19 junho - Também nas coisas do espírito saibamos contentar-nos
com o que Deus crê seja melhor conceder-nos, sem nos apegar demasiadamente ao
fervor sensível ou ambicionar consolações espirituais. (S 359). São Jose Marello
Leitura
do santo Evangelho segundo São Mateus 5,38-42
""Ouvistes que foi dito: 'Olho por olho e dente por dente!' Ora, eu vos digo: não ofereçais resistência ao malvado! Pelo contrário, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a acompanhá-lo por um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir, e não vires as costas a quem te pede emprestado."
Meditação:
A lei do talião era a expressão típica do culto ao
espírito vingativo e cruel, afinado com a violência comum praticada por Israel
contra os povos da terra ocupada em Canaã e os povos vizinhos, considerados
inimigos.
Jesus apresenta uma referência baseada, não na lei
da justiça judaica, isto é, o que é devido a cada um, mas na lei da graça e do
amor: Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ Eu, porém,
vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa
na face direita, oferece-lhe também a esquerda! Se alguém quiser abrir um
processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! Se alguém te forçar a
andar um quilômetro, caminha dois com ele! Dá a quem te pedir e não vires as
costas a quem te pede emprestado.
Para santo Agostinho, está Lei impedia expressões
desmesuradas. É como um já perdoar um pouco: é um começo de justiça
misericordiosa. E Aquele que veio não abolir, mas aperfeiçoar, a conduz à sua
perfeição. Porque em Jesus, e por Ele: Não resistais ao malvado. Pelo contrário, se alguém
te dá uma bofetada na face direita, oferece-lhe a esquerda…
Desta maneira, Ele nos leva ao mandamento da
caridade, não só para melhor compreendê-lo, mas também como concretamente
vivê-lo.
O Senhor nos ordena dar a todos tudo o que eles nos
pedem: que todos sejam cumulados, por nossa generosidade, de tudo o que lhes
falta.
Façamos de modo que eles não sofram nem de sede,
nem de fome, nem da falta de vestes. E então, seremos encontrados dignos dos
bens que faltam a nós mesmos e que pedimos a Deus, pois o costume de dar nos
merecerá obtê-los. Ademais há mais alegria em dar do que em receber.
Urge que, aos nossos ouvidos, soem as palavras de
Jesus: vencer o mal com o bem e tornar concreto em nosso agir o
mandamento do amor fraterno.
Ensina-nos a não responder o mal com mal, mas, como diz São Paulo (Rm 12,17.21):
“a ninguém devolva mal pelo mal. Vença o mal fazendo o bem”. A proposta
evangélica da não-violência tem que ser um exercício eficaz para ir assumindo
um novo estilo de vida.
Peçamos ao Senhor que encha nossos corações com as
graças do Seu Espírito Santo; com amor, alegria, paz, paciência, bondade e
humildade, nos ensine a amar os que nos odeiam; a rezar pelos que nos perseguem
e, com o Seu auxílio, renunciar aos prazeres deste mundo e a desejar uma nova
terra e novos céus.
Reflexão Apostólica:
Mahatma Gandhi dizia com grande ironia: “Se aplicarmos o olho por olho, logo o mundo ficará cego”. A vingança é violência e gera violência. Por esse motivo, Jesus apresenta uma nova maneira de atuar frente ao mal que nos aflige.
Um
dos desafios mais tremendos para os discípulos de Jesus consistia em “oferecer
a outra face a quem lhes esbofeteasse a face direita”. Receber um tapa no rosto
é uma experiência altamente ofensiva em qualquer cultura. Revidar é uma reação
natural. O discípulo do Reino, porém, é orientado para agir de maneira
diferente: jamais responder violência com violência.
As primeiras comunidades cristãs viam-se pressionadas pela violência de seus
perseguidores. Quanto mais sem fundamento é a violência, tanto mais perversa e
maligna ela é.
A violência contra os cristãos era deste tipo. Se pagassem com a mesma moeda a
violência sofrida, que moral teriam para proclamar a excelência do mandamento
do amor e a urgência da reconciliação? Caso se submetessem passivamente seriam
dizimados dentro de pouco tempo. Se optassem por se dispersar ou por viver na clandestinidade,
não poderiam realizar a missão de arautos do Evangelho que tinham recebido.
O gesto de oferecer a outra face era uma forma de resistência pacífica à fúria
dos perseguidores. Significava que os discípulos de Jesus não temiam quem os
perseguia; que recusavam a se rebaixar ao nível de seus adversários; que
buscavam eliminar a violência no seu nascedouro; e que davam testemunho de um
mundo novo onde a violência não tinha vez. Este testemunho inusitado poderia
até mesmo levar os perseguidores à conversão.
A
nova lei do amor levada a cabo pelo próprio Deus
Mas,
por que existem tantos conflitos entre os cristãos? Parece que não foi nada
fácil passar da lei do Talião para a lei do amor, que não somente haverá de nos
levar a não lutar com o inimigo.
Humanamente
falando, é mais fácil arrancar o espinho que fica no coração ante uma ofensa
recebida respondendo com outra ofensa maior, do que praticando o mandamento do
amor, que nos exige perdoar a quem nos ofendeu, e amá-lo.
Para
o mundo, tal exigência de Jesus é irracional; mas a partir da lógica do amor, o
ódio gera mais ódio; e enquanto a raiz dos males do ser humano continuar em seu
coração, lhe será impossível alcançar por seus próprios meios a paz que tanto
busca. Ser cristão implica: acima do ódio, amar e, passando por cima da ofensa,
perdoar.
Como
vimos, Jesus veio dar uma nova mentalidade à Lei que os antigos vivenciavam e
nos orienta a ter uma postura coerente com o que Deus Pai nos deixou como
legado, nos dando conselhos úteis para as nossas ações.
Com as nossas atitudes é que nós vivenciamos o Evangelho de Jesus Cristo. Jesus
veio esclarecer para nós a mentalidade Evangélica.
Assim é que ele nos recomenda: “não enfrenteis o malvado” ; “se alguém te dá um
tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda;”
Por
isso Ele abre os nossos olhos para que não queiramos enfrentar a quem é
malvado, isto é, aquele (a) age com o poder do mal. Não devemos medir forças
com o inimigo nem mostrar que temos poderio. Não devemos fazer questão por
coisas que não são essenciais, por coisas que só os maus desejam, mas sim,
angariar a amizade dos que estão contra nós e não nos submeter à tentação de
revidar.
Muitas vezes nós fincamos pé naquilo que nos é de direito e entramos em litígio
com alguém praticando a vingança. Dar a outra face é, sem dúvida, mostrar uma
ação diferente daquela que a outra pessoa adotou.
É mostrar o contrário, é dialogar, é promover a paz e não a discórdia. É também
não fazer questão de nada e nunca negar ajuda a alguém, mesmo a quem não nos
ajuda. Jesus também nos aconselha: “Dá a quem te pedir e não vires as costas a
quem te pede emprestado”. As nossas ações de amor devem ser inspiradas no que
Jesus nos ensina nesse Evangelho.
Fazer o bem a quem nos trata bem é muito fácil. O verdadeiro amor é baseado nas
ações mais difíceis de viver: o perdão, a compreensão, o suportar, o aceitar.
Como você tem agido com aqueles que não satisfazem aos seus desejos, aos seus
pedidos? Você é uma pessoa vingativa? Você faz questão pelos primeiros lugares?
Qual o sentimento que se apossa de você quando você é contrariado (a), quando
não alcança os seus objetivos? Você é uma pessoa pacificadora ou você “gosta de
botar lenha na fogueira”?
Não permitas que a violência tome conta do meu coração; antes, torna-me capaz
de responder, com gestos de amor, a quem me faz o mal.
Vivemos
em um mundo regido por interesses, onde a maioria das pessoas pensa única e
exclusivamente em si e no seu próprio bem-estar. Porém, não importa se somos
correspondidos ou não, a Palavra de Deus ensina-nos a dar. Aprendamos a dar sem
esperar nada em troca! “Ó Jesus, Divino modelo da caridade, dai-me aqueles
puros sentimentos de amor ao próximo, de que nos deixastes tão admiráveis
exemplos. Fazei, Senhor, que eu ame santamente os meus semelhantes por amor de
Vós, que nunca deles suponha mal; que lhes acuda em suas necessidades e, que
sofrendo suas fraquezas neste mundo, por amor de Vós, Jesus, possa um dia
cantar com eles Vossos louvores, assim na Terra como no Céu. Amém”
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