18 novembro - É em Roma, a grande cidade da história, que a alma de um cristão rejuvenesce e se fortalece para as lutas cada vez mais ferrenhas do mundo e do inferno contra a Igreja e contra os seus ministros. (L 52). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho
segundo São Lucas 19,11-28
"Jesus contou uma parábola para os que ouviram o que ele tinha dito. Agora ele estava perto de Jerusalém, e por isso eles estavam pensando que o Reino de Deus ia aparecer logo. Então Jesus disse:
- Certo homem de uma família
importante foi para um país que ficava bem longe, para lá ser feito rei e
depois voltar. Antes de viajar, chamou dez dos seus empregados, deu a cada um
uma moeda de ouro e disse: "Vejam o que vocês conseguem ganhar com este
dinheiro, até a minha volta."
- Acontece que o povo
do seu país o odiava e por isso mandou atrás dele uma comissão para dizer que
não queriam que aquele homem fosse feito rei deles.
- O homem foi feito rei
e voltou para casa. Aí mandou chamar os empregados a quem tinha dado o dinheiro,
para saber quanto haviam conseguido ganhar. O primeiro chegou e disse:
"Patrão, com aquela moeda de ouro que o senhor me deu, eu ganhei
dez."
- "Muito
bem!" - respondeu ele. - "Você é um bom empregado! E, porque foi fiel
em coisas pequenas, você vai ser o governador de dez cidades."
- O segundo empregado
veio e disse: "Patrão, com aquela moeda de ouro que o senhor me deu, eu
ganhei cinco."
- "Você vai ser o
governador de cinco cidades!" - disse o patrão.
- O outro empregado
chegou e disse: "Patrão, aqui está a sua moeda. Eu a embrulhei num lenço e
a escondi. Tive medo do senhor, porque sei que é um homem duro, que tira dos
outros o que não é seu e colhe o que não plantou."
- Ele respondeu:
"Você é um mau empregado! Vou usar as suas próprias palavras para
julgá-lo. Você sabia que sou um homem duro, que tiro dos outros o que não é meu
e colho o que não plantei. Então por que você não pôs o meu dinheiro no banco?
Assim, quando eu voltasse da viagem, receberia o dinheiro com juros."
- E disse para os que
estavam ali: "Tirem dele a moeda e dêem ao que tem dez."
Eles responderam:
- "Mas ele já tem
dez moedas, patrão!"
- E o patrão disse:
- "Eu afirmo a
vocês que aquele que tem muito receberá ainda mais; mas quem não tem, até o
pouco que tem será tirado dele. E agora tragam aqui os meus inimigos, que não queriam que eu fosse o rei deles, e os
matem na minha frente."
Depois de dizer isso,
Jesus foi adiante deles para Jerusalém."
Meditação:
Lucas adapta a parábola dos talentos,
já utilizada por Mateus, acrescentando, de maneira forçada, a narrativa do
homem nobre que foi nomeado rei e depois mandou matar seus inimigos.
A parábola, a partir de um dito de Jesus, parece já ter sofrido
acréscimos nas primeiras comunidades cristãs. Ela é o retrato de uma sociedade
onde predomina a ambição do dinheiro e a crueldade.
A parábola dos talentos, apesar das semelhanças, não deverá ser a
mesma das minas, ainda que alguns pensem que sim, pois Jesus podia ter contado
duas parábolas semelhantes, embora com o mesmo fim didático.
Esta parábola ensina principalmente a necessidade de corresponder
à graça de uma maneira esforçada, exigente, constante, durante toda a vida.
Temos de fazer render todos os dons da natureza e da graça, recebidos do
Senhor.
O importante não é o número dos talentos recebidos, mas sim a
generosidade em fazê-los frutificar.
Não
se trata propriamente de uma moeda, mas de uma unidade monetária, cujo valor
ignoramos ao certo, por variável que era então, mas que ronda pelos 36 quilos
de prata. O texto sugere refletirmos sobre três pontos fundamentais que são:
1.
O segredo da
felicidade:Todos suspiramos pela felicidade, todos queremos ser
felizes. Todavia, é preciso não termos ilusões.
A
felicidade não se recebe de “mão-beijada”. Ela conquista-se com o esforço, o
trabalho e o sacrifício. O segredo da felicidade está na fidelidade aos nossos
deveres em relação a Deus e aos outros.
Ser
fiel no dever de cada dia; fiel em pequenos gestos de caridade com o próximo;
fiel no compromisso de piedade, de amor para com Jesus na Eucaristia; fiel na
preocupação de tornar a vida agradável aos outros; sorrindo, servindo e
ensinando.
Não
é indiferente ser ou não ser fiel: "ditoso
o que teme o Senhor e segue o seu caminho", diz o salmista.
Não
há felicidade sem fidelidade. Neste Evangelho, vemos o exemplo dos criados que
puseram a render os talentos que o patrão lhes confiou.
2. Os pecados de omissão: O Evangelho
nos diz que o patrão daqueles criados, passado muito tempo, foi ajustar contas
com eles.
Enquanto que o primeiro e o segundo
puseram a render os talentos recebidos, o terceiro, deixando-se levar pela
preguiça, nada fez. Daí, ouviu a censura condenatória do seu patrão: servo mau
e preguiçoso.
Aqui
temos retratado o pecado de omissão. Aquele servo não perdeu o talento
recebido. Teve até o cuidado de o esconder, mas assim o tornou improdutivo.
