domingo, 24 de novembro de 2024

EVANGELHO DO DIA 01 DEZEMBRO 2024 - 1º DOMINGO DO ADVENTO

 

LUCAS 21,25-28.34-36 01 dez 2024

01 dezembro - Consolemo-nos por nos acharmos na impossibilidade de pagar as muitas dívidas contraídas com Jesus, pois esse pensamento servirá para nos manter na humildade e para nos fazer sentir uma gratidão sempre mais viva para com o celeste Credor.(S 235).São Jose Marello

 


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 21,25-28.34-36

 "Disse Jesus a seus discípulos: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra a aflição e a angústia apoderar-se-ão das nações pelo bramido do mar e das ondas. 
Os homens definharão de medo, na expectativa dos males que devem sobrevir a toda a terra. As próprias forças dos céus serão abaladas. 
Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. 
Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação. 
Velai sobre vós mesmos, para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso do comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. 
Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. 
Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar a todos estes males que hão de acontecer, e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem”.

 Com este domingo, o primeiro do advento, a Igreja inicia um novo ano litúrgico, convidando-nos, mais uma vez, a percorrer o caminho de Jesus Cristo, contemplando o mistério da sua vida, desde o seu nascimento até a ressurreição e ascensão. O tempo do advento, iniciado hoje, é a primeira etapa desse itinerário catequético-espiritual. O termo advento (adventus em latim) significa “visita”, “chegada” ou “vinda”; fazia parte do vocabulário das religiões pagãs no império romano, e era usado em referência às supostas visitas anuais das divindades aos seus respectivos templos. Por volta do século IV, o cristianismo absorveu o termo, passando a utilizá-lo no contexto do natal, a visita, por excelência, de Deus ao mundo. Como o próprio termo evoca, uma visita especial é sempre motivo de esperanças e expectativas, e essa é uma das características principais do advento.

 

Com o início do novo ano litúrgico, iniciamos também a leitura do Evangelho segundo Lucas, porém, não do seu início, mas do seu final, precisamente do seu discurso escatológico. Por isso, o texto proposto para hoje é Lc 21,25-28.34-36. O discurso escatológico está presente nos três evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas), e trata simbolicamente das realidades últimas e finais da história, antecedendo as narrativas da paixão, morte e ressurreição de Jesus. A princípio, parece até paradoxal que a preparação para o natal seja iniciada com palavras sobre as realidades últimas. Porém, é necessário compreender o advento como uma oportunidade de preparação para a vinda constante do Senhor na vida de cada pessoa, tornando essa vinda uma presença contínua, ao invés de apenas alimentar uma expectativa futurista e preparar para uma única data ou evento. É importante também perceber a continuidade do tempo: como nos últimos domingos do ano litúrgico anterior refletimos, a partir do discurso escatológico de Marcos, o tema da expectativa, é também com esse tema que abrimos o novo ano.

 O Evangelho proposto consiste nas últimas palavras de Jesus antes do relato da paixão. É necessário fazer uma pequena contextualização para uma compreensão mais adequada do mesmo. Jesus se encontrava em Jerusalém, na sua última semana, ensinando no templo, denunciando os escribas e fariseus, observando as verdadeiras e falsas práticas religiosas (cf. Lc 21,1-4), e os discípulos, em sua maioria camponeses e pescadores, se admiravam com a beleza e a grandeza do templo (cf. Lc 21,5). À admiração dos discípulos, Jesus respondeu: “vós contemplais estas coisas, mas dias verão em que não restará pedra sobre pedra que não seja derrubada” (Lc 21,6). Curiosos e espantados com essa afirmação de Jesus, os discípulos perguntaram: “Mestre, quando acontecerá isso? Qual o sinal de que isso está para acontecer? (Lc 21,7).

 O discurso escatológico é, portanto, a resposta de Jesus a essa pergunta dos discípulos. Pertence ao gênero literário apocalíptico, derivação da palavra apocalipse (em grego: αποκαλυψις = apoclípisis), cujo significado é “revelação”, “manifestação da verdade” ou “tornar conhecido algo que estava escondido”; o gênero apocalíptico foi bastante distorcido ao longo da história, passando a ser sinônimo de catástrofes e desastres, causando medo, quando, na verdade, é um gênero literário usado pelos autores bíblicos para transmitir mensagens de esperança e resistência. Portanto, ao invés de causar terror e medo, a mensagem do Evangelho de hoje deve nos animar, como veremos no decorrer da reflexão. Não é uma descrição de eventos, mas uma forma simbólica de apresentar o triunfo de Deus sobre a história. Por isso, é muito oportuno o seu uso no advento, tempo pautado por mensagem e espiritualidade marcadas pelo tema da esperança.

 O texto de hoje começa com palavras de grande impacto: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas” (v. 25). A princípio, parece uma cena aterrorizante, mas na verdade é um sinal de esperança. Os astros (sol, lua e estrelas) eram imagens de divindades nos mundos greco-romano e egípcio. Embora Lucas não afirme, como Marcos, que esses astros irão desmoronar, ele diz que entrarão em caos, o que representa o colapso dos sistemas de dominação responsáveis pelas perseguições vividas pelas comunidades da época da redação do evangelho. Até mesmo o mar, onde residiam as forças do mal para a mentalidade semita, será abalado; isso ignifica que o mal será cortado pela raiz. Obviamente, tais acontecimentos trarão angústia e medo para o mundo todo, até então, conformado com a ordem injusta das coisas. Por isso, “Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas” (v. 26). As forças do céu aqui não são divindades, mas a ordem e harmonia do cosmos.

 O que parece catastrófico é, na verdade, apenas pretexto para a passagem de uma fase à outra da história. O mundo até então ordenado com falsa segurança e sistemas injustos, como era o império romano, não permaneceria para sempre. Perseguidos e já quase sem esperanças, como estavam muitos cristãos nas comunidades lucanas, não era fácil acreditar em transformação. Mas o evangelista não desiste e reconstrói as palavras de Jesus que seriam de grande importância para o seu contexto: “Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque vossa libertação está próxima” (vv. 27-28). A construção de um mundo novo requer a destruição das estruturas velhas de poder e dominação. É esse o sentido do texto até aqui. O mundo velho, governado por tiranos que se sentiam iluminados por falsas divindades (os astros), sustentadores de um sistema tão nocivo para o ser humano quanto as forças do mar, não seria eterno; haveria de dar lugar a um mundo novo, o Reino de Deus.

 A imagem do Filho do Homem vindo das nuvens evoca o reinado e senhorio de Deus sobre o mundo, através do seu filho Jesus Cristo, prestes a ser condenado, no contexto imediato do discurso escatológico. Para o Reino de Deus acontecer em sua plenitude é necessário que uma nova ordem seja estabelecida no mundo. Portanto, o caos descrito nos primeiros versículos e a manifestação do Filho do Homem evocam a necessidade de transformação da humanidade, para o estabelecimento de um mundo novo, justo e fraterno. Embora ainda não realizado, esse é o ideal e o que deve manter nos cristãos a chama da esperança acesa. Há, em curso, um processo de libertação plena para a humanidade, iniciado com a encarnação e o nascimento de Jesus, que um dia há de ser completamente realizado. Por isso, os cristãos não podem desanimar, por mais difícil que seja a situação, devem manter-se “de cabeça erguida, porque a libertação está próxima” (v. 28); a cabeça erguida é o sinal da dignidade e a consciência da pessoa que não reconhece os poderes injustos e opressores deste mundo; é a postura de quem não se curva diante de falsos deuses e mantém firme a esperança somente no Deus de Jesus Cristo.

