21/11 – Apresentação de Nossa Senhora no Templo
Hoje a Igreja celebra a solenidade da
apresentação de Nossa Senhora no Templo, acompanhe os textos do Prof. Felipe
Aquino e os vídeos do Padre Paulo Ricardo e do Padre Guido Mottinelli:
A
memória que a Igreja celebra hoje não encontra fundamentos explícitos nos
Evangelhos Canônicos, mas algumas pistas no chamado protoevangelho de Tiago,
livro de Tiago, ou ainda, História do nascimento de Maria. A validade do
acontecimento que lembramos possui real alicerce na Tradição que a liga à
Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, construída em 543, perto do templo de
Jerusalém.
Os
manuscritos não canônicos, contam que Joaquim e Ana, por muito tempo não tinham
filhos, até que nasceu Maria, cuja infância se dedicou totalmente, e livremente
a Deus, impelida pelo Espírito Santo desde sua concepção imaculada. Tanto no
Oriente, quanto no Ocidente observamos esta celebração mariana nascendo do meio
do povo e com muita sabedoria sendo acolhida pela Liturgia Católica, por isso esta
festa aparece no Missal Romano a partir de 1505, onde busca exaltar a Jesus através
daquela que muito bem soube isto fazer com a vida, como partilha Santo
Agostinho, em um dos seus Sermões:
“Acaso
não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu,
foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada
por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Fez Maria totalmente a vontade
do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo;
maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era
feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente”.
A
Beata Maria do Divino Coração dedicava devoção especial à festa da Apresentação
de Nossa Senhora, de modo que quis que os atos mais importantes da sua vida se
realizassem neste dia.
Foi
no dia 21 de novembro de 1964 que o Papa Paulo VI, na clausura da 3ª Sessão do
Concílio Vaticano II, consagrou o mundo ao Coração de Maria e declarou Nossa
Senhora Mãe da Igreja.
Nossa Senhora da Apresentação, rogai por nós!
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 12,46-50
"Enquanto Jesus estava falando às multidões, sua mãe e seus irmãos ficaram do lado de fora, procurando falar com ele. Alguém lhe disse: "Olha! Tua mãe e teus irmãos estão lá fora e querem falar contigo". Ele respondeu àquele que lhe falou: "Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?" E, estendendo a mão para os discípulos, acrescentou: "Eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe"."
Meditação:
Após
quatro narrativas de conflito com os escribas e os fariseus, Mateus narra este
episódio em que introduz a família de Jesus. O clima é o de um conflito
potencial face às exigências de mudanças, conforme a boa nova de Jesus.
Esta narrativa é didática, visando à conversão. A família é a célula básica na
composição do tecido social. Uma família conservadora é reprodutora da
tradicional sociedade opressora e excludente. Há grande interesse dos poderosos
em manter as tradições que lhes permitem gozar de seus privilégios.
Agora, Jesus propõe a substituição de um conceito hermético de família para um
conceito aberto e solidário, conforme a vontade do Pai. Substitui os laços
formais familiares pelos laços do amor compassivo e comunicativo que vai muito
além dos limites da família.
Fazer a vontade de Deus é o requisito que Jesus nos apresenta para também
sermos considerados da Sua família. Portanto, não é difícil para nos imaginarmos
membros da família de Jesus.
Ele
mesmo o diz e aponta para nós, como fez quando distinguiu os Seus discípulos:
eis minha mãe e meus irmãos. Pois todo aquele que faz a vontade do meu Pai, que
está nos céus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.
Ao declarar que todo aquele que faz a vontade de Deus é a Sua família, Ele não
estava renunciando à Sua família segundo a carne.
Como
filho mais velho, Ele continuou a cuidar do bem estar da Sua mãe. Isto foi
comprovado quando, ao dar a Sua vida na cruz, Ele passou essa responsabilidade
ao discípulo a quem ele amava.
Simplesmente Jesus define claramente que o parentesco de ordem humana, seja a
mãe, os irmãos ou irmãs que ele tinha, não têm qualquer significação no Reino
de Deus.
O relacionamento mais chegado do Senhor Jesus é com o Seu Pai, que está nos
céus, o próprio Deus Pai. O único “parentesco” permanente que Ele pode ter é de
ordem espiritual - e é com aqueles que fazem a vontade de Deus. A estes, Ele
chama de meus irmãos.
Deixando de lado os laços sangüíneos, representado pelo parentesco segundo a
carne com sua mãe e seus irmãos, o Senhor Jesus passará agora a ampliar o Seu
ministério a todos aqueles que O receberem, sem distinção entre judeus e
gentios. Não se dará mais exclusividade a Israel, devido à sua incredulidade e
rejeição.
O relacionamento segundo a carne passa a ser inteiramente superado por
afinidades espirituais. A obediência a Deus é agora o fator predominante e
definitivo para estabelecer tais afinidades, sem outra distinção qualquer.
