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Peçamos ao Senhor que nos ilumine para fazermos a sua Vontade. (L 194). São
Jose Marello
Domingo 24 de abril de 2016
Quinto domingo de Páscoa
Quinto domingo de Páscoa
Evangelho de Domingo, João 13, 31-35 – A Despedida
A
Despedida
A PALAVRA
Evangelho:
João 13, 31-35
– Naquele tempo, 31Logo
que Judas saiu, Jesus disse: Agora é glorificado o Filho do Homem, e Deus é
glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, também Deus o
glorificará em si mesmo, e o glorificará em breve. 33Filhinhos
meus, por um pouco apenas ainda estou convosco. Vós me haveis de procurar, mas
como disse aos judeus, também vos digo agora a vós: para onde eu vou, vós não
podeis ir. 34Dou-vos um novo mandamento: Amai-vos uns aos
outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos
outros. 35Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se
vos amardes uns aos outros.
A MENSAGEM
Na
Liturgia desses domingos de Páscoa, podemos perceber a preocupação de Cristo em
formar a sua Igreja, que continuará a obra de salvação iniciada por ele: As
aparições no Cenáculo e na pesca milagrosa… A imagem do Rebanho, do qual Cristo
é o Bom Pastor… Hoje nos fala do espírito que deve animar a nova Comunidade: O
AMOR MÚTUO.
A 1a Leitura mostra
o final da 1a viagem missionária de Paulo e Barnabé,
na qual fundaram e organizaram novas comunidades cristãs. (At 14,21b-27) Nela
podemos notar três elementos: O Anúncio da Palavra até os
confins da terra: anunciar o seu amor e o seu desejo de salvação para toda
a humanidade. Os Conflitos são superados: Os sofrimentos são
indispensáveis para entrar no Reino, mas confirmam a autenticidade da mensagem
e possibilitam sentir a presença de Deus na caminhada da comunidade. A
Organização das Comunidades: Paulo cria uma Instituição de Dirigentes
(“Presbíteros”), que aparecem aqui pela primeira vez fora da Igreja de
Jerusalém.
É um ministério para administrar, vigiar e defender a comunidade. A
Comunidade não existe para servir quem preside; quem preside é que existe em
função da comunidade e do serviço comunitário… Paulo escolhe diretamente, após
uma preparação de oração e jejum… O Salmo é um canto de louvor
a Deus pois é “bom e compassivo com todas as criaturas”. (Sl 145)
A 2ª Leitura mostra
o rosto final dessa Comunidade de chamados a viver no amor. (Ap 21.1-5a) O
autor sonha com um novo céu e uma nova terra. Deus veio morar conosco. Cabe à
Comunidade cristã transformar a Babilônia em que vivemos em nova Jerusalém. A
Comunidade cristã deve ser um anúncio dessa comunidade escatológica, dessa
“noiva” bela, que caminha com amor ao encontro do Amado (Deus).
No Evangelho, Jesus, ao
se despedir dos discípulos, deixa em testamento à comunidade o “MANDAMENTO
NOVO: “Amai-vos uns aos outros, COMO eu vos amei”. (Jo 13,31-33a.34-35) Essas
palavras soam como um testamento final de uma vida feita amor e partilha. O
Mandamento do amor deve ser o Estatuto da Comunidade cristã. O
AMOR MÚTUO: É SINAL da presença de Jesus na comunidade cristã.
Jesus continua sua presença e sua ação no amor mútuo dos discípulos. É
o DISTINTIVO do verdadeiro cristão: “Nisto conhecerão todos que sois meus
discípulos, se tiverdes amor uns para com os outros”. É um MANDAMENTO
NOVO: MANDAMENTO: não é apenas um conselho… convite… NOVO: Onde está a
novidade? “Amar o próximo como a si mesmo” já existia no Antigo Testamento (Lev
19,18). A novidade está na medida desse amor: “Como EUvos tenho amado…”
O amor de que Jesus fala é o amor que acolhe, que se faz serviço, que respeita
a dignidade e a liberdade do outro, que não discrimina nem marginaliza, que se
faz dom total (até à morte) para que o outro tenha mais vida. É este o amor que
vivemos e que partilhamos? Neste ponto, a comunidade cristã se apresenta hoje
como um alternativa à visão de sociedade, que continua baseada na
competição, no poder do dinheiro, mesmo à custa das lágrimas dos pobres, das
angústias e do sangue dos humildes.
