08 ABRIL - Um pregador que tenha as disposições pessoais e a
missão dos superiores, tem também o auxílio de Deus, com o qual tudo dá certo.
(L 35). SÃO JOSE MARELLO
Jesus ressuscitou como disse - Mt 28,1-10
Depois do sábado, ao raiar o primeiro dia da semana, Maria
Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. [...] Então o anjo falou às
mulheres: “Vós não precisais ter medo! Sei que procurais Jesus, que foi
crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito! Vinde ver o lugar
em que ele estava. Ide depressa contar aos discípulos: ‘Ele ressuscitou dos
mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis’. É o que tenho a vos
dizer”. [...].
A experiência que nos comunica o Evangelho (Mt
28,1-10) se realiza ao largo de nossa vida: após um momento de grande fervor e
concentração, nossos ânimos se dispersam nas mil tarefas cotidianas. Nós nos
apegamos tanto ao imediato que esquecemos o grande horizonte que representa a
aurora do ressuscitado. Inclusive não faltam os momentos que nos deixamos
envolver pelo cansaço, o sem sentido, e pensamos em Jesus de Nazaré só como
figura insigne de um passado remoto... Porém, a graça e a força do ressuscitado
consistem precisamente em fazer presente, em cada momento de nossa existência,
a vida e a obra de uma pessoa que a história nunca poderá esquecer. Logo após
termos sido tocados por Jesus de Nazaré nossa vida não pode mais ser a mesma.
A intenção das mulheres de embalsamar a Jesus, foi
deixada de lado por outro acontecimento. Pensaram em tudo, menos naquilo que
aconteceu. Elas ficaram paradas na hora da morte de Jesus; mas ele ressuscitou.
Já não têm o que fazer ali e como ainda não têm fé, não conseguem compreender a
ação de Deus e ficaram assustadas. Mas a mensagem dos homens vestidos de branco
as orienta em outra direção: não é possível buscar a Jesus entre os mortos
porque ele está vido. A presença das mulheres no Calvário e durante a sepultura
põe em destaque a ausência dos discípulos, que fugiram diante do perigo,
enquanto as mulheres estavam ali. O Pai não abandonou o seu Filho na morte,
antes o ressuscitou para a nova vida e o recebeu em sua glória. O anúncio
recebido pelas mulheres ao ver o túmulo vazio de que Cristo havia ressuscitado
por Deus, é o mesmo que nós, cristãos, recebemos em todos os tempos. Jesus
oculto aos olhos dos homens, vive gloriosamente com Deus, seu Pai, e está perto
daqueles que crêem nele.
Durante toda a semana viemos nos preparando de uma
maneira especial para a Páscoa do Senhor nesta noite pascal. O Sábado Santo é dia
de recolhimento: não há culto, mas oração silenciosa A grande celebração de
hoje já tem em mira a Ressurreição, a Páscoa; é sua preparação.
Celebramos hoje a vigília pascal, que é a vigília
mais solene e a mãe de todas as liturgias do ano. Os textos escolhidos para
esta vigília são textos fundamentais da História do Povo de Deus, tanto na
Bíblia Hebraica como na Bíblia Cristã.É um dia de oração junto ao túmulo à
espera da Ressurreição. É dia de reflexão e silêncio. Preparemo-nos para ela e
participemos dela conhecendo o conteúdo profundo do que hoje é essa celebração.
Chegada a noite, todo nosso dia de sábado terá sido assim um caminho de
silêncio, passado na fé e na espera. Os apóstolos, em seu primeiro sábado,
estavam decepcionados, tristes e desalentados. Nós, iluminados pela
Ressurreição em que já acreditamos, passamo-lo em silêncio, em vigília diurna.
Sem celebração externa.
Os símbolos da Vigília Pascal: O fogo, sinal da
presença de Deus na história em suas manifestações de salvação; a luz, símbolo
da vida (representa a presença de Cristo que é vida oferecida ao homem) e a
água que também é símbolo da vida que é comunicada ao cristão quando ele
renasce no Batismo para um mundo novo, nos dão a possibilidade de renovar nosso
propósito, e de acender o círio de nossas esperanças, de modo que as
celebrações anuais não se convertam num incessante “girar em torno de si” que
nos deixa tontos com seu monótono movimento, sem uma ocasião de novidade, de
graça e gratuidade.
