26 JUNHO - Guerra à transigência! Quem transige está perdido! (L 9). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São
Lucas 9,57-62
"Quando Jesus e os discípulos
iam pelo caminho, um homem disse a Jesus:
- Eu estou pronto a seguir o senhor para qualquer lugar onde o senhor for.
Então Jesus disse:
- As raposas têm as suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do
Homem não tem onde descansar.
Aí ele disse para outro homem:
- Venha comigo.
Mas ele respondeu:
- Senhor, primeiro deixe que eu volte e sepulte o meu pai.
Jesus disse:
- Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Mas você vá e anuncie o Reino de
Deus.
Outro homem disse:
- Eu seguirei o senhor, mas primeiro deixe que eu vá me despedir da minha
família.
Jesus respondeu:
- Quem começa a arar a terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus."
Meditação:
A caminhada que
Jesus aqui inicia com os discípulos é mais teológica do que geográfica. Lucas
não tem a pretensão de nos descrever os lugares por onde Jesus vai passar até
chegar a Jerusalém.
Seu objetivo é
apresentar um itinerário espiritual, ao longo do qual Jesus vai mostrando aos
discípulos os valores do Reino e os vai presenteando com a plenitude da
revelação de Deus.
É o caminho que
terá o seu fim na Paixão Morte e Ressurreição do Mestre. Portanto, trata-se do
caminho no qual se vai irromper a salvação definitiva. Como discípulos, somos
exortados a seguir este caminho, para nos identificarmos plenamente com Jesus.
Este caminho é penoso e exigente. Alias como se costuma dizer: a rapadura é
mole, mas não é mole não!
No evangelho de hoje, Jesus indica as disposições necessárias para corresponder
plenamente: renunciar às comodidades da vida; depor toda preocupação temporal;
desapegar o coração de todo afeto terreno. Só assim poderemos estar disponíveis
para o anúncio do reino de Deus.
Enquanto na passagem paralela a esta, em Mateus 8,18-22, são duas pessoas que
se dispõem a seguir Jesus, aqui, em Lucas, são três. A primeira e a terceira
tomam a iniciativa de pedi-lo, enquanto a segunda é convidada por Jesus.
Lucas apresenta – através do diálogo entre Jesus e três candidatos a discípulos
– algumas das condições para percorrer, com Jesus, esse caminho que leva a
Jerusalém, isto é, que leva ao acontecer pleno da salvação.
O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve despojar-se totalmente das
preocupações materiais: para o discípulo, o Reino tem de ser infinitamente mais
importante do que as comodidades e o bem-estar material: As raposas têm as suas
covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde
descansar.
O segundo diálogo sugere que o discípulo deve desapegar-se desses deveres e
obrigações que, apesar da sua relativa importância, impedem uma resposta
imediata e radical ao Reino: Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Mas
você vá e anuncie o Reino de Deus.
O terceiro diálogo sugere que o discípulo deve desapegar-se de tudo, para fazer
do Reino a sua prioridade fundamental: nada – nem a própria família – deve
adiar e demorar o compromisso com o Reino: Quem começa a arar a terra e olha
para trás não serve para o Reino de Deus.
Não podemos ver estas exigências como normativas: noutras circunstâncias, Ele
mandou cuidar dos pais (Mt 15,3-9); e os discípulos – nomeadamente Pedro –
fizeram-se acompanhar das esposas durante as viagens missionárias (cf. 1 Cor
9,5)…
O que estes ensinamentos
pretendem dizer é que o discípulo é convidado a eliminar da sua vida tudo
aquilo que possa ser um obstáculo no seu testemunho quotidiano do Reino.
Não importa o quão
difícil possa parecer caminhar junto, enfrentar os medos, os desafios e os
incômodos do dia a dia. Se você foi escolhido, ouviu alguém chamar seu nome e
sentiu o calor do olhar adentrando o seu coração, então não existe outra opção
ou escolha: isto aconteceu porque você já está a caminho!
Quando encontramos alguém que completa a nossa vida ou os nossos sonhos, nos
sentimos repletos, inteiros e fortalecidos, e assim, desejamos estar junto,
ficar junto e viver junto.
