09 outubro - A maior parte das nossas ações perde o seu fruto por causa da complicação dos elementos que concorrem para a sua formação. (L 76). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 11,15-26
"A multidão ficou admirada, mas alguns disseram:
- É Belzebu, o chefe dos demônios, que dá poder a este homem para expulsar demônios.
Outros, querendo conseguir alguma prova contra Jesus, pediam que ele fizesse um milagre para mostrar que o seu poder vinha de Deus. Mas Jesus, conhecendo os pensamentos deles, disse:
- O país que se divide em grupos que lutam entre si certamente será destruído; a família que se divide em grupos que lutam entre si também será destruída. Se o reino de Satanás tem grupos que lutam entre si, como continuará a existir? Vocês dizem que é Belzebu que me dá poder para expulsar demônios. Mas, se é assim, quem dá aos seguidores de vocês o poder para expulsar demônios? Assim, os seus próprios seguidores provam que vocês estão completamente enganados. Na verdade, é pelo poder de Deus que eu expulso demônios, e isso prova que o Reino de Deus já chegou até vocês.
- Quando um homem forte e bem armado guarda a sua própria casa, tudo o que ele tem está seguro. Mas, quando um homem mais forte o ataca e vence, leva todas as armas em que o outro confiava e reparte tudo o que tomou dele.
- Quem não é a meu favor é contra mim; e quem não me ajuda a ajuntar está espalhando.
Jesus continuou:
- Quando um espírito mau sai de alguém, anda por lugares sem água, procurando onde descansar, mas não encontra. Então diz: "Vou voltar para a minha casa, de onde saí." Aí volta e encontra a casa varrida e arrumada. Depois sai e vai buscar outros sete espíritos piores ainda, e todos ficam morando ali. Assim a situação daquela pessoa fica pior do que antes."
Meditação:
O evangelho de hoje
traz uma longa discussão em torno da expulsão de um demônio mudo que Jesus
acabava de realizar diante do povo.
Jesus estava expulsando demônios. Diante deste fato bem visível, realizado
diante de todos, houve três reações diferentes: O povo ficou admirado,
aplaudiu. Outros diziam: "É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele
expulsa os demônios". O evangelho de Marcos informa que se tratava dos
escribas que tinham vindo de Jerusalém para controlar a atividade de Jesus (Mc
3,22). Outros ainda pediam um sinal do céu, pois não se convenceram diante do
sinal tão evidente da expulsão realizada diante de todo o povo.
A cura do
endemoninhado mostra que a ação de Jesus consiste em libertar o homem da
alienação que o impede de falar. A ação de Jesus testemunha a chegada do Reino
de Deus, pois para vencer Satanás é preciso ser mais forte do que ele. Mas
Jesus é, ao mesmo tempo, a presença da salvação e do julgamento: quem não age
com Jesus, torna-se adversário.
Jesus expulsa os demônios com a
força de Deus. O “dedo de Deus” é símbolo de sua força. Quando Moisés provocou
as pragas do Egito, diziam os adivinhos dos egípcios: “O dedo de Deus está
aqui” (Êxodo 8,15).
Para Deus, basta mover seu dedo
para que surjam obras imponentes. O céu é obra dos dedos de Deus (Salmo 8,4). O
triunfo sobre o domínio de Satã com o poder de Deus que age em Jesus, mostra
que já chegou o reino de Deus, embora ainda não se tenha desenvolvido
plenamente. Já se inaugurou o tempo da salvação. O reino de Deus já obteve a
vitória sobre o de Satã. Disso são sinais as expulsões de demônios.
O combate messiânico leva cada um
a optar por Cristo ou contra ele. Não se tolera neutralidade. Tomar partido é
inevitável. O demônio expulso se comporta como um homem que foi tirado de sua
casa. O relato tem caráter de parábola.
O que escapou do senhorio de Satã,
nem por isso deve pensar que é inexpugnável e completamente seguro. O estado
final de uma pessoa que se converteu, se não persevera como tal, pode ser pior
que o anterior à conversão.
