11 outubro - A questão do "dinheiro" já nos
deteve por demais inclinados para o baixo e é tempo de proclamar o “sursum corda”: corações ao alto. (L 158). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo
São Mateus 22,1-14
"De novo Jesus usou parábolas para falar ao povo. Ele disse:
- O Reino do Céu é como
um rei que preparou uma festa de casamento para seu filho. Depois mandou os
empregados chamarem os convidados, mas eles não quiseram vir. Então mandou
outros empregados com o seguinte recado: "Digam aos convidados que tudo
está preparado para a festa. Já matei os bezerros e os bois gordos, e tudo está
pronto. Que venham à festa!"
- Mas os convidados não
se importaram com o convite e foram tratar dos seus negócios: um foi para a sua
fazenda, e outro, para o seu armazém. Outros agarraram os empregados, bateram
neles e os mataram. O rei ficou com tanta raiva, que mandou matar aqueles
assassinos e queimar a cidade deles. Depois chamou os seus empregados e disse:
"A minha festa de casamento está pronta, mas os convidados não a mereciam.
Agora vão pelas ruas e convidem todas as pessoas que vocês encontrarem."
- Então os empregados
saíram pelas ruas e reuniram todos os que puderam encontrar, tanto bons como
maus. E o salão de festas ficou cheio de gente. Quando o rei entrou para ver os
convidados, notou um homem que não estava usando roupas de festa e perguntou:
"Amigo, como é que você entrou aqui sem roupas de festa?"
- Mas
o homem não respondeu nada. Então o rei disse aos empregados: "Amarrem os
pés e as mãos deste homem e o joguem fora, na escuridão. Ali ele vai chorar e
ranger os dentes de desespero."
E Jesus terminou,
dizendo:
- Pois muitos são
convidados, mas poucos são escolhidos."
Meditação:
Lendo detidamente as três leituras da liturgia de hoje (Is
25,6-10a e Fl 4,12-14.19-20), nos deparamos com um fio condutor que, seguindo a
imagem do banquete, nos permite saborear o gosto desta palavra que hoje tem
sabor de alimento, esse mesmo que escasseia em muitos lugares do terceiro mundo
e causa a morte de tantos.
O evangelho de hoje narra a parábola do banquete que se encontra em Mateus e em
Lucas, mas com diferenças significativas, marcadas pela perspectiva de cada
evangelista.
O cenário que leva os dois evangelistas a repetir esta parábola é o mesmo. Nas
comunidades dos primeiros cristãos, seja de Mateus seja de Lucas, continuava
bem vivo o problema da convivência entre judeus convertidos e pagãos convertidos.
Os judeus tinham normas antigas que lhes impediam de comer com os pagãos.
Também depois de terem entrado na comunidade cristã, muitos judeus mantinham o
costume antigo de não se sentarem na mesma mesa de um pagão.
Esta parábola das bodas, foi proferida por Jesus, em Jerusalém, em
sua última semana de vida sobre a terra. Essa última semana de vida de Jesus,
em Jerusalém, foi de conflito contra todos os líderes religiosos: sacerdotes,
escribas, fariseus, anciãos do povo. Na verdade, o mentor desta guerra contra
Jesus era Satanás que queria se opor ao Plano de Deus.
A comunidade de Mateus responde à pergunta “o que é o Reino de Deus?”. Ele nos
apresenta sua resposta a partir da imagem de um banquete de bodas, que se
realiza em uma cidade (v. 7: mandou matar os homicidas e ateou fogo em sua
cidade).
Na parábola das bodas, Jesus fala que o reino dos céus é semelhante a um certo
rei que celebrou as bodas de seu filho e enviou os seus servos a chamar os
convidados para as bodas. Estes, porém, não quiseram vir mesmo depois que o
chamado foi renovado, com a observação de que tudo já estava preparado.
Houve não só manifestação de indiferença como também até uso da
violência contra os servos do rei, alguns dos quais chegaram a ser mortos.
O rei, então, enfurecido, mandou seus exércitos, destruiu os
homicidas e incendiou a cidade, tendo, então, chamado pessoas de fora dos
limites da cidade para participar das bodas, sendo, então, recolhidos bons e
maus.
Com a festa nupcial cheia de convidados, o rei foi observar os convidados e
encontrou um homem sem trajes nupciais que, depois de interrogado e nada ter
dito, foi lançado às trevas exteriores, onde há pranto e ranger de dentes.
Por isso, concluiu Jesus, muitos são chamados e poucos, escolhidos. Esta
afirmação de Cristo deve ser verificada dentro do contexto da parábola.
O rei chamou muita gente, mas aqueles que atenderam ao seu
convite e participaram efetivamente da festa foram poucos, em relação à
população convidada.