 Embora certa, a libertação pode retardar bastante, o que tende a levar muitos cristãos ao desânimo e até mesmo a abandonarem a fé. Por isso, paralelo à certeza de que a ordem injusta não é eterna, mas um dia a libertação acontecerá, o evangelista alerta para a necessidade da vigilância, para não serem surpreendidos, uma vez que não há uma data exata para isso acontecer: “Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós, pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra” (vv. 34-35). Comida, bebida e preocupações aqui, não se trata de um elenco de vícios a serem combatidos, mas representam o cotidiano, o dia-a-dia das pessoas, do qual os cristãos não podem privar-se, mas não podem viver somente em função disso. É um alerta para os cristãos: viver somente em função do cotidiano, sem almejar algo a mais na vida é perigoso; além de tornar insensível o coração, fecha o horizonte da esperança. O caráter improviso desse dia é um aspecto tradicional na Bíblia, desde o anúncio do “Dia do Senhor” pelos antigos profetas (cf. Jl 2,31; Am 5,18, etc.). É preciso viver continuamente em comunhão com Deus para não ser surpreendido. Quem já vive no dia-a-dia a presença constante do Senhor, através da oração e do cultivo de relações humanas autênticas e fraternas, não será surpreendido.

 Como Lucas é o evangelista que mais privilegia a oração, ele apresenta essa como a mais consistente das formas de vigilância: “Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem” (v. 36). A oração sincera, junto com o espírito de vigilância mostram, acima de tudo, que os cristãos não podem acostumar-se à ordem vigente, não podem ser tolerantes com as injustiças e opressões, mas devem estar sempre em busca de um mundo melhor, não apenas esperando, mas também construindo, no dia-a-dia, as condições necessárias para o reinado de Deus se estabelecer definitivamente sobre o mundo, o que não acontecerá passivamente, mas somente com a destruição de todas as forças de morte, conforme a descrição dos primeiros versículos. E isso exige muito empenho da comunidade cristã. É com esse propósito que devemos nos preparar para o natal do Senhor. Ser conivente com as injustiças é retardar a sua vinda e o seu reinado.

 


Evangelho do dia 30 novembro sábado 2024

 

30 novembro - Santo André, fazei com que também eu ame a cruz. (E 193). São Jose Marello


Mateus 11,25-27

 "Poucos dias depois, num sábado, Jesus estava atravessando uma plantação de trigo. Os seus discípulos estavam com fome e por isso começaram a colher espigas e a comer os grãos de trigo. Quando alguns fariseus viram aquilo, disseram a Jesus:

- Veja! Os seus discípulos estão fazendo uma coisa que a nossa Lei proíbe fazer no sábado!
Então Jesus respondeu:
- Vocês não leram o que Davi fez, quando ele e os seus companheiros estavam com fome? Davi entrou na casa de Deus, e ele e os seus companheiros comeram os pães oferecidos a Deus, embora isso fosse contra a Lei. Pois somente os sacerdotes tinham o direito de comer esses pães. Ou vocês não leram na Lei de Moisés que, nos sábados, os sacerdotes quebram a Lei, no Templo, e não são culpados? Eu afirmo a vocês que o que está aqui é mais importante do que o Templo. Se vocês soubessem o que as Escrituras Sagradas querem dizer quando afirmam: "Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais", vocês não condenariam os que não têm culpa. Pois o Filho do Homem tem autoridade sobre o sábado.
"

Meditação:

Na Lei dada por Moisés, que não era mais que uma sombra, Deus ordenou a todos que repousassem e não fizessem nenhum trabalho no dia de sábado. Mas isso não era senão uma imagem e uma sombra do verdadeiro sábado, o qual é concedido à alma pelo Senhor. Com efeito, a alma que foi julgada digna do verdadeiro sábado cessa de se abandonar às suas preocupações vergonhosas e humilhantes e repousa; celebra o verdadeiro sábado e goza do verdadeiro repouso, estando liberta de todas as obras das trevas. Ela prova o repouso eterno e a alegria do Senhor.
Antes, estava prescrito que mesmo os animais desprovidos de razão deviam repousar no dia de sábado: o boi não devia ser submetido à canga, nem o burro carregar o fardo, porque os próprios animais repousavam dos trabalhos penosos. Ao vir para o meio de nós, o Senhor trouxe o repouso à alma que estava carregada e oprimida pelo fardo do pecado, e que morria sob o constrangimento das obras de injustiça, subjugada como estava, por mestres cruéis. Ele aliviou-a do peso intolerável das ideias vãs e ignóbeis, libertou-a do jugo doloroso das obras de injustiça, deu-lhe o repouso. É este repouso pelo qual todos nós lutamos e esperamos um dia alcançar em Cristo Jesus.
Senhor Deus, tu que nos cumulaste de tudo, dá-nos a paz (Is 26, 12), a paz do repouso, a paz do sábado, do sábado que não tem ocaso. Porque está tão bela ordem das coisas que criaste, e que são “muito boas” (Gn 1, 31), passará quando tiver chegado ao termo do seu destino. Sim, elas tiveram a sua manhã e terão a sua tarde. Mas o sétimo dia não tem tarde, não tem ocaso, porque Tu o santificaste a fim de que ele dure para sempre. No termo das Tuas obras “muito boas”, que, contudo, fizeste em repouso, Tu repousaste ao sétimo dia, a fim de nos fazeres compreender que, no termo das nossas obras, que são muito boas porque foste Tu que nos deste (Is 26, 12), também nós repousaremos em Ti, no sábado da vida eterna. Então repousarás em nós como agora ages em nós; assim, o repouso que experimentaremos será o Teu, tal como as obras que fazemos são as Tuas.
Tu, Senhor, trabalhas constantemente e estás constantemente em repouso. Quanto a nós, chega um momento em que somos levados a fazer o bem, depois do nosso coração o ter concebido pelo Teu Espírito, enquanto anteriormente éramos levados a fazer o mal, quando Te abandonávamos. Tu, único Deus bom, nunca deixaste de fazer o bem. Algumas das nossas obras são boas – pela Tua graça, é certo –, mas não são eternas; depois de as fazermos, esperamos repousar na Tua inefável santificação. Mas Tu, bem que não precisa de nenhum outro bem, tu estás constantemente em repouso, porque Tu próprio és o Teu repouso.
Quem, dentre os homens, poderá dar a conhecer tudo isto ao homem? Que anjo o dará a conhecer os anjos? Que anjo ao homem? É a Ti que devemos pedir esse conhecimento, em Ti que devemos procurá-lo, à Tua porta que devemos bater. E dessa maneira sim, dessa maneira receberemos, dessa maneira encontraremos, dessa maneira abrir-se-á a Tua porta, para nos conceder a verdadeira Paz, que só o vosso coração sabe dar aos que lhe pedem com fé, esperança e confiança. 

