03 - A nossa bondade não deve ser exclusivista, carrancuda e indiscreta, como a daqueles que gostariam que fossem todos como eles. A verdadeira santidade deve ser afável, tolerante, universal, multíplice; deve estender-se a todas as pessoas, acomodar-se a todos os estados e a todas as condições, e não se limitar à esfera de uma bondade exclusiva e construída à nossa maneira, não conforme ao espírito de Jesus. (S 329). São Jose Marello
Marcos 14,12-16.22-26
"No
primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, em que os judeus matavam
carneirinhos para comemorarem a Páscoa, os discípulos perguntaram a Jesus:
- Onde é que o senhor
quer que a gente prepare o jantar da Páscoa para o senhor?
Então Jesus enviou
dois discípulos com a seguinte ordem:
- Vão até a cidade.
Lá irá se encontrar com vocês um homem que estará carregando um pote de água.
Vão atrás desse homem e digam ao dono da casa em que ele entrar que o Mestre
manda perguntar: "Onde fica a sala em que eu e os meus discípulos vamos
comer o jantar da Páscoa?" Então ele mostrará a vocês no andar de cima uma
sala grande, mobiliada e arrumada para o jantar. Preparem ali tudo para nós.
Enquanto estavam
comendo, Jesus pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e o deu aos
discípulos, dizendo:
- Peguem; isto é o
meu corpo.
Em seguida, pegou o
cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois passou o cálice aos discípulos, e
todos beberam do vinho. Então Jesus disse:
- Isto é o meu sangue,
que é derramado em favor de muitos, o sangue que garante a aliança feita por
Deus com o seu povo. Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nunca mais beberei
deste vinho até o dia em que beber com vocês um vinho novo no Reino de Deus.
Então eles cantaram
canções de louvor e foram para o monte das Oliveiras."
Meditação:
A Eucaristia é o sinal desse compromisso. Em sua origem, significa ação de graças, reconhecimento, ato de agradecer. Trazida para o seio da Igreja, traduz-se em seu sacramento central, sinal da graça que a impulsiona e conduz.
Data do século VIII o milagre ocorrido na cidade italiana de Lanciano, onde a transubstanciação do pão e do vinho em carne e sangue ocorreu efetivamente, e são conservados até hoje, sem que tenham sofrido qualquer ação do meio físico.
Quando o papa Urbano IV, em 1264, instituiu com a Bula ‘Transiturus’ a festa de Corpus Christi, desejava realçar a presença real do “Cristo todo” no pão e vinho consagrados, consolidando, assim, uma certeza e uma devoção já presentes nos corações dos fiéis.
Hoje a Igreja celebra a grande solenidade do Corpo e do Sangue de Cristo. Esse é o corpo entregue e esse é o sangue derramado para selar a aliança definitiva entre Deus e seu “novo povo”, a humanidade que aceita o convite do Evangelho e assume as conseqüências do seguimento.
Também nós perdemos o sentido dela. Reduzimos o mandamento de Jesus ao
mandamento de ir à missa e comungar aos domingos.
Um rito que não complica nem implica nada de nossa vida. Este rito ficará
totalmente vazio se não compartilharmos a vida, os bens, os dons, as qualidades
com os irmãos, especialmente com os mais necessitados.
É preciso recuperar o significado profundo do rito que Jesus realiza. “O sangue
que se derrama por nós” manifesta a morte violenta de Jesus por amor à
humanidade e como conseqüência de seu compromisso. “Beber do cálice” implica
aceitar a morte de Jesus e comprometer-se com ele e como ele dar a vida pelos
outros se for necessário.
Aqui está o sentido profundo, existencial e histórico da Eucaristia: é a Nova
Aliança; um compromisso de amor radical aos demais até a morte. Quem não
entende assim a Eucaristia, se limita a um puro rito superficial e sem sentido.
Na ceia, Jesus oferece o pão (“tomai”) e explica que é seu corpo. Significa que
Jesus entrega toda a sua pessoa, todo o seu ser: sua proposta, sua palavra, sua
prática, sua presença.
Ao convidar a comer o pão-corpo, Jesus quer que sejamos semelhantes a ele, quer
dizer, a assumir com convicção e autenticidade seu estilo de vida e seu
compromisso com o reino. O efeito que produz o pão na pessoa humana é o que
produz Jesus em seus discípulos.
O evangelista não indica que os discípulos comam o pão, pois não aderiram a
Jesus, não diferiram sua forma de ser e de viver, tornando-a vida de suas
vidas. Ao contrário do pão, Jesus dá o cálice sem dizer nada e, explicitamente,
se diz que “todos beberam do cálice”. Depois de dar de beber, Jesus diz que
“esse é o sangue da aliança derramado por todos”. O sangue derramado significa
a morte violenta, ou melhor, a pessoa enquanto sofre tal gênero de morte.
O texto diz que “todos beberam dele”. Depois de o dar a beber, Jesus diz que
“este é o sangue da aliança que é derramado por todos”. O sangue derramado
significa a morte violenta, quer dizer, o sacrifício da pessoa que sofre tal
sorte.
“Beber do cálice” significa, portanto, aceitar a morte de Jesus e o
compromisso de não desistir da atividade salvadora (representada pelo pão) por
temor nem sequer da morte: “Comer o pão” e “beber e cálice” são aspectos
inseparáveis.
Não se pode aceitar a vida de Jesus sem aceitar sua entrega até o fim, e que o
compromisso de quem segue a Jesus inclui uma entrega como a sua. Este é o
verdadeiro significado da eucaristia. Talvez nós a tenhamos reduzido ao
mistério, aliás bastante difícil de entender e explicar, da conservação do pão
e do vinho em corpo e sangue de Cristo.
Reflexão
Apostólica:
Na
última ceia, quando celebrava a Páscoa com Seus discípulos Jesus tomou o pão e
o vinho deu graças e entregou-os para que eles comessem o Seu Corpo e bebessem
o Seu Sangue já antecipando o que iria acontecer com a sua entrega na Cruz.
Jesus já proclamava a Nova e Eterna Aliança que iria ser perpetrada em favor
dos homens. Por amor Jesus se ofereceu como alimento e bebida de vida plena
para nós, por isso, o pão é verdadeira comida e o vinho verdadeira bebida.
Jesus instituiu a Eucaristia que é memória da sua Paixão, Morte e Ressurreição
para que nós nos apossemos da Sua graça e tenhamos a nossa alma fortalecida.
Acreditar que o próprio Jesus se faz
presente em corpo e sangue na hóstia e no vinho que o sacerdote nos apresenta
no momento da consagração eucarística é, sem dúvida, um dos maiores mistérios
da fé cristã católica. Porém, como nos diz o próprio texto litúrgico, é,
sobretudo, a memória da aliança que Deus faz com a humanidade através de seu
filho Jesus e que marca, de forma mais surpreendente ainda, a presença do Deus
vivo
É Deus que entrega a todos. E, uma entrega assim, só pode ser feita por um Deus que é puro amor e que conosco deseja ficar.
Por isso, as tantas recomendações da Igreja aos fiéis que se dirigem à mesa da
Eucaristia. Em primeiro lugar, porque é preciso agradecer, relembrando o
sentido próprio de Eucaristia.
É preciso ter o coração em festa, sem máculas, sem nada que possa perturbar o ato de reconhecimento de nossa humanidade diante da grandeza do Senhor e, humildemente, dizer: obrigado! Depois, porque a Eucaristia é um sacramento que a Igreja nos oferece e, portanto, sinal da graça do Pai, sinal de sua presença entre nós.
Desta forma, diante do Mistério e da Verdade, só nos resta uma atitude de veneração e obediência. E, por fim, porque nenhum sinal dado por Deus é exclusivo de um ser humano.
Nada pode ser maior que o amor que deve nos unir aos outros, tal como no mandamento dado por Jesus, coincidentemente – ou propositalmente – na mesma ocasião em que instituiu a Eucaristia como sinal de Sua memória. Assim, não existe eucaristia sem comunhão, a comum união de homens e mulheres que se irmanam em Cristo e desejam, na celebração de Sua memória, viver em fraternidade
A Páscoa foi preparada de acordo com as ordens de Jesus. Nós também devemos
estar sempre preparados pela Palavra de Jesus para comermos na Ceia Pascal o
alimento que nos dá a vida eterna. Quanto mais nos alimentamos com Jesus, mais
nos pareceremos com Jesus.
Você tem feito como o Senhor tem mandado? O que a Eucaristia tem feito em você?
Você está se tornando parecido (a) com Jesus? O que JESUS tem lhe sugerido como
preparação para celebrar a Eucaristia?
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