Sto Antonio Maria Zaccaria
05 JULHO - Vós estareis no mundo, mas
não pertencereis ao mundo, nem o mundo poderá reclamar direito algum sobre vós.
Vós vos achareis rodeados pelas perversidades da terra, mas vos conservareis
sempre puros e sem mancha. (S 355). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 9,32-38
"Enquanto os cegos estavam saindo, as pessoas trouxeram a Jesus um possesso mudo. Expulso o demônio, o mudo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam: "Nunca se viu coisa igual em Israel". Os fariseus, porém, diziam: "É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios". Jesus começou a percorrer todas as cidades e povoados... proclamando a Boa Nova do Reino e curando todo tipo de doença e de enfermidade. Ao ver as multidões, Jesus encheu-se de compaixão por elas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse aos discípulos: "A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!""
Meditação:
O evangelho de
hoje traz dois assuntos: (1) a cura de um endemoninhado mudo (vv 32-34) e (2)
um resumo das atividades de Jesus (vv 35-38).
Estes dois episódios
encerram a parte narrativa dos capítulos 8 e 9 do evangelho de Mateus na qual o
evangelista procura mostrar como Jesus praticava os ensinamentos dados no
Sermão da Montanha (Mt 5 a 7).
No capítulo 10, cuja
meditação começa no evangelho de amanhã, veremos o segundo grande discurso de
Jesus: o Sermão da Missão (Mt 10,1-42).
Como vimos na leitura do
Evangelho, Mateus, num único versículo, descreve como trouxeram um
endemoninhado mudo até Jesus, como Jesus expulsou o demônio e como o mudo
começou a falar de novo.
Jesus vinha fazendo
muitos milagres, salvando as pessoas de doenças e de suas dores e, ao mesmo
tempo, despertar a fé daquele povo que estava adormecido para as coisas do Pai.
Durante a caminhada,
naquele dia, encontra-se com uma multidão que lhe apresenta uma pessoa surda e
possessa pelo demônio.
O demônio é o causador
do mal. Pode ser um ser sobrenatural ou aqueles que, aqui no mundo, fazem o
mal. Seja enquanto indivíduos ou na perspectiva sócio-econômica, em que as
estruturas de poder excluem os pequenos e pobres expondo-os às mais diversas
doenças. Jesus vem libertar destes demônios que levam o povo ao sofrimento.
Jesus expulsa o demônio
e, a pessoa passa a ouvir e falar normalmente e o povo fica cada vez mais
admirado com todas as maravilhas que Jesus fazia.
As multidões se admiram
da ação libertadora de Jesus mas os fariseus procuram difamá-lo. Identificam-no
com um demônio, enquanto eles, fariseus, ostentam-se em suas cátedras de
hipocrisia e poder. As multidões excluídas, cansadas e abatidas despertam a
compaixão de Jesus. A tarefa de trabalhar na sua promoção e libertação é
grande.
Ontem, como hoje, vemos
muita gente sempre esperando que Jesus repita milagres e mais milagres na sua
vida, para que possam manter acesa a sua fé. Hoje, sabemos tudo sobre o Plano
de salvação que Ele trouxe como sua missão: Salvar
um povo de cabeça dura.
De cabeça dura muitas
vezes não por conta própria. Mas porque eles
estavam aflitos e abandonados, como ovelhas sem pastor.
Jesus vem reinstalar,
com sua vida, com sua paixão, com sua morte e, principalmente com a sua ressurreição,
o Reino do Pai, novamente baseado no Amor e suas conseqüências, ou seja, no
Perdão, na doação, na Honra, na Verdade, na Felicidade e na Responsabilidade
assumida por cada filho Seu, gerado aqui na Terra.
Porém, nem tudo foi um
mar de rosas para Ele, pois os
fariseus diziam: é pelo poder do príncipe dos demônios que ele expulsa os
demônios.
Até nos dias atuais,
Jesus continua a sua missão, conforme a sua promessa, em nosso meio. Sempre nos
guiando e nos guardando para que sejamos felizes e, pedindo-nos, como naqueles
dias, que fortaleçamos o Reino do Pai aqui na Terra: a Messe é grande, mas, os
trabalhadores são poucos. Rogai ao Senhor da Messe, que mande mais operários
para a sua Messe, diz, ainda hoje Jesus.