Reflexão Apostólica:

Jesus Cristo veio nos mostrar que a misericórdia do Pai não se prende a fórmulas, conceitos ou regras humanas. Ela é o maior motivo para que demos passos aqui na terra em busca da vida em abundância. Deus não age conforme nós pensamos e pregamos.
Ele deseja matar a fome do homem e não se importa de se oferecer como alimento para a nossa fome espiritual não implicando o dia nem a hora. Porque sonda o nosso coração e conhece os nossos desejos mais profundos, o Senhor não impõe condições para nos saciar. Mas, ele precisa de nós, homens e mulheres, como Seus instrumentos.
Os homens impõem um jugo pesado, cheio de regras e limitações, mas para Deus a Misericórdia é a norma que pode ser vivenciada a todo dia e a qualquer hora na nossa vida. Jesus nos chama para alimentar o Seu povo, mesmo que seja em dia de sábado.
Muitas vezes a desculpa do “dia de sábado” esconde uma má vontade para que não façamos o bem e usemos de misericórdia, por acomodação, preguiça e falta de interesse. Preferimos oferecer a Deus sacrifícios baratos, oferendas sem sentido do que ocupar o nosso tempo em dar atenção a quem necessita do nosso olhar, da nossa compreensão, do nosso apoio ou mesmo de uma simples palavra ou de um ouvido para escutar.
Jesus nos ensina que as leis foram feitas para nos orientar e não para nos consumir e que a nossa vida está muito acima e vale muito mais do que os conceitos que nós mesmos adotamos para a nossa acomodação.
Você é muito ligado (a) a regras e preconceitos? Quando você encontra alguém com “fome” o que você faz? Você espera uma oportunidade melhor para ajudar às pessoas ou você o faz em qualquer circunstância?

Propósito:

Pai, dá-me forças para ser verdadeiro companheiro na missão de seu Filho Jesus, mesmo devendo sofrer perseguições e contrariedades.

 


Evangelho do dia 29 novembro sexta feira 2024

 

29 novembro - Sejamos sempre humildes, mesmo nas boas obras, porque, às vezes, começamos um trabalho com reta intenção, mas lentamente se introduz um pouco de amor próprio, de vaidosa satisfação, e lá se vai a reta intenção. (S 231). SÃO Jose Marello


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 21,29-33

 "E Jesus contou-lhes uma parábola: "Olhai a figueira e todas as árvores. Quando começam a brotar, basta olhá-las para saber que o verão está perto. Vós, do mesmo modo, quando virdes acontecer essas coisas, ficai sabendo que o Reino de Deus está perto. Em verdade vos digo: esta geração não passará antes que tudo aconteça. O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras não passarão."  


Meditação:

Assim como o profeta confia nas palavras de Deus, o cristão alimenta sua esperança nas palavras de Jesus. Tudo que Ele prometeu será cumprido dentro do desenrolar do processo histórico.
Este Evangelho nos recorda uma vez mais que nosso Deus é o Deus da história. Através dela vamos descobrindo que Ele caminha com a humanidade.
Temos neste texto uma curta parábola cheia de conteúdo. As árvores que brotam indicam a proximidade do verão. Os brotos e as flores do verão prenunciam o outono, tempo de frutos e colheita.
A expressão "Vós, do mesmo modo... ficai sabendo..." indica a incompreensão dos discípulos, com sua visão messiânico-judaica-escatológica, a ser superada.
Neste texto, Jesus enfatiza a atenção que se precisa ter na hora de discernir os sinais dos tempos e a esperança fundada nas palavras de Jesus. Com a parábola, Jesus convida os discípulos, que observam os fenômenos da natureza, a interpretar os acontecimentos do mundo.
Com o surgimento do broto das árvores frutíferas se espera o advento do verão, assim também, a atenta observação dos sinais dos tempos faz conhecer a proximidade do Reino de Deus.

Esta é uma tarefa importante da comunidade cristã: a de descobrir sinais de vida que surgem desde as situações de morte aparente, para poder anunciar a chegada desse tempo de plenitude.
Hoje, Jesus nos exorta a ficarmos atentos (as) aos fatos e acontecimentos que ocorrem no mundo e ao nosso redor, para que possamos esperar com perseverança a Sua segunda vinda, cheio de glória e de poder a fim de instaurar definitivamente o Seu reino no meio de nós.
O mundo será renovado e o reino de Deus definitivamente será estabelecido quando Jesus voltar.
O Reino de Deus já está acontecendo. É a sedução do bem, da vida, da comunhão com Deus, da solidariedade, da fraternidade, da partilha, da alegria. E as palavras de Jesus são anunciadas como convite a participar do banquete da Vida.
O exemplo da figueira nos alerta também para que não fiquemos alienados (as) e sim, atentos aos sinais da chegada do reino de Deus, em nós.
Ele é construído sutilmente dentro de nós, no nosso dia a dia, na nossa caminhada com Jesus apesar de quase não o percebermos.
Podemos desde já, abranger os seus sinais da mesma forma que nós percebemos os sinais dos tempos e do clima.
Há certos sinais que são visíveis para nós aqui na terra: ventania, nuvens carregadas de chuvas, calor forte etc, etc. Assim também há os sinais de que o reino dos céus está próximo.
Estes sinais se manifestam dentro do nosso interior e nós sentimos as suas manifestações na medida em que temos um coração grato, alegre, em paz, cultivamos amor aos irmãos, desejo de santidade, misericórdia, perdão.
Quando você os perceber em si mesmo, saiba que o reino de Deus está próximo, isto é, Jesus está em você, agindo e atuando. O céu e a terra visíveis, um dia passarão, mas as palavras de Deus nunca irão passar.
Como o reino de Deus pode acontecer dentro do coração do homem? Quais são os sinais de que o reino de Deus está perto de você? Você sabe diagnosticar o que se passa dentro do seu coração? Quais os sentimentos que mais fazem vida em você?

Reflexão Apostólica:

Sofremos, lutamos, levantamos e resolvemos continuar, Jesus à nossa frente a nos pedir que ergamos a cabeça que logo seriamos agraciados com a vitória, a conquista.

Quem após uma grande turbulência ou adversidade não saiu melhor, mais forte, pronto a superar novos desafios?

O sofrimento trás sim transtornos a nossa vida e daqueles que nos cercam, mas esse duro aprendizado acaba quebrando a dormência de nossa vida. Entendamos, como dormência, um processo de “casulo” que toda semente tem, umas mais outras menos.

Uma semente ao cair no solo não germina de imediato, ela esta dormente. Algumas precisam apenas do contato com os nutrientes do solo e um pouco de água para despertar, outras, porém precisam de muito calor.
Algumas sementes do nosso cerrado só brotam depois que são queimadas, ou seja, aqueles incêndios que vemos acabam gerando vida após o sofrimento.

 Entenda-se, nesse exemplo, que a natureza, que existe bem antes de qualquer um de nós de certa forma ela consegue ver no sofrimento a própria vida.

Somos suscetíveis a dias bons e dias não tão bons, mas um dia teremos que crescer e ver as folhas brotar (nossos dons, carismas, talentos) e saber que chegou a hora – É verão.
O Espírito Santo se revela na primavera, nas flores, na graça, na paz, na alegria (…). Ele nos torna graciosos aos olhos de todos.

Quem passa por nós sabe que algo mudou. Chega o verão e é hora de revelar o quanto você melhorou, cresceu, mudou… É quase Advento, e o que você (nós) fez? O que mudou? Em um dia, ou seja, 24 horas, podemos ter as quatro estações.

Podemos amanhecer cabisbaixos num possível outono; empolgar numa primavera de sorrisos no trabalho; mostrar a tarde todo nosso talento de verão e no fim do expediente voltar à realidade, num triste inverno, sozinhos num quarto quase depressivos (as) esperando um novo dia amanhecer.

Podemos, também, amanhecer sorrindo de orelha a orelha (primavera), trabalhar pensando no intervalo do almoço (outono); passar a tarde reclamando da vida, da falta de oportunidades, de chances (inverno); e a noite, reunidos com a família para o jantar (verão).

Durante esses dias, fases, intervalos de 2011, (…) em que estação do ano passamos mais tempo?
Domingo, o Advento inicia no clamor pelo perdão de nossas faltas, e finda no quarto domingo nos renovando a esperança.

O Advento, no coração de quem crê, é o fogo que precisávamos para quebrar a dormência do nosso agir.