Havia muita gente no banquete, mas esta muita gente era pouca em relação aos
que haviam sido convidados. Do mesmo modo, os salvos são poucos em relação a
toda a humanidade, que foi convidada para a salvação.
O chamado é para todos, mas os escolhidos, ou seja, aqueles que atenderam ao
chamado e se trajaram convenientemente, são poucos.
Vemos, pois, que, ao contrário do que dizem alguns, este texto, ao
invés de ser base para a doutrina da predestinação, confirma que a escolha é
resultado do exercício do livre-arbítrio dos salvos.
De diversas maneiras o Senhor tem insistido conosco e, se não atendemos ao seu
chamado, corremos o risco de que chegue o dia em que talvez nem tenhamos mais
chance de sermos convidados.
Outros ocuparão o nosso lugar. Porém, para atender ao convite do Senhor, não
nos basta apenas ir e estar presente. Teremos, ao mesmo tempo, de assimilar a
mentalidade do Evangelho, vestir a veste branca dos ensinamentos do Senhor,
porque do contrário, destoaremos. Precisamos assumir de coração o nosso lugar na
festa.
Quantas pessoas nós encontramos no meio da comunidade ou da Igreja que
teimam em não acolher os mandamentos de Deus e têm a sua concepção própria
servindo muitas vezes de pedra
de tropeço para outros que desejam seguir as práticas evangélicas.
Neste caso, apesar de estarmos presentes de “corpo” poderemos ser enxotados e
não haver mais lugar para nós dentro do reino.
Quando aceitamos o convite de Jesus para participar do Seu reino precisamos
nos desvencilhar de todos os nossos conceitos
e preconceitos e nos deixar guiar pelo Espírito Santo que
nos revestirá com a veste da santidade de Deus.
Será que você também não é como este homem da veste diferente que a todo
momento se posiciona contrário e dá testemunho falso dentro da sua família ou
comunidade?
Perceba como são as suas reações e veja se você precisa se
emendar. Porque a festa das Bodas do Cordeiro não deixará de ser realizada se
eu, ou você, recusarmos o convite para fazer a Obra de Deus.
Na Igreja, ninguém, mas ninguém mesmo é insubstituível. Nem
Moisés foi considerado insubstituível, até mesmo no momento em que mais Israel
precisava dele, que era a conquista de Canaã.
Os propósitos de Deus não são frustrados - Pela Bíblia sabemos que Deus tem um
plano, elaborado. E Ele trabalha de acordo com esse plano, zelando pelo seu
fiel cumprimento; sabemos que Deus remove todo e qualquer obstáculo que tentar
impedir a realização do seu plano, bem como substitui toda e qualquer pessoa,
grupos, povos, nações, denominações evangélicas, que se recusarem a colaborar
para a realização de seu plano.
Na parábola das bodas, o rei não adiou, e não cancelou a festa das bodas de seu
filho, devido a recusa de seus convidados, os quais, segundo ele, não eram
dignos.
No dia determinado a festa nupcial ficou cheia de convidados. Os que rejeitaram
o convite ficaram de fora, perderam a oportunidade que lhes fora oferecida;
outros convidados ocuparam seus lugares, e a festa se realizou.
Nós não somos
insubstituíveis, seja qual for o trabalho que estamos fazendo. Se nós
recusarmos, Deus levantará outros, porque nada e nem ninguém poderá impedir a
realização do seu plano.
A festa das Bodas do Cordeiro não deixará de ser realizada se eu, ou você,
recusarmos o convite para fazer a obra de Deus. Na Igreja, ninguém, mas ninguém
mesmo, é insubstituível.
Apesar de tudo que foi dito, cabe-nos assumir a “objeção à
totalidade” que muitos ouvintes e pessoas cultas e com verdadeira sensibilidade
para os problemas atuais, vão sentir diante do texto do evangelho e diante da
cosmovisão teológica a qual lançamos mão para explicá-la e aplicá-la.
A sensação certa, ainda em muitos que não se consiga
expressar com nitidez, é que este tipo de metáforas globais são profundamente
inadequadas, estão gastas e ultrapassadas e não somente não dizem
nada (por isso precisam de tanta explicação) como também se tornam
ininteligíveis e até produzem rejeição. Como afirma a teóloga Sally McFague:
"são metáforas não somente obsoletas, mas perniciosas".
Com toda probabilidade, Jesus já não as usaria hoje, e ficaria
pasmo de ver muitos domingos dando volta em torno delas, querendo dar vida a
uma simbologia e uma doutrina que estão mortas.
É interessante perceber como o Evangelho coloca as trevas no lado
de fora do banquete, da comunidade, da Igreja... A partir desta historia, que
tem como eixo central expressões: a realidade do Reino de Deus, os convidados,
a presidência do banquete, seria bom o questionamento: a que grupo de
convidados nos assemelhamos? Que atitude assumimos diante do convite para
participar do Reino? Somos sensíveis diante do conflito reino / anti-reino?
