18/11 – Dedicação das Basílicas dos Santos Pedro e
Paulo
A memória da dedicação das Basílicas dos Santos Apóstolos Pedro e
Paulo é uma oportunidade para se refletir sobre a figura e a obra dos Príncipes
dos Apóstolos e também sobre o culto excepcional a eles tributado através dos
séculos. São Pedro e São Paulo, tentaram fazer um pequeno balanço de tudo o que
o Senhor havia operado por meio deles. Escrevendo “aos que haviam recebido o
mesmo destino com a mesma fé preciosa pela misericórdia de Nosso Deus e
Salvador Jesus Cristo” entre outras coisas Pedro declara:
“Eu acho certo enquanto estiver nesta tenda do corpo, mantê-los atentos
com minhas exortações, sabendo que logo deverei deixar esta tenda, como o
Senhor me deu a entender, o Nosso Senhor Jesus Cristo. Procurarei que também
após a minha partida vocês se lembrem destas coisas. Com efeito, não foi
seguindo fábulas sutis, mas por termos sido testemunhas oculares da sua
majestade, que lhes demos a conhecer o poder e a vinda de Nosso Senhor Jesus
Cristo… Esta voz, nós a ouvimos quando lhe foi dirigida do céu, ao estarmos com
ele no monte santo” (2Pd 1,13-18).
Por sua vez São Paulo confiava a “seu verdadeiro filho na fé”, São
Timóteo:
“Sou agradecido para com aquele que me deu força, Cristo Jesus, Nosso
Senhor, que me julgou fiel, tomando-me para seu serviço… Superabundou, porém,
para mim, a graça de nosso Senhor, com a fé e com o amor que há em Cristo
Jesus… Se por esta razão me foi feita misericórdia, foi para que em mim, por
primeiro, Cristo Jesus demonstrasse toda a sua longanimidade, como exemplo para
quantos nele hão de crer, para a vida eterna” (1Tm 1,12-16).
No ano de 323, o imperador Constantino mandou construir a Basílica de
São Pedro sobre o túmulo do apóstolo que morreu crucificado de cabeça para
baixo. A atual Basílica de São Pedro demorou 170 anos para ser construída.
Começou com o Papa Nicolás V em 1454 e foi terminada pelo Papa Urbano VIII, que
a consagrou no dia 18 de novembro de 1626. Data que coincide com a consagração
da antiga Basílica.
O templo se tornou o maior e mais importante do catolicismo. A Basílica
de São Pedro mede 212 metros de comprimento, 140 de largura e 133 metros de
altura na sua cúpula. Não há nenhum templo no mundo que tenha tamanha extensão.
Ao contrário do que alguns consideram, a Basílica de São Pedro não é uma
Catedral, pois não é sede de um Bispo. A Catedral de Roma fica na Basílica de São João de Latrão. Mas, com uma localização privilegiada em Roma e
por suas dimensões, a Basílica de São Pedro acolhe as principais celebrações
com o Pontífice.
Depois da Basílica dedicada ao primeiro Papa, a de São Paulo Extramuros
é o maior templo de Roma. Surgiu também por vontade de Constantino. Em 1823 foi
atingida por um incêndio e ficou quase completamente destruída. Foi o Papa Leão
XIII quem deu início à sua reconstrução e, em 10 de dezembro de 1854, ela foi
consagrada pelo Papa Pio IX.
Seu nome é uma referência à localização do edifício, do lado de fora da
Muralha Aureliana, que protegia Roma na época em que foi construída. Embora
esteja fora do Vaticano, é uma das propriedades extraterritoriais da Santa Sé.
Nesta Basílica, sob as janelas da nave central e das naves laterais, em
mosaico, encontram-se os retratos de todos os Papas desde São Pedro até o
atual, o Papa Francisco.
Mais que celebrar a finalização do edifício material, oferece ocasião
para refletir sobre a figura e obras destes 2 grandes apóstolos Pedro e Paulo,
homens de extrema fé que com sua grande obra evangelizadora deram o supremo
testemunho a Cristo com o derramamento do próprio sangue.
São Pedro e São Paulo, rogai por nós!
Lucas 18,35-43
"Jesus já estava chegando perto da cidade de Jericó. Acontece que um cego estava sentado na beira do caminho, pedindo esmola. Quando ouviu a multidão passando, ele perguntou o que era aquilo.
- É Jesus de Nazaré que está passando! - responderam.
Aí o cego começou a gritar:
- Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim!
As pessoas que iam na frente o repreenderam e mandaram que ele calasse a boca.
Mas ele gritava ainda mais:
- Filho de Davi, tenha pena de mim!
Jesus parou e mandou que trouxessem o cego. Quando ele chegou perto, Jesus
perguntou:
- O que é que você quer que eu faça?
- Senhor, eu quero ver de novo! - respondeu ele.
