São Francisco de Sales
24 de janeiro - Uma alma
bela como exemplar e, coragem, adiante em suas pegadas, a qualquer custo! (L
31). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Marcos 3,31-35
"Em seguida a mãe e os irmãos de Jesus chegaram; eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Muita gente estava sentada em volta dele, e algumas pessoas lhe disseram:
- Escute! A sua mãe e os seus irmãos estão lá fora, procurando o senhor.
Jesus perguntou:
- Quem é a minha mãe? E quem são os meus irmãos?
Aí olhou para as pessoas que estavam sentadas em volta dele e disse:
- Vejam! Aqui estão a minha mãe e os meus irmãos. Pois quem faz a vontade de Deus é meu irmão, minha irmã e minha mãe."
Meditação:
O Evangelho nos apresenta duas formas de se relacionar com Jesus: Alguns, estão
fora: não entram, não se sentam, não se fazem seus discípulos nem seus amigos.
Nem sequer falam com ele diretamente. O outro grupo, encontra-se lá dentro da
casa, em redor de Jesus, próximo dele em atitude de discipulado. A casa, aqui é
o lugar da intimidade na qual se constrói novos vínculos interpessoais e
comunitários.
Esta narrativa de Marcos tem um alcance cultural no âmbito do sistema religioso
do judaísmo. Ele não visa questionar as relações afetivas dentro da família,
mas provocar uma mudança de paradigma.
Muitas pessoas, não católicas, vivem dizendo que Nossa Senhora teve outros
filhos além de Jesus Cristo, pois a Bíblia refere-se aos “irmãos de Jesus”.
O monge beneditino Dom Estevão Bettencourt, com todo o seu conhecimento de exegese das Sagradas Escrituras, esclarece: São sete os textos do Novo Testamento que mencionam irmãos de Jesus: Mc 6,3; Mc 3,31-35; Jo 2,12; Jo 7,2-10; At 1,14; Gl 1,19; 1Cor 9,5. Chamavam-se, conforme Mc 6,3: Simão, Tiago, José e Judas.
O aramaico, que os judeus falavam no tempo de Jesus e que os evangelistas supõem, era uma língua pobre em vocábulos.
A palavra aramaica e hebraica “irmão” podia significar não somente os filhos dos mesmos genitores, mas também os primos, ou até parentes mais distantes.
No Antigo Testamento, 20 passagens atestam esse significado amplo de “irmão”, como por exemplo: Gn 13,8 (” Abraão disse a seu sobrinho Lot, filho do seu irmão: ‘Somos irmãos’…”), Gn 29, 12-15; Gn 31, 23; 2Rs 10,13; Jz 9,3; 1Sm 20,29. E ainda pode-se conferir em 1Cor 23,21-23; 1Cor 15,5; 2Cor36,10; Mt 27,56 (” Estavam ali [no Calvário], a observar de longe…, Maria de Magdala, Maria, mãe de Tiago e de José, e a mãe dos filhos de Zebedeu”).
Essa Maria, mãe de Tiago e de José, não é a esposa de são José, mas de Cléofas, conforme Jo 19,25. Era também a irmã de Maria, mãe de Jesus, como se lê em Jo 19,25: “Estavam junto à cruz de Jesus, a sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria (esposa) de Cleofas, e Maria de Magdala.
Pois bem, os nomes de Cléofas e Alfeu designam em grego a mesma pessoa, pois são formas gregas do nome aramaico Claphai.
O mais antigo historiador da Igreja, Hegesipo, conta-nos que Cléofas ou Alfeu era irmão de são José. Daí se depreende que Cléofas e Maria de Cléofas tiveram como filhos Tiago, José, Judas e Simão, os quais, portanto, eram primos de Jesus.
O fato de aparecerem acompanhando Maria, embora não fossem seus filhos, mas sobrinhos, explica-se porque no judaísmo a mulher não costumava apresentar-se desacompanhada de alguém do sexo masculino. Ora, julga-se que são José tenha falecido antes do início da vida pública de Jesus, e quando este saiu de casa, Maria passou a contar com a companhia dos sobrinhos.
O termo “primogênito” não quer dizer que Maria tenha tido outros filhos depois do primeiro, Jesus. Primogênito pode dizer simplesmente “o bem amado”, pois o primogênito é certamente aquele filho, no qual, durante certo tempo, se concentra todo amor dos pais. Além disso, os hebreus o julgavam alvo de especial amor da parte de Deus, pois devia ser consagrado a Ele desde os seus primeiros dias.
A final quem são os irmãos de
Jesus? Ser irmão de Jesus passa por uma unidade com a Sua Pessoa. Passa por uma
evidente numa opção de vida, numa instauração de uma família, como também na
vida; viver a vida com adesão ao projeto de Deus e na construção de um mundo
novo que rompa com as barreiras carnais e nos abre a laços espirituais.
Portanto, as palavras de Jesus
questionando quem é sua mãe e quem são seus irmãos têm o sentido de revelar que
o dom de Deus, nele presente, não se restringe a laços consangüíneos
privilegiados. Jesus substitui estes laços estabelecidos na tradição pelos
laços do amor verdadeiro e sem fronteiras, que vão muito além dos limites de
família ou raça.
A verdadeira família é aquela constituída por pessoas que, fazendo a vontade de Deus, tornam-se discípulas de Jesus. A família consangüínea, pelo amadurecimento do amor, abre-se e solidariza-se com os mais excluídos e empobrecidos.
Disso tudo, podemos concluir
que Maria Santíssima só teve mesmo o seu Divino Filho, Jesus Cristo. Podemos e
devemos chamá-la com o nome de Sempre Virgem Maria.
Está é a razão da nossa fé a qual nos orgulhamos de professar para podermos vivê-la e transmiti-la com firmeza aos outros de geração em geração.
Reflexão Apostólica:
Somos convidados, pelo evangelho de hoje, a
descobrir a verdadeira família à qual nós pertencemos: a família dos filhos e
filhas de Deus, que procura conhecer e por em prática a vontade do Pai e
participar do seu projeto de construção do mundo novo, da civilização do amor,
sinal do Reino definitivo.
Participar dessa verdadeira família não significa negar a nossa família
terrena, nem os nossos relacionamentos sociais e afetivos, mas subordinar essas
duas realidades à realidade maior, que é a família dos filhos e filhas de Deus,
fazendo, assim, com que haja uma verdadeira hierarquia de valores na nossa
vida, que subordina o temporal ao eterno.
Não é a reivindicação de privilégios raciais transmitidos pela família que
importa, mas sim o compromisso com Jesus no cumprimento da vontade de Deus.
Jesus não rejeita sua família como tal, mas sim que re-avalia e resgata os mais
profundos e essenciais laços de união entre as pessoas.
A família, a comunidade são realidades que se constroem dia a dia e que mais além de laços de consangüinidade hão de estar unidas pelos laços da fidelidade ao projeto de Deus e da sincera busca de sua vontade.
Somos chamados a entrar na casa, a compartilhar a mesa, a sentar-nos ao redor
de Jesus para sermos famílias e comunidades fundadas
Jesus sabe o que é essencial para a vida e convida aqueles que o buscam a
procurar esta essência por meio da escuta da palavra de Deus e do discernimento
de sua vontade.
Seguir Jesus significa aprender a obedecer a Deus. E obedecer a Deus significa deixar de lado muitos aprendizados adquiridos ao longo da vida.
Propósito:
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