Não podemos nos deixar
dividir porque assim estaremos trabalhando contra nós mesmos. Por isso, Jesus
hoje nos adverte: “todo reino dividido contra si mesmo será destruído”. Por
mais segurança que tenhamos na realização de um projeto, tudo poderá ruir se
permitirmos que haja divisões entre aqueles que o executam.
Isto vale para todos os
empreendimentos da nossa vida: familiares, sociais, espirituais. O homem foi
feito para ter relacionamentos saudáveis. Aquele, que está em paz com os seus
irmãos e irmãs está em paz com Deus e consigo mesmo.
Precisamos estar atentos às nossas
ações para sabermos a quem estamos servindo. Podemos dizer que estamos fazendo
alguma coisa em Nome de Deus e na realidade, estarmos servindo ao demônio.
Tudo o que fizermos para o bem do
próximo, de coração e por amor a Deus, com certeza, estaremos fazendo em função
do reino dos céus. Mas, aquilo que fizermos em função de nós mesmos ou para
atender apenas aos nossos interesses egoístas, estará passível de fracasso e
corre o risco de que chegue alguém mais forte do que nós e apanhe o que
possuímos para dividir com outros e assim o nosso reino estará destruído.
O reino de Deus chega para quem
está com Jesus e segue os Seus ensinamentos. O homem precisa ter o seu
pensamento e a sua mente, ocupados com as coisas de Deus.
Não podemos aceitar ficar vagando
no nada, porque assim estaremos deixando a casa arrumada para que o mal se
estabeleça. Jesus diz que quem acredita que é pelo dedo de Deus que Ele faz os
milagres, esse tem fé e o reino dos céus chegou para ele.
Estar com Jesus é deixar-se guiar
completamente pelos Seus ensinamentos através do poder do Espírito e não
permitir a intrusão de qualquer idéia ou pensamento que venha do inimigo.
Em nome de quem você tenta fazer
as coisas? Você não tem se equivocado nos seus projetos pensando que é
pelo dedo de Deus que você quer conseguir as coisas? - Existe dentro de você
algo que possa estar dividindo o seu modo de pensar com Deus ou com o inimigo
de Deus? Você se sente interiormente preenchido pelo poder do
Espírito Santo? Com que você tem alimentado o seu espírito?
Hoje, o evangelho fala-nos da luta
entre Jesus e o demônio, uma luta que se trava no mais íntimo do homem. Nós
sabemos que fomos libertados do pecado e do demônio pela graça de Deus e pelo
Batismo e, no decurso da vida, pelo sacramento da Reconciliação. Mas
observa-se, nos nossos dias, tantas vezes fortemente críticos e até agressivos
a tudo o que tenha a ver com o sobrenatural, a um renascer de crenças no mundo
dos demônios.
Vão até surgindo, por aqui e por
ali, grupos que se dedicam a práticas satânicas. Há quem cultive inúteis medos
e quem, pura e simplesmente, ironize sobre o tema. Mas temos a certeza de que
«pela mão de Deus» (Lc 11, 20), isto é, pelo poder do Altíssimo, Jesus, vivo na
Palavra e nas realidades sacramentais da Igreja, continua a alcançar vitória
sobre o Maligno. Quem estiver da parte de Cristo, e viver unido a Ele, nada tem
a temer. Satanás está «bem armado», mas Deus é bem «mais forte» (Lc 11, 23).
Só pela fé e pela
oração, expressão da nossa fé, podemos resistir-lhe. Acreditar que Jesus
aceitou tornar-se «maldição suspensa no madeiro da cruz» (cf. Gl 3, 13), e
pedir a graça de ser por Ele fortificados e salvos, é a nossa garantia. «Agora
é que o dominador deste mundo vai ser lançado fora», disse Jesus. «Quando for
levantado da terra, atrairei todos a mim» (Jo 12, 31-32).
É, pois, fixando o
olhar em Cristo, crucificado e ressuscitado, que veremos abrirem-se para nós
horizontes de paz. Pelo contrário, todas as nossas obras, que não sejam
vivificadas e fortalecidas pelo Espírito, por meio da fé, tornam-se terreno
propício para as artes do Maligno.