É a oportunidade de voltar a nascer depois de um erro, de uma tragédia, uma perca. É um tempo propício para refletirmos o que fizemos e como fizemos.
Nossa Igreja se iniciou no sacrifício pascal de Jesus e continua ano após ano trazendo mensagens de um novo recomeço, de ressurreição, de vida.

Se ainda vivemos (ou estamos vivendo) outonos e invernos, em nossa relação comigo mesmo e com os que nos cercam, temos então a mania de estender o sofrimento da cruz e deixar “passar batida” a esperança.
Quem crê e vigia não precisa temer os evangelhos desse semana ou tecer, como tantos cientistas, em calcular o quando e como o mundo viria a acabar.
Às vezes levamos 20, 30, 50 ,70 anos pra entender que o verão já chegou, e que esse fim de mundo acontece toda vez que resolvemos dar um 180° em nossas vidas.

Aquele que era torto na vida e resolve hoje endireitar, um mundo velho acaba e um novo recomeça. Um mundo novo que nasce da mudança de atitude de uma única pessoa.

De coração aberto, abra sua vida, sua casa, sua família ao Advento: “(…) Eis que estou à porta e bato: se alguém ouvir a minha voz e me abrir a porta, entrarei em sua casa e cearemos, eu com ele e ele comigo“. (Ap 2, 30)

Propósito:

Pai, reforça a sinceridade de minha fé nas palavras de teu Filho Jesus, pois nele o teu Reino se faz presente na nossa história, realizando, assim, tua promessa de salvação.



Evangelho do dia 28 novembro quinta feira 2024

 

28 novembro - Quando formos elogiados, ponhamo-nos a sorrir e pensemos que Deus vê o interior. (S 198). São José Marello

 


Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 21,20-28

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 20“Quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, ficai sabendo que a sua destruição está próxima. 21Então, os que estiverem na Judeia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. 22Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. 23Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando naqueles dias, pois haverá uma grande calamidade na terra e ira contra este povo. 24Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações, e Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete.
25Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. 26Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas. 27Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. 28Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”.

Meditação:

Estamos vivendo o tempo que precede o Advento, tempo de espera e arrependimento. Ocasião propicia para que estejamos conscientes das nossas ações e atentos ao que podem significar as coisas que acontecem ao nosso redor.

Lucas pretende expressar, por meio e uma linguagem apocalíptica, a força salvadora e libertadora de Jesus, o qual fora enviado para tornar presente, de maneira definitiva o reino de Deus; assim mesmo, essa presença gloriosa de Jesus no meio da humanidade deve ser motivo de alegria e de esperança, e muito mais para todos os que formam parte da Igreja, já que Jesus ressuscitado é a esperança legítima da comunidade de crentes, é quem realmente dá sentido à nossa fé e às nossas obras, é quem nos apresenta o caminho verdadeiro que nos conduz à libertação e à vida em plenitude.

Continua o discurso apocalíptico de Jesus. A primeira parte do texto se refere à destruição de Jerusalém. No ano 66, teve início a guerra judaica contra Roma, incentivada e dirigida pelo grupo dos zelotas e outros grupos messiânicos que buscavam expulsar os romanos e reinstalar a monarquia. Os cristãos não participaram dessa guerra. Sua missão era radicalmente diferente. Por isso Jesus aconselha a sair de Jerusalém.
A segunda parte do texto se refere à manifestação do Filho do Homem, que aqui representa a comunidade dos santos. É uma figura humana que se contrapõe às quatro bestas, que representam os quatro impérios que dominaram Israel. O discurso apocalíptico descreve uma comoção cósmica antes da segunda vinda de Jesus. Na tradição apocalíptica estas catástrofes cósmicas são símbolos de acontecimentos históricos.
São as estruturas econômicas, sociais e políticas dominantes que irão ruir. Mas os pobres e excluídos não terão que temer, mas confiar naquele que veio buscar os mais necessitados e nunca abandona seu povo sofredor.

A duração do tempo em que Jerusalém cai nas mãos dos gentios é determinada e limitada por Deus. Quando se cumprirem os tempos dos gentios virá o julgamento final e a plena sabedoria de Deus. Entre a destruição de Jerusalém e a vinda do Filho do Homem ao final dos tempos se inserem os tempos das nações gentias.

Os tempos em que Jerusalém é pisada pelas nações estrangeiras são também os tempos em que Deus lhes oferece a salvação que havia prometido a Israel. O tempo final se anuncia com grandes acontecimentos cósmicos.

Antes que venha o Filho do Homem se produzirá uma alteração no universo. Ver-se-ão sacudidos seus três grandes âmbitos (no alto, a esfera celeste, com o sol e a lua nela pendurados, a terra plana com limites para o abismo e o sheol junto às colunas de sustentação da terra) conforme a idéia da época. As nações, os pagãos, os homens serão tomados pela angústia, ficarão sem ânimo e desconcertados pelo medo e pela ansiedade.

A intervenção punitiva de Deus na história das cidades e das nações se enquadra no marco de grandes transtornos cósmicos. Estes parecem ser unicamente uma representação figurada do poder e da grandeza de Deus que vem para julgar. Com Jesus se inaugura um novo tempo: tempo de salvação; tudo se recria para estabelecer seu reino com aqueles que foram fiéis à sua Palavra.

Jesus usa uma linguagem que seus ouvintes conhecem bem: Jerusalém era, para muitos, símbolo de um poder que excluía os outros, será arrasada, e a salvação dos pobres estará nas montanhas, nos campos.

O evangelista insiste na ruína que cairá sobre Jerusalém. E dá uma medida de tempo: na época dos pagãos. Durante séculos, Israel desprezou os estrangeiros; os novos tempos virão quando os desprezados e excluídos tiverem seu lugar na história, recuperarem sua voz e sua dignidade.

O evangelista envolve a natureza na inauguração do novo tempo: o sol, a lua e as estrelas, o mar e suas ondas. Mas enquanto muitos ficarão aterrorizados, os fiéis ficarão felizes, porque a libertação está próxima.

Toda mudança gera instabilidade: nossas certezas balançam. A terra nova pela qual aspiramos implicará certamente desestabilização de estruturas em que muitos de nós pusemos nossa confiança.

Portanto, ir para o campo ou para os montes, talvez signifique voltar aos valores simples e profundos como a ecologia, a experiência comunitária, a solidariedade, sinais visíveis do novo tempo de Deus.

Reflexão Apostólica:

No Evangelho de hoje, Jesus nos adverte dos fenômenos que acontecerão no mundo e com as pessoas antes da Sua vinda gloriosa. Se prestarmos atenção, muitos sinais já se fazem notar hoje, no mundo.

A maioria das pessoas se apavora quando ouve falar desses prognósticos, porém, os que têm a percepção dos ensinamentos evangélicos, compreendem que as palavras de Jesus vêm nos edificar e nos ajudam a manter a esperança na nossa libertação.

O mundo à nossa volta se angustia e sofre. Muitas pessoas passam por dificuldades e se sentem perdidas, no entanto, isto é prenúncio de libertação. Jesus mesmo nos esclarece quando diz: “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima”.

Jesus já veio como homem e chegou para nós por meio do seio de Maria, se entregou por nós, foi crucificado, morto e ressuscitado para a nossa Salvação.

Não podemos mudar os prognósticos de Jesus, todos esses fatos já estão acontecendo. Porém, o que nós podemos fazer é assumir o nosso posto de guardiões da fé sem temor, na certeza de que o tempo da libertação se aproxima e deixando que a manifestação da vida de Jesus aconteça no nosso coração primeiro.

