24 abril - Peçamos ao
Senhor que nos ilumine para fazermos a sua Vontade. (L 194). SÃO JOSÉ MARELLO
João 6,22-29
"No
dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar notou que antes
havia aí um só barco e que Jesus não tinha entrado nele com os discípulos, os
quais tinham partido sozinhos. Entretanto, outros barcos chegaram de
Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o pão depois de o Senhor ter dado
graças. Quando a multidão percebeu que Jesus não estava aí, entraram nos barcos
e foram procurar Jesus
Meditação:
Jesus e seus discípulos partiram dos
arredores de Tiberíades para a cidade de Cafarnaúm. Ao amanhecer, o povo que
havia presenciado a multiplicação dos pães, quando não os encontrou, foi atrás
deles. Jesus então questionou o interesse que tinham em buscá-lo: estavam mais
preocupados com a comida do que com o ensinamento sobre o reino. E lhes
enfatiza: “a única obra que Deus quer é que acreditem naquele que ele enviou”.
Que significava para um judeu acreditar em Jesus, mais ainda, crer que ele era
enviado por Deus?
A multidão procura Jesus, desejando continuar
na situação de abundancia. Isto é, governada por um líder político que decide e
providencia tudo, sem exigir esforço. Jesus mostra que essa não é a solução; é
preciso buscar a vida plena, mas isso exige o empenho do homem.
Além do alimento que sustenta a vida
material, é necessária a adesão pessoal a Jesus para que essa vida se torne
definitiva.
A multidão hoje também persegue os sinais
de prosperidade, de poder, do sucesso e não percebe o significado das coisas
que lhe são necessárias.
Jesus, porém, já nos advertia;
“Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece
até a vida eterna e que o Filho do homem vos dará!” Se levássemos em
consideração esta recomendação do Mestre a nossa vida deixaria de ser um fardo
pesado e passaria a ser um presente de Deus.
Se o nosso dia a dia fosse um ato de
entrega e abandono aos planos do Pai, com certeza nós daríamos mais atenção às
realidades que alimentam a nossa alma agitada e, assim, viveríamos na paz do
Espírito.
O Senhor nos dá sinais a todo
instante, nos mostrando caminhos seguros, nos orientandos, nos dirigindo e, o
que é mais importante, derramando sobre nós o Seu Amor que é o alimento que nos
garante a vida eterna.
Corremos o mundo para encontrar a
felicidade e, no entanto, ela já está bem pertinho de nós. Qual será o alimento
que permanece até a vida eterna?
Em sua opinião este alimento serve
para o corpo ou para a alma? O homem é corpo, alma e espírito, onde
poderemos encontrar um alimenta que traga a unidade entre as três partes do
nosso ser? O que você entende sobre o que Jesus falou em relação ao selo que o
Pai marcou em nós? Aonde e quando você recebeu esta marca?
Crer
Hoje com grande facilidade muitas
instituições religiosas e sociais fazem do assistencialismo sua bandeira,
deixando essa prática desprovida de toda intenção maior.
A Palavra de Deus exige de nós que
reflitamos se nossas práticas pastorais são dedicadas a somente resolver
necessidades imediatas, sem criar processos organizativos e consciência crítica
diante das causas das injustiças.
A missão dos cristãos é gerar um equilíbrio
entre assistência e formação; entre ajuda solidária e ação pela justiça.
Somente assim ajudaremos o povo a se dignificar e sair das dependências a que
ontem e hoje se submeteu.
Reflexão Apostólica:
O ponto central deste Evangelho é o Pão.
Seja na visão da multidão que seguia Cristo, seja na visão do próprio Jesus.
Para aqueles homens e mulheres simples e marginalizados, a partilha do pão era
meramente material, um homem que conseguiu multiplicar o alimento deles.
Como dizia o sociólogo Herbert de Souza
(Betinho), quem tem fome tem pressa, e aqueles ali queriam saber de matar sua
fome e, para tanto, pouco se interessaram como havia acontecido aquele milagre.
Eles não queriam explicações, queriam apenas comer.
Muitas vezes nós cometemos esse erro. Esperamos o milagre em nossa vida,
esperamos a concretização da existência de Deus e como Tomé esperamos ver para
crer. Claro que os milagres são alimento de nossa fé mesmo, servem para que
possamos comprovar aos olhos a ação de Deus no mundo, todavia, antes de servir
aos nossos olhos, nosso coração precisa aceitar e ter fé na graça de Deus. Não
podemos condicionar nossa prática de fé no "pão material", mas no
espiritual. Precisamos sentir o Amor de Deus por nós sem as provas que o mundo
espera, mas simplesmente louvar por Ele ser.
Como vimos, o sinal da multiplicação dos
pães impressionou a multidão. E esta só atina em perguntar de forma ingênua ou
quase absurda: como chegaste aqui? Jesus responde com outra pergunta que é
válida para nós: qual é a razão verdadeira pela qual me procuram? Será pelos
milagres espetaculares, como o da multiplicação dos pães?
Na hora de seguir os passos de Jesus,
deve-se ter cuidado com os motivos que nos levam a isso. Não vá acontecer que o
Jesus encontrado não seja o do Evangelho, mas um outro feito à nossa medida,
adaptado a nossos desejos e caprichos. Será talvez um Jesus em que acreditamos
somente pelos milagres espetaculares, sem que consigamos entender que o milagre
maior, o sinal por excelência, é o próprio Jesus, alimento de vida eterna.
