05 novembro – É preciso ver todas as coisas à luz da fé, fazer com que a razão prevaleça sempre sobre o coração e a vontade de Deus sobre a razão: aceitar tudo das mãos do Senhor, tanto as coisas que nos agradam como as que nos desagradam, respondendo sempre e a tudo: “Deo gratias!” Obrigado Senhor! (S 237). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 15,1-10
"Certa ocasião, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram perto de Jesus para o ouvir. Os fariseus e os mestres da Lei criticavam Jesus, dizendo:
- Este homem se mistura
com gente de má fama e toma refeições com eles.
Então Jesus contou esta
parábola:
- Se algum de vocês tem
cem ovelhas e perde uma, por acaso não vai procurá-la? Assim, deixa no campo as
outras noventa e nove e vai procurar a ovelha perdida até achá-la. Quando a
encontra, fica muito contente e volta com ela nos ombros. Chegando à sua casa,
chama os amigos e vizinhos e diz: "Alegrem-se comigo porque achei a minha
ovelha perdida."
- Pois eu lhes digo que
assim também vai haver mais alegria no céu por um pecador que se arrepende dos
seus pecados do que por noventa e nove pessoas boas que não precisam se
arrepender.
Jesus continuou:
- Se uma mulher que tem
dez moedas de prata perder uma, vai procurá-la, não é? Ela acende uma
lamparina, varre a casa e procura com muito cuidado até achá-la. E, quando a
encontra, convida as amigas e vizinhas e diz: "Alegrem-se comigo porque
achei a minha moeda perdida."
- Pois eu digo a vocês
que assim também os anjos de Deus se alegrarão por causa de um pecador que se
arrepende dos seus pecados."
Meditação:
O capítulo 15 de Lucas é o coração de todo o Evangelho (=Boa notícia). Aí vemos que o amor do Pai é o fundamento da atitude de Jesus diante dos homens.
Respondendo à crítica daqueles que se consideram justos, cheios de méritos, e
se escandalizam da solidariedade para com os pecadores, Jesus narra três
parábolas.
A primeira e a segunda mostram a atitude de Deus em Jesus, questionando a
hipocrisia dos homens.
A terceira tem dois aspectos: o processo de conversão do pecador e o problema
do “justo” que resiste ao amor do Pai.
A parábola não quer dizer que Deus prefere o pecador ao justo, ou que os justos
sejam hipócritas.
Ela ressalta o mistério do amor do Pai que se alegra em acolher o pecador
arrependido ao lado justo que persevera.
A mulher é pobre e precisa da moeda para sobreviver. O amor de Deus torna-o
vitalmente necessário de encontrar a pessoa perdida, para levá-la à alegria da
comunhão no amor.
Os fariseus e os escribas não entendiam nada do Amor de Deus e de sua Salvação
em Cristo, motivo pelo qual Jesus proferiu estas parábolas para que eles
entendessem que a alma do pecador é importante para Deus. Em Lucas 19,10, Jesus
confirma o que as parábolas já tinham expressado: “Porque o Filho do Homem veio
procurar e salvar o que estava perdido”.
A pregação de Jesus tirava dos adversários o instrumento ideológico (seu
legalismo), com o qual defendiam sua situação e seu propósito de não mudar de
vida.
Por estes mesmos interesses solucionavam suas diferenças com ele por meio da
violência, o que mostrou até que ponto estavam aferrados a eles.
Além de sua opção pelos pobres e excluídos, Jesus mostra neste evangelho, a sua
preocupação com aqueles que estão fora do caminho da casa do Pai, fora do
rebanho. São como ovelhas desgarradas.
Os fariseus não aprovam essa atitude de Jesus, por considerar os publicanos e
pecadores, pessoas de má vida e, portanto impuros e excluídos.
Perdido e encontrado. É o tema do evangelho de hoje, da alegria pela
recuperação do que estava perdido.
As três parábolas se referem à volta do pecador arrependido; a parábola do
filho reencontrado desenvolve o tema do amor de Deus para conosco e acrescenta
o contraste da hostilidade do irmão mais velho.
Jesus está cercado por "coletores de impostos e pecadores", o que
provoca murmuração entre os escribas e fariseus, a respeito da sua preferência
pelas ovelhas desgarradas do rebanho.
Jesus dirige-se diretamente aos ouvintes: "Quem dentre vós...?" O que
ele sugere que todos farão, ao ir atrás da única ovelha perdida, não é o que
muitos de nós faríamos, mas a atratividade dessa extravagante preocupação
individual faz o ouvinte querer concordar.