O mesmo se aplica a todo aquele que recebe Cristo como o seu Senhor e Salvador.
Ele disse: Se alguém vem a mim e ama o seu pai, sua mãe, sua mulher, seus
filhos, seus irmãos e irmãs, e até sua própria vida mais do que a mim, não pode
ser meu discípulo. Nosso relacionamento espiritual com Cristo produz um vínculo
maior do que nosso parentesco de sangue.
Jesus não perdia tempo, por isso, ele aproveitava todos os momentos para
dirigir ao povo, mensagens de vida e conversão. A Mãe de Jesus, em tudo fez a
vontade do Pai, desde a encarnação até a morte e ressurreição de Jesus. Soube
confiar no plano de Deus e, por isso, é chamada de co-Redentora, pois
contribuiu para que tudo se realizasse.
Maria fez a vontade de Deus! José foi um homem ajustado ao Plano de Deus, e
você? Você se considera da família de Jesus? Jesus aponta para você também
quando pronuncia estas palavras? Você é um (a) discípulo (a) fiel? Se
fores diga graças à Deus e, se não é tempo para você se converter e mudar de
vida, veja que os discípulos deixaram suas famílias, abandonaram-se à vontade
do Pai e uniram-se à nova família, em torno de Jesus.
Agora
é a nossa vez! Busquemos fazer a vontade de Deus.
Reflexão Apostólica:
Como
devem ter notado é o mesmo evangelho da semana passada (16/7), portanto faremos
a mesma reflexão, certo? Claro que não! Aí é que esta o encanto do evangelho.
Uma mesma passagem pode nos oferecer varias meditações e reflexões partindo até
da mesma direção.
Quem
são meus irmãos? Quem é minha mãe? Todos!
Quais
são meus sonhos, meus objetivos, meus anseios, desejos, (…) também todos que eu
puder pensar, idealizar, sonhar, (…) mas, com quem quero dividir esses sonhos,
conquistas, prazeres, alegrias, tristezas, frustrações e realizações?
Cada
vez mais nosso mundo se resume em poucas pessoas ao nosso redor. É até um
contra-senso, pois cada vez tem-se mais gente no mundo e cada vez mais nos
isolamos.
Aprendemos
com os reflexos do mundo, que nos vende a idéia da liberdade como bem maior. Se
somos livres, podemos voar, ter sonhos, ambições, fazer projetos, (…); a
idéia de “nos prendermos” a algo soa como limitação ou fraqueza.
Imaginemo-nos
então a cantar uma música dos tribalistas: “Eu sou de ninguém, eu sou de todo
mundo e todo mundo é meu também…”
A
liberdade que advém do sinônimo de livre arbítrio vem a nós como um bem
precioso, mas que só tem valor se temos com quem trocar.
A
liberdade como sinônimo de “sem limites”, “sem freios”, “sem crenças”, (…)
podem em um futuro próximo gerar a fragilidade.
Como um grande prédio a ser construído, possui bases sólidas e estruturas bem
consolidadas. Ela não advém de todo de vontades ou quereres, mas de um todo e
refinado planejamento para que acontecesse.
A busca da liberdade pode então ser canalizada a conquistas puramente
materiais. Se tenho um carro, posso ir onde quero sem precisar pedir carona ou
depender de alguém; busco com todo ímpeto por uma profissão que de
independência financeira, coincidentemente são as que vem de brinde a moeda do
status social; quero uma casa, um apartamento…
Não
é pecado sonhar, querer o melhor para nós, ter e conquistar bens, mas quem são
meus irmãos e minhas irmãs? Essa idéia de liberdade aos poucos nos afasta
daqueles que nos cercam ou que nos viram crescer.
Podemos até justiçar necessário ou que a nossa profissão requer dedicação,
horas de estudo, (…), mas será que justifica abandonar meus amigos, meus
familiares, minha comunidade, meu coração, (…)
Quantas
pessoas que encontraram a liberdade, mas não tem com quem dividi-la? Quantos
que abandonaram por completo o convívio social, as amizades, as brincadeiras,
do amor (…) por seu sonho.
Precisamos pedir a Deus que nos guie nessa busca; que Ele esteja sempre a nos
acompanhar, a nos nortear e que em contra partida eu faça um compromisso em não
se esquecer dos nossos irmãos. Sim precisamos ter foco, mas não perder a visão
periférica.
É
o amor que se liberta da servidão aos interesses do mercado, na ambição do ter
e do enriquecer. É o amor que se abre e se faz solidário com os oprimidos e com
os mais carentes.
A semente lançada por Jesus supõe um processo de amadurecimento e crescimento.
É com este processo que estamos comprometidos, por nossa fé, dedicando-nos à
construção do mundo novo possível.
Propósito:
Pai reforça os laços que me ligam aos meus irmãos e irmãs
de fé, de forma a testemunhar que formamos um só corpo e uma só alma quem
Cristo Jesus teu filho muito amado e que por amor morreu e ressuscitou.
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