Esta passa a ser a única opção, sem chance de troca e sem possibilidade de não
estar na medida certa, porque o Amor esconde os defeitos, conserta os estragos,
contorna as perdas e cura as dores. Ele transcende o que vemos, sentimos ou
imaginamos, por isso, só nos importa segui-lo! Seguir o Amor!
A nós, discípulos de Jesus, é proposto que o sigamos no caminho de
Jerusalém. Pois é por ele que chegaremos à salvação, à vida plena.
Trata-se de um
caminho que implica a renúncia a nós mesmos, aos nossos interesses, ao nosso
orgulho, e um compromisso com a cruz, com a entrega da vida, com o dom de nós
próprios, com o amor até às últimas conseqüências
Reflexão Apostólica:
Condições,
condições e condições…
Quantas vezes nos pegamos dizendo: “Senhor serei fiel, atendei meu pedido” ou
“vamos rezar para que Deus possa abençoar nosso encontro”? Repare que nessa segunda
frase existe uma verdade e um medo. Verdade: Precisamos que Deus a nos ungir,
que abençoe o local, a situação, que vá a nossa frente (…); mas revela um medo
implícito. Consegue ver?
Se realmente temos fé falaríamos: “esse encontro (reunião, grupo, família) é
Dele e por Ele será abençoado, pois foi desde o começo por Ele pensado e
suscitado em nosso coração…”. De forma alguma estaríamos mandando em Deus, mas
declarando a autoridade Dele sobre a situação, do início, meio e fim. Talvez
seja o sentimento (ou a falta dele) de “grau de parentesco” que nos impeça de
acreditar. Somos seus filhos e como filhos Ele nos concede a autoridade de
expulsar o mal, mas se não creio nisso, não consigo acreditar; não consigo ter
fé
A fé é a primeira condição para as coisas acontecerem, mas o tempo é segunda. A
fé precisa resistir ao tempo, mas a modernidade tem interferido em nossa
vocação de esperar. Aprendemos aos poucos a querer tudo para hoje, mais tardar,
amanhã; aprendemos aos poucos a por condições para servir, para ajudar, para se
entregar…
Existem pessoas que tem a boa vontade em servir mais ainda carregam seus
mortos. Pecados, erros e faltas do passado, que já foram mortos, ainda são
carregados. Isso é tão nítido nas pessoas que mesmo conhecendo a Deus ainda são
amargas, ranzinzas, briguentas, fofoqueiras e às vezes colocam esses
“cadáveres” como condição de continuar o serviço: “Amo a Deus, mas vocês têm
que gostar do jeito que eu sou”.
Coisa nenhuma! Ninguém merece receber minhas pedradas por não eu ainda não
conseguir amadurecer na fé. (um)
A vida é um bem comum a
todos, o caminho também. Ele é repleto de flores e pedras, mas o nosso livre
arbítrio é que decide o que levaremos por esse caminho. As flores e as pedras
ficam no caminho, pois fazem parte do caminho de nossa aprendizagem, mas só a
levamos conosco se quisermos.
Irmãos difíceis carregam sacolas cheias de pedras, de passados, de medos, de
preceitos, de paradigmas (…) e todas as vezes que são chamados a seguir uma
vida melhor, não conseguem abandonar o peso que acostumou a carregar durante
anos, até mesmo décadas. Sacolas ou mochilas cheias de pedras me fazem lembrar
que Jesus um dia disse:
Talvez para exercermos melhor nosso ministério de serviço em nossas funções no
trabalho, na escola, na família, (…) seja imprescindível que não carreguemos o
passado do homem velho nas costas. É preciso dar um basta naqueles que dizem
que o passado é nossa cruz e que precisamos carregá-lo.
O passado não é nossa cruz, pois como Cristo, ela (cruz) também nos libertou. A
cruz que realmente carregamos são as escolhas e promessas que fazemos além das
dificuldades do dia-a-dia e por si só já são difíceis de se cumprir se além do
peso da cruz tenhamos que carregar as pedras.
Anunciaremos o reino de Deus em nossa vida e na dos que nos cercam quando: 1)
Tomo posse que sou filho e não escravo; 2) Abandono as pedras e mesmo nos
tropeços topo ver as flores pelo caminho…
Propósito: Seguir Jesus Mestre e seu Projeto na realidade em que estou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário