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JUNHO - Nem a altura do cargo, nem a grandeza e a nobreza das pessoas, nem
mesmo os honrados cabelos brancos deverão nos impor silêncio quando se trata de
defender Quem para nós é mais que pai, mãe, irmão, irmã, rei ou príncipe: o
próprio Deus, nosso primeiro e único amor, nosso Criador, Redentor e Senhor, o
único ao qual queremos servir. (S 234). São Jose Marello
Leitura
do santo Evangelho segundo São Lucas 15,3-7
"Então Jesus contou esta parábola:
- Se algum de vocês tem cem ovelhas e perde uma, por acaso não vai
procurá-la? Assim, deixa no campo as outras noventa e nove e vai procurar a
ovelha perdida até achá-la. Quando a encontra, fica muito contente e volta com
ela nos ombros. Chegando à sua casa, chama os amigos e vizinhos e diz:
"Alegrem-se comigo porque achei a minha ovelha perdida."
- Pois eu lhes digo que assim também vai haver mais alegria no céu por
um pecador que se arrepende dos seus pecados do que por noventa e nove pessoas
boas que não precisam se arrepender."
Meditação:
A festa litúrgica do Sagrado
Coração de Jesus se inspira em um dos símbolos
mais ricos da bíblia: o coração, que na mentalidade bíblica é a parte mais
interior da pessoa, a sede das decisões, sentimentos e projetos. O coração
indica o inexplorável e o profundamente oculto de alguém, seu ser mais íntimo e
pessoal.
Por isso, quando falamos do “coração” de Jesus, estamos falando daquilo que
representa o mais íntimo e pessoal de Jesus, o centro interior a partir do qual
brotam suas palavras e suas ações. Neste sentido “o coração de Jesus” é uma
expressão que indica a misericórdia e o amor infinito de Deus tal como se manifestou
na pessoa de Jesus.
No Evangelho de hoje, Lucas usa a figura
do Bom Pastor para falar do amor divino. O Bom Pastor é uma imagem querida a
Jesus nos Evangelhos.
A parábola da ovelha perdida pertence às
chamadas parábolas da misericórdia onde o evangelista realça, na vida de Jesus,
o significado da Sua atitude para com os pecadores.
Com o Seu amor misericordioso, Jesus realiza
as profecias que afirmam que o próprio Deus, como Bom Pastor, viria congregar
as ovelhas dispersas do Seu povo. Ele vai ao encontro de cada ovelha sobretudo
a mais necessitada e festeja alegremente o reencontro.
O amor de Deus acaso será o prêmio pela nossa
própria bondade? A parábola que o Evangelho de hoje nos transmite na festa do
Sagrado Coração de Jesus, nos comunica este ensinamento: Deus não nos ama
porque somos bons ou quando somos bons; nos ama porque Ele mesmo é bom, e
sempre o será.
Seu amor a todo homem é incondicional e se
manifesta no oferecimento de sua vida que se dá por meio de Jesus. Esta
confiança absoluta na bondade de Deus, manifestada em Jesus, é a paz do
cristão.
Uma vez mais nos aproximamos da pessoa de
Jesus a partir daquilo que é o mais nuclear de sua realidade: Jesus foi aquele
que soube amar de verdade, aquele cujo coração foi um coração misericordioso
com os pobres e marginalizados.
Seu compromisso não foi uma questão
conjuntural, simplesmente, porque o amor com que Jesus soube amar foi o mesmo
amor com o qual Deus-Pai ama a todos os homens e mulheres do mundo.
Quando Jesus nos fala da ternura do pastor,
que busca a ovelha perdida, porque as outras 99 estão bem, ele está nos falando
da ternura de Deus-Pai, que sente e sofre pelas ovelhas de seu povo, que foram
maltratadas e abandonadas por seus pastores; esse Deus que reivindica para si o
título de pastor autêntico e cheio de carinho, e que se realiza historicamente
em Jesus, bom pastor de seu povo e dos homens.
Jesus morreu para nos libertar de todo poder
opressivo. Porque estávamos feridos e ele veio nos buscar, sentindo em seu
coração o mesmo amor do Pai pelos homens.
Agora, Jesus nos convida a viver também dessa
maneira, pois o amor, ou seja, seu Espírito, “foi derramado em nossos corações”
e podemos amar. Na verdade é um chamado à responsabilidade do amor, feito pelo
mesmo Jesus e pelo mesmo Pai, que vive em cada um de nós. Chamado a mesma coisa
que fez Jesus, ser compassivo e misericordioso com os pobres e marginalizados
da sociedade.
Esse é o modo, de alguma forma, de
“desagravar” o coração ferido de Jesus, pois seu rosto, transfigurado, é o
rosto de tantos homens e mulheres que sofrem, dos homens e mulheres desvalidos,
que necessitam de nosso amor e misericórdia.