Expressão retomada por todos os Evangelhos Sinóticos numa retomada da profecia de Daniel 9,27 sobre as 70 Semanas. Cremos que este mundo, conforme a profecia de Jesus está caminhando para o fim?

O que Jesus fala sobre o fim dos tempos, o dia do julgamento e a destruição de Jerusalém não era novidade para os judeus. Jesus alerta sim para a iminência da destruição de Jerusalém pela rejeição do Evangelho.

Segundo o historiador Josefo mais de um milhão de pessoas morreram quando os romanos destruíram Jerusalém com seu templo no ano 70. A ruína de Jerusalém deveu-se à sua indiferença diante da visita de Deus, na pessoa do Senhor Jesus Cristo (Lc 19,44).

A abominação é o termo específico para condenar os ídolos, como também a profanação e a apostasia que eles trazem consigo. Por isso, Jesus fala também do julgamento do fim do mundo.

Só a cegueira espiritual nos pode impedir de reconhecer os claros sinais que anunciam o dia do julgamento para os que recusam a palavra de Deus a respeito da graça e da salvação.

Jesus tinha dito aos discípulos o que lhes custaria segui-lo. E prometeu que jamais os deixaria sozinhos, mesmo no tempo de tribulação. Os santos e mártires que foram submetidos aos tormentos e à morte fizeram da prisão um templo de oração e acesso para o trono da glória de Deus. Eles reconheceram a presença salvadora de Jesus em suas vidas em todas as circunstâncias. O discípulo que seguia Jesus podia perder sua vida corporal, mas não sua alma.

O maior dom que nos é dado é o de nossa redenção e de adoção como filhos de Deus. Jesus nos redimiu da escravidão do pecado, do medo da morte e da destruição final.

Somos gratos porque nossa esperança está no céu e na promessa que Jesus retornará para estabelecer seu reino de paz e de justiça. Sua segunda vinda será marcada por sinais que todos reconhecerão. Seu julgamento é um sinal de esperança para os que confiaram nele.

Jesus veio ao mundo para nos mostrar que podemos ser santos, mas principalmente para nos tirar do pecado, nos purificar com seu sangue redentor, e a sua volta para este mundo não será com outro intuito que não o de tomar para si os que são seus e separar de si os que não o pertencem.

Aos que não estarão prontos para vinda de Jesus, estes cairão em desespero e serão chamados infelizes. Mas aos que estarão preparados, "... levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.".

Qual é a percepção que você tem das palavras de Jesus? Você se atemoriza quando ouve falar desses acontecimentos? As coisas que você vê acontecer no mundo, hoje, já confirmam isto? Jesus já veio para você?

Propósito:

Senhor, enchei meu coração de gratidão pelo dom da redenção e aumentai minha esperança em vosso retorno na glória. Que aquele dia me traga alegria e paz. Ajudai-me a servir-vos fielmente, e que eu faça o melhor uso de meu tempo agora à luz do tempo que virá!

 


Evangelho do dia 27 novembro quarta feira 2024

 

27/11 – Santa Catarina de Labouré e Festa de Nossa Senhora das Graças

Santa Catarina de Labouré nasceu em Borgonha (França) a 2 de maio de 1806. Era a nona filha de uma família que, como tantas outras, sofria com as guerras napoleônicas. Celebramos neste dia o testemunho de vida cristã e mariana daquela que foi privilegiada com a aparição de Nossa Senhora, a qual deu origem ao título de Nossa Senhora das Graças ou da Medalha Milagrosa.

Aos 9 anos de idade, com a morte da mãe, Catarina assumiu com empenho e maternidade a educação dos irmãos, até que ao findar desta sua missão, colocou-se a serviço do Bom Mestre, quando se consagrou a Jesus na Congregação das Filhas da Caridade.

Aconteceu que, em 1830, sua vida se entrelaçou mais intimamente com os mistérios de Deus, pois a Virgem Maria começa a aparecer a Santa Catarina, a fim de enriquecer toda a Igreja e atingir o mundo com sua Imaculada Conceição, por isso descreveu Catarina:

“A Santíssima Virgem apareceu ao lado do altar, de pé, sobre um globo com o semblante de uma senhora de beleza indizível; de veste branca, manto azul, com as mãos elevadas até à cintura, sustentava um globo figurando o mundo encimado por uma cruzinha. A Senhora era toda rodeada de tal esplendor que era impossível fixá-la. O rosto radiante de claridade celestial conservava os olhos elevados ao céu, como para oferecer o globo a Deus. A Santíssima Virgem disse: Eis o símbolo das graças que derramo sobre todas as pessoas que mais pedem”.

Nossa Senhora apareceu por três vezes à Santa Catarina Labouré. Na terceira aparição, Nossa Senhora insiste nos mesmos pedidos e apresenta um modelo da medalha de Nossa Senhora das Graças. Ao final desta aparição, Nossa Senhora diz: “Minha filha, doravante não me tornarás a ver, mas hás-de ouvir a minha voz em tuas orações”.

Somente no fim do ano de 1832, a medalha que Nossa Senhora viera pedir foi cunhada e espalhada aos milhões por todo o mundo.

Como disse Sua Santidade Pio XII, esta prodigiosa medalha “desde o primeiro momento, foi instrumento de tão numerosos favores, tanto espirituais como temporais, de tantas curas, proteções e sobretudo conversões, que a voz unânime do povo a chamou desde logo medalha milagrosa“.

Esta devoção nascida a partir de uma Providência Divina e abertura de coração da simples Catarina, tornou-se escola de santidade para muitos, a começar pela própria Catarina que muito bem soube se relacionar com Jesus por meio da Imaculada Senhora das Graças.

Santa Catarina passou 46 anos de sua vida num convento, onde viveu o Evangelho, principalmente no tocante da humildade, pois ninguém sabia que ela tinha sido o canal desta aprovada devoção que antecedeu e ajudou na proclamação do dogma da Imaculada Conceição de Nossa Senhora em 1854.

Já como cozinheira e porteira, tratando dos velhinhos no hospício de Enghien, em Paris, Santa Catarina assumiu para si o viver no silêncio, no escondimento, na humildade. Enquanto viveu, foi desconhecida.

Santa Catarina Labouré entrou no Céu a 31 de dezembro de 1876, com 70 anos de idade. Foi beatificada em 1933 e canonizada em 1947 pelo Papa Pio XII.


Santa Catarina Labouré e Nossa Senhora das Graças, rogai por nós!

 27 novembro - Humildade em tudo, até em virar os olhos e em mexer as mãos. (S 198). São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 21,12-19

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12“Antes que estas coisas aconteçam, sereis presos e perseguidos; sereis entregues às sinagogas e postos na prisão; sereis levados diante de reis e governadores por causa do meu nome. 13Esta será a ocasião em que testemunhareis a vossa fé. 14Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa; 15porque eu vos darei palavras tão acertadas, que nenhum dos inimigos vos poderá resistir ou rebater. 16Sereis entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vós. 17Todos vos odiarão por causa do meu nome. 18Mas vós não per­dereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. 19É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” 

 

Meditação:

Jesus continua falando do tempo que vai transcorrer entre a sua ressurreição e a concretização plena da história. Fala dos sofrimentos que a comunidade terá que atravessar. Prediz o cárcere e a perseguição. Distingue entre os poderes dos judeus (sinagoga) e os romanos (reis e governadores). Os discípulos fiéis serão levados ante esses tribunais.
O centro da passagem faz referência ao testemunho. Os discípulos entregues às autoridades darão testemunho público. Mas Jesus os adverte: não há necessidade de preparar a defesa, porque o Espírito Santo lhes inspirará as palavras para a defesa.

