10 julho - Cada livro que lemos é como um átomo que integramos à
massa; o tempo, ou melhor, Deus
fecunda a assimilação. (L 5). São
Jose Marello
"Enquanto Jesus estava falando ao povo, um chefe religioso chegou
perto dele, ajoelhou-se e disse:
- A minha filha morreu agora
mesmo! Venha e ponha as mãos sobre ela para que viva de novo.
Então Jesus foi com ele, e
os seus discípulos também foram.
Certa mulher, que fazia doze
anos que estava com uma hemorragia, veio por trás de Jesus e tocou na barra da
capa dele. Pois ela pensava assim: "Se eu apenas tocar na capa dele,
ficarei curada."
Jesus virou, viu a mulher e
disse: - Coragem, minha filha! Você sarou porque teve fé.
E naquele momento a mulher
ficou curada. Depois Jesus foi para a casa do chefe religioso. Quando viu os
que tocavam música fúnebre e viu a multidão numa confusão geral, disse:
- Saiam todos daqui! A
menina não morreu; ela está dormindo!
Então começaram a caçoar
dele. Logo que a multidão saiu, Jesus entrou no quarto em que a menina estava,
pegou-a pela mão, e ela se levantou. E a notícia a respeito disso se espalhou
por toda aquela região."
Meditação:
Podemos perceber na narrativa uma orientação para o fortalecimento da fé em uma primitiva comunidade de cristãos convertidos dentre os dirigentes religiosos e dentre os excluídos pelo sistema. "Tua fé te salvou." É a fé que leva ao abandono a Jesus, confiando e sendo fiel no cumprimento de suas palavras.
O evangelho de hoje nos leva a meditar dois milagres de Jesus em favor de
duas mulheres. O primeiro foi em favor de uma mulher considerada impura por
causa de uma hemorragia irregular que durava mais de doze anos. O outro em
favor de uma menina falecida faz pouco tempo.
De acordo com a mentalidade da época, a pessoa que tocava o sangue ou um
cadáver era considerada impura e quem tocava esta pessoa tornava-se impuro/a. O
sangue e a morte eram fatores de exclusão! Por isso, estas duas mulheres eram
pessoas marginalizadas, excluídas da participação da comunidade.
Quem as tocava tornava-se impuro/a, e, portanto, não podia participar da
comunidade, e assim não podia se relacionar com Deus. Para poder ser readmitido
a participar plenamente da comunidade, havia necessidade de passar pelo rito de
purificação, prescrito pelas normas da lei. Agora, curando pela fé a impureza
da mulher, Jesus abre um novo caminho para Deus que não depende mais dos ritos
de purificação, controlados pelos sacerdotes. Ressuscitando a garota, Jesus
vence o poder da morte e abre à vida um horizonte novo.
Quando ainda Jesus estava falando, eis que um chefe do lugar vem pedir a
intercessão por sua filha morta faz pouco tempo. Pede a Jesus para que vá lhe
impor as mãos, “e ela viverá”. O chefe acredita que Jesus tem o poder de fazer
reviver sua filha. Sinal de muita fé em Jesus por parte do pai da menina. Jesus
se levanta e vai com ele, levando consigo também os discípulos. Eis o ponto de
partida dos dois episódios que seguem: a cura da mulher que sofria há doze anos
de hemorragia, e a ressurreição da menina.
O evangelho de Marcos apresenta os mesmos episódios, mas com
muitos detalhes: o chefe se chamava Jairo e era um dos chefes da sinagoga. A
menina ainda não tinha morrido, e tinha doze anos, etc. (Mc 5,21-43). Mateus
resume a narração tão viva de Marcos.
Durante o trajeto até a casa do chefe, uma mulher que há doze anos sofria por
causa de uma hemorragia irregular se aproxima de Jesus para poder sarar. Doze
anos com uma hemorragia! Por este motivo vivia marginalizada, excluída, porque,
como foi dito, naquele tempo o sangue tornava impura a pessoa.
Marcos afirma que a mulheres tinha gasto todos os seus bens
com os médicos, mas em lugar de melhorar, a situação piorara (Mc 5,25-26). Ela
tinha ouvido falar de Jesus (Mc 5,27). Por isso nasce nela uma esperança nova.
Dizia para si mesma: “Se conseguir só tocar o manto dele, vou sarar”.
O catecismo da época dizia: “Se toco a roupa dele, vou ficar
impuro”. A mulher pensa exatamente o contrário! Sinal de muita coragem. Sinal
que as mulheres não estavam de acordo com tudo o que as autoridades religiosas
ensinavam. O ensinamento dos fariseus e dos escribas não conseguia controlar o
pensamento das pessoas. Graças a Deus! A mulher se aproxima de Jesus, por trás,
toca o manto e ficar curada.
