14 junho - Vinde, Espírito de verdade, iluminar as nossas mentes! Vinde, Espírito de alegria, consolar os nossos corações! Vinde, Espírito de piedade, despertar em nossas almas sentimentos vivíssimos de amor a Jesus! (S 347). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 5,43-48
Amar
os inimigos. - Mt 5,43-48
“Ouvistes
que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ Ora, eu vos digo:
Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem! Assim vos
tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus; pois ele faz nascer o seu sol
sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos. Se amais somente
aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os publicanos não fazem a mesma
coisa? E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os
pagãos não fazem a mesma coisa? Sede, portanto, perfeitos como o vosso Pai
celeste é perfeito.”
Meditação:
Ó sede perfeito como o Pai celeste é
perfeito" é a grande síntese. Ela opõe-se a multiplicidade de preceitos e observâncias
santificadoras do Primeiro Testamento. A prática do amor misericordioso
significa participar da perfeição do Pai celeste, em comunhão de vida com Deus
e com os irmãos.
A proposta do Reino se baseia no amor. O
Reino de Deus se constrói na força do amor, não na violência ou na
agressividade. Quem ama é capaz de dar até sua própria vida pelos demais,
perdoando inclusive o perseguidor, o que hostiliza, maltrata e o assassino.
Este é o milagre do amor: o amor aos inimigos.
Essa é a proposta do Mestre. “Amar os inimigos” torna possível, no seguidor de
Cristo, a relação filial com o Pai. Somente assim seremos filhos, sendo
semelhantes a Jesus, e sermos misericordiosos como é Deus, nosso Pai.
O amor de Deus é aquele que passa por
cima do ódio que deveríamos sentir pelos nossos inimigos: «Vocês ouviram o que
foi dito: “Ame os seus amigos e odeie os seus inimigos.” Mas eu lhes digo: amem
os seus inimigos e orem pelos que perseguem vocês, para que vocês se tornem
filhos do Pai de vocês, que está no céu». Nestas palavras de Jesus está a
perfeição do amor.
Jesus hoje nos exorta longamente para que
respondamos ao ódio com amor. Este texto, aparecendo nessa situação, ajuda-nos
a compreender, que Mateus vê no amor aos adversários, a característica específica
dos discípulos de Cristo.
As palavras de Jesus indicam duas maneiras
de viver:
A primeira é a dos que se comportam sem
referência a Deus e sua Palavra. Esses agem em relação aos outros em função da
maneira como eles os tratam, a sua reação é de fato uma reação. Dividem o mundo
em dois grupos, os amigos e os que não o são, e fazem prova de bondade só em
relação aos que são bons para eles.
A segunda forma de viver não põe em
primeiro lugar um grupo de homens, mas sim o próprio Deus. Deus, por seu lado,
não reage de acordo com a maneira como o tratam; pelo contrário, «Ele é bom até
para os ingratos e os maus» (Lc 6,35).
Jesus chama assim a atenção para a
característica essencial do nosso Deus. Fonte transbordante de bondade, Deus
não se deixa condicionar pela maldade de quem está à sua frente.
Diferentemente dos homens, Deus está sempre
pronto a perdoar: «Os meus planos não são os vossos planos, os vossos caminhos
não são os meus caminhos» (Is 55,7-8).
O profeta Oséias, por seu lado, ouve o
Senhor dizer-lhe: «Não desafogarei o furor da minha cólera… porque sou Deus e
não um homem» (Os 11,9).
Numa palavra, o nosso Deus é misericordioso
(Ex 34,6; Sl 86,15; 116,5 etc), «não nos trata de acordo com os nossos pecados,
nem nos castiga segundo as nossas culpas» (Sl 103,10).
Através da vinda do seu Filho até
nós, esta Fonte de bondade está agora acessível. Tornamo-nos, por nosso lado,
«filhos do Altíssimo» (Lc 6,35), seres capazes de responder ao mal com o bem,
ao ódio com amor.
Impossível para os humanos entregues às
suas próprias forças, o amor pelos inimigos testemunha a atividade do próprio
Deus no meio de nós. Nenhuma ordem exterior o torna possível.
Só a presença, nos nossos corações, do amor
divino em pessoa, o Espírito Santo, permite amar assim. Este amor é uma
conseqüência direta do Pentecostes.
Como Jesus, o verdadeiro discípulo faz com
que a luz do amor divino brilhe no país sombrio da violência como é o nosso
Brasil.
Este amor, longe de ser um simples
sentimento, reconcilia as oposições e cria uma comunidade fraterna a partir dos
mais diversos homens e mulheres, da vida desta comunidade sai uma força de
atração que pode agitar os corações. É este o amor que eu chamo de perfeito, o
amor que perdoa até aqueles que nos podem tirar a vida.
Reflexão Apostólica:
Embora o ódio ao inimigo não estivesse
explicitado em nenhuma parte da Escritura, sabemos que a coisa mais normal era
então, como é ainda, a rejeição categórica aos inimigos do povo, que, além
disso, eram considerados inimigos da religião e, portanto, inimigos de Deus.
Pois bem, na nova Lei promulgada por Jesus,
esta atitude para com o inimigo tem indubitavelmente que ser corrigida. A lei
do Senhor obriga a amar o inimigo.
Aqui não há que entender como inimigo
somente a quem nos faz efetivamente o mal; com muito maior razão há que incluir
também a quem pensa diferente, quem professa outra fé ou religião, ao que
questionam, com muita razão às vezes, nossas freqüentes ambigüidades a respeito
da maneira de viver nossa fé. Com todos estes, nossa atitude não pode ser de
mera indiferença ou de ignorá-los simplesmente.
Com a exortação ao amor ao inimigo e a
reconciliação, Jesus remove tal tradição religiosa. O amor do Pai, manifestado
por Jesus, tem conotação universal, sem exclusões e sem limites. Não há
discriminação no dom de seu Amor.
O amor aos inimigos e aos perseguidores é
um desafio de Jesus que marcará a diferença entre sua proposta de vida e dos
comportamentos de muitos setores da sociedade de sua época e de todos os
tempos.
A grande novidade do projeto cristão
sustentado no amor é que tem como referente Deus Pai, que ama infinitamente a
todos os seus filhos.
Em seu coração não há lugar para a
desigualdade ou o rancor; pelo contrário, seu coração é como o sol que nasce
igualmente para todos. Esta característica do Deus cristão não elimina o
caminho da conversão; re configura-o com os códigos do amor e do perdão, pois
somente quem se sente fortemente amado e perdoado é capaz de reproduzir amor e
perdão.
Estabelecer um novo modelo de relações será
fruto, em especial, de pequenos procedimentos que envolvem a pessoa, a família,
a amizade, os grupos de trabalho, as comunidades eclesiais, em experiências
comunitárias de amor e em escolas de perdão.
Esse deve ser o caminho mais efetivo para
que muitos vejam e creiam no Evangelho.
O perdão é uma graça que Deus nos dá, a fim de prosseguirmos no
caminho depois de um ferimento profundo. O ato de perdoar age como uma
cauterização, curando de dentro para fora. Não é fácil fazê-lo de todo coração,
mas só assim ele é eficaz: quando feito de forma verdadeira. “Senhor, eu Te
peço que, à medida que for percebendo em mim a necessidade de perdão, que se
dilate também o desejo e a decisão de perdoar. Que, diante das situações mal
resolvidas, a Tua luz tenha o poder de afugentar as trevas e conceder-me a
força de buscar as resoluções necessárias: dar e receber perdão, rever a
situação e rever-se diante dela, reconciliar, retomar, recomeçar. Que o degrau
do perdão me faça, de forma concreta, abraçar a Tua cruz. Senhor, eu Te peço
que, nesta oportunidade que agora se revela, eu possa fazer essa experiência
de, recordando-me dos que me causaram alguma dor, ofensa ou mal, eu os possa
perdoar e amar. Também Te peço, Senhor, perdoa-me! Dá-me a coragem de buscar e
dar o perdão. Que eu não o retenha. Amém”.
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