Contudo, o povo,
tão evoluído com as coisas materiais, esqueceu-se de vigiar, cada um, a sua
vida, o Dom recebido do Pai amoroso, para que ela não se perca; para que ela
seja sempre mais uma realização da bondade do Criador, vivendo-a como um meio
para ajudar na sua salvação e dos outros irmãos.
Muitos são os que precisam
mudar de vida para reencontrar-se com o Pai, transmitindo aos que o cercam só o
amor, só o bem, só a fraternidade, orando e agindo em nome do Senhor, no
trabalho da Messe.
Não esperemos como
muitos que vivem ao bel prazer, uma vida egoísta, ignorando a dor e o
sofrimento de tantos à nossa volta, durante a nossa caminhada, achando que a
fortuna e tudo o que é material que acumulamos nos bastam. De repente se fica
doente; de repente um mal incurável, que pode atingir a qualquer um, com ou sem
dinheiro.
Nós acolhemos o chamado
de Cristo quando fazemos tudo por amor. A vivência do amor anima as pessoas
enfraquecidas, enfastiadas e sem perspectiva.
O amor vence o ódio e
expulsa dos corações a intriga, a divisão, a incompreensão. Se fizermos como
Jesus fez, estaremos sendo trabalhadores da Sua messe. Quanto mais nós nos
apresentarmos à vinha do Senhor mais, surdos e mudos serão curados.
Você já se sente liberto
(a) do demônio que paralisa os lábios do homem? Você conhece quando as pessoas
à sua volta estão desanimadas e sem esperança? O que você diz a elas? Você tem
ajudado a alguém pelo menos escutando e acolhendo? Você se considera
trabalhador da messe de Cristo? Em que você tem empregado o seu tempo livre?
Se, não, o tempo é este
e a hora é agora. Respondamos o chamado de Jesus, levantemo-nos e vamos
anunciar a cura, a libertação, a paz e o amor de Deus no coração dos nossos
irmãos que, como que ovelhas sem pastores, caminham para o abismo irreversível.
É importante pedir ao Pai
do céu, que deseja acolher estas multidões no seu Reino, que envie
trabalhadores para esta missão.
Reflexão Apostólica:
No fundo, estas doenças eram apenas a manifestação de um mal muito mais
amplo e mais profundo que arruinava a saúde do povo, a saber, o total abandono
e o estado deprimente e desumano em que ele era obrigado a viver.
As atividades e as curas de Jesus se dirigiam não só contra as deficiências
corporais, mas também e sobretudo contra esse mal maior do abandono material e
espiritual em que o povo era condenado a passar os poucos anos da sua vida.
Além da exploração econômica que roubava a metade do orçamento familiar, a
religião oficial da época, em vez de ajudar o povo a encontrar em Deus uma
força para resistir e ter esperança, ensinava que as doenças eram castigo de
Deus pelo pecado. Aumentava nele o sentimento de exclusão e de condenação.
Jesus fazia o contrário. O acolhimento cheio de ternura e a cura dos
enfermos faziam parte do esforço mais amplo para refazer o relacionamento
humano entre as pessoas e restabelecer a convivência comunitária e fraterna nos
povoados e aldeias da Galiléia, sua terra.
É muito bonita a descrição da atividade incansável de Jesus, na qual
transparece a dupla preocupação a que aludimos: o acolhimento cheio de ternura
e a cura dos enfermos: “Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando
em suas sinagogas, pregando a Boa Notícia do Reino, e curando todo tipo de
doença e enfermidade”. Nos capítulos anteriores, Mateus já tinha aludido
várias vezes a esta atividade ambulante de Jesus pelos povoados Galiléia (Mt
4,23-24; 8,16).
Jesus transmite aos discípulos a preocupação e a
compaixão que o animam por dentro: "A colheita é grande, mas os
trabalhadores são poucos! Por isso, peçam ao dono da colheita que mande
trabalhadores para a colheita".
Jesus teve compaixão diante das multidões cansadas e famintas:"Vendo as multidões, Jesus
teve compaixão, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm
pastor”. Os que deviam ser os pastores não eram pastores, não
cuidavam do rebanho. Jesus procura ser o pastor (Jo 10,11-14).
Na história da humanidade, nunca houve tanta gente cansada e faminta como
hoje. A TV divulga os fatos, mas não oferece resposta. Será que nós cristãos
conseguimos ter em nós a mesma compaixão de Jesus e irradiá-la aos outros?
Propósito:
Pai, faze-me
compassivo diante do sofrimento de tantos irmãos e irmãs, movendo-me a ser,
efetivamente, solidário com eles.
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