A multidão, sem entender as palavras do
Mestre, volta a perguntar: Que temos que fazer para praticar as obras de Deus?
Continuam marcados pela mentalidade judaica da época, cuja religião mandava
cumprir sempre “preceitos e leis”. Por sua falsa interpretação, estes acabavam
escravizando e arruinando a fé do povo de Deus. Jesus lhes explica que basta
uma obra: aderir ao projeto de Deus, revelado por seu Filho.
Somente quem se compromete faz que todas as
suas obras adquiram um sentido evangélico, porque estarão impregnadas do amor,
a vida e a justiça que o reino de Deus exige.
O convite que Jesus faz a você é que
trabalhe para o pão que dura a vida eterna. Veja que no capítulo 6 do Evangelho
de João, o tema central é o pão. Jesus, o enviado de Deus, é o pão do céu, é o
pão da vida eterna. E então diz: Trabalhai, não tanto pela comida que se
perde, mas pelo alimento que dura até à vida eterna.
A partir da multiplicação dos pães, Jesus
vai fazer uma longa catequese sobre o Pão da Vida. E começa, hoje, por criar em
nós a fome de Deus, pela fé, pois que os sacramentos são sinais da fé. A
multiplicação dos pães e dos peixes era também um sinal. Jesus tinha matado a
fome àquela gente com o alimento que lhe multiplicara no monte. Mas, o alimento
de que eles precisam e que devem esforçar-se por encontrar é Ele próprio, o
Senhor, a quem alcançarão pela fé. Acreditar em Jesus e viver dessa fé é
alimentar-se com o alimento que leva à vida eterna.
A graça de Deus é a causa da salvação e a
fé é o meio. É claro que vários fatores ocasionam a salvação, como o próprio
fato de estarmos perdidos, ou o fato de ouvirmos a mensagem do evangelho, mas
tudo isto são causas imediatas, e por assim dizer, tornam-se meios. A causa
primária é o próprio Deus, a sua graça, a sua vontade de salvar, o seu desejo e
amor pela humanidade!
Em certo sentido podemos dizer que a graça
é a parte de Deus e a fé é a parte do homem embora a fé também seja um dom de
Deus. Deus oferece gratuitamente a salvação, mas o homem tem a responsabilidade
de acreditar, confiar e recebê-la. Você precisa crer em Jesus e em sua palavra!
Não sejas multidão tratado no Evangelho de hoje que pede ou exige de Jesus um
sinal forte, um milagre espetacular. O povo estava querendo ou esperando um
Messias poderoso, capaz de derrotar os opressores romanos. E que lhe garanta o
pão deste mundo, sem esforço e sem trabalhar. Notem que mais tarde Jesus vai
dizer que “o meu reino não é deste mundo”.
E daí a reação de Jesus: Trabalhai
pelo alimento que dura até à vida eterna. Qual é o alimento que
dura até à vida eterna? Deve ser aquele que chega até lá. Jesus disse-nos que
era Ele próprio. E o que é que significará trabalhar por Ele próprio, isto é,
«pelo alimento que dura até à vida eterna»? Naturalmente, pôr em prática o 1º e
2º mandamentos. E trabalhar mais do que pela comida? Supondo que Jesus se
refere ao trabalho pelo sustento. Há que trabalhar em mais quantidade e
qualidade pelo alimento que dura até à vida eterna. Como é que o leitor faz
isto?
Porque Jesus se posicionou desta maneira? A
verdade é que o povo não estava entendo muito bem “qual era a de Jesus”. Jesus
se apresenta como o único alimento que nos satisfaz plenamente. Ele se
identifica como próprio pão que alimenta a vida eterna em nós: Eu
sou o pão da vida: aquele que vem a mim não terá fome, e aquele que crê em mim
jamais terá sede.
Jesus não está falando da sede de um copo
de água nem a fome de um prato de comida necessariamente. Mas sim, da sede e da
fome ou necessidade de se embriagar para fugir ou se esquecer da realidade
sofrida com tantas frustrações. Porque aquele que se embebe de Jesus igual a
uma esponja embebida em água, não terá necessidade de nenhuma fuga alucinante
para se sentir bem.
Tem gente que se vinga comendo, e comendo.
Outros bebendo uma dúzia de cerveja, e assim por diante. Nada disso adianta
porque longe de Deus não existe felicidade. Porque só Jesus mata a nossa sede,
e a nossa fome, de querer mais e mais bens materiais, e prazeres de todos os
tipos existentes nesta vida passageira.
Portanto, trabalhemos e lutemos pelo pão
que dura à vida eterna e este Pão é Jesus acreditemos n’Ele. Alimentemo-nos da
Sua Palavra, do Seu Corpo e Sangue e teremos a vida eterna.
Propósito:
Senhor, dá-nos um coração desapegado do pão
material. Faz-nos querer sempre mais e mais alimentar-nos do Pão da Vida, da
Palavra de Deus e da Santa Eucaristia, que é o próprio Cristo que se dá e é o
maior milagre todos: um pedaço de pão que se transubstancia num Deus tão
maravilhoso, só por amor.
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