A palavra de Jesus que ilumina. Jesus se vira e vendo a mulher declara:
“Coragem, filha, tua fé te salvou!” Frase breve, mas que deixa perceber três
pontos importantes:
a) Dizendo "Filha", Jesus acolhe a mulher na nova comunidade, que se formava ao redor dele. Não era mais uma excluída.
b) O que ela esperava e acreditava aconteceu de fato. Ela ficou curada. Prova esta que o catecismo das autoridades religiosas apontava como não correta e que com Jesus se abria um novo caminho que dava às pessoas a possibilidade de obter a pureza que a lei exigia e de entrar em contato com Deus.
c) Jesus reconhece que, sem a fé desta mulher, ele não teria conseguido fazer o milagre. A cura não foi um rito mágico, mas um ato de fé.
Vendo a agitação das pessoas em luto pela morte da menina, pediu para que todos saíssem do quarto. E diz: “A menina não está morte. Está dormindo!”. As pessoas caçoam, porque sabe distinguir quando uma pessoa dorme ou quando está morta. Para elas a morte era uma barreira que ninguém podia ultrapassar. O o riso de Abraão e de Sara, isto é, daqueles que não conseguem acreditar que nada é impossível a Deus (Gn 17,17; 18,12-14; Lc 1,37). As palavras de Jesus têm um significado ainda mais profundo. A situação das comunidades na época de Mateus parecia se encontrar numa situação de morte. Também elas ouviam: “Não estais mortos, vós estais adormecidos! Despertai!”
Jesus não se incomoda com o deboche das pessoas, Espera que
todos saiam da casa. Em seguida, entre, pega a menina pela mão e ela se
levanta. Marcos cita as palavras de Jesus: "Talita kúmi!", que quer
dizer: Menina levanta-te (Mc 5,41). A notícia espalhou-se por toda aquela
região. As pessoas acreditaram que Jesus é Senhor da vida, que vence a morte.
Hoje, quais são as categorias de pessoas que se sentem excluídas da participação da comunidade? Quais são os fatores que causam a exclusão de tantas pessoas e tornam difícil a vida delas na família e na sociedade? • "A menina não está morta. Dorme!" "Não está morta! Vós estais dormindo! Acordai!” É esta a mensagem do evangelho de hoje. O que me diz? Sou um dos que caçoam?
Reflexão Apostólica:
“(…) O Evangelho de hoje nos mostra que
não existe problema que não tenha solução verdadeira quando nos aproximamos de
Jesus. Tanto o chefe que se aproxima de Jesus reconhecendo a morte da sua
filha, mas acreditando que a imposição das mãos de Jesus lhe devolverá a vida
quanto a mulher que, depois de 12 anos de enfermidade, reconhece que basta
tocar a barra do manto de Jesus que ficará curada foram atendidos. A palavra
que Jesus disse à mulher vale para todos nós: devemos ter coragem, pois a nossa
fé nos salva. Devemos acreditar em Deus e enfrentar, com confiança nele, todos
os nossos problemas, pois ele está ao lado de quem crê”.(CNBB)
Como ainda somos presos ao que conhecemos e aquilo que nossos olhos podem ver? As vezes pode parecer tolo alguém dizer que está repleto do Espírito Santo ou feliz ou “na graça”, mas sempre será motivo de ceticismo daqueles que precisam ver para crer.
Vamos analisar dois momentos desse evangelho…
Imaginemos uma situação em que uma fatalidade está acontecendo e fica sob a
nossa responsabilidade de procurar e trazer ajuda, qual seria o nosso
comportamento ao ver que a ambulância, a polícia, a ajuda não veio
imediatamente ao local? Consigo imaginar a situação? Como estaria o coração
daquele homem ao ver Jesus parar para conversar com aquela mulher?
Claro que em seu coração habitava a vontade de apressar o Senhor para que
chegasse rapidamente a sua aflição. Será que ele também pensou, ao ouvir as
músicas fúnebres, que o Senhor demorou muito pra chegar?
Enfatizo muito isso: A missão de Jesus estava na libertação do pecado, no
entanto, não se negou a resgatar a fé através de muitos prodígios visíveis. O
milagre não era a sua prioridade e sim o resgate da vida.
Não foi um e nem dois momentos em que os evangelistas narram
a preocupação de Jesus em manifestar a graça de Deus apenas a alguns e não
publicamente. Fazendo um parêntese desse fato, como não estranhar esse “JESUS”
que é mostrado pelos canais de TV, não como um Rei ou Senhor e sim como um
escravo de mídia e da vontade de uns senhores que se dizem pastores, que cobram
valores para que Deus “haja”. Isso é deprimente…
Se isso ainda acontece é por que nossa fé também é semelhante ao povo que
acompanhava o cortejo fúnebre da menina. Incrivelmente, talvez contra o que
apregoa o mundo do imediatismo, eu ainda estou convicto que Jesus sempre
esperará o silencio para mudar a vida através da Boa Nova
Os céticos continuam a caluniar, a sorrir, a falar, pois
temem o silencio que também poderia mudar suas vidas. Mais que atender a um
pedido, Jesus precisa de um tempo pra falar com você, comigo, com ele, [...]
Deixe por um instante Jesus conversar com você!
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