15 abril - Rezemos muito e de coração, rezemos
mesmo sem sentir gosto, rezemos inclusive na aridez de espírito! Rezemos ao bom
Deus para que nos ensine a amá-lo e que ponha, finalmente, um termo à nossa
falta de fervor. (L 33). SÃO JOSE MARELLO
João 6,52-59
"Os judeus discutiam entre si: "Como
é que ele pode dar a sua carne a comer?" Jesus disse: "Em verdade, em
verdade, vos digo: se não comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o
seu sangue, não tereis a vida em
vós. Quem se alimenta com a minha carne e bebe o meu sangue
tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Pois minha carne é
verdadeira comida e meu sangue é verdadeira bebida. Quem se alimenta com a
minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim, e eu nele. Como o Pai, que
vive, me enviou, e eu vivo por meio do Pai, assim aquele que de mim se alimenta
viverá por meio de mim. Este é o pão que desceu do céu. Não é como aquele que
os vossos pais comeram - e no entanto morreram. Quem se alimenta com este pão
viverá para sempre". Jesus falou estas coisas ensinando na sinagoga, em
Cafarnaúm."
Meditação:
O
diálogo de Jesus com os judeus acerca do pão da vida vai ganhando um tom cada
vez mais intenso; quando ele lhes fala do pão de vida eterna eles pedem:
“Senhor, dai-nos sempre desse pão”; ao contrário, Jesus vai explicitando do que
se trata, e pouco a pouco seus ouvintes vão vendo com mais clareza o que Jesus
lhes oferece.
O
evangelista incute na comunidade a necessidade de escutar Jesus, com mente e
coração dispostos, aceitar sua mensagem e a se deixar transformar por ele.
Comer e beber o corpo e o sangue de Jesus é aceitar sua humanidade, mas ao
mesmo tempo é aceitar que nessa humanidade completa, está se manifestando a
presença de Deus; quer dizer, que Jesus encarna em sua dimensão humana a
vontade e o querer de Deus.
Não é possível aceitar em Jesus somente uma dimensão, pois Ele não é divisível; temos que aceitá-lo em sua integridade, “comê-lo” completamente, para poder também ser capazes de transparecer no mundo o plano salvífico de Deus, à maneira de Jesus.
Não é possível aceitar em Jesus somente uma dimensão, pois Ele não é divisível; temos que aceitá-lo em sua integridade, “comê-lo” completamente, para poder também ser capazes de transparecer no mundo o plano salvífico de Deus, à maneira de Jesus.
Comer
a carne e beber o sangue de Jesus é alimentar-se Dele na Sua Palavra, na
Eucaristia, na oração, na adoração vivendo a vida que Deus nos preparou.
Assim
sendo, nós vamos nos transfigurando e aos poucos nos tornamos parecidos (as)
com Jesus. Jesus vai tomando conta do nosso ser a partir do nosso interior, por
isso, vamos sendo ressuscitados pela Sua presença viva no nosso coração.
Não
há mais morte, não há mais sombra, não há mais dúvida. Quem se alimenta de Jesus
sente a transformação dos seus pensamentos, sentimentos e ações e percebe a
cada dia que algo novo acontece dentro de si.
As
coisas materiais não têm mais tanto sentido, pois o nosso organismo espiritual
já sustenta a nossa humanidade. A carne e o sangue de Jesus são o alimento que
vem do céu para nos conduzir ao céu. É o sustento da nossa alma!
Por
mais que materialmente nos alimentemos bem, se não comungarmos da Palavra e da
Eucaristia, seremos sempre pessoas fracas, confusas, desestruturadas para o
combate da vida.
Se
comungarmos o Corpo e o Sangue de Cristo, ficaremos semelhantes a Ele. Nós
somos aquilo que comemos, e se nos alimentamos do Corpo e do Sangue de Cristo,
nós ficaremos semelhantes a Ele porque Ele vem habitar em nós.
Pela
Eucaristia nós passamos a pertencer a Nosso Senhor e Ele passa a viver em nós. Para termos esta
santa intimidade precisamos nos alimentar literalmente do Corpo e do Sangue de
Jesus. “A minha carne é verdadeiramente uma comida. O meu sangue
verdadeiramente uma bebida”. Ele jamais diz: “a minha carne e o meu sangue são
simbolicamente uma comida e bebida”.