O
servo preguiçoso é imagem viva do cristão que, quando é chamado à uma vida de
piedade mas intensa; comprometer-se na tarefa do apostolado; a aliviar o peso
da pobreza, do sofrimento de quem o rodeia, se esquiva e tranqüiliza a sua
consciência dizendo: eu não sou mau, não trato mal ninguém, nem prejudico quem
quer que seja.
Quem
fala assim não repara que também existem omissões graves, coisas que se deviam
ter feito ou dito, não se fizeram nem se disseram.
Na
comunicação social quantos pecados de omissão nesta área: há momentos para
elogiar e ocasiões para, sem condenar ninguém, mostrar a nossa discordância. Os
que apóiam publicamente o aborto e outros atos graves contra a vida, a justiça
e a paz.
3.
O verdadeiro
descanso: O comportamento dos servos não foi igual. Para o
primeiro e o segundo o resultado foi 100% mais; para o terceiro foi 100%
negativo. Cada um recebeu seus talentos para os pôr a render sempre que pode fazer
algo.
Desta
forma, não podemos cruzar os braços. Certamente que não resolvemos tudo.
Fazemos o que podemos.
Portanto,
dê você também o seu 100% e descansará, tomará posse do que está reservado para
aqueles que em vida deram o seu 100%
O
Evangelho estabelece um laço constante entre os pecados de omissão e o inferno.
Três textos se referem ao caso: a parábola dos talentos que acabamos de ler:
"Lançai-os às
trevas de lá de fora.". Na parábola do rico avarento (Lc 16,
10): "Morreu e foi
sepultado no abismo.". No capítulo 25,11 de Mateus:
"Afastai-vos de
mim malditos para o fogo eterno.".
Eu,
no meu lar, no lugar de trabalho, nas minhas relações sociais, na minha
Paróquia, faço frutificar os talentos de inteligência, de saúde, de simpatia,
de possibilidades econômicas, ou enterro tudo isso no despejo da preguiça?
Procuro trabalhar na defesa dos valores: da vida, da verdade, da honra, do
pudor, dos outros que precisam da minha ajuda?
Mãos
à obra! Você tem tudo para ser feliz, e repousar na alegria do seu Senhor,
basta que ponha a render os seus talentos.
Tempo
é questão de preferência!
Reflexão Apostólica:
Esse evangelho nos
traz à memória um dito popular muito comum: “Quem tem tempo nunca tem tempo,
mas quem NÃO tem tempo SEMPRE arruma tempo”.
É muito comum ver
em nossas comunidades, no trabalho, na faculdade, (…), alguém que consegue se
destacar mesmo tendo todas as adversidades do mundo contra ele (a). Pessoas que
conseguem fazer seu tempo, seu empenho, seu trabalho render “dez moedas”.
São pessoas que conhecemos
que trabalham o dia inteiro, tomam conta dos filhos e ainda estudam a noite.
Que apesar de tamanha demanda não atrasam seus trabalhos, não deixam de fazer
suas tarefas e ainda tem tempo para parar um pouco e rezar.
No entanto existem
outras pessoas que acordam às dez da manhã, tomam café na frente da TV, não
lavam seus pratos, calcinhas, cuecas; querem estudar a noite mesmo não tendo
afazeres de dia, matam aula e ainda arrumam tempo pra reclamar da comida fria,
da roupa que não foi passada, que precisa de um tênis ou um celular novo.
Sabem a programação
da TV por completo; navegam horas na internet e que se chateia profundamente se
tiver que ficar uma hora na Missa de domingo.
Esse personagem da
vida real que o diácono Nelsinho Correa da Canção Nova batizou e popularizou de
“beiçudo” anda
São pessoas hoje
que tem ojeriza a estudar, aprender, capacitar-se; são irmãos, colegas, amigos
de trabalho que após longos anos de serviço ou numa mesma função, se negam a
ouvir conselhos, alternativas, sugestões…
Também são um povo
de 30, 35 anos que se comporta como se tivesse 15; enfurnados em boates até
durante a semana, fazendo rachas de carro, enquanto papai e mamãe ficam em casa
polindo a moeda do filho. Filho esse que sai de casa com intenção de bater em
alguém; que se esconde atrás de uma gangue para ser valente e quando dá algo
errado, o leão de agora a pouco volta a ser um gatinho, um santo, um anjo.
São pessoas também
que guardam a moeda no bolso e com o lenço cobrem os olhos para não ver o que
acontece ao seu redor.
Para não se
comprometer com a comunidade; não ajudam, não emprestam seu talento, são
egoístas; agindo bem parecido com o “mau empregado” do evangelho; sabem fazer
críticas ferrenhas, menosprezam o trabalho de quem faz, torcem contra, põem
defeitos (…) tudo isso sem perder o “charme” (ou seria o orgulho?) ou sair de
sua posição conforto
Mas o engraçado e
ao mesmo tempo encantador que foi para esse (a) mau empregado que Ele nos envia
hoje; que foi pelo perdão dos nossos pecados, onde estão inclusos os deles
também, que Jesus se deu numa cruz.
Sejamos bons
empregados, pois a messe é grande e a obra não para: “(…) Depois de dizer isso, Jesus
foi adiante deles para Jerusalém”.
Um conselho: Quem
não ajuda, por favor, não atrapalhe. Se não tem certeza do que esta falando,
peça ajuda; se os fios de cabelo começam a surgir e a maturidade ainda não os
acompanhou saiba que Peter Pan é uma fábula; se não existe mais nada que possa
aprender então nos ensine.
Propósito:
Pai, faze de mim um discípulo fiel de Jesus a quem
deverei prestar contas do bom uso dos dons que me concedeu. Que eu seja
prudente no meu agir.
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