02 Dezembro - Humilhemo-nos ao considerar os nossos defeitos, mas por outro lado alegremo-nos com a bondade e a misericórdia de Jesus que nos quer perdoar: alegremo-nos com as dívidas de gratidão que nos unem cada vez mais intimamente a Ele. (S 234). São jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo
São Mateus 15,29-37
"Jesus saiu daquela região e voltou para perto do mar da Galiléia.
Subiu a uma colina e sentou-se ali.
Então numerosa multidão aproximou-se dele, trazendo consigo mudos, cegos, coxos,
aleijados e muitos outros enfermos. Puseram-nos aos seus pés e ele os
curou,
de sorte que o povo estava admirado ante o espetáculo dos mudos que falavam,
daqueles aleijados curados, de coxos que andavam, dos cegos que viam; e
glorificavam ao Deus de Israel.
Jesus, porém, reuniu os seus discípulos e disse-lhes: “Tenho piedade esta
multidão: eis que há três dias está perto de mim e não tem nada para comer. Não
quero despedi-la em jejum, para que não desfaleça no caminho”.
Disseram-lhe os discípulos: “De que maneira procuraremos neste lugar deserto
pão bastante para saciar tal multidão?’
Pergunta-lhes Jesus: “Quantos pães tendes?” “Sete, e alguns peixinhos”,
responderam eles.
Mandou, então, a multidão assentar-se no chão,
tomou os sete pães e os peixes e abençoou-os. Depois os partiu e os deu aos
discípulos, que os distribuíram à multidão.
Todos comeram e ficaram saciados, e, dos pedaços que restaram, encheram sete
cestos."
Meditação:
É difícil acolher quando nosso coração já se encontra cheio de tantas coisas. Neste Tempo do Advento é preciso ter um “coração vazio” de si mesmo, como o de José e o de Maria, como o de João Batista e o dos pobres e simples do evangelho, que acolheram e reconheceram em Jesus o Filho de Deus que veio para nos salvar.
Se outras coisas ocuparam o lugar de Deus em nós, então Deus não tem lugar em nosso coração. Mas, em sua misericórdia, podemos mudar nosso jeito e nosso modo de ser. Agora a decisão é nossa.
O traço marcante da ação de Jesus foi a sua capacidade de acolher a todos. Os
pobres e marginalizados foram os que melhor captaram esta predisposição do
Messias. Houve quem o hostilizasse, o rejeitasse e assumisse contra ele postura
de inimigo. Neste caso, jamais a iniciativa partiu do Mestre. Ele tinha
consciência de ter sido enviado para a salvação de todos.
Os coxos, aleijados, cegos, mudos e toda sorte de gente flagelada por doenças e
enfermidades, levados a Jesus para serem curados, retratam a imensa
misericórdia contida de seu coração, e seu desejo de comunicá-la à humanidade
sofredora. Por seu amor eficaz, os mudos começavam a falar, os aleijados, a
sarar, os coxos, a andar, os cegos, a enxergar. Nenhuma necessidade humana
passava-lhe despercebida.
O Messias Jesus, apesar de sua condição de Filho de Deus, preocupava-se com os problemas materiais do povo, como foi o caso da falta de alimento para os que tinham vindo escutá-lo, numa região bastante afastada.
O episódio da multiplicação dos pães serviu-lhe para ensinar às multidões a
lição da solidariedade e da partilha. Este, sem dúvida, foi seu milagre maior:
eliminar o egoísmo presente no coração de seus ouvintes, e movê-los a colocar
em comum o que cada um possuía para sua própria alimentação, de modo que todos
pudessem ser igualmente saciados. Desta forma, a acolhida do Messias estava
dando os seus primeiros frutos nos corações dos que o seguiam.
A multidão aproxima-se de Jesus para escutá-lo. Aproximam-se os pobres, os
coxos, os aleijados, os abandonados e a todos Ele curava física e
espiritualmente.
E de mim se aproximam as pessoas quando abro a minha boca para falar? Minhas
palavras salvam, curam, libertam ou matam, oprimem e condenam?
O Deus que vem e permanece entre nós é aquele que traz a vida e liberta. Quando
nós cristãos nos tornamos semelhantes a Jesus e bem próximos de sua missão,
certamente nos aproximaremos dos mais pobres, dos sofredores e dos
marginalizados.
Que a fé verdadeira me desacomode e me leve ao encontro dos que estão à margem
de oportunidades e da vida. Pois, louvor maior que agrada a Deus é a
misericórdia que faz viver.
Existem ótimos fatos nessa narrativa de hoje, mas em especial temos duas.
(…) primeira…
A primeira multiplicação dos pães aconteceu na Galiléia em meio aos judeus e
esta segunda multiplicação acontece em uma região próxima ao mar da Galiléia,
mas estas terras pertenciam aos gentios, ou seja, povos de outras nações,
estrangeiros, não-judeus e lá Jesus opera milagres que pela falta de fé dos
seus (nossa), deixou de operar em sua terra.
De certa forma, se não vemos os MILAGRES EXTRAORDINÁRIOS de Deus é por que não
temos os olhos e a fé para ver os ORDINÁRIOS, ou seja, aqueles que acontecem no
cotidiano, mas não percebemos. O período que vivemos, o advento, é repleto de
sinais ordinários, em especial os de mudança de vida, conversão, retorno,
retomada, ressurgimento, (…). Conseguimos vê-los em nós?
Vejo na TV e em muitos lugares a preocupação em se ver os milagres
extraordinários. As pessoas parecem querer ver cegos voltar a enxergar,
paralíticos voltar a andar, mas não mudam uma vírgula de sua própria vida para
voltar a enxergar. Não abandonam os próprios interesses, debruçando-se em
pedidos e pedidos, mas não param ou pelo menos se propõem a parar de mancar com
julgamentos maldosos, falsidades, hipocrisia, dissimulação, (…)
É uma grade verdade, Jesus disse para pedirmos, mas a sabedoria de um monte em
Israel explica um fato que esquecemos. Um monte batizado por Abraão, após ter sido
poupado seu filho Isaac, de Javé-Yiré, cuja tradução significa “O Senhor
dará o que for preciso”
Abramos nossa casa como são Francisco ao irmão sol, irmã lua, a irmã vida… As
demais coisas serão dadas por acréscimo e realmente será dado o que é preciso.
(…) Segunda…
Entre os seus, na primeira multiplicação ele pegou os pães e os abençoou, como
ainda é feito nas nossas missas como memória viva e presente do Cristo.
Em meio aos gentios, não negou quem fosse ou sua missão, mas, talvez preferindo
não assoprar o monte de folhas secas (veja reflexão do evangelho de ontem),
Jesus dá Graças a Deus, faz o milagre acontecer e partilha o pão.
Quantas pessoas ainda hoje se preocupam em moldar as pessoas a sua forma de
pensar, deixando de amá-las, pois são “gentios” que pensam diferentes? Esquecem
então de dar Graças a Deus por elas, não se fazem milagre e tão pouco partilham
o pão. Esses irmãos são aqueles que se enterram em suas pastorais e movimento,
ou só no trabalho, ou só na oração, em modos de pensar onde “quem congrega
comigo é irmão, caso contrário pagão”. Esquecem que Jesus também operou
milagres nos gentios
Pedimos nessa primeira semana do Advento o perdão pelas vezes que separei e não
conciliei; pelas rusgas ou invés do agregar, pelos partidarismos e panelinhas
ao invés de viver o Ato dos Apóstolos.
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