Então Jesus disse:
- Veja! Você está curado porque teve fé.
No mesmo instante o homem começou a ver e, dando glória a Deus, foi seguindo
Jesus. E todos os que viram isso começaram a louvar a Deus."
Meditação:
O
evangelho de hoje descreve a chegada de Jesus a Jericó. É a última parada antes
de subir a Jerusalém, onde chegará o “êxodo” de Jesus como ele anunciou em sua
Transfiguração (Lc 9,31) e ao longo de sua caminhada até Jerusalém (Lc 9,44;
18,31-33).
Jesus e os discípulos caminham para Jerusalém, onde ocorrerá o desfecho de seu
ministério com sua pregação entre os peregrinos e a repressão que o levará a
morte de cruz.
Jesus, pressentindo o que ocorreria, já advertira os discípulos por três vezes
(três "anúncios da Paixão" - Lc 9,22; 9,44; 18,32-33). Estes estão
apegados à concepção de que Jesus seria o poderoso messias davídico e Jesus
procurava demove-los desta ideia.
Segundo a narração de São Marcos, Jesus encontra-se em viagem rumo a Jerusalém,
deixando atrás de si Cesaréia de Filipe, ao norte da Galiléia.
Como nunca
perdia um só segundo nem oportunidade, Ele aproveitará esse percurso para ir
instruindo seus discípulos, a fim de torná-los aptos à grande missão que lhes
caberá, uma vez fundada a Igreja.
Ao
iniciar-se essa caminhada, uma grande multidão se junta aos discípulos, sempre
desejosa de assistir a mais algum milagre, ou de ouvir as maravilhas
transbordantes dos lábios do Mestre. Como primeiro ato desse trajeto, está a
cura de um cego.
Por que Marcos e Lucas fazem referência a um só cego? Uma boa maioria dos
exegetas opina ser provável que os cegos eram dois, conforme Mateus indica, mas
um deles devia ser muito conhecido, a ponto de Marcos tê-lo posto em cena com
seu nome próprio.
Quanto ao lugar onde se teria dado o milagre, as explicações, se bem que
diversas, visam fazer uma aproximação entre os Evangelistas, concluindo em
favor de um único acontecimento.
Quase nunca faltam a essas cenas evangélicas os aspectos carregados de cores,
característicos do Oriente. Os costumes, marcados por um temperamento
borbulhante e nada retraído, se refletem tanto na atitude do cego Bartimeu como
na reação da multidão contra os gritos dele.
A cegueira, quer seja física, quer espiritual, é um mal indolor. A perda da
vista, apesar de nos impedir de nos guiarmos nos espaços físicos segundo nossas
próprias deliberações e usando de nossa autonomia, inclina-nos à humildade e
submissão aos outros, a confiar em seu auxílio. Por isso, quando bem aceita,
ela pode ser um excelente meio de santificação. Muito pelo contrário, a
cegueira espiritual priva-nos de elementos fundamentais para nossa salvação -
como são as misericórdias que desprezamos - e nos faz correr terríveis riscos,
enquanto acumulamos as iras de Deus.
A Bartimeu lhe faltava um dos elementos essenciais para enriquecer-se, por isso
caiu inevitavelmente na pobreza passando a viver de esmolas.
Ao cego de
Deus, entretanto, é possível fazer fortuna; porém, debaixo deste ponto de
vista, é ele ainda mais digno de pena: quando se fecharem definitivamente para
a luz do dia seus olhos carnais, os espirituais de imediato se abrirão, mas
quão tarde será, para ele, ver a grande dimensão de sua real miséria em todo o
seu horror. E, tomara, não seja essa a hora do desespero.
Esse é o momento de imitar o pobre Bartimeu. O próprio Jesus continua aqui,
nos tabernáculos das igrejas. Por que não aproveitar uma ocasião para d'Ele me
aproximar e pedir-Lhe o milagre? Devo temer a Jesus que passa e não volta, e
bradar continuamente, porque Ele ouve melhor os desejos abrasados.
Tenhamos por certo este princípio: sempre que um cego de Deus abraça o caminho
da conversão, "a multidão" tenta dissuadi-lo de prosseguir, fazendo
todo o possível para lhe criar obstáculos. Infelizmente, a essa
"multidão" de mundanos se associa a multidão de seus próprios pecados
e paixões, para fazê-lo silenciar.
Também
aqui, é oportuno imitar a atitude de Bartimeu, ou seja, não só não ceder às
pressões, como até, pelo contrário, redobrar em ardor, esperança e desejos.
Dessa forma, não tardará a comprovar a realidade da convicção do Apóstolo:
"Tudo posso n'Aquele que me conforta!" (Fl 4, 13).
"Senhor, que eu veja!", deve ser o pedido de quem esteja imerso na
tibieza e, sobretudo, de quem é cego de Deus. Bartimeu não pediu a fé, porque
já a possuía.