Passamos
a pertencer a Nosso Senhor e Ele torna-se o dono da nossa vida e nos
ressuscitará no momento preciso. “Por meio da Eucaristia Jesus continua
presente entre nós. Como discípulos ele nos conduz ao Pai e nos garante a vida
eterna e feliz ao seu lado”.
Você
tem se alimentado com o Corpo de Jesus? Você tem a Bíblia como o próprio
Jesus, O Verbo Encarnado? Quando você adora a Jesus Sacramentado, você tem
consciência de que ali está o Corpo e o Sangue de Jesus? Qual é o efeito
que este pensamento provoca em você? Experimente adorá-lo assim! Perceba a
diferença.
Reflexão Apostólica:
O
que mais chama atenção no Evangelho de hoje é a insistência de Jesus em dizer
que Ele é o Pão da Vida. Nos 6 versículos em que Jesus falou, Ele
insiste em dizer que é o Pão da Vida, quem comer viverá eternamente, e quem não
comer não terá vida.
Os
judeus que ouviram essas palavras ficaram escandalizados, pois entenderam como
se Jesus estivesse incentivando o canibalismo dEle próprio.
Em
momento algum dos Evangelhos, nós vimos Pedro ou qualquer outro dos
discípulos tentarem dar uma mordida em Jesus. E quando eu me refiro a Pedro,
especificamente, é porque ele foi o discípulo que sempre tomou as iniciativas
(p. ex. na passagem da transfiguração de Jesus, ou no Lava-pés).
Tal
idéia de tentar comer a carne de Jesus Homem foi, até para os discípulos, algo
que era difícil de entender. Como conceber a idéia de comer os músculos, o
coração, o fígado de um ser humano?
Esta
passagem de hoje esconde uma beleza por trás de sua dureza... De fato, Jesus
disse: "porque minha carne é verdadeira comida, e o meu sangue, verdadeira
bebida." Quem vai duvidar das palavras de Jesus? Você?
No
entanto é aqui que se encontra a beleza do nosso Sacramento da Eucaristia:
Jesus transforma PÃO E VINHO (alimento) nEle próprio, para que possamos TÊ-LO
DENTRO DE NÓS.
Essa
é uma das grandes diferenças entre o Cristianismo e as outras religiões: o nosso
Deus vem até nós, se faz humano, se faz pequeno, se entrega COMPLETAMENTE a
nós, para que possamos tê-lo dentro de nós, e assim possamos também SER PARTE
DELE.
Quando
comungamos na missa, o Pão da Vida é rapidamente digerido pelo nosso sistema
digestivo, e rapidamente todas as nossas células passam a ter um pouquinho
desse alimento.
Assim,
podemos dizer que Jesus está dentro de nós, dos pés a cabeça. E se todos os
nossos irmãos, que também estão comungando, estão com Jesus dos pés a cabeça,
então todos nós estamos fazendo parte de um corpo único: o de Jesus.
Isso
é que é COMUM UNIÃO.
Agora
imagine fazer parte de um corpo único com todas as pessoas ao redor do mundo
que também estão comungando... Viu como Jesus é grande? E olhe que Ele começou
do tamanho de um pequeno pedaço de pão...
Ter
Jesus dentro de si implica em algo bem sério: se fazer Jesus! Ou seja, agir
conforme Jesus agiria em cada situação. E essa é uma grande responsabilidade de
quem quer estar em comunhão com Jesus.
Ter
Jesus dentro de si, portanto, é muito mais do que receber a Hóstia Consagrada
na missa... Ter Jesus dentro de si é receber a Comunhão na missa e dar o
verdadeiro sentido a ela, através dos seus atos, palavras e pensamentos.
Propósito:
Pai, que o corpo e o sangue de teu Filho Jesus sejam alimento para a minha
caminhada em busca de ti, de maneira que eu não venha a desfalecer pelo
caminho.
No evangelho de João tem-se, com
freqüência, diálogos entre Jesus e distintas personagens ou grupos em que cada
um se situa um nível diferente. O evangelho de hoje (João 6,52-59) é um bom
exemplo. Os judeus — termo que designa a oposição de Jesus neste evangelho —
entendem as palavras de Jesus ao pé da letra, mas Jesus fala em sentido
figurado. E, