09 JUNHO - Não
se deve mover a língua, o coração ou o pé sem antes invocar o Espírito Santo.
(S 173). São Jose Marello
Mateus 5,20-26
"Pois eu afirmo a vocês que só
entrarão no Reino do Céu se forem mais fiéis em fazer a vontade de Deus do que
os mestres da Lei e os fariseus.
- Vocês ouviram o que foi dito aos seus antepassados: "Não
mate. Quem matar será julgado." Mas eu lhes digo que qualquer um que ficar
com raiva do seu irmão será julgado. Quem disser ao seu irmão: "Você não
vale nada" será julgado pelo tribunal. E quem chamar o seu irmão de idiota
estará em perigo de ir para o fogo do inferno. Portanto, se você estiver
oferecendo no altar a sua oferta a Deus e lembrar que o seu irmão tem alguma
queixa contra você, deixe a sua oferta ali, na frente do altar, e vá logo fazer
as pazes com o seu irmão. Depois volte e ofereça a sua oferta a Deus.
- Se alguém fizer uma acusação contra você e levá-lo ao
tribunal, entre em acordo com essa pessoa enquanto ainda é tempo, antes de
chegarem lá. Porque, depois de chegarem ao tribunal, você será entregue ao
juiz, o juiz o entregará ao carcereiro, e você será jogado na cadeia. Eu afirmo
a você que isto é verdade: você não sairá dali enquanto não pagar a multa toda."
Meditação:
Se acreditarmos que a Lei era exigente e importante e o evangelho uma ninharia, nos equivocamos. O reino é gratuito e jamais o mereceremos, mas exige todo o esforço que brota do coração que ama, com generosidade e alegria.
Onde a sociedade propõe esforço em busca de méritos, êxito ou dinheiro, os
discípulos de Jesus dobram o esforço por “urgência retributiva”. Enquanto
alguns se esforçam por cumprir uma legislação, os discípulos de Jesus ativam
todas as forças na direção do amor, já que Deus está chamando o irmão para ser
tratado sem ressentimento, sem inveja ou competição.
Essa é a radicalidade do Reino, jugo suave que o amor torna uma urgência. E,
como se isto fosse pouco, Jesus ensina que nos reconciliemos com o irmão
ofendido antes de apresentar oferenda no altar.
O perdão é muito mais que uma experiência religiosa, é uma experiência profundamente humana e libertadora, que ajuda a amadurecer, a crescer na consciência de nossos limites e a libertar nossas potencialidades de amar.
O texto do evangelho de hoje está dentro da unidade maior de Mt 5,20 até Mt
5,48. Nela Mateus mostra como Jesus interpretava e explicava a Lei de Deus. Por
cinco vezes ele repetiu a frase: "Vocês ouviram o que foi dito aos seus
antepassados..., Mas eu lhes digo..." (Mt 5,21.27.33.38.43).
Na opinião de alguns fariseus, Jesus estava acabando com a lei. Mas era
exatamente o contrário. Ele dizia: “Não pensem que vim acabar com a Lei e os
Profetas. Não vim acabar, mas sim dar-lhes pleno cumprimento (Mt 5,17).
Frente à Lei de Moisés, Jesus tem uma atitude de ruptura e de continuidade. Ele
rompe com as interpretações erradas que se fechavam na prisão da letra, mas
reafirma categoricamente o objetivo último da lei: alcançar a justiça maior que
é o Amor.
Nas comunidades para as quais Mateus escreve o seu Evangelho havia opiniões diferentes
frente à Lei de Moisés. Para alguns, ela não tinha mais sentido. Para outros,
ela devia ser observada até nos mínimos detalhes. Por isso, havia muitos
conflitos e brigas. Uns chamavam os outros de imbecil e de idiota.
Mateus tenta ajudar os dois grupos a entender melhor o verdadeiro sentido da
Lei e traz alguns conselhos de Jesus para ajudar a enfrentar e superar os
conflitos que surgem dentro da família e dentro da comunidade.
Um dos pontos em que o Evangelho de Mateus mais insiste é a reconciliação, pois nas comunidades daquela época, havia muitas tensões entre grupos radicais com tendências diferentes, sem diálogo.
Ninguém queria ceder diante do outro. Mateus ilumina esta situação com palavras
de Jesus sobre a reconciliação que pedem acolhimento e compreensão. Pois o
único pecado que Deus não consegue perdoar é a nossa falta de perdão aos outros
(Mt 6,14). Por isso, procure a reconciliação, antes que seja tarde demais!
O novo ideal que Jesus propõe é este: "Ser perfeito com o Pai do céu é perfeito!" (Mt 5,48). Isto quer dizer: eu serei justo diante de Deus, quando procuro acolher e perdoar as pessoas da mesma maneira como Deus me acolhe e me perdoa gratuitamente, apesar dos meus muitos defeitos e pecados.
Jesus nos indica, de uma maneira direta, a necessidade de superar comportamentos farisaicos. Convida-nos a superar alguns modelos canonizados ou que nos foram propostos como ideais. Temos fixado normas de conduta e comportamento que precisam de revisão e que precisam ser superadas a partir da comunidade cristã.
Quaresma é um momento propicio para fazer esta revisão e para que nos
comprometamos a fazer essa mudança. Esta Quaresma de 2022 proporcionou mudanças radicais, de acordo com o evangelho de Jesus e as exigências da
comunidade. E ainda que o evangelho de hoje pareça redigito em chave pessoal,
não exclui que as mudanças sejam feitas em tom comunitário ou grupal, uma forma
de considerar que os outros também tem propostas de mudança em sua vida.
Isto dizemos porque qualquer coisa que fazemos ou dizemos tem seu eco e
repercussão na família, no grupo, na comunidade, no ambiente. E é precisamente
na comunidade ou no grupo que temos a responsabilidade e missão de sermos
criadores de harmonia e paz, recompondo relações tortas e abandonando tensões e
discórdias.
A vivência da reconciliação, do perdão, com os irmãos contribui fundamentalmente para a consolidação da vida e para a construção da Paz a que todos aspiramos.
Permitam-me resgatar o último
parágrafo da reflexão de ontem: “Estamos
na Quaresma… Quantos pedidos, promessas e renúncias fazemos e o que será de
mudança concreta em nós, apenas as palavras e lindas orações? Estamos
refletindo "A Fraternidade e a Saúde Pública", e eu o que faço?”.
Diz a programação
neurolinguística que o corpo “fala”. E como fala! Vamos então aproveitar o que
ela diz e casarmos com a afirmação que o Senhor nos apresenta: ”(…)
Pois eu afirmo a vocês que só entrarão no Reino do Céu SE FOREM
MAIS FIÉIS
O que seria ser MAIS
FIEL? Talvez seja o que João um dia mencionou em uma das suas
cartas (I Jo 4, 20-21): “(…)
Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem
não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é
o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também seu irmão”.
Dureza não é? Mais creio
que ainda temos mais a ver.
O corpo não esconde o que de
fato pensamos. Você já reparou, quando, em uma reunião, não dá pra esconder
nossa insatisfação se nosso corpo torce a boca, franze a testa, se viramos o
rosto ou bocejamos?
Não dá pra fingir que prestamos
atenção no irmão, no chefe, no colega se nosso corpo insiste em ficar com
os braços cruzados, procurando defeitos…
Por outro lado também nosso
corpo não consegue esconder as preocupações que se revelam nos cabelos brancos,
na cara abatida, no ar cansado…
Fidelidade também é não
envelhecer pelo que não é pra nós. Digo isso pelas pessoas que lidam com pessoas,
em especial nossos irmãos de comunidade que sofrem com os irmãos “abençoados”,
que também são cristãos e que toda comunidade tem. Pessoas que Jesus nos pede
pra amar, mas que ainda não amadureceram para amar as pessoas.
Ser AINDA
mais fiel é não perder o dia com discussões pequenas e fundamentadas em
picuinhas. É ser devoto, se necessário, de SÃO GRECIN (aquele
shampoo) e não cultivar sentimentos nocivos e tão poucos cabelos grisalhos por
causa deles. É perda de tempo procurar soluções que só
virão com o tempo.
Ser AINDA
MAIS FIEL é exercer a paciência. É entender o que padre Jonas
disse certa vez: "O sentimento é seu, mas a cara é dos
outros! Como convencerei que esse mundo que sonhamos vale a pena com cara de
abatidos?"
Precisamos estar dispostos e
sempre apresentáveis e em dia com a nossa saúde. Criticados, aporrinhados,
citados, apontados sempre seremos, pois ao abraçar a cruz estamos sujeitos a
levar por Cristo as chicotadas do percurso. O cordeiro não levantou a voz! Ser
fiel é prosseguir!
“(…) Eis meu Servo
que eu amparo, meu eleito ao qual dou toda a minha afeição, faço repousar sobre
ele meu espírito, para que leve às nações a verdadeira religião. ELE NÃO GRITA,
NUNCA ELEVA A VOZ, NÃO CLAMA NAS RUAS. Não quebrará o caniço rachado, não
extinguirá a mecha que ainda fumega. ANUNCIARÁ COM TODA A FRANQUEZA A
VERDADEIRA RELIGIÃO; NÃO DESANIMARÁ, NEM DESFALECERÁ, até que tenha estabelecido
a verdadeira religião sobre a terra, e até que as ilhas desejem seus
ensinamentos”. (Is 42, 1-4)
Reanime e continue!
Propósito: Procurar acolher e perdoar as
pessoas, da mesma maneira como Deus me acolhe e me perdoa gratuitamente, apesar
dos meus muitos defeitos e pecados.
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