Aqui está uma boa síntese da Igreja dos primeiros tempos. Ela se caracterizou pelo conflito e pela perseguição. Ainda que muitos a tenham renegado, outros tantos permaneceram fiéis até o martírio cruel.

A perseguição e o martírio foram uma constante na história da Igreja. O sangue dos mártires é semente de cristãos comprometidos e radicais ao evangelho de Jesus.
Graças a essa fidelidade e radicalidade, a comunidade eclesial pode resistir e subsistir ao longo de mais de vinte séculos de história. Quem assume o projeto de Jesus deve estar disposto a ser entregue à justiça desse mundo. Mas temos a firme certeza de que o Espírito continua assistindo aos fiéis crentes que dão testemunho de fidelidade radical ao Mestre.

Jesus Cristo, o Filho de Deus, Aquele no qual nós cremos e seguimos, disse muito claramente e de várias maneiras que aqueles que o seguirem serão perseguidos. Atenção, não que eles podem ser perseguidos, mas que o serão decerto.

Eis algumas das suas palavras a tal propósito: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Alegrai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mt 5,11-12)

A perseguição e o sofrimento do discípulo são tidos por Jesus como sinais premonitórios do fim. O testemunho de seu Nome atrairia de tal forma a ira dos inimigos que estes lançariam mão de toda sorte de maldade contra os seguidores do Mestre. Sofrimento, perseguição, prisões, acusações na sinagoga, morte e ódio era o que lhes aguardava.

Até mesmo, a perseguição por parte dos próprios familiares. Tudo isso, por causa da fidelidade ao Mestre Jesus. Era preciso, pois, avivar neles a chama da perseverança. Tarefa desafiadora!

Não obstante isso, nos momentos mais difíceis os discípulos receberiam a ajuda divina, de forma que não precisariam preparar a própria defesa. Receberiam, também, uma sabedoria tão sublime, capaz de levá-los a convencer seus adversários.

Além da perseverança, os discípulos necessitarão de uma grande fé em Deus. “Nem um só cabelo cairá de vossa cabeça” - garante Jesus ao grupo dos discípulos, facilmente contamináveis pelo medo.

A luta, afinal de contas, é do Mestre. Os discípulos são unicamente seus mediadores. O Pai os protege, preservando-os do mal, porque é o Senhor. Ninguém como Deus tem nas mãos a vida dos discípulos, e, por conseguinte, tem o poder de livrá-los do mal.

Os verdadeiros cristãos sempre foram perseguidos em qualquer época e lugar que tenham vivido. Algumas vezes a perseguição será mais forte outras vezes menos forte, mas a perseguição haverá sempre.

No meio das perseguições, permaneçamos firmes na fé não negando o Senhor, sabendo que, como disse o Senhor Jesus, com a vossa perseverança ganhareis as vossas almas (Lc 21,19).

Lembremo-nos destas palavras de Paulo: “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há-de ser revelada” (Rom. 8,18), e também destas: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós cada vez mais abundantemente um eterno peso de glória; não atentando nós nas coisas que se vêem, mas sim nas que se não vêem; porque as que se vêem são temporais, enquanto as que se não vêem são eternas” (2Cor. 4,17-18).

Estas palavras são de grande consolação, pois fazem perceber como após o sofrimento, a nós, cristãos, nos espera a glória, uma eterna glória, diante da qual os sofrimentos são coisa pouca. Certo, o sofrimento, justamente porque é um sofrimento, faz-nos sofrer de várias maneiras, mas, aliás, é justo que nós soframos porque também Jesus Cristo sofreu muito por nós.

Por que não haveríamos nós de sofrer por amor do seu Nome? Além disso, as aflições cooperam para o nosso bem porque, como diz Paulo, produzem em nós paciência (Rm. 5,3) e a paciência cumpre perfeitamente a obra de Deus em nós (Tg 1,2-4).

Portanto, não murmuremos contra Deus no meio das aflições, mas oremos encomendando as nossas almas ao fiel Criador, fazendo o bem (Tg 5,13 e 1Pd. 4:19).

Não desanimemos, portanto, é normal, justo e útil aquilo que nos sucede. Alegremo-nos de sermos julgados dignos de ser menosprezados e perseguidos pelo Nome de Jesus. 

Reflexão Apostólica:

O texto que hoje refletimos faz referências às condições em que viveu a comunidade de Lucas após a destruição de Jerusalém. A maioria das comunidades padeceu com maior intensidade a oposição das sinagogas e a campanha de desprestígio que iniciaram os seus difamadores.

Apesar da adversidade, eles viram a situação como uma ocasião especial para dar testemunho de Jesus e para anunciar a Boa Nova nos lugares de mais conflitos.

Esta situação não foi um acidente produzido por ódios fortuitos ou por intrigas individuais. Produziu-se pela atitude do cristianismo que se caracterizou pôr colocar em dúvida todo o sistema de valores vigentes no mundo antigo.

Os cristãos não divinizaram o estado ou o sistema jurídico. Valorizaram o ser humano acima da diferenças étnicas, religiosas e sociais. Este modo de ver e sentir a vida os levou a inevitáveis confrontos com os defensores do sistema vigente.

Para os romanos, o estado era divino e o sistema administrativo e financeiro participava desse caráter sagrado. O centro da vida humana era a solidez do império.

Por sua vez, os judeus neste período consideravam que o sistema legal como a máxima expressão da divindade. Acreditavam no descanso sabatino como a máxima expressão da piedade religiosa. Desta maneira, Roma e judeus consideravam que o estado ou o sistema religioso estivesse acima do valor das pessoas e das comunidades.

O evangelho continua mostrando as implicações reais que tem o seguimento de Jesus. Para quem assumiu o projeto de Jesus é imprescindível ter a consciência de que contrasta com as sociedades que costumamos construir, baseadas no poder de alguns e na exclusão da maioria.

Colocar este modelo ao lado do projeto igualitário do Evangelho se chocará de frente, certamente, com aqueles que se vêem privilegiados pelas estruturas injustas.

Os seguidores de Jesus serão entregues às sinagogas para ser julgados pelo poder religioso, e lançados aos cárceres para ser julgados pelo poder civil, “reis e governadores”, pois a proposta de Jesus é plena de novidade e transformadora tanto no âmbito da fé como no social.

Não se pode entender o cristianismo sem esta dupla dimensão que implica renovar uma relação pessoal com Deus, com os irmãos e a mudança social segundo os valores do Evangelho.

A consciência, porém, sobre a conflitividade do Evangelho exige profunda confiança em Jesus, cuja presença ressuscitada imprime enorme força e sabedoria para enfrentar a dificuldade. Como em Jesus, a morte não terá a última palavra; para quem persevera e é fiel, a Palavra final pronunciada por Deus será sempre a Vida.

No Evangelho de hoje, Jesus nos ensina a enfrentar os “reis e governadores” deste mundo dando um testemunho coerente com a nossa fé. Portanto, as ocasiões em que somos desafiados a dar depoimento da nossa fidelidade são oportunidades que temos para pôr em prática os ensinamentos evangélicos.

 Assim sendo, não precisamos nos preocupar nem nos atemorizar diante dos fatos que exigem de nós uma reação, porque Ele próprio nos aconselha: “ Fazei o firme propósito de não planejar com antecedência a própria defesa;”

Se dizemos que temos fé, mas nos preocupamos e perdemos noites de sono fazendo cálculos de como iremos nos defender das intempéries da vida e do serviço do reino, nós estamos justamente sendo infiéis à Palavra de Deus que nos exorta à confiança e ao abandono.

