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julho - A única base, o princípio fundamental da Congregação de São José
é a submissão incondicional às disposições superiores, conformando sempre a
própria iniciativa à iniciativa superior. Portanto, nada seja empreendido pelos
membros da Congregação que não seja animado por esse espírito de submissão à
direção alheia, determinada, essa também, por uma obediência mais alta e
proveniente de um só Motor, para o qual hão de convergir todas as vontades. (L 76). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 13,24-43
"Jesus apresentou-lhes outra parábola: "O Reino dos Céus é como alguém que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo e foi embora. Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. Os servos foram procurar o dono e lhe disseram: 'Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?' O dono respondeu: 'Foi algum inimigo que fez isso'. Os servos perguntaram ao dono: 'Queres que vamos retirar o joio?' 'Não!', disse ele. 'Pode acontecer que, ao retirar o joio, arranqueis também o trigo. Deixai crescer um e outro até a colheita. No momento da colheita, direi aos que cortam o trigo: retirai primeiro o joio e amarrai-o em feixes para ser queimado! O trigo, porém, guardai-o no meu celeiro!'" Jesus apresentou-lhes outra parábola ainda: "O Reino dos Céus é como um grão de mostarda que alguém pegou e semeou no seu campo. Embora seja a menor de todas as sementes, quando cresce, fica maior que as outras hortaliças e torna-se um arbusto, a tal ponto que os pássaros do céu vêm fazer ninhos em seus ramos". E contou-lhes mais uma parábola: "O Reino dos Céus é como o fermento que uma mulher pegou e escondeu em três porções de farinha, até que tudo ficasse fermentado". Jesus falava tudo isso em parábolas às multidões. Nada lhes falava sem usar de parábolas, para se cumprir o que foi dito pelo profeta: "Abrirei a boca para falar em parábolas; vou proclamar coisas escondidas desde a criação do mundo". Então Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: "Explica-nos a parábola do joio!" Ele respondeu: "Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os que cortam o trigo são os anjos. Como o joio é retirado e queimado no fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: o Filho do Homem enviará seus anjos e eles retirarão do seu Reino toda causa de pecado e os que praticam o mal; depois, serão jogados na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça."
Meditação:
Mateus,
conforme o estilo catequético de seu evangelho, reúne no capítulo 13 uma coletânea
com sete parábolas. No trecho de hoje, temos três delas, sendo a parábola do
trigo e do joio explicada no estilo de uma alegoria.
A
parábola do joio e do trigo destaca que a missão não está em combater o
inimigo, mas em cultivar os valores do Reino. Fica removida, assim, a obsessiva
idéia do "inimigo", muito presente no Primeiro Testamento, de modo
particular nos Salmos.
As
parábolas do grão de mostarda e do fermento fortalecem os discípulos na
esperança. As duas são elaboradas a partir de imagens do ambiente familiar: um
homem em seu campo e uma mulher em sua casa preparando o pão.
A
parábola do joio no meio do trigo continua o tema da parábola do semeador. Lá
se afirmava o absoluto êxito da justiça que faz surgir o Reino, apesar dos
tropeços. Aqui Jesus critica a pressa dos discípulos e das comunidades cristãs
em querer separar bons e maus, justos e injustos. Pode-se dizer que Jesus condena
a impaciência messiânica dos discípulos. Estes, à semelhança dos fariseus e
essênios, pretendiam formar comunidades “puras”, fugindo da realidade
(essênios) ou considerando-se “vacinados” (fariseus) contra as tramas e
desafios da sociedade (a palavra fariseu significa “separado”).
A
parábola do joio no meio do trigo mostra que a sociedade é um campo de semeaduras
diferentes e contrastantes. O semeador cumpre o dever de semear boa semente: é
o discípulo de Jesus que continua firme na prática da justiça (v. 27).
Contudo,
no meio do terreno cresce também o joio (a injustiça). Isso não é fruto de um
dualismo absoluto, pois o inimigo também semeia.
O
inimigo são pessoas e estruturas injustas que crescem junto com a semente do
Reino. Aí reside a perplexidade das primeiras comunidades cristãs.
Elas
se perguntavam: se, de fato, Jesus é o Deus-conosco, o mestre da justiça, como
se explica o crescimento da injustiça na sociedade? Por que ele não intervém,
arrancando tudo de uma vez? (cf. I leitura). Daí nasce o desejo de “fazer
justiça com as próprias mãos”: “Quer que arranquemos o joio?” (v. 28b).
A
resposta do dono da colheita é clara: só a Deus cabe fazer a triagem. Essa
triagem não se realiza agora, mas depois (a colheita, na Bíblia, é
freqüentemente usada como símbolo do fim do mundo).
Se
a separação fosse agora, correr-se-ia o perigo de arrancar o trigo junto com o
joio, pois, quando pequenos, são muito parecidos, mas, no momento da espiga, a
diferença fica evidente.
