25 janeiro - Por que não realizar em nós o que desejamos nos outros? Ó Senhor, ajudai-nos a dar o primeiro passo, que nos introduza definitivamente no caminho da perfeição, até agora apenas margeado e ainda nunca perseguido com resolução. Sim, seja qual for o estado presente da nossa consciência, temos necessidade urgente de mudar de vida. (L 36). SÃO JOSE MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Marcos 16,15-18
"-
Vão pelo mundo inteiro e anunciem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e
for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. Aos que crerem será
dado o poder de fazer estes milagres: expulsar demônios pelo poder do meu nome
e falar novas línguas; se pegarem em cobras ou beberem algum veneno, não
sofrerão nenhum mal; e, quando puserem as mãos sobre os doentes, estes ficarão
curados."
Meditação:
Este texto tardio destoa do evangelho de Marcos. Primeiro pela colocação do
batismo como critério de salvação e condenação, o que fere a perspectiva universalista
revelada
Em Marcos são freqüentes as passagens em que a fé humilde e frágil abre as
portas do Reino. Dentre os sinais visíveis de poder, a alusão "pegarem em
serpentes... não lhes fará mal algum" relaciona-se com At 28,3-6: uma
serpente prende-se à mão de Paulo e ele nada sofre. Trata-se de um artifício
literário para destacar o bem-sucedido impacto da ação missionária de Paulo, em
um ministério exercido entre conflitos.
Hoje celebramos na Igreja a conversão do Apóstolo Paulo;
celebramos uma mudança de vida, um momento de um “antes” e “depois”; celebramos
a abertura total de um homem à vontade de Deus. Paulo é importante para a
comunidade de cristãos por seu processo de mudança; passa de um sistema
religioso cimentado na justificação (“Deus me paga por cumprir a Lei”) a um
sistema
Paulo experimenta que Deus está presente nele, que pode alcançar Deus, não por
meio da lei, mas por meio das pessoas. Paulo se dá conta que esse mesmo Deus em
quem crê, habita nele e na comunidade. Paulo descobre que a relação do ser
humano com Deus ocorre na sociedade, e é essa a grande novidade para Paulo e
nisso consiste seu processo de mudança.
O evangelho que meditamos hoje confirma o que Paulo experimentou: o reino de
Deus está agindo já em nossa história, está presente
Para
Reflexão
Apostólica:
Isso acontece porque a maioria das pessoas acha que não precisa de conversão porque não comete aqueles pecados que possuem matéria mais grave e vive com certa constância uma religiosidade.
O Evangelho de hoje nos mostra que ser verdadeiramente cristão significa participar ativamente na obra evangelizadora da Igreja a partir do envio que foi feito pelo próprio Jesus. Portanto, só é verdadeiramente convertido quem participa da missão evangelizadora da Igreja.
A propósito, precisamos entender a conversão como um processo de mudança de mentalidade. De fato, a palavra grega equivalente significa literalmente “transformar a mente” para crer no evangelho. Sem essa mudança de mentalidade, o evangelho é uma loucura, como diz o próprio são Paulo.
Se estivermos completamente alienados pelos valores do mundo presente, não
poderemos aceitar a liberdade e a verdade de Jesus, ou seja, veremos tudo isso
como algo que ficava bem no próprio Jesus, mas não nas pessoas que hoje o
seguem.
A conversão de Paulo percorre esse mesmo caminho. Ele é um fanático religioso,
com educação superior e com todos os meios para chegar a ser um personagem
famoso entre os seus companheiros; entretanto, vê-se constrangido pelo chamado
de Jesus, que o convida a abandonar tudo para abraçar o evangelho. Sua mudança
é tão radical que inclusive hoje nos desconcerta.
Nós, como Paulo, nos prendemos a valores do mundo presente, inclusive àqueles
que consideramos mais legitimados pelos costumes religiosos.
A questão é se esses pontos de referência e esses valores coincidem com a
simples e comprometedora exigência do evangelho: o amor e a justiça.
Paulo, que foi Saulo, referência cristã no dia de hoje, é fruto dos atos
diários de conversão que teve e é assim que devemos entender: Quem participa de
encontros, retiros, congressos, volta profundamente transfigurado pela graça de
Deus, mas essa graça deve ser monitorada, cultivada, regada, (…). Uma camiseta
nova, um terço novo não vai adiantar se não dobrar meu joelho e continuar
rezando para manter a graça “viva”.
Parafraseando o que padre Joãozinho afirma sobre a segunda conversão de Paulo, eis um questionamento para todos nós: Será que sou “ainda” o mesmo de dez anos atrás? Será que os pequenos vícios do passado ainda me acompanham?
Precisamos
ter muito cuidado com a perca do zelo pela conversão diária. Quedas e
esfriamentos acabam sendo inevitáveis. Pequenas sementes, ervas daninhas,
fungos (…) podem comprometer toda uma plantação, todo o trabalho de uma vida.
Pequenos defeitos todos têm, mas não podemos nos acomodar a eles. O que adianta
toda sabedoria do mundo se não conseguir ouvir uma opinião contrária? Como sou
dentro e fora da igreja? Meu coração realmente se converteu?
“(…) Entre dentro do seu coração e descubra que você foi feito para fazer o bem, mas o próprio São Paulo dizia: ‘EU FAÇO O MAL QUE NÃO QUERO E NÃO FAÇO O BEM QUE EU QUERO’. É uma contradição, uma angústia que ele experimentava dentro de si e você também experimenta. Você faz mil propósitos: ‘Eu quero acertar’. Mas quantas vezes nós caímos, erramos e precisamos recomeçar continuamente. Esta obediência não é sempre fácil, ao contrário é exigente.“. (Dom Alberto Taveira)
Além de todo trajeto percorrido para levar a Boa Nova, são Paulo conseguiu também se renovar durante o trajeto. Quem coordena ou ocupa postos de liderança, seja na igreja, em casa ou no trabalho, por mais tempo que tenham, também precisam, como Paulo, se deixar converter por suas próprias palavras; deixar-se curar do veneno que impregna nossa alma pecadora chamado auto-suficiência, orgulho, egoísmo…
É
tempo de mudança, e se você quiser mudar realmente, este é o tempo propício.
Nosso Senhor espera de nós uma verdadeira conversão.
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