A nossa fé não nos impedirá de que sejamos perseguidos, nem de que tomemos decisões, mas nos garante a defesa nos momentos de aflição e de dúvida. Não podemos desistir diante das perseguições. Permanecendo firmes é que iremos ganhar a vida mesmo que os perseguidores sejam os da nossa própria casa.

Apesar do nosso pecado, apesar na nossa fragilidade e vulnerabilidade Jesus nos dá a esperança de vitória. A Sua Palavra é garantia para nós. Porém, isso não implica em que não sejamos perseguidos, mas nos garante a nossa defesa nos momentos de aflição. Ele mesmo preanuncia o que nós podemos sofrer aqui na terra.

No entanto, não podemos desistir diante das perseguições, mas permanecer firmes na fé e confiantes na vitória da nossa vida, mesmo que os perseguidores sejam os da nossa própria casa.

Você já entende que os momentos de dificuldade são as ocasiões em que você poderá testemunhar a sua fé? Você tem feito isto? Você costuma fazer cálculos de como irá defender-se na hora da perseguição? Em quem você confia nos momentos de tribulação? Você acredita na ação do Espírito Santo em você?

As palavras de Jesus no Evangelho são um antídoto contra qualquer tentação de triunfalismo fácil: mesmo sabendo que Deus é o soberano da História e seu reino é de justiça, "antes de tudo isto, tentarão pegá-los e os perseguirão, entregando-lhes às sinagogas e levando-os diante dos reis e governadores por causa do seu nome". Não se trata de um triunfo fácil, mas de uma esperança que requer a resistência dos santos e santas.
Aqui, da mesma forma que em Mt 28,20 (Eu estarei convosco todos os dias até o fim do mundo) . Jesus afirma que não nos deixará sozinhos, mas nos dará "o Espírito da Verdade" (Jo 16,13) e nos dará uma eloqüencia que sai do coração e uma sabedoria tal que não poderá ser vencida por nossos adversários. 
A grande preocupação e o empenho estimulante dos discípulos de Jesus é a proclamação de seu nome. Com a perseguição, abrem-se portas para dar testemunho a favor do Mestre. Os cristãos da comunidade primitiva de Jerusalém, que se vêm forçados a abandonar a cidade para salvar suas vidas, levam o Evangelho a regiões da Judéia e da Samaria.

Os fiéis perseguidos não estão à mercê de seus perseguidores: não estão abandonados a seu poder e arbítrio. Deus olha por sua Igreja perseguida e estende sobre ela sua mão.

 Também se aplica aqui o refrão do Senhor “Não se perderá nem um cabelo de sua cabeça...” Tira-se a vida de alguns, mas graças à providência protetora de Deus muitos saem ilesos dos casos mais difíceis. Pedro é libertado milagrosamente do cárcere, e Paulo, não obstante tantas hostilidades e perseguições, leva adiante seu importante trabalho missionário.

O tempo da Igreja é tempo de perseguição. E se prolonga. A redenção total se inicia com a vida do Filho do Homem, mas não tem sua realização máxima iminente. Requer-se paciência, constância e perseverança, submissão ao que impõe a perseguição e foi decretado por Deus.

Propósito:

Pai, dá-me uma fé profunda que me possibilite perseverar nos momentos de dificuldade, sem abrir mão da tarefa que recebi: levar adiante o projeto de Jesus.

 


Evangelho do dia 26 novembro terça feira 2024

 

26/11 – São Leonardo de Porto Maurício

 Leonardo de Porto Maurício, o santo da via-sacra e da Imaculada Conceição, o frade que salvou o Coliseu de uma ruína total, o pregador inflamado da Paixão de Cristo.

Fez os seus estudos no Colégio Romano e depois entrou no reino de são Boaventura, vestindo aí hábito franciscano. Desenvolveu sua atividade sacerdotal prevalecendo em Florença. As cruzes plantadas por seus confrades fora da Porta de são Miniato tornaram-se para ele outros tantos púlpitos ao aberto. Sobre a eficácia de sua palavra fundam-se alguns episódios da vida do santo. No fim de um discurso sobre a Paixão, na Córsega, os homens, endurecidos pelo ódio secular, descarregaram seus fuzis para cima e se abraçaram em sinal de paz.

Em Florença suas pregações constituíam uma advertência para todos os cidadãos. No jubileu de 1750, proclamado pelo Papa Bento XIV (Lambertini de Bolonha), fez muito sucesso a via-sacra pregada por frei Leonardo aos 27 de dezembro no Coliseu. Era a primeira vez que se celebrava um rito religioso no anfiteatro Flávio. Desde aquele ano a piedosa tradição se mantém até aos nossos dias e toda a Sexta-feira Santa o Papa faz pessoalmente o rito penitencial.

Aquela primeira via-sacra teve também um grande merecimento para a arte: o Coliseu até aquele ano tinha servido como pedreira, mas depois daquela memorável via-sacra foi considerado lugar sagrado, meta de devotas peregrinações, e a sua demolição parou. Frei Leonardo era um grande devoto de Nossa Senhora e um apaixonado defensor da Imaculada Conceição. Convenceu o próprio pontífice a convocar um Concílio, isto é, um referendum entre os bispos, para proceder depois a proclamação do dogma. O Papa Bento XIV (Lambertini de Bolonha) preparou para este fim uma Bula que por várias causas, nunca foi publicada.

Em 1751 frei Leonardo morria no predileto retiro de São Boaventura. Sobre o túmulo do santo foi exposta a carta profética escrita por São Leonardo pouco antes da morte. Nela preconizava-se a proclamação do dogma da Imaculada Conceição.

São Leonardo de Porto Maurício, rogai por nós!

 

26 novembro - Humilhar-se é um grande remédio contra as tentações. (S 198). São Jose Marello

Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 21,5-11

 "Algumas pessoas estavam falando de como o Templo era enfeitado com bonitas pedras e com as coisas que tinham sido dadas como ofertas. Então Jesus disse:

- Chegará o dia em que tudo isso que vocês estão vendo será destruído. E não ficará uma pedra em cima da outra.
Aí eles perguntaram:
- Mestre, quando será isso? Que sinal haverá para mostrar quando é que isso vai acontecer?
Jesus respondeu:
- Tomem cuidado para que ninguém engane vocês. Porque muitos vão aparecer fingindo ser eu, dizendo: "Eu sou o Messias" ou "Já chegou o tempo". Porém não sigam essa gente. Não tenham medo quando ouvirem falar de guerras e de revoluções. Pois é preciso que essas coisas aconteçam primeiro. Mas isso não quer dizer que o fim esteja perto.
E continuou:
- Uma nação vai guerrear contra outra, e um país atacará outro. Em vários lugares haverá grandes tremores de terra, falta de alimentos e epidemias. Acontecerão coisas terríveis, e grandes sinais serão vistos no céu."