Só
Jesus tem o direito de ordenar a seleção final, cujo critério de distinção
serão os frutos (prática da justiça ou prática da injustiça). Por ora a
comunidade deve esperar.
A
parábola, portanto, quer transmitir esta mensagem: a justiça que faz surgir o
reino de Deus se decide num campo de lutas, numa sociedade conflituosa. Aos
discípulos de Jesus não cabe fazer justiça com as próprias mãos e critérios. A
eles compete semear…
Contudo,
ficam no ar duas questões: 1. O reino de Deus não se mostra, assim, impotente
diante do mal? 2. Não existe nenhuma possibilidade de subversão, de forma que o
bem transforme o mal? As duas parábolas seguintes tentam responder a essas
questões.
Os
adversários de Jesus se escandalizavam diante da aparente impotência dele e de
sua prática. Na concepção deles, o Reino deveria ser instaurado à força.
A
parábola da semente de mostarda trabalha com os termos menor e maior: a menor
de todas as sementes se torna maior de todas as demais plantas, a ponto de
abrigar em seus ramos os pássaros com seus ninhos. Mateus diz que o grão de
mostarda foi semeado no campo, e não na horta, como em Lucas. É uma referência
ao campo que é o mundo, no qual cresce o reino de Deus.
Uma
semente de mostarda num campo é a síntese da pequenez e insignificância dos
inícios da justiça que faz surgir o Reino. Mas a semente de mostarda se torna árvore,
atingindo, segundo a espécie, quatro ou nove metros de altura! E os pássaros
(que representam, aqui, as nações) se aninham na árvore do Reino, encontrando
vida e segurança. Assim será a justiça do reino de Deus, garante Jesus. Esperem
para ver sua força. Ele sobressairá no campo e será ponto de encontro entre todos
os povos!
A
parábola do fermento contrapõe o pouco ao muito, mostrando como o primeiro
subverte o segundo. De fato, três porções de farinha perfaziam cerca de 42
quilos.
O
punhado de fermento é insignificante diante de tanta farinha! O fermento some no
meio dela (o texto afirma, literalmente, que a mulher esconde o fermento na
farinha), mas a transforma e subverte completamente. Assim, afirma Jesus, é a
justiça que faz surgir o Reino. Um dia vai levantar toda a humanidade, pois tem
poder de contagiar, transformar e levantar toda a massa. A justiça do reino de
Deus tem poder revolucionário.
Em
Israel, fazer pão era tarefa confiada às mulheres. E o faziam todos os dias,
pois o pão era o alimento básico. O Reino, portanto, é confiado aos pequenos,
pobres e marginalizados e é compromisso diário.
Os
vv. 34-35 interrompem a seqüência das parábolas. São um comentário do
evangelista, que pretende mostrar por que Jesus anuncia o Reino em parábolas.
Tem-se
a impressão de que o povo não entendia o sentido delas. Que função teriam,
então? Mateus cita o salmo 78,2, atribuindo-o ao profeta (no sentido de que
todo o AT é profecia que leva a Jesus ou, talvez, porque esse salmo era
atribuído a Asaf, considerado profeta, (2Cr 29,30). A função das parábolas
é revelar o mistério escondido anteriormente, mas agora tornado manifesto na
prática de Jesus. É nele que o Reino assume sua verdadeira feição e forma.
Aceitando-o, entra-se no Reino.
A
“explicação” da parábola do joio no meio do trigo é fruto do esforço das
comunidades em olhar para dentro de si próprias. Jesus volta para casa (v. 36),
na intimidade com seus discípulos.
É
hora de olhar para dentro de nós mesmos e de nossas comunidades, pois o
ambiente é outro, a própria ótica e os destinatários da “explicação” são diferentes.
A explicação acentua o contraste entre os filhos do Reino e os filhos do diabo
(cf. v. 38).
A
boa semente são os filhos do Reino, ao passo que o joio são os que fazem os
outros pecar e os que praticam o mal (v. 41). Há também um deslocamento do campo
de ação no mundo para o campo da escatologia final, destacando a diferenciação
de sortes: os injustos vão ranger os dentes de raiva e desespero, ao passo que
os justos vão brilhar como o sol no reino do Pai (vv. 42-43a).
O
convite final: “Quem tem ouvidos para ouvir ouça” (v. 43b) é um apelo ao
discernimento no agora da nossa história: a vitória final pertence a Jesus e
seus seguidores. Mãos à obra, portanto, para que o Reino se manifeste mediante
a prática da justiça.
Reflexão Apostólica:
Há uma inclinação natural no ser humano para: grandeza,
força, ostentação, evidência, superioridade; entretanto, virtudes importantes
como a paciência, a esperança, a perseverança, estão muito esquecidas.