Quando conhecemos o amor que existe no
Coração de Cristo, sabemos que cada pessoa, cada família, cada povo sobre a
face da terra pode depositar a própria confiança nesse Coração.
O Coração do Bom Pastor, que o
evangelista Lucas nos retrata, não repousa enquanto não completa o seu
rebanho. Vai em procura da ovelhinha que faltava, e a carrega nos ombros, de
volta para casa. A imagem mais bela desta cena é o júbilo com que a recebe de
volta! É uma festa!
Reflexão
Apostólica:
O evangelho nos coloca diante do mistério
insondável da misericórdia de Deus, através das parábolas contadas por Jesus.
Nelas é narrada a experiência da reconciliação do ser humano com um Deus que
“não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva” (Ez 18,23).
Jesus contou estas parábolas para explicar seu próprio comportamento em relação
com os pecadores perdidos. Nestas parábolas expressa o mais íntimo e decisivo
do coração de Jesus: a misericórdia e a gratuidade em favor do ser humano
pecador.
O que surpreende radicalmente é a forma como Jesus age. Em lugar de condenar
como Jonas ou João Batista, ou exigir sacrifícios rituais para a purificação,
como os sacerdotes, come e bebe com os pecadores, acolhe-os e abre para eles
gratuitamente um horizonte novo de vida e de esperança.
Isto é o que as parábolas querem ilustrar; seu objetivo primeiro é mostrar até
onde chega a misericórdia desse Deus que Jesus chama de “Pai”, uma misericórdia
que se reflete e se faz concreta no coração de Jesus, ou seja, no princípio que
orienta e determina a conduta de Jesus frente aos pecadores.
Com toda probabilidade, a parábola se inspira na imagem do “pastor” tão presente
em muitos textos do Antigo Testamento: “Escutem, nações, a palavra do Senhor;
anunciem nas ilhas distantes; digam: O que dispersou Israel, ou reunirá e o
guardará como um pastor a seu rebanho” (Jr 31,10).
Na bíblia, a imagem do pastor é usada para falar do cuidado que Deus tem por
seu povo, enquanto as ovelhas desgarradas representam todos aqueles que se
distanciaram de Deus: “Eu mesmo apascentarei minhas ovelhas e as levarei ao seu
redil, oráculo do Senhor. Buscarei a ovelha perdida e atrairei a desgarrada;
curarei a ferida, robustecerei a débil...” (Ez 34,15-16).
A parábola de hoje diz-nos que Deus não nos ama porque somos bons, ama-nos
porque Ele mesmo é bom, e sempre o será. Na verdade, «Foi Deus quem nos amou
primeiro» (1 Jo 4,19).
O Seu amor a todo homem é incondicional e manifesta-se na dádiva da Sua vida
que se dá por meio de Jesus. Esta confiança absoluta na bondade de Deus,
manifestada em Jesus, é a paz do cristão.
Uma vez mais aproximamo-nos da pessoa de Jesus a partir daquilo que é o mais
nuclear da Sua realidade: Jesus foi aquele que soube amar de verdade, aquele
cujo coração misericordioso ama a todos os homens e mulheres do mundo, em
especial os pobres e os marginalizados.
Agora, é Jesus que nos convida a viver também dessa maneira, pois o amor, ou
seja, seu Espírito, «foi derramado em nossos corações» (Rm 5, 5) e podemos
amar.
Na verdade, é um chamamento à responsabilidade de, como Jesus, ser compassivo e
misericordioso com os pobres e marginalizados da sociedade.
Esse é o modo de «desagravar», de certa forma, o coração ferido de Jesus, pois
o Seu rosto, transfigurado, é o rosto de tantos homens e mulheres que sofrem,
dos homens e mulheres desvalidos, que necessitam de nosso amor e misericórdia.
Que sejamos como Cristo de quem se dizia: «Esse homem recebe os pecadores e
come com eles!» (Lc 15, 2). Nesta atitude de comunhão e acolhimento que gera
partilha e reencontro, seremos convidados a tomar na alegria do nosso Deus:
«Alegrai-vos comigo!» (Lc 15, 6).
Portanto, vale aqui lembrarmos que o amor pelas almas perdidas está no coração
de Deus, logo precisa estar no coração de seus filhos. Comecemos lembrando
daqueles que há bem pouco tempo estavam andando na fé ao nosso lado e que há
muito não são vistos. Depois, planejemos uma caminhada de busca. Haverá júbilo
pela recuperação e restauração de uma amada ovelha.
Que a Virgem Maria, que viu crescer e instruiu Jesus, nos ensine a amar como
Jesus amou!
Propósito:
Espírito de comiseração pelos pecadores, leva-me
a buscar quem vive transviado pelo pecado e pelo egoísmo, e a manifestar-lhe a
grandeza do amor do coração de Jesus.
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