mc 10,28-31).
Antes, na primeira fase, não havia insistência na necessidade de se sofrer com
ele. A perspectiva das parábolas é diferente: Na primeira parte, Jesus usa
muitas parábolas, para com elas ilustrar o mistério do reino, enquanto deve
realizar-se no futuro, através da Paixão e da Morte. A oposição dos fariseus se
torna clara. Na primeira fase, existia uma certa oposição velada contra Jesus
por parte dos líderes do povo. Agora, na segunda parte, esta oposição se torna
clara, aberta e irreversível. Essas são as diferenças que uma leitura atenta
dos Evangelhos descobre entre a primeira e a segunda fase da atividade de
Jesus.
PARA REFLETIR:
A NOSSA FAMÍLIA SE
TRANSFIGURA QUANDO ELA ESTÁ REZANDO:
O Evangelho nos mostrou Jesus subindo a uma
montanha para rezar. Ele gostava de rezar sozinho, no alto das montanhas. Às
vezes passava lá a noite inteira rezando. Desta vez, Ele levou 3 apóstolos com
ele. Isto já nos ensina alguma coisa sobre a família. Jesus está ensinando que
a gente precisa rezar sozinho, de quarto fechado. Mas precisa também rezar
junto com a nossa família. Quando Jesus estava rezando, o rosto dele ficou todo
mudado. Ficou desfigurado. E a roupa dele ficou brilhando de branca. Quando a
gente está rezando junto com a família, Jesus faz a família toda ficar
transfigurada. Muita coisa muda dentro de nossa casa. A gente tem mais amor,
mais coragem, mais alegria, mais paz. Vamos ver aqui algumas coisas que mudam e
se transfiguram na família que reza unida:
AS CONVERSAS:
Nem sempre as conversas que saem dentro de nossa
casa, são conversas boas. Muitas vezes, a gente fala mal dos outros ou fica
rindo dos defeitos alheios. Quantos boatos são espalhados nessas conversinhas:
O Evangelho falou que a conversa de Jesus, Moisés e Elias era sobre a morte de
Jesus. Será que em nossas casas a gente costuma conversar sobre Jesus? Contar
para as crianças as histórias da Bíblia Sagrada e da vida dos santos? Bons
exemplos que a gente vê na comunidade. Há tanta coisa boa para conversar. É
preciso começar em nossa casa a viver a fraternidade em nossas conversas.
A CARIDADE:
Vamos começar em casa a viver mais a caridade
com os irmãos necessitados. Foi o que fez São Pedro. São Pedro, em vez de
pensar em si, pensou só nos outros. Ele queria fazer 3 barracas para os outros.
Assim também, a família caridosa não se descuida de praticar a caridade com os
necessitados. E isto transfigura a família toda aos olhos de Deus.
O SOFRIMENTO:
Toda família passa momentos de sofrimentos e
aflições. A oração faz a gente não ficar com medo, quando chegar essa nuvem de
dificuldades. Assim como a nuvem, isso passa. E o céu vai ficar mais bonito, mais
azul, depois da chuva da aflição.
OS PROBLEMAS:
Há problemas na família, que deixam os membros
sem saber o que fazer. Por exemplo, formação dos filhos, crises da adolescência
e juventude. A família que reza, sempre sabe escutar a voz do Espírito de Deus,
indicando os caminhos que ele deve seguir. Jesus é o Filho de Deus, o nosso
Mestre. Vamos escutar a voz Dele!
O AMBIENTE:
Quando a família está reunida, conversando,
cantando, rindo, brincando, a gente vive momentos felizes na nossa vida. A
oração atrai a bênção de Deus para dentro de nossa casa afastando as
desavenças, as brigas e os xingos. Tudo em nossa casa é paz e alegria. A gente,
então, sente o mesmo que São Pedro sentiu no Tabor. E a gente exclama: Senhor,
como é bom ficar aqui em casa! Comecemos então em nossa casa a rezar em
família. E teremos a satisfação de sentir que toda a nossa família está mudada,
transfigurada.
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