Vivemos num mundo cada vez mais inquieto e confuso, onde
tudo é descartável e tudo tem que ser feito às pressas. Pois é, Jesus nunca se
apresentou como o máximo de tudo. Pelo contrário, apesar de todo o cansaço e
perseverança que teve para evangelizar, acabou rejeitado e condenado à morte de
cruz. Isto nos responde porque os discípulos se impacientaram e ficaram
desanimados ao ver que o Reino que Jesus acabara de instaurar não tinha
conseguido eliminar o mal do mundo.
Podemos desanimar também nós, mas devemos ficar
tranqüilos, pois Deus conhece muito bem toda esta situação pela qual o mundo e
a Igreja, em particular, está passando. Mesmo assim, ele não faz nada para
mudá-la. Pelo contrário, permite tudo isso, pois o modo de se comportar dele é
diferente.
Aqui na terra as coisas podem mesmo estar confusas:
bondade e maldade, gente boa e gente má. Para alguns, isto provoca a pergunta:
onde está Deus? Por que ele não interveio no holocausto, por exemplo?
No evangelho de hoje, Jesus afirma que é necessário suportar
esta situação aqui na terra. Nem ele pode separar os bons dos maus, deve ter
paciência e o mesmo vale para seus discípulos. Joio (erva daninha) e trigo
mostram duas realidades muito diferentes e podem até passarem muito tempo
juntas, mas serão apartadas.
Entretanto, como já dissemos num comentário anterior, não
será Deus a excluir os maus do seu Reino, mas somos nós mesmos que com nossas
escolhas, nos excluímos dele.
A expressão “fogo, choro e ranger de dentes” nada mais é
do que um simbolismo para indicar a dor e a raiva proveniente do remorso por
ter se excluído de Deus. Se nessa vida, livremente escolhemos rejeitá-lo, isto
significa que não queremos estar em comunhão com ele na outra. E como vimos na parábola
do semeador, ele respeita a nossa liberdade.
Na verdade, a presença do joio no campo do trigo, mesmo
se os servos mostrem espanto, não é o traço mais inesperado e surpreendente da
parábola. Tanto é verdade que aos servos que pedem explicações, o patrão
responde simplesmente: “foi algum inimigo que fez isso”. E menos surpresa é a
afirmação que ao tempo da colheita trigo e joio serão cuidadosamente separados:
o trigo colhido no celeiro e o joio jogado ao fogo.
O ponto enfático da parábola está no fato de que o joio
não deve ser arrancado agora, pois caso contrário, há o risco (acrescenta
ironicamente o patrão) de que arrancando o joio, se arranque também o trigo.
O centro da parábola, pois, é este: a paciência de Deus,
a tolerância de Deus. No tempo de Jesus, havia o movimento farisaico, que
pretendia ser o povo santo, separado da multidão dos pecadores. Jesus vem e faz
o contrário. Não se separa dos pecadores, mas acolhe-os. Não os abandona, mas
perdoa-os. Tolera até mesmo no círculo dos doze um traidor, e de qualquer modo,
está rodeado de discípulos que estão prontos a negá-lo e abandoná-lo. A esta
altura, compreendemos toda a força da parábola.
Há um sólido contraste entre o pensamento de Deus
(paciente e tolerante) e a intolerante rigidez de muitos servos seus, muitas
vezes nós, não somente com o nosso próximo, com a nossa comunidade, mas também
conosco, já que até dentro de nós o bem e o mal lutam incessantemente.
Somos convidados à paciência e à tolerância. É verdade!
Às vezes, cansamos. Mas lembremo-nos que embora nossos esforços sejam tantos e
os resultados tão mínimos, só poderemos ver a grande planta que se tornará a
pequeníssima semente de mostarda e o bonito bolo feito com fermento no final de
todo processo. E, olhe, que na maioria das vezes, nem veremos todo o resultado,
mas só parte dele. Mesmo assim, façamos o que nos pede o Senhor, se a semente e
o fermento representam o seu Reino, com toda certeza, atingirá o seu cume.
Assim, sendo nosso coração o terreno onde a semente de
Deus é plantada, tenhamos paciência e misericórdia conosco e com o próximo.
Tenhamos muito cuidado no modo como tratamos as pessoas,
podemos colocar a perder todo um trabalho, na tentativa apressada para eliminar
o mal.
Temos que esperar o crescimento. Se condenarmos o pecador
que há no outro e em mim, há um perigo muito grande de perdermos o que de bom
há em nós e que no final é o que transbordará.
Propósito:
Pai, enche de misericórdia o meu coração para que, como Jesus, eu me solidarize com os pecadores, e procure atraí-los para ti.
Em
algum momento da vida, ocorre um encontro mais profundo e pessoal entre Deus
e você. |
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