Meditação:

Este texto de Lucas pertence ao chamado "apocalipse sinótico" e tem seus paralelos com Mc 13 e Mt 24. É formado por um entrelaçamento de tradições cristãs e da apocalíptica judaica que refletiam o ambiente e a situação da primeira guerra dos romanos contra os judeus (66-70 d.C.).
O Evangelho de hoje faz referência ao Templo, que era uma construção imponente. Representava a união do povo judeu com sua fé monoteísta. Jesus não compartilha da admiração e entusiasmo que seus discípulos sentiam por essa obra arquitetônica e afirma que ela seria destruída.
Em meio ao barulho do povo no templo, alguns admiram a magnificência da construção. O templo, reconstruído depois do exílio, parece que foi realmente modesto se comparado com o primeiro, construído por Salomão. Contudo, para a época de Jesus, aquele modesto templo do pós-exílio era outra coisa totalmente diferente.
Herodes o Grande, com mania de grandeza por natureza, buscando reconciliar-se com os judeus, havia-se encarregado de remodelá-lo, com ampliações e com soluções que ainda surpreendem a engenharia moderna. Isto para entender por que os visitantes se maravilhavam tanto com aquela obra. Exceto a magnificência do edifício e a pompa da obra como tal, sabemos que o templo significava tudo para Israel, não somente por sua convicção de que era o lugar da Presença, lugar onde habitava o Nome de Deus ou sua Glória (Ez 43,4), mas porque, como estrutura institucional, determinava todos os destinos políticos, econômicos, sociais e religiosos da nação.
Consideremos só o religioso: o templo como habitação do Nome (os israelitas não se atreviam a personificar a Deus nem muito menos a dar-lhe um nome específico, por isso utilizavam invocações para se referir a ele: o Nome, a Glória, a Presença, Shekiná) do lugar específico do Santo dos Santos se irradiava sua santidade para os demais lugares do templo: primeiramente para o que estava mais perto do lugar da Santidade: o altar, em seguida as casas e o pátio dos sacerdotes de Israel, depois as casas e os pátios dos levitas, pátio dos israelitas legalmente puros, pátio dos impuros, pátio das israelitas e das crianças, pátio dos estrangeiros, palácios próximos, o resto da cidade, o país e o mundo; de modo que a santidade se deduzia pela proximidade ou distância do lugar da Santidade divina.

Nessa medida, o templo era a réplica em miniatura da sociedade israelita estratificada por razões sociais, econômicas e contraditoriamente, por razões religiosas (puros e impuros, abençoados e malditos).
Aqueles que observam a maravilha arquitetônica não estão em condições de pôr em questão tudo o que há por trás daquela estrutura de pedra; unicamente Jesus, que como já vimos se orienta por outros critérios, com outros parâmetros, é capaz de questionar e até se atreve a predizer sua destruição: o da ruína material pôde tê-lo dito pela simples constatação histórica porque já havia ocorrido em 587, mas também porque era um fato que os detentores do poder procuravam arruinar as construções religiosas dos súditos para submetê-los com maior crueza.

Destruindo os templos, saqueando-os e, especialmente, retirando deles as estátuas das divindades e demais símbolos religiosos, os invasores davam por submetidos também os deuses dos povos conquistados, e estes tinham a obrigação de submeter-se à religião do conquistador.

O templo de Jerusalém tinha sido saqueado pelos babilônios, pelos gregos, e faltavam os romanos, mas não tardariam.

Contudo, a realidade da destruição de templo Lucas já a devia conhecer e aproveita aquela imagem para pô-la na boca de Jesus como profecia e como introdução a seu discurso escatológico que se abre precisamente aqui a propósito das palavras de uns aterrorizados fiéis diante daquela fortíssima construção.
Não é necessário, portanto, insistir se Jesus predisse a destruição de Jerusalém e seu templo em termos literais.

O mais importante é que com a clareza de uma consciência totalmente liberta e desprovida da alienação religiosa, própria de seu tempo, Jesus manifesta sua mais profunda convicção e fé na queda de todo o sistema montado ao redor do templo como estrutura geradora de injustiça institucional.

Não seria algo pacífico nem fácil, com a mesma violência e injustiça com que se tinha levantado tudo aquilo, seria derrubado também. Não porque Deus interviesse para que as coisas se deem assim, senão como uma espécie de lei da vida. "

Reflexão Apostólica:

Este texto é um conjunto de advertências que Jesus dirige à Igreja, chamada a perseverar na fé e enviada para anunciar a Boa Nova em meio aos acontecimentos históricos e naturais e seus correspondentes perigos.
Iniciando com a admiração de algumas pessoas diante da beleza do Templo, Lucas apresenta o "discurso "escatológico" sobre a destruição de Jerusalém (cap. 21).
Todo poder tem como arma a ostentação, desde as pirâmides dos faraós até as torres da atual capital econômica do Império.

A ostentação do Templo levava as pessoas a admirarem, se curvarem e se submeterem. Porém, toda ostentação terá seu fim, pedra por pedra, torre por torre.
A palavra de Jesus sobre a destruição do Templo, além de sua associação a um fato histórico acontecido, tem o sentido do abandono da antiga doutrina emanada do Templo para dar lugar à novidade de Jesus.
A mensagem anima a comunidade de cristãos a sustentar sua esperança e não diminuir sua atenção em vista dos acontecimentos ou dos sofrimentos que possam advir. Ao contrário, o fim não vai chegar de repente, a missão da Igreja deve continuar.

Em alguns momentos a fala de Jesus nos refrata ao futuro onde existe um amanhã cheio de incertezas e preocupações.

Quantos tantos estudiosos, cientistas, filósofos já se atreveram a dizer até a data do apocalipse? Quantos não já vislumbraram e até se flagelaram pelo medo do amanhã?

Como posso temer o amanhã se ainda vivo o presente? Temer o futuro é de certa forma, se dizer incapaz de mudar o nosso próprio presente.

Trabalhamos demais com os verbos no futuro e no gerúndio que nos dão a noção que somos apenas passageiros e não pilotos de nossas vidas.

“Não vou sair, pois esta chovendo”! O gerúndio dá a impressão ou é a justificativa que precisávamos para dizer que não posso fazer nada! “Se não estivesse chovendo eu ia”!

“Calma! Eu estou mudando, devagar, mas eu estou tentando”! Por que não dizemos “vou mudar” ou “vou tentar”? Temos medo do futuro!

Todos têm medos, limites, restrições (…), mas não podemos tê-los ao ponto de ficar “passageiro” da vida.

Padre Fábio de Melo respondeu a um questionamento sobre esse assunto assim: “(…) Todo ser humano que tem boa consciência do limite é um ser humano que está num processo de aperfeiçoamento. Eu sei que tenho limites, mas eu os respeito; não tenho medo deles. Então, a partir disso, estabeleço metas de superação e, quando consigo isso, o limite deixa de me condicionar. Eu continuo limitado, mas não estou condicionado a ele (limite), porque eu consegui uma possibilidade boa de lidar com as coisas que me limitam”.

Quando trabalhamos com os verbos no futuro acabamos jogando a “culpa” ou a “responsabilidade” para Deus. São comuns as expressões “Deus que quis assim” ou “Foi a vontade de Deus”!
De certa forma, em alguns casos, essa frases servem bem, mas na maioria das vezes elas nos ajudam a esconder a nossa falta de atitude, de vontade, de empenho sobre alguma coisa que sabíamos que viria a dar errado, mas não tivemos coragem de dizer, fazer, agir (…) no presente. Precisamos não temer.

O Advento se aproxima e ao esperar o nascimento de Jesus façamos um gesto concreto no presente pelo futuro: Façamos projetos, de preferência, por escrito, pois, boa parte do que falamos ou prometemos acaba indo para o gerúndio ou para o futuro, mas quando escrevemos firmamos um compromisso no presente.

Deus anda conosco e sempre andará. Atitudes mudadas no presente podem nos garantir um futuro melhor. Não nos exilemos. (…) Pois Deus não nos deu um espírito de covardia, mas de força, de amor e de moderação”. (2Tm 1, 7)

Propósito:

Pai, teu Filho Jesus é sinal de tua presença no meio da humanidade. Que eu saiba acolhê-lo como manifestação de tua misericórdia, e só nele colocar toda a minha segurança.



Evangelho do dia 11 fevereiro terça feira 2025

  Nossa senhora de lourdes 11 FEVEREIRO - A humildade de Maria Santíssima é quase infinita e não podemos sequer imaginá-la. Ela se rebaixo...