Num instante somos levados ao mundo de Deus, vendo e agindo como ele o faria. A
alegria do pastor é como a alegria de Deus; sua dedicação à ovelha
reencontrada, carregando-a de volta ao redil, é uma comparação com o amor de
Deus.
Uma imagem diferente é usada na segunda parábola com o mesmo objetivo. A mulher
perdeu uma de suas dez moedas de prata.
Revira a casa toda em busca dessa moeda, uma entre dez. Talvez fizesse parte de
seu dote e, assim, também tivesse valor sentimental.
A alegria dela é como a alegria no céu por causa de um único pecador
arrependido. Precisa ser compartilhada. É grande demais para uma só pessoa. Ela
e o pastor convidam os amigos e vizinhos para a festa de ação de graças.
E as outras nove moedas de prata e as 99 ovelhas - não são importantes também?
Com certeza, mas a alegria do Reino foge das categorias da razão e dos bons
negócios. O que era dado por perdido foi encontrado. É como uma nova vida, uma
ressurreição: precisa ser celebrada.
Se você se encontra perdido na estrada dessa vida, se você se embrenhou por
caminhos e aventuras perigosas e agora não está sabendo por que fez isso, como
começou e o que fazer, volte para a casa do Pai!
Lá existem muitas moradas! E, como você viu no evangelho de hoje, grande será a
alegria na sua família e principalmente no céu, tudo por causa da sua volta.
Então? Vamos voltar?
Reflexão Apostólica:
Será que temos procurado por Deus como a mulher que procura pela moeda perdida?
Desde que o mundo é mundo o homem tem
procurado incansavelmente formas de facilitar seu dia a dia.
Olhemos ao nosso redor e veremos as
mudanças acontecendo para facilitar nossas vidas. Veremos então celulares cada
vez mais conectados, TVs com resoluções de imagem que beiram a perfeição;
mouses e impressoras sem fio… Levantar da cadeira nunca mais (risos).
Esses dias fui surpreendido com uma chamada
de uma dessas “intermediadoras” com Deus. Dizia assim: “Venham! Esse é o último
encontro com Deus desse ano! Se você perder só ano que vem”! É claro que
entendi que o nome do encontro é “encontro com Deus”, mas não deixa de ser
cômica a forma que as pessoas têm levado as coisas sagradas.
Revirar a casa (em especial a da nossa vida)
é cada vez mais difícil de ser ver. Hoje é cada vez menor a participação das
pessoas nas missas e celebrações e em contra partida um crescente aumento dos
telespectadores da santa missa. Trocam o deslocamento, o contato, a conversa
pelo conforto de seu sofá.
Não somos hipócritas de rejeitar o conforto
do ar condicionado, do estresse com estacionamento, trânsito, flanelinhas, (…),
mas até que ponto, essa comodidade nos afastará de Deus?
Os egípcios tinham deuses para tudo. Baal era
muito procurado pelos agricultores que desejam uma bela colheita; vikings
clamavam por seus deuses ao enfrentar o mar revolto e hoje, como esta
acontecendo?
É triste ler isso, mas as pessoas têm buscado
o deus que agrada, que lhe apresenta a prosperidade financeira em troca da
fidelidade dizimista.
Se observarmos a mulher do evangelho notamos
o esmero em procurar em todo canto de sua vida até encontrar e se buscarmos
sinônimos para “esmero” encontraremos capricho, primor, perfeição, requinte,
cuidado, (…). Será que o que vemos hoje é esmero?
Não entendemos o reino de Deus, pois ainda
temos a idéia de servos e não de proprietários. Se de fato acreditássemos que
ele também me pertence, talvez mudasse meu esmero em procurar a moeda ou a
ovelha que se perdeu; talvez não precisasse pedir para que os irmãos ajudassem,
rezassem, louvassem, não brigassem, (…), pois todos saberiam e colaborariam.
Deus quer que o ser humano se salve da injustiça e da marginalização. Por isso
o pastor sai em busca da ovelha perdida, aquela que está excluída do rebanho;
alegra-se pela sua presença e festeja sua integração no conjunto maior.
Da mesma maneira, a mulher busca sua moeda, porque o valor está em ter as 10
moedas. O Reino de Deus é uma casa onde todos são admitidos, onde não há
excluídos.
Aceitar os que estão perdidos é aceitar a Deus; e nós, como cristãos, temos a
missão de interceder por eles para que todos voltem ao redil.
Quem esta longe, não se preocupe… Deus vai lhe encontrar!
Pai,
quero ser contagiado por teu amor desconcertante que vai em busca do pecador e
se alegra ao vê-lo voltar à comunhão.
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