25 outubro - Quem é que põe em nosso coração o gosto que sentimos pela conquista da virtude, o desejo de agradar a Deus com a mortificação dos nossos sentidos? É justamente aquilo que chamamos de Espírito bom, o qual trabalha e atua sem parar em nossas almas. (S 345). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Mateus 22,34-40
"Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus. Então se reuniram, e um deles, um doutor da Lei, perguntou-lhe, para experimentá-lo: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" Ele respondeu: "'Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento!' Esse é o maior e o primeiro mandamento. Ora, o segundo lhe é semelhante: 'Amarás teu próximo como a ti mesmo'. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos". "
Meditação:
O Evangelho aponta, precisamente, na mesma direção ao mostrar que para Jesus o fundamento da relação com Deus e o próximo é o amor solidário. Jesus sintetiza o decálogo e quase toda a legislação no amor fraternal e recíproco.
Os juristas gostavam de provocar Jesus para saber dos seus conhecimentos sobre a Lei. Para eles o mandamento mais importante era a observância do sábado
Vamos aqui imaginar as 680 leis, entre prescrições e proibições, que regiam a prática judaica, como uma enorme e frondosas árvore, de muitos ramos e folhas.
A pergunta que o "sabichão da Lei" faz a Jesus seria mais ou menos essa: “Qual dos ramos dessa árvore é o mais importante?”
Em um ambiente legalista e de excessivo rigorismo na prática da Lei, fazer uma
pergunta capciosa dessa, evidenciava uma segunda intenção, era um ardil, uma
cilada, uma pergunta maldosa, onde o interlocutor não estava interessado na
resposta, mas sim em uma justificativa, a partir dela., para condenar a quem
respondera.
Jesus de maneira sábia desmonta essa armadilha e retomando o exemplo das Leis religiosas, como uma frondosa árvore, Jesus vai dizer que o mais importante é a raiz, de fato, o amor a Deus e ao próximo é a Raiz do Cristianismo, é a essência da verdadeira Religião.
Jesus, além de não cair na armadilha que lhe armaram, tirou vantagem da
situação e fez um ensinamento espetacular, não suprimindo nenhuma das Leis em
vigor, porém, afirmando categoricamente que nenhuma delas era válida, caso não
fosse cumprido aquilo que é o essencial em uma Lei Divina: o Amor a Deus e ao
próximo.
Nós vivemos hoje em uma sociedade que tem muito mais normas que o povo judeu,
inclusive nossas igrejas possuem extensas legislações. Vivemos também em um
mundo com muito mais milhões de pobres e oprimidos do que podiam prever os
profetas.
A palavra de Jesus que hoje lembramos e atualizamos em nossa celebração é um
convite a sacudir nossa passividade, a recuperar a indignação ética diante da
situação intolerável deste mundo chamado moderno e civilizado e a voltar ao
essencial do evangelho, ao mandamento principal, aos dois amores.
O amor a Deus não está nas observâncias ascéticas, religiosas, e legais, que
levam a discriminações e exclusões, inclusive ódio ao inimigo, mas é o amor que
se concretiza no dom e na acolhida ao próximo, sem limites.
O amor a Deus identifica-se e concretiza-se com o amor ao próximo, que se
iguala ao amor de si mesmo, e neste amor de comunhão fraterna comunga-se com o
próprio Deus.
Este amor ao próximo não se restringe às simples relações interpessoais, mas
tem um alcance social. É o amor que luta por uma sociedade mais justa e
fraterna, onde todos tenham acesso aos bens deste mundo, sem privilegiados ou
excluídos, no desabrochar da vida plena. Este amor, do qual o apóstolo Paulo
foi testemunha, é o amor que gera vida a alegria nas comunidades.
Com isto, religião adquire um sentido novo, reunindo em uma única lei esses
dois amores, a Deus e aos irmãos, gerando assim o compromisso em viver como
irmãos e irmãs, Filhos e Filhas do mesmo Deus que é Pai.
Deus não admite o amor a si sem que este amor se torne gestos concretos de caridade. É por isso que hoje vemos no Evangelho que o primeiro e maior mandamento traz consigo um outro que é semelhante a ele. O primeiro exige de nós o amor a Deus e o segundo exige de nós o amor ao próximo.
Jesus nos diz que desses dois mandamentos dependem toda a lei e os profetas. A
partir daí podemos perceber porque são João nos diz na sua primeira epístola
que quem ama não peca.
Com isso, Jesus nos mostra que somente a plena vivência do amor nas suas duas
dimensões, a Deus e ao próximo, pode conduzir verdadeiramente à santidade.
E nós, de que modo amamos a Deus? Rezando e lendo o Evangelho, indo à Missa aos
Domingos e Dias Santos de Guarda, pensando nas três pessoas da Santíssima
Trindade, ouvindo e divulgando a sua Palavra, acreditando em Jesus.
De que modo nós amamos as pessoas que fazem parte do nosso dia-a-dia na família,
na escola e que são próximas a nós?
Respeitando, evitando uma briga, não roubando, não prejudicando, sorrindo,
cumprimentando, perdoando, tolerando, ajudando, demonstrando interesse,
compreendendo, falando bem, mostrando seus erros, corrigindo, não sendo falso,
mas amigo de verdade, não fazendo fofoca, não estragando as coisas dos outros,
não fazendo bagunça durante às aulas, não tendo inveja e não desejando o mal a
ninguém, não fazendo brincadeiras de mal gosto, obedecendo os professores e os
pais, tendo pena e ajudando: os cegos, mendigos, paralíticos e outros
deficientes etc.
Sendo honesto, dando esmola a um pobre, não mentindo, não sendo fingido, não
caluniando, não guardando rancor, não tendo ódio, não sendo preguiçoso, não
divulgando os defeitos dos outros, não ofendendo, não fazendo gozação, enfim,
procurando acertar mais e errar menos, querendo para os outros exatamente o que
desejamos para nós.
Cristão é aquele que vive o amor de Cristo e trabalha para construir um mundo
melhor, combatendo as coisas erradas, por exemplo.
O cristão cresce, ou se valoriza como pessoa, quando ele se preocupa com o
verdadeiro desenvolvimento dos outros. Quando procura viver como irmão. Esse é
o amor fraterno que dá sentido a nossa vida e à vida das outras pessoas.
Será que vivemos sempre esse amor fraterno? Será que no nosso dia-a-dia na
família, na escola, no trabalho, nós nos esforçamos realmente para que este
mundo seja melhor?
Recebemos de Deus a tendência natural para fazermos o que Ele nos manda, de
maneira que não podemos insurgir-nos, como se Ele nos pedisse uma coisa
extraordinária, nem nos orgulhar, como se déssemos mais do que aquilo que nos é
dado.
Ao recebermos de Deus o mandamento do amor, possuímos imediatamente, desde a
nossa origem, a faculdade natural de amar.
Não foi a partir do exterior que fomos por ela formados; e isto é evidente,
porque procuramos naturalmente aquilo que é belo; sem que no-lo ensinem, amamos
aqueles que nos são aparentados, pelos laços do sangue ou de uma qualquer
aliança; enfim, de boa vontade damos provas de benevolência aos nossos
benfeitores.
Haverá coisa mais admirável do que a beleza de Deus? Haverá desejo mais ardente
do que a sede provocada por Deus na alma purificada, que exclama com emoção sincera?
Aquilo que é bom é também supremamente amável; ora, Deus é bom; portanto, se
todas as coisas procuram o que é bom, todas as coisas procuram a Deus.
Se o afeto dos filhos pelos pais é um sentimento natural, que se manifesta no
instinto dos animais e na disposição dos homens para amarem as mães desde tenra
idade, não sejamos menos inteligentes do que as crianças, nem mais estúpidos do
que os animais: não nos apresentemos diante de Deus que nos criou como
estrangeiros sem amor.
Mesmo que não tivéssemos compreendido, pela Sua bondade, Quem Ele é, devíamos
ainda assim, apenas pelo fato de termos sido criados por Ele, amá-Lo acima de
tudo, e permanecer ligados à memória do que Ele é, como as crianças permanecem
ligadas à memória de sua mãe pelo amor que essa lhe dedicou.
Só o amor de uma mãe pode tornar agradável a Deus a ação do homem: “Compreendo
tão bem, que somente o amor pode nos tornar agradáveis ao Senhor, que isso
constitui minha única ambição.
O amor “é tudo.” O homem poderia fazer coisas grandiosas, mas sem o amor,
permaneceriam vazias, completamente desvitalizadas como um corpo sem alma.
Seu valor não depende da grandiosidade, mas do amor com o qual foram
idealizadas e realizadas. O amor é o único elemento que pode plasmar e dar
finalidade dignamente a todo o agir humano. “Com amor, não caminho apenas,
ponho-me a voar.”
Você já compreendeu que só o amor que você viver será agradável a Deus? Como
você tem vivido o amor com o próximo? Você sabia que ser santo é amar? De que
modo você ama a Deus?
Amar a Deus é fácil, principalmente, quando para isso precisamos apenas
ajoelhar, rezar e elevar os nossos pensamentos a Deus. Mas, cuidado, se este
amor não passa pelo irmão, ele está equivocado.
Releia o texto de hoje e você vai entender: “Amarás o Senhor teu Deus, de todo
o coração, com toda a sua alma e ao próximo como a ti mesmo”. Será que
precisamos repetir? Este texto deve servir como um mantra para o nosso dia.
Vale a pena pensar sobre isso.
Amar a Deus é tão
fácil, não é?
Propósito:
Ó Deus, nosso Pai, aumentai nossa fé, nossa esperança e, sobretudo, aumentai nosso amor e nosso sentido da justiça, de modo que vivamos sempre próximos dos nossos irmãos, especialmente os mais necessitados.
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