Sua
cegueira era simplesmente física. Examinemos nossas necessidades espirituais e
peçamos tudo a Jesus. Sem duvidar, aguardemos até mesmo o milagre, pois Ele nos
assegura: "Tudo quanto pedirdes ao Pai em meu nome, eu o farei" (Jo
14, 13).
O número dos que sofrem de cegueira física, no mundo, é insignificante, em
comparação com os cegos espirituais. A cegueira de coração atinge uma
quantidade assustadora de pessoas em nossos dias. A fé vai se tornando
privilégio de minorias.
Há cegos
não só nos caminhos da salvação, mas até mesmo nas vias da piedade. Estes levam
uma vida pseud. tranquila, submersos nos perigos da tibieza; cometem faltas,
mas conseguem muitas vezes, através de inúmeros sofismas, adormecer suas
consciências, não experimentando mais os benéficos remorsos. Confessam-se por
pura rotina, comungam sem dar o devido valor à substância do Sacramento
Eucarístico, rezam sem devoção...
Há cegos entre os que abraçaram o caminho da perfeição, mas deixaram de aspirar
a ela, contentando-se com uma espiritualidade medíocre, esquálida e infrutuosa.
Eles nada fazem para atingi-la, procurando-a onde ela jamais se encontra.
Enfim, para não ser cego de Deus, é preciso ser puro de coração. Uma das
principais causas da cegueira de nossos dias é a impureza.
Jesus diz,
no Sermão da Montanha: "Bem-aventurados os puros de coração, porque verão
a Deus" (Mt 5, 8). Não se trata exclusivamente da virtude da castidade,
mas, muito, da reta intenção de nossos desejos. Tanto uma quanto a outra vão-se
tornando raras a cada novo dia, nesta era de progressiva cegueira de Deus.
São essas algumas das razões pelas quais a humanidade necessita voltar- se
urgentemente para a Mãe de Deus, apresentando por meio d'Ela, ao Divino
Redentor, o mesmo pedido de Bartimeu: "Senhor, que eu veja!"
Reflexão Apostólica:
Quanto
vale insistir em algo que queremos muito?
É nítido e notório que nem tudo que desejamos estará facilmente acessível e tão
pouco nossa vida será fácil ao ponto de “darmos ao luxo” colocarmos os pés para
cima e esperar que aconteça o que sonhei, desejei,…
O evangelho de hoje nos apresenta um exemplo bem nítido dessa situação que
abordei, onde um homem cego luta uma batalha desleal: contra o que vive ( a
cegueira) e a indiferença dos que o cercam.
Por viver num mundo de escuridão e sons aquele homem dependia muito do que lhe
dizia aqueles que podiam enxergar. Sua vida era pautada sob os olhos daqueles
que estavam ao seu redor e como é difícil viver esse tipo de vida! Não consegue
ver o que estou falando?
Cada um de nós carrega sobre si suas próprias cegueiras, erros e fragilidades e
como é difícil viver sabendo que elas existem e nos limitam. Quem nunca
encontrou barreiras para buscar um emprego melhor ou pedir um aumento de
salário em virtude da timidez ou do medo? Quem nunca sofreu calado por não
conseguir a palavra certa na hora certa? Se temos tantas cegueiras particulares
que nos impedem de crescer, imagine o quanto é ruim quando os que nos cercam
desistiram de acreditar.
Uma pessoa desacreditada pode fazer outra perder a esperança, mas alguém que
insiste em lutar pode fazer muitos voltar a sonhar.
Tudo isso nos faz perguntar: quanto aos meus sonhos e projetos, ainda acredito
neles? Qual é o seu sonho?
Ambicionamos o que não podemos pagar, sonhamos com coisas improváveis, mas
sonhos são feitos para que tenhamos metas e por mais equivocados que sejam eles
nos movem. Quais são eles?
Muitas vezes sem perceber nossos sonhos são os mesmos que Deus desejava, mas
nem sempre temos tempo e a devida coragem para realizá-los daí caímos na frustração,
no arrependimento, no abatimento… Aquele homem sentado, já havia perdido a
vontade de sonhar e com ela, a esperança também se esvaía. É fato: muita gente está
nesse momento assim.
Precisamos ter a atitude dele e não desistir mesmo que barreiras surjam.
Abismos ou simples pedras que podem estar mais cegas que nós mesmos, cuja
esperança de algo melhor foi-se à medida que passou a desacreditar em si
próprio. “(…) As pessoas que iam a frente o repreenderam e mandaram que ele
calasse a boca. Mas ele gritava ainda mais”.
Não desista dos seus sonhos… Deus sempre ouve nossos sussurros, imagine nossos
gritos!
Propósito: Enxergar Jesus no meio de nós.
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