Num mundo que nos
enche de angústias e nos torna muitas vezes pessimistas, porque nos parece que
“tudo... jaz sob o poder do Maligno” (1 Jo 5, 19), Cristo, “Homem novo” (Ef 4,
24) dá-nos coragem, ilumina-nos, pacifica-nos e dá-nos alegria (cf. Jo 20,
20-21), porque n´Ele, “apesar do pecado, dos fracassos e da injustiça, a
redenção é possível, oferecida e já está presente.
Reflexão Apostólica:
O primeiro impacto
que a ação de Jesus causava no povo era a expulsão dos demônios: “Até mesmo aos
espíritos impuros ele dá ordens e eles lhe obedecem!” (Mc 1,27).
Uma das principais
causas da briga de Jesus com os escribas era a expulsão dos demônios. Eles o
caluniavam dizendo: “Ele está possuído por Belzebu! É pelo príncipe dos
demônios que ele expulsa os demônios!” O primeiro poder que os apóstolos
receberam quando foram enviados em missão foi o poder de expulsar os demônios:
“Deu-lhes poder sobre os espíritos maus” (Mc 6,7).
O primeiro sinal
que acompanha o anúncio da ressurreição é a expulsão dos demônios: “Os sinais
que acompanharão aqueles que acreditarem são estes: expulsarão demônios em meu
nome!” (Mc 16,17). A expulsão dos demônios era o que mais chamava a atenção do
povo (Mc 1,27). Ela atingia o centro da Boa Nova do Reino. Por meio dela Jesus
devolvia as pessoas a si mesmas. Devolvia-lhes o juízo, a consciência (Mc
5,15).
É sobretudo o
evangelho de Marcos, do começo ao fim, com palavras quase iguais, repete sem
parar a mesma mensagem: “E Jesus expulsava os demônios!” (Mc 1,26.34.39;
3,11-12.22.30; 5,1-20; 6,7.13; 7,25-29; 9,25-27.38; 16,17). Parece um refrão
que sempre volta.
Hoje, em vez de
usar sempre as mesmas palavras usaríamos palavras diferentes para transmitir a
mesma mensagem e diríamos: “O poder do mal, o Satanás, que mete tanto medo no
povo, Jesus o venceu, dominou, amarrou, destronou, derrotou, expulsou,
eliminou, exterminou, aniquilou, abateu, destruiu e matou!”
O Demônio pode ser
«como um leão que ruge, procurando a quem devorar» (1 Pe 5, 8), mas é sempre
uma criatura que a «mão de Deus» verga e parte como uma palhinha. Belzebu é o
desesperado por excelência, que «anda por lugares áridos» e não encontra paz
(Lc 11, 24); assim, a sua estratégia de «macaco de Deus» - como lhe chamam os
antigos Padres – é tornarmos semelhante a ele. Mas Deus torna o homem
semelhante ao seu ser amor e alegria; Satanás, se não consegue tornar-nos
desesperados como ele, faz o possível para nos fazer desanimar. Pela morte e
pela ressurreição de Jesus, perdeu a guerra, mas ainda pode vencer essa
batalha.
O que o Evangelho
nos quer dizer é isto: “Ao cristão é proibido ter medo de Satanás!” Pela sua
ressurreição e pela sua ação libertadora, Jesus afasta de nós o medo de
Satanás, cria liberdade no coração, firmeza na ação e esperança no horizonte!
Devemos caminhar na Estrada de Jesus com sabor de vitória sobre o poder do mal!
Estejamos, então, atentos à casa do nosso coração! Ainda que «varrida e
arrumada», não deixa de ser atacada por Satanás e seus sequazes.
Propósito:
Pai, afasta de meu
coração todos os preconceitos que me impedem de acolher Jesus Cristo como teu
enviado para trazer ao mundo a salvação e a libertação.
++++
Meio de salvação
dos mais poderosos e eficazes nos é oferecido pela Divina Providência contra
Satanás e seus sequazes, que procuram perder as almas. O Santo Rosário é arma
poderosa. Emprega-a com confiança e te maravilharás do resultado.
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