12 outubro - Vamos em frente dia após dia, como Deus quer, e "Deo Gratias”: demos graças a Deus por tudo o que ele determinar. (S 286). São Jose Marello
João 2,1-11
"Dois dias depois, houve um casamento no povoado de Caná, na região da Galiléia, e a mãe de Jesus estava ali. Jesus e os seus discípulos também tinham sido convidados para o casamento. Quando acabou o vinho, a mãe de Jesus lhe disse:
- O vinho acabou.
Jesus respondeu:
- Não é preciso que a senhora diga o que eu devo fazer. Ainda não chegou a minha hora.
Então ela disse aos empregados:
- Façam o que ele mandar.
Ali perto estavam seis potes de pedra; em cada um cabiam entre oitenta e cento e vinte litros de água. Os judeus usavam a água que guardavam nesses potes nas suas cerimônias de purificação. Jesus disse aos empregados:
- Encham de água estes potes.
E eles os encheram até a boca.
- Agora tirem um pouco da água destes potes e levem ao dirigente da festa.
E eles levaram. Então o dirigente da festa provou a água, e a água tinha virado vinho. Ele não sabia de onde tinha vindo aquele vinho, mas os empregados sabiam. Por isso ele chamou o noivo e disse:
- Todos costumam servir primeiro o vinho bom e, depois que os convidados já beberam muito, servem o vinho comum. Mas você guardou até agora o melhor vinho.
Jesus fez esse seu primeiro milagre em Caná da Galiléia. Assim ele revelou a sua natureza divina, e os seus discípulos creram nele."
Meditação:
"Jesus veio ao mundo para trazer a Boa Nova
do Reino de Deus e firmar a Nova e eterna Aliança entre Deus e os homens
através do mistério pascal. Assim, a água da purificação dos judeus, sinal do
Antigo Testamento que está para terminar, será substituída pelo vinho da Nova
Aliança que alegra os nossos corações e nos trás a salvação. E isso acontece
numa festa de casamento, sinal das núpcias do Cordeiro e prefiguração da Igreja
como esposa de Cristo. E o início de tudo foi a ação de Maria, que pede o
milagre a Jesus, mas que com sua adesão ao projeto de Deus, abriu caminho para
o início do Novo Testamento." (CNBB)
Lendo o episódio das bodas de Caná (palavra que significa “adquirir”),
percebe-se logo o engano em que caiu o mestre-sala: crê que o melhor vinho
tenha sido oferta do noivo.
O leitor do evangelho e os serventes sabem muito bem que Jesus é quem dá o
vinho novo – o amor sem limites –, pois ele é o Messias-esposo da humanidade. A
mensagem, contudo, vai além.
O episódio mostra também quem é a esposa do Messias-esposo: ela está
representada na “mulher”, a mãe de Jesus (que por sua vez representa o Israel
que reconheceu o Messias), nos serventes que sabem de onde vem o vinho novo (v.
9) e que obedecem a Jesus e nos discípulos que acreditam nele (v. 11b). É assim
que o Messias-esposo vai conquistando/adquirindo (“Caná”) para si uma esposa.
O episódio está dividido em duas partes: vv. 1-5 e vv. 7-10. O v. 6, que
descreve as talhas vazias, funciona como eixo de todo o episódio e separa as
duas partes.
Na
primeira, temos uma introdução (vv. 1-2) e a intervenção da mãe de Jesus,
nomeada três vezes (vv. 1.3.5). Na segunda (vv. 7-10), a figura central é o
mestre-sala, também ele nomeado três vezes (vv. 8-9). Jesus e os serventes são
como que o fio condutor de todo o episódio. Aparecem tanto na primeira parte
quanto na segunda. O v. 11 é a interpretação do fato.
O
mestre-sala é símbolo dos que não reconhecem o dom messiânico que Deus faz em
Jesus, o Messias-esposo da humanidade.
Ele
prova o vinho, constata que há novidade radical no que é apresentado, mas
atribui o fato ao noivo: “Você guardou o vinho bom até agora” (v. 10). Não
reconhece que, no projeto de Deus, o melhor vem depois, isto é, com Jesus
O evangelista João, nesta sua expressiva e simbólica narrativa, põe em
evidência os cuidados de Jesus e sua mãe em todas as necessidades, com um amor
atento, inclusive em um clima festivo.
O conteúdo teológico é a superação da observância da Lei (Torá) pela prática do
amor solidário e libertador, na qual se manifesta a glória de Deus.
A primeira pessoa que aparece na narrativa, que abre o ciclo do ministério de
Jesus, é a sua mãe. Maria, que representa as novas comunidades, exorta a todos:
"Façam o que ele mandar.".
O primeiro milagre de Jesus foi realizado em Caná da Galiléia, numa festa de
casamento, por intercessão de Sua Mãe. Jesus manifestou o Seu poder
transformando a água no vinho que havia faltado naquela festa.
O evangelista afirma que ali Jesus deu início a uma série de sinais. O sinal de
Caná é o protótipo dos demais que se seguirão. Eles têm dupla finalidade:
1) Manifestar a glória de Jesus, isto é, fazer ver que Deus condensou nas
palavras e ações do Filho todo o seu projeto de amor fiel (1,14), desde o
início até a “hora” de Jesus (17,1). Jesus é a glória de Deus, ou seja, a
revelação e mediação últimas do amor sem limites de Deus;
2) Conferindo credibilidade a Jesus enquanto mediador do amor divino, os sinais
visam a suscitar a fé dos discípulos que acolhem Jesus e se comprometem
lealmente com ele: “seus discípulos acreditaram nele” (v. 11b).
Jesus manda encher as talhas com água. Assim ele passa a oferecer a nova
“purificação”, que não irá depender da Lei, pois as talhas não irão conter o
vinho novo (observe o que diz o v. 9b: “Os que serviam estavam sabendo, pois
foram eles que tiraram a água).