A liturgia esta noite medita sobre a ressurreição
de Jesus, tendo como pano de fundo a Criação do mundo e o Êxodo do Povo de Deus
em sua fase final, quando atravessam o mar e o faraó com seus exércitos afundam
nas águas profundas do Mar Vermelho. Paulo faz uma reflexão sobre nossa morte e
vida à luz da morte e ressurreição de Jesus. Nesta noite santa de Glória,
fazemos a experiência de toda a História da Salvação, partindo da Criação do
mundo, passando pelo Êxodo e chegando à Ressurreição de Jesus. Este é o momento
da alegria efusiva, é a noite esperada, é a mãe de todas as vigílias. É o
momento da luz, da proclamação, da recordação da história da salvação, do
anúncio da ressurreição e da renovação das promessas do batismo; é a Vigília
Pascal
O mistério pascal de Cristo nos convida a tornar
realidade a vida nova que Jesus de Nazaré nos propôs com sua própria vida, para
que todos os homens passem da escravidão à liberdade, do temor à segurança, das
trevas à luz, com a segurança de que aquele que definitivamente venceu a morte,
nos acompanha no trabalho de, a cada dia, tornar o mundo mais humano, bem
melhor.
Hoje nasce o homem novo, a nova humanidade
redimida, com todo o esplendor e beleza com que saiu das mãos do Criador. Ao
confessarmos Cristo ressuscitado não dizemos apenas que o túmulo ficou vazio,
mas que Ele vive para nos dar vida.
Nós somos novas criaturas porque Deus nos fez.
Infelizmente não temos arraigada em nós essa realidade. Nós lutamos, desejamos
ser novas criaturas, mas nos esquecemos que já somos. É com homens novos que Deus
faz um mundo novo. Bata no peito e diga sem medo, sem dúvidas: Eu sou uma
criatura nova!
E ser assim, não é o ponto de chegada, mas o ponto
de partida. Veja o botão de rosa. Ele é lindo, já é uma rosa, mas precisa
desabrochar. Igualmente nós, já somos criaturas novas, mais que rosas, o que
nos falta é proceder como criatura nova, desabrochar em gestos,
Com os cristãos de todos os tempos, queremos ver
amanhecer nesta data um mundo novo, que poderá tornar-se realidade se nós
assumirmos o projeto de Jesus de Nazaré, que é o Evangelho. Deus é o fundamento
da permanência da vida, mesmo a partir da morte, de uma forma que não
conhecemos, e que não dá para exprimir.
A única maneira de realização humana e o único
caminho para a santidade e maturidade cristã é o estilo que Cristo traçou e
seguiu, o itinerário do grão de trigo que, se não morrer, fica só, mas se
morrer dará muito fruto. Compartilhar a vida com os demais é uma forma de dar
plenitude à nossa existência, e de proclamar a vitória da vida sobre a morte,
do amor sobre o egoísmo.
Dos grãos de trigo que morreram na terra nasceram
as espigas que foram ceifadas e delas nasceu o Pão que hoje ofereceremos a Deus
na mesa eucarística. O próprio Jesus foi o grão de trigo caído e que venceu a
morte gerando a vida. Unidos a Ele e aos irmãos, compreenderemos que a comunhão
do Corpo do Senhor é também um firme compromisso com a vida e uma participação
da felicidade que havemos gozar eternamente.
Oração: Deus eterno e todo-poderoso, admirável na criação
do ser humano e mais ainda na sua redenção, dai-nos sabedoria de resistir ao
pecado e chegar à eterna alegria. Fazei-nos compreender que a ressurreição de
Jesus é obra do teu amor por Ele e por toda a humanidade. Aumentai o fervor do
Vosso povo, pois nenhum dos vossos filhos conseguirá progredir na virtude sem o
auxílio da Vossa graça. Concedei a todos os povos a graça de corresponder ao
Vosso chamado. Possa a Igreja reconhecer que já se realizou em grande parte a
promessa feita por nossos pais, da qual jamais duvidaram. Que Maria, a Mãe do
Ressuscitado, nos aponte o caminho para Jesus Cristo, nosso único Salvador. Por
Cristo, nosso Senhor. Amém!
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