Ela
deve testemunhar com gestos concretos o amor de Deus; deve demonstrar que a
utopia é possível
e
que os homens podem ser irmãos. É esse o nosso testemunho de comunidade cristã
ou religiosa? O Distintivo da Nova Comunidade: Os discípulos
de Jesus não são os depositários de uma doutrina, ou de uma ideologia, ou os
observadores de leis, ou os fiéis cumpridores de ritos: Mas são aqueles que,
pelo amor mútuo, vão ser um sinal vivo do Deus que ama. A proposta cristã
resume-se no amor. O amor é o distintivo, que nos identifica; quem não vive o
amor, não integra a comunidade de Jesus. O amor mútuo é a síntese de toda a Lei
da Nova Aliança, é o estatuto que fundamenta a Comunidade cristã. A nossa
religião é a religião do amor, ou é a religião das leis, das exigências, dos
ritos externos? Em nossos gestos, as pessoas descobrem a presença do Amor de
Deus no Mundo? Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa -28.04.2013
AMAR
COMO JESUS AMOU
O contexto do Evangelho deste V
Domingo da Páscoa é aquele da Última Ceia. Depois que Jesus anuncia a traição
de Judas, este deixa o cenáculo, e, daí em diante, seguem-se a prisão, a
condenação e a morte de Jesus. Depois disso, Judas se perde numa grande
escuridão a ponto de não encontrar saída, e se desespera.
Jesus, por sua vez, começa a falar de
glorificação, de revelação no esplendor da luz. É da morte, pela qual deveria
ser destruído, que ele ressurge como luz para o mundo.
Esta luz irradia a hora da despedida, momento difícil para os discípulos. Somente nesta passagem, Jesus se dirige a eles com o diminutivo: “filhinhos”, uma expressão de amor, de cuidado. Até aquele momento, Jesus está com seus discípulos e os protege. Agora, ele terá que morrer. Os discípulos não o seguirão na sua morte nem na sua glória; por isso, Jesus os prepara para este período de separação: “por pouco tempo ainda estou convosco”.
Com o mandamento: “amai-vos uns aos
outros. Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros”,
Jesus mostra aos discípulos o modo como ele continuará a estar presente no meio
deles e determina como devem se comportar. Estes devem se orientar pelo amor que
receberam de Jesus, e este amor em cada um deve representar para o outro o
próprio amor de Jesus, aceitando o outro como ele é, ajudando-o, prestando
atenção às suas necessidades, exatamente como fazia Jesus.
A palavra que frequentemente aparece
nas leituras bíblicas deste domingo e que constitui o ponto determinante do
mandamento de Jesus é o adjetivo “novo”. João diz: “vi um novo céu e uma nova
terra... a nova Jerusalém”; o próprio Deus diz: “Eis que eu faço novas todas as
coisas”; finalmente, Jesus diz: “vos dou um novo mandamento”.
Mas, enfim, em que consiste a
novidade deste mandamento, se este era conhecido desde o AT e por que Jesus o
declara como “seu”?
Porque só agora, com ele, este
mandamento torna-se possível. Antes, as pessoas se amavam porque eram parentes,
aliadas, amigas, membros de uma mesma tribo, isto é, se amavam por alguma coisa
que as unia entre si, separando-as de outras pessoas. Agora, é necessário ir
mais além: amar quem nos persegue, amar os inimigos, aqueles que não nos amam.
Amar o irmão pelo bem dele mesmo e não por aquilo que ele pode me oferecer. É a
palavra “próximo” que muda de conteúdo; esta compreende não somente quem está
perto, mas qualquer pessoa, a qual, devemos torná-la próxima.
O mandamento de Cristo é novo pelo
seu conteúdo, e mais ainda pela sua possibilidade. Jesus viveu o amor até as
últimas consequências: até o ponto de nos perdoar e morrer por nós. Amando-nos,
Jesus nos redimiu: tornou-nos filhos do mesmo Pai e irmãos, pelo qual devemos e
podemos nos amar.
Há um motivo pelo qual cada um de
nós, qualquer que seja a sua situação, pode e deve ser amado: o motivo é que
somos amados por Deus e ele quer nos salvar. O motivo não é o da aparência:
beleza, simpatia, juventude, mas a realidade “nova” criada por Cristo. Por essa
razão, este amor novo encontra a sua manifestação mais autêntica não no
cumprimentar quem nos cumprimenta, nem no convidar quem nos convida, mas no
amar quem tem menos motivos para ser amado: o excluído, e principalmente, o
inimigo, porque neste caso é claro que não se ama o irmão por aquilo que ele
tem ou pode nos dar, mas somente por aquilo que ele é aos olhos da fé.
O mandamento de Cristo é “novo”
porque renova, é capaz de mudar a face da terra, de transformar as relações
humanas. Como o mundo tem necessidade deste amor? Nos vários problemas que
assolam o mundo em que vivemos é natural ficar se lamentando, apontando o dedo
sobre qualquer forma de ódio, violência e maldade. Mas isto não serve para
nada, apenas para continuarmos no mesmo lugar onde estamos. Acredito firmemente
que cada um de nós pode viver e oferecer a este nosso mundo um pouco de amor,
gestos de amor, de justiça, de verdade, de paz: se nos unirmos a tantos outros
podemos contribuir para a transformação de tantas coisas.
Lembremo-nos que
seremos conhecidos como discípulos de Jesus pelo nosso amor para com o próximo
e a medida deste amor é o modo como ele amou.
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