Estamos preparados (vestidos de festa) para assumir as exigências do Reino?
Reflexão Apostólica:
Hoje refletimos sobre a terceiro parábola de uma trilogia
sobre a rejeição ou a aceitação do convite ao Reino de Deus e às suas obras – a
dos dois filhos (21, 28-32), da vinha (21, 33-44) e a de hoje – as bodas
(22,1-14).
Mais uma vez, as palavras de Jesus se dirigem aos chefes dos sacerdotes e
anciãos – ou seja, aos que dominavam o sistema religioso vigente que oprimia o
povo de Israel.
A imagem usada é de uma festa oriental de casamento – do filho de um rei. Mas
no texto de hoje a ênfase não cai no filho, mas na atitude dos convidados.
Cumpre lembrar que muitas vezes na Bíblia a festa de bodas é símbolo da união
alegre e definitiva de Deus como o seu povo.
Os convidados que não dão valor ao convite são aqueles que se apegam ao sistema
opressor para defender os seus próprios privilégios, e assim rejeitam a mensagem
libertadora da “justiça do Reino” de Jesus, mesmo que isso implicasse no
assassinato de profetas.
O versículo 7 é provavelmente um acréscimo feito depois da destruição de
Jerusalém pelos Romanos no ano 70 d.C. quando a parábola teria recebido a sua
forma definitiva. O texto correspondente de Lucas não traz esse detalhe.
O Novo Povo de Deus será aberto a todos que foram marginalizados pelo sistema
antigo, dominado pelos sumos sacerdotes e anciãos.
Esse é o significado de ir aos cruzamentos dos caminhos, onde se conglomeravam
os marginalizados e rejeitados. Todos são convidados para o banquete do Reino –
bons e maus.
Assim, o texto enfatiza a misericórdia de Deus que congrega na sua comunidade
não somente os “bons”, mas também os pecadores.
De novo o texto nos traz uma advertência contra a complacência – quem não tem o
traje de festa será expulso da festa messiânica. Esse traje é o da “justiça”,
tema tão caro a Mateus. Não basta ser convidado – temos que responder com as
obras da justiça do Reino.
O convite é universal, mas exigente – urge a conversão de todos. Como os
antigos chefes perderam o seu lugar no banquete do Reino, nós também poderemos
sofrer o mesmo destino, se não procurarmos vivenciar os valores do Reino, com
as suas obras de justiça e solidariedade.
O último versículo, “porque muitos são chamados, e poucos são escolhidos,” nos
adverte que muitos são chamados, mas que nem todos perseveram, e assim perdem o
seu lugar.
Não é preciso dizer que, mesmo em nossa era democrática, não se entra na
presença da realeza negligentemente. Precisa-se ser treinado nas conveniências
da roupa e da conduta.
Isto é muitas vezes mais verdadeiro para aqueles que se propõem ficar na
presença do Deus vivo. Precisa-se vestir o espírito submisso do temor reverente
para se propor comer pão no reino celestial.
Podemos, na verdade, não ser capazes de apresentar-lhe a vida sem pecado que
ele verdadeiramente merece, mas o mais pobre de nós é absolutamente capaz de
levar uma devoção de mente sincera e obediente.
É verdade que em sua misericórdia Deus vestiu seu povo com uma justiça que não
é deles mesmos, mas há uma atitude de coração que só nós podemos atingir.
Na sua linguagem, o apóstolo Paulo diz: “Revesti-vos, pois, como eleitos de
Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de
humildade, de mansidão e de longanimidade” (Cl 3,12). Tal espírito cresce da
percepção de que estamos sempre na presença do grande Rei e precisamos estar
vestidos para a ocasião.
Quais são as pessoas que normalmente são convidadas às nossas festas? Por que?
Quais são as pessoas que não são convidadas às nossas festas? Por que? • Quais
são os motivos que hoje limitam a participação de muitas pessoas na sociedade e
na Igreja? Quais são os motivos que certas pessoas alegam para se excluir do
dever de participar da comunidade? São motivos justos?
Propósito:
Ó Deus,
mistério insondável que intuímos no fundo e no mais além do Ser e da Vida, ao
qual costumamos imaginar como Pai: Origem, Fonte, Começo... Nós nos alegramos
hoje com Jesus ao imaginar como quem convidou a todos os seres humanos para o
banquete da vida, à festa das bodas do amor... Sustenta nossa alegria e nossa
esperança, para que como nos diz Jesus, consideremos nossa vida toda, um convite
à alegria, uma participação na Festa da Vida. Nós te pedimos, inspirados e
movidos por Jesus, filho teu e irmão nosso.
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