28 JUNHO - A Igreja possui ainda recursos tais que são capazes de fazer tremer os seus inimigos.(L 18). São Jose Marello
"Vendo uma grande multidão ao seu redor, Jesus deu ordem de passar para a outra margem do lago. Nisso, um escriba aproximou-se e disse: "Mestre, eu te seguirei aonde fores". Jesus lhe respondeu: "As raposas têm tocas e os pássaros do céu têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça". Um outro dos discípulos disse a Jesus: "Senhor, permite-me que primeiro eu vá enterrar meu pai". Mas Jesus lhe respondeu: "Segue-me, e deixa que os mortos enterrem os seus mortos". "
Meditação:
O tema desta passagem é o seguimento de Jesus, que Mateus insere em sua coletânea de dez milagres. O evangelista elabora sua narrativa a partir da mesma fonte (Q) que Lucas. Neste, os seguidores de Jesus seriam samaritanos, pois o episódio ocorre na Samaria.
Nesta fala, a figura do pai simboliza as tradições familiares que se perpetuam
a fim de manter privilégios religiosos, sociais e econômicos, os quais
favorecem as regalias e o enriquecimento de minorias e a subserviência de
maiorias excluídas e oprimidas. Jesus propõe a ruptura com estas tradições.
Atualizando este texto, estamos diante de dois fatos importantíssimos como
Cristãos chamados a seguir as pegadas do Mestre: tu vens e segue-me. A opção de
seguir Jesus não é uma iniciativa pessoal. É ele que chama e consagra para a
missão.
Primeiro um escriba que se aproxima, afirmando sua determinação de seguimento
incondicional de Jesus: Mestre estou pronto a seguir o senhor para qualquer
lugar aonde o senhor for.
A resposta de Jesus é uma advertência para uma tomada de posição consciente quanto à opção pelo seu seguimento. Apela pelo abandono total de si mesmo e renúncia aos bens materiais: as raposas têm as suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde descansar.
Quem realmente quer seguir Jesus deve abandonar e renunciar tudo e confiando-se
somente nas mãos providentes de Deus. Jesus a firmar o Filho do Homem, Jesus,
que não tem onde repousar a cabeça. Quer-nos ensinar e levar a aderir ao
abandono total nas mãos do Pai.
O segundo, é o caso de um dos discípulos que quer ganhar tempo e pede que Jesus
permita enterrar o pai: Senhor deixe-me primeiro ir enterrar meu pai.
Pai, aqui, não se aplica no sentido biológico. Mas na permanência das tradições Judaicas dos seus antepassados, presos à Lei, que ao em vez de salvar e libertar o homem mata e escraviza.
É estar preso às nossas idéias egoísticas, no orgulho, na vaidade, na preguiça, no individualismo, na nossa tibieza, em fim nas inúmeras desculpas que nós damos no nosso dia-a-dia para não nos consagrarmos ao ministério do Senhor como discípulos e missionários d’Ele.
Do mesmo modo que Jesus insistiu com aquele jovem assim insiste comigo e
contigo e diz: deixe que os mortos sepultem os seus mortos e tu vens e
segue-me.
O chamado de Jesus não está no futuro. Mas sim no presente. O tempo é hoje e a hora é agora! Deixe que os espiritualmente mortos cuidem dos seus próprios mortos.
Há pessoas que vivem esperando as coisas se ajeitaram para depois servirem a
Deus. Eu e tu meu irmão minha irmã não temos nem o poder, nem o dever tão pouco
o direito de dizer não. Portanto, levanta-te e segue Jesus. Ele é o teu Deus e
o teu Senhor.
Paremos de dar desculpas furadas. Saibamos que, quando obedecemos a um chamado de Deus, Ele é poderoso para suprir nossas necessidades e nos orientar em toda espécie de dificuldades relacionadas ao Seu chamado para nossas vidas.
Rompamos, pois, com todas as barreiras que vedam os nossos olhos para não
enxergar o projeto de Deus para nós. Entendamos que o seguir Jesus significa
uma ruptura pura e simples com as antigas tradições mortas que não favorecem a
vida e aderir ao amor vivificante do Pai, do Filho e do Espírito Santo
O seguimento de Jesus traz consigo uma série de implicações e exige de todos nós muito mais do que o entusiasmo ou a boa vontade.
Exige disposição de deixar muita coisa para trás, inclusive o conforto, os
costumes, a cultura e até mesmo os grandes valores que norteiam a nossa vida.
Seguir Jesus significa ter a disposição de sempre ir em frente, sempre ir além,
sempre buscar o novo para que a boa nova aconteça, é uma vida marcada sempre
por novos desafios, é sempre atravessar o lago e buscar a outra margem do lago
onde novas pessoas esperam para serem evangelizadas. Seguir Jesus significa
colocar a obra evangelizadora acima de tudo.