A
segunda ordem de Jesus: “Agora tirem e levem ao mestre-sala” (v. 8a) confere
sentido e valor ao casamento, isto é, ao relacionamento entre Deus e a humanidade.
Esse relacionamento íntimo tem como única razão de
ser o amor total e a fidelidade plena, representados pelo vinho novo e
abundante (mais de seiscentos litros!) que o Messias-esposo oferece.
Se
fizermos uma reflexão e procurarmos uma mensagem para a nossa vida iremos
reconhecer que só conseguimos provar do vinho melhor quando a festa já vai
adiantada e passamos pelos constrangimentos naturais da nossa incapacidade.
Muitas vezes, nós também, vivemos envolvidos com as nossas preocupações
terrenas, bebendo o “vinho” que nós próprios providenciamos e nos esquecemos de
que tem alguém que está atenta aos nossos sofrimentos, às nossas carências e
dificuldades. Aquele casal das Bodas de Caná nos dá um exemplo muito bom para
ser seguido por todos nós.
Não podemos deixar de convidar para as nossas “festas”, Jesus e Maria, a
intercessora. A certeza de que Jesus é o convidado principal da nossa
existência e que com Ele Maria se faz presente na “festa da nossa vida” é a
razão da nossa esperança diante das nossas carências.
Jesus também pode fazer na nossa vida o que fez em Caná da Galiléia:
transformar o pouco que temos em algo muito abundante e melhor que fará toda a
diferença.
Há dias em que para nós falta também o vinho da alegria, da paz, da saúde da
sobrevivência financeira e a festa começa a ficar desanimada parecendo até que
está chegando ao fim.
Nossa Senhora, atenta às nossas carências, escuta o nosso coração e vê a nossa
angústia. Como Mãe ela está sempre perto do Seu Filho Jesus, por isso a sua
intercessão é poderosa.
Ela é também nossa mãe, conhece a vontade do Seu filho para nós como também
sabe das nossas necessidades. Precisamos, porém, colocar as nossas talhas à
disposição do Mestre e como ela determinou, fazer tudo o que Ele nos disser.
Nossa Senhora é apenas a intermediadora. Quem nos dá as ordens é Jesus
e, se fizermos tudo quanto Ele nos disser com certeza, também a água que nós O
oferecermos será transformada no vinho melhor que irá alegrar a nossa vida,
mesmo que já estejamos quase chegando ao fim.
Qual é hoje o vinho que está faltando para a sua festa ser alegre? O que está
faltando na sua vida? – Peça a Maria com confiança e ela intercederá diante do
Seu Filho. A sua festa não irá terminar. Você tem feito tudo o que Jesus lhe diz?
Reflexão
Apostólica:
O
que seria desse milagre sem a intercessão de Maria? O que seria desse milagre
se os funcionários não a tivessem ouvido? O que seria desse milagre se não
tivessem enchido os potes até a boca?
Um milagre normalmente brota de algo que existe e poucas vezes ele surge do
nada, por isso a intercessão de Maria bem como a ação dos funcionários (ou
empregados) foi tão vital para que ele acontecesse.
O milagre poderia acontecer apenas com o toque de Deus, mas Deus
não se intromete nas questões humanas em respeito ao livre arbítrio.
Maria é a grande intercessora desse milagre, bem como de outras situações que
conhecemos ou já ouvimos, mas de que vale a sua intercessão se não acreditarmos?
Que vale a intercessão dos santos se não enchermos nossas talhas de fé,
tentando e acreditando, até o máximo da nossa capacidade?
O mundo hoje é tão cético e em alguns momentos devoto de tudo. Um povo que não
acredita em nada se choca com outro que acredita em tudo e no meio desses “dois
mundos” estão aqueles que têm fé.
Os céticos preferem não acreditar e depender do que conhecem, sabem, vêem e podem
controlar e explicar. Os que em tudo acreditam põem Deus num patamar idêntico
aos anjos, imagens, figuras, baguás, trevos, pés de coelho e elefantinhos
virados para porta, mas os que tem fé são aqueles que estão dispostos de
acreditar e AGIR.
O milagre que espero que aconteça precisa começar pela minha tentativa
insistente e resistente para que ocorra. É acreditar do fundo do coração que
aquilo dará certo, mesmo sabendo que nem tudo depende de nossa vontade; é
acreditar, sem saber o porquê e encher as talhas.
O milagre não surgirá do nada, será preciso bater na rocha e
acreditar que Deus estará à frente, mas por ventura ele não ocorrer, nunca
deixar de acreditar que mesmo assim Deus sempre esteve perto.
Jesus inicia seu trabalho em Caná, um trabalho que três anos depois o levaria
ao calvário e a nossa salvação pessoal. Desde que foi informada por Simeão no
templo que uma flecha transpassaria seu coração, será que Maria, que hoje é
lembrada sua aparição em Lourdes, não pedia em silêncio um milagre: que seu
filho não sofresse o martírio que viria ter? Por que não? Ela era sua mãe! Mas
algo fez Maria ser diferente: Sempre acreditou no projeto de Deus e que sua dor
seria premiada com um vinho novo e de melhor sabor. “Todos costumam servir primeiro o vinho bom
e, depois que os convidados já beberam muito, servem o vinho comum. Mas você
guardou até agora o melhor vinho.”.
Durante sua vida Maria sempre encheu suas talhas até a boca.
E nós? O quanto me empenho em acreditar e no que acredito?
Propósito:
Olhar para as necessidades ou carência de minha família,
de meus irmãos, de minha comunidade e da minha Igreja e fazer
de tudo o que estiver ao meu alcance para supri-las.
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