20 JUN - Seja qual for o caminho pelo qual o Senhor nos conduza,
se lhe formos sempre fiéis, nos encontraremos um dia no Paraíso, onde teremos
acumulado numerosos merecimentos e glória, e tanto mais nos regozijaremos e nos
deliciaremos em Deus, quanto menos tivermos desfrutado de suas consolações aqui
na terra. (S 359). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho
segundo São Mateus 7,1-5
""Não julgueis, e não sereis julgados. Pois com o mesmo julgamento com que julgardes os outros sereis julgados; e a mesma medida que usardes para os outros servirá para vós. Por que observas o cisco no olho do teu irmão e não reparas na trave que está no teu próprio olho? Ou, como podes dizer ao teu irmão: 'Deixa-me tirar o cisco do teu olho', quando tu mesmo tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave do teu próprio olho, e então enxergarás bem para tirar o cisco do olho do teu irmão."
Meditação:
Mateus, no seu evangelho, apresenta o discurso inaugural de
Jesus, o Sermão da Montanha, como um conjunto de orientações para o harmonioso
e feliz convívio comunitário, no amor e na paz, como realização do Reino de
Deus já presente no mundo.
Num mundo marcado por falsos juízos, Jesus nos adverte: Não
julgueis, para que não sejais julgados.
Esta expressão que pode tranquilamente se entender por criticar
é das mais conhecidas, mas nem sempre é interpretada corretamente.
O julgamento que não devemos fazer é aquele em que nos colocamos
em lugar de juiz para condenarmos, ou falarmos mal a respeito do nosso irmão ou
nosso próximo segundo nossa própria avaliação. Isto, porém, não se refere ao
discernimento que deve ser exercido pelo cristão ou pela igreja para se
proteger contra os que praticam o mal ou ensinam falsidades, ou para manter
disciplina para o bem da igreja.
Quem ousa julgar aos outros, sofrerá a conseqüência dessa
usurpação de poder, pois também virá a ser julgado pela mesma medida – e achado
em falta!
Lembremos sempre das nossas próprias imperfeições antes de nos
colocarmos no lugar de juiz para apontar as faltas dos outros.
O Senhor Jesus chama isso de hipocrisia: é preciso primeiro
eliminar as nossas próprias faltas e imperfeições antes de julgarmos as dos
outros. As nossas, sob esta perspectiva, são maiores e se comparam a uma trave
em nosso olho quando só podemos ver um argueiro no olho do nosso irmão.
Ao nos depararmos com pessoas tão perversas que tratam as
verdades divinas com total desprezo e reagem com violência quando lhes falamos
do Evangelho, não temos a obrigação de continuar insistindo com elas. Se o
fizermos, apenas estaremos aumentando a condenação que já pesa sobre elas.
Nem sempre é fácil perceber quando uma pessoa pode ser
classificada nessa categoria, mas quando em dúvida, temos o recurso de pedir
discernimento em oração.
Esta passagem evangélica nos faz conhecer que a verdadeira
justiça que vem de Deus. Não temos o direito de condenar o outro quando nem
sequer nos preocupamos em olhar as nossas próprias limitações e defeitos.
Olhemos primeiro a trave que temos em nosso próprio olho, para depois notar o
que tem na outra pessoa.
As atitudes de intolerância e incompreensão que muitas vezes adotamos frente ao
pecado do outro, mostram a incapacidade que temos de amar, de perdoar, de
sermos misericordiosos como é nosso Pai do céu. Quem ama vê as quedas do irmão
com olhos de amor e perdão. Quem condena o outro por sua debilidade mostra que
Deus não habita nele.
Não se trata de deixar passar as coisas nem condenar quem comete alguma falta,
mas sim de corrigir fraternalmente com intenção de que a pessoa mude de atitude
e volte seus olhos ao Pai.
Reflexão Apostólica:
Jesus nos convida a não julgar, já que o
único capaz de julgar é Deus. E quando ele julga, salva; quando nós julgamos,
na maioria das vezes condenamos, e oprimimos o condenado para que ele sinta
todo o poder de nosso julgamento. Mas quando estamos do outro lado, o dos
acusados, como desejamos que a condenação que seja lançada sobre nós seja leve.
Assim mesmo, Jesus chama a atenção de seus
discípulos para serem coerentes; a se absterem de criticar quando estiverem
despreparados para fazê-lo. Somos muito dados a criticar quanto passa por
nossos sentidos.
Jesus não nos está tirando o direito de
julgar e criticar o que é bom e o que é mau; mas exige nosso testemunho de
vida.
Como posso falar a outros de paz, quando
sou o mais violento da família? Como posso falar-lhes de perdão e
reconciliação, quando sou o mais rancoroso? Como posso falar da verdade, quando
prefiro viver na mentira? Como posso falar da cruz de Cristo e de sua
ressurreição, quando o que menos aceito é sofrer dor e experimentar a morte?
Como posso falar de amor, quando dou acolhida ao ódio e ao rancor para com os
outros?
Neste texto de hoje, o enfoque é a remoção
de juízos condenatórios que geram atritos e exclusões nas comunidades. Quem é
dado a condenar os outros está se condenando a si mesmo.
Aqui pode ser aplicada a máxima: "não
faça aos outros o que não queres que lhe façam", que pode ser expressa
também na forma positiva.
O amor ao outro está intimamente associado
ao amor a si mesmo. E nestes dois amores se realiza o amor de Deus. Quem
rejeita o próximo rejeita a Deus.
Trata-se também de remover a crítica
sistemática aos outros (o cisco no olho deles), com a omissão da autocrítica (a
trave no próprio olho).
A qualificação de "hipócrita"
leva a pensar que o dito original fosse dirigido aos fariseus, sendo, depois,
aplicado à comunidade.
Não se pode imitar o espírito fariseu que
separa os homens entre justos e pecadores. É no diálogo amoroso e na
reconciliação que são superadas as divisões, tecendo-se os laços da unidade.
As palavras do evangelho de hoje podem ser
mais bem entendidas se pensarmos em uma hipocondríaca, ou seja, uma pessoa que
se considera doente sem ser.
Se essa pessoa ler um livro de medicina,
começa a sentir todos os sintomas da enfermidade que lhe descrevem; em troca,
se ler um livro de psicologia ou de psiquiatria, começa a atribuir doenças
mentais a todos os que a rodeiam.
A mesma coisa se passa quando
criticamos os outros. Se se tratar de desqualificar nossos colegas, irmãos ou
líderes, nossa língua corta mais que uma espada de dois gumes, cobrimo-nos com
os maiores elogios, e não pensamos nos irmãos que também têm méritos por suas
ações.
Não podemos, por pura honestidade cristã,
aplicar critérios de vida aos outros que nós mesmos não estejamos dispostos a
cumprir.
Não podemos olhar objetivamente para as
falhas dos outros se antes não nos perguntarmos se com isso estamos destruindo
enormemente o princípio fundamental do cristianismo, que é o amor incondicional
ao próximo. Que a trave que existe em nossos olhos não nos impeça de ver a
vida que brota em nosso próximo!
Que o Senhor não nos chame de
"hipócritas" por nossas atitudes condenatórias. Mas que diga:
"Este é meu filho, muito amado".
Propósito:
Pai, livra-me de julgar meus semelhantes de
maneira severa e impiedosa. Que eu seja misericordioso com eles, assim como és
misericordioso comigo.
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