A outra margem é o inverso do que nós estamos acostumados a viver; é o desalojamento, desestruturação, situação de ruptura com os hábitos e os costumes.
Do mesmo modo que Jesus insistiu com aquele jovem assim insiste conosco e diz:
deixe que os mortos sepultem os seus mortos e tu vens e segue-me.
O chamado de Jesus não está no futuro. Mas sim no presente. O tempo é hoje e a hora é agora! Deixemos que os espiritualmente mortos cuidem dos seus próprios mortos.
Quem quiser segui-Lo terá que passar pelas dificuldades próprias da mentalidade
evangélica. Não adianta somente querer seguir a Jesus com palavras e bons
propósitos sem medir as conseqüências do que nós estamos pretendendo.
O seguimento de Cristo nos tira das nossas raízes e nos desestrutura, por isso,
nós somos obrigados (as) a renunciar à nossa existência pacata, medíocre e
acomodada.
O discípulo que pediu a Jesus para primeiro sepultar o pai era alguém como nós
que esperamos um tempo propício para nos desprender dos nossos apegos, dos
nossos projetos. Para nós também Jesus diz, hoje: “segue-me e deixa que os
mortos sepultem os seus mortos”.
Jesus nos chama para uma vida nova conformada aos Seus ensinamentos. Seguir
Jesus é viver conforme o Seu Evangelho, é viver o amor, é praticar o perdão, é
não fazer questão por coisas que não têm valor diante de Deus.
Por isso, não podemos nos acomodar esperando novas oportunidades. É tempo de
amar e construir aqui na terra o reino dos céus, para que não sejamos também
chamados de “mortos”.
Quem deseja tornar-se discípulo, deve confrontar-se com
as exigências postas pelo próprio Mestre. Só tem sentido fazer-se discípulo se
for para assemelhar-se a ele.
Você também se propõe a seguir a Jesus aonde quer que Ele
vá? Qual a sua maior dificuldade para viver o Evangelho? Você é uma pessoa
muito apegada às pessoas da sua família e aos seus bens? Você acha que tem que
renunciar a alguma coisa para seguir Jesus?
Jesus fala que para segui-lo é necessário ser uma pessoa despojada de si mesma,
sem reservas, sem apegos às coisas desse mundo, sem ser meio lá meio cá.
É o caso dos nossos sacerdotes, que morrem para si mesmo e se
entregam para continuar a missão de Jesus. Para isso é preciso ter
coragem! Não é coisa muito fácil. O sacerdote olha do lado e vê as
pessoas integradas mal ou bem com suas famílias. E ele, na solidão.
Nós, os membros da comunidade paroquial, temos que dar todo apoio possível ao
sacerdote, convidando-o para almoçar em nossa casa, ficando mais tempo em sua
companhia, dando todo o carinho fraterno que ele merece e precisa para não se
lembrar que é um celibatário.
Porque o problema é parecido com o seguinte exemplo: A Televisão, no seu
noticiário, anunciou que a partir do meio dia vamos ficar sem água por cinco
dias.
O que acontece na nossa mente? Ficamos com sede na hora. Só de pensar que não
terá água, além da sede, começamos a nos sentir sujos, até com coceiras pelo
corpo com vontade de tomar aquele banho. É o que acontece com o seminarista.
Só de saber que não poderá se casar, ele sente mais vontade de construir uma
família. Outros jovens solteiros da sua idade, nem estão pensando no assunto.
É igual a pessoa que mora em frente ao mar. Fica dias, até meses sem ir à
praia. Ela pensa. A praia está aí mesmo, quando eu quiser, eu vou. Hoje não.
Deixa para outro dia.
Assim, os dias vão se passando, e aquela pessoa nem se preocupa com a praia. Ao
contrário, uma pessoa que mora longe do mar, fica pensando o verão inteiro como
seria bom morar perto da praia para tomar banho de mar todos os dias!
Quando tem a oportunidade de ir ao mar, aproveita tanto como se fosse morrer
amanhã.
Isso é parecido com o problema do celibato. Se ele não fosse obrigatório, os
seminaristas e padres não teriam nenhuma complicação com relação à solidão.
Alguém pode estar pensando que o problema da solidão é superado com a
graça de Deus, e da Virgem Maria. Claro, que é, mas, não se esqueçamos das
tentações do mundo atual que nos cercam por todos os lados. Na rua, na
internet, no cinema, na televisão, até quando olhamos para fora pela janela do
nosso quarto.
Propósito:
Pai, confronta-me, cada dia, com as exigências do
discipulado, e reforça minha disposição para enfrentá-las com a tua graça.
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