23 junho
- Somos soldados de Jesus Cristo e, como
tais, devemos, em algumas circunstâncias, demonstrar o nosso valor e a nossa
coragem em defender a sua e nossa causa. Mas isso deve ser feito sempre com
prudência e com o único fim de buscar a glória de Deus. (S 233). São Jose
Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 6,19-23
""Não ajunteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem e os ladrões assaltam e roubam. Ao contrário, ajuntai para vós tesouros no céu, onde a traça e a ferrugem não destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. Pois onde estiver o teu tesouro, aí estará também o teu coração. A lâmpada do corpo é o olho: se teu olho for límpido, ficarás todo cheio de luz. Mas se teu olho for ruim, ficarás todo em trevas. Se, pois, a luz em ti é trevas, quão grandes serão as trevas!"
A
crítica é dirigida para quem, além de ter de sobra, acumula, esconde, guarda;
estes vivem na obscuridade, pois não tem a sensibilidade de que existem muitas
pessoas que sobrevivem apenas com o pouco que possuem.
Tais pessoas são os que têm o olho enfermo, estão cheios de obscuridade, pois
são incapazes de se comover com os necessitados do mundo, aquele que tem em
abundância só se preocupam de amontoar e acumular sua riqueza, e sua
preocupação será sempre em não perder os bens adquiridos. Por outro lado,
aquele que tem o olho sadio, não acumula dinheiro nem bens.
Pode ter muito ou pouco, materialmente falando, entretanto, está sempre atento
para as necessidades dos outros, disposto a ajudar e compartilhar com outros.
Este sim tem luz, porque pode ver o próximo e iluminá-lo; seu verdadeiro
tesouro está escondido nos rincões de seu coração, porque seu verdadeiro
tesouro não está em possuir, mas sim em ser.
Continuamos
a meditação sobre as Bem-aventuranças. E hoje no evangelho nos faz duas
recomendações sobre como que olhos e como nos devemos relacionar e usar os bens
materiais.
E
hoje na mesma linha Jesus diz: Não
acumuleis riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde
os ladrões arrombam e roubam
Porém
se for a Deus, ninguém vai poder destruí-lo e terei a liberdade interior de
partilhar com os outros os bens que possuo.
Para
que isto seja possível e visível, é importante que se crie uma convivência
comunitária que favoreça a partilha e a ajuda mútua, e na qual a maior riqueza
ou tesouro não é a riqueza material, mas sim a riqueza ou o tesouro da
convivência fraterna nascida a partir da certeza trazida por Jesus de que Deus
é o meu Pai e todos. E se ele é nosso Pai todos nós somos irmãos. É nosso
Pai nele deve estar o nosso coração de filhos.
Estas
recomendações exigentes tratam daquela parte da vida humana, onde as pessoas
têm mais angústias e preocupações. É urgente que tenhamos o nosso olho lúcido e
são porque se teu olho estiver doente, todo o teu
corpo estará também doente.
Na
realidade, a pior doença que se possa imaginar é uma pessoa se fechar sobre si
mesma e sobre seus bens e confiar só neles. É a doença da tibieza, mesquinhez!
Jesus
quer uma mudança radical. Quer que vivamos como Deus é. A imitação de Deus leva
à partilha justa dos bens e ao amor criativo, que gera fraternidade verdadeira.
Onde
está tua riqueza, aí estará o teu coração. Onde está a tua e a minha riqueza?
Muitas pessoas idolatram o marido, a esposa, os filhos ou parentes colocando-os
acima de Deus.
Que
luz temos como referência? Para onde direcionamos os nossos olhos? Para as
coisas do mundo ou para o Círio Pascal que é a fonte da luz sem ocaso? Ela é a
luz no mundo, quem lhe segue não se engana nem na vida nem na morte.
Reflexão Apostólica:
O olho é a lâmpada do coração. O olho fixo nas riquezas traz trevas ao coração. O olho sensível ao sofrimento do irmão é luz para o coração.
O ser humano, apesar das grades riquezas que dia a dia extrai da terra e do mar, continua sendo a mais pobre de todas as criaturas, porque não descobriu a riqueza maior de todas as descobertas até agora: seu próximo.
Jesus
adverte sobre o perigo das riquezas não porque sejam más, mas pelo mau uso que
delas costuma fazer o ser humano.
Nós temos o dever de administrar bem as riquezas que encontramos em nosso mundo para que redunde em benefício de todos, e não de uns poucos.
Nosso tesouro como cristãos há de ser o da vivência da caridade, que trará como conseqüência que nosso coração tenha como centro o próprio Jesus.
Dessa maneira, poderemos ver no próximo não a um estranho, mas a outro igual que nós, necessitado da presença de Deus em sua vida, da ação misericordiosa do Pai que cure suas mais profundas feridas causadas pelo sofrimento.
Que nosso tesouro seja o encontro com Jesus na presença do irmão que sofre, que clama por justiça e anela, como nós, que chegue o dia em que o reino de Deus se estabeleça para sempre.
Muitas vezes as coisas materiais podem nos levar ao egoísmo e à inveja. Obviamente, quem se apega ao material não pode ser chamado de discípulo do Senhor, simplesmente porque não tem liberdade para agir.
Seu apego às coisas não o deixa entregar-se ao projeto de Jesus: o Reino. O Senhor mesmo diz claramente: “Onde está teu tesouro, aí está também teu coração”.
Diz um refrão popular: “Os olhos são reflexos da alma”, e Jesus expressa uma
idéia similar: “O olho é a lâmpada do corpo”. O olhar expressa cansaço, ódio,
ofensa, tristeza, dor, alegria, tranqüilidade, paz. A pessoa generosa, entregue,
serviçal ilumina com seu olhar, enquanto que a mesquinha e egoísta vive nas
trevas da avareza e cobiça.
Manter os olhos fixos no Senhor significa olhar a realidade a partir dele e
buscar, por todos os meios, sua transformação para o bem da humanidade,
especialmente dos mais pobres.
A luta por um mundo melhor, mais justo, mais digno para todos, é uma das prioridades de nosso trabalho como evangelizadores e humanizadores.
Ontem e ainda hoje pensamos no que VEMOS e pouco valorizamos o que TEMOS. TER é importante para podermos viver em nossa sociedade. Precisamos TER dinheiro para pagar nossas contas, comprar mantimentos, manter nossa saúde, ter lazer…
Carregamos no nosso coração a idéia concreta daqueles filmes de detetive que sempre há em disputa um testamento repleto de bens e riquezas. Esse horizonte de compreensão é apenas visual.
Jesus dois mil anos atrás pedia para que ampliássemos nosso compreender do que é importante. “(…) Não ajuntem riquezas aqui na terra, onde as traças e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. Pelo contrário, ajuntem riquezas no céu…”.
É muito bacana quando um filho diz que o maior patrimônio que recebeu de seus pais foi o caráter, o estudo, a disciplina, a coerência, (…); esses valores, como outros também, o tempo não os coroem. Ver valores como PATRIMÔNIO é enxergar além dos olhos.
Nossos olhos não conseguem dar atenção aos 180 graus que lhe são apresentados portando dependem de nós para colocar o FOCO. Para onde olhamos, definimos nossa atenção, é lá que este nosso foco. Jesus alertava que não o colocássemos no que pode enferrujar. Ao ampliar nosso horizonte deveríamos também não o fazer.
Mais uma vez, Jesus não é contra em se ter um objetivo grandioso na vida, algo que fosse muito almejado como um sonho, uma conquista, um desafio, mas a palavra alerta que esse horizonte não tivesse como foco o que é perecível.
Nossa Igreja nos revela um imenso HORIZONTE de conhecimento a ser explorado. Se hoje não é do jeito que imaginamos é porque nós, servos, participantes, irmãos, estamos colocando nosso foco em outros lugares.
Quando um padre, por exemplo, rejeita uma determinada pastoral ou movimento, apenas por seu próprio gosto, está de vontade própria diminuindo o horizonte de compreensão que Deus lhe oferece (Rm 1,31-32). Quando uma pastoral desiste de lutar tem seu foco distorcido, sofre de miopia, pois só enxerga o que está perto.
Quando alguns "dirigentes" de Movimentos não aceitam aquilo que insistem em chamar de "novidades" que, na realidade, nada mais são do que a própria dinâmica e atualização do mesmo, também não enxergam ou não querem enxergar.
Propósito:
Pai, dá-me sabedoria suficiente para buscar sempre o
tesouro verdadeiro, e assim estar seguro de que em ti coloquei o meu coração.
As discussões só atrasam a nossa vida. Por isso, usemos nosso
tempo e a nossa boca para falar aquilo que é bom. Ao invés de proferir falas
vazias, prefira ajudar as pessoas com palavras de edificação. “Amado e sábio
Espírito Santo, ajuda-me a dizer o que for mais adequado, da maneira mais
amorosa possível. Elimina da minha mente e do meu coração todos os julgamentos,
projeções e preconceitos. Ajuda-me a falar com compaixão e generosidade. Ao
conversar com as pessoas, inspire-me com a sua sabedoria a escolher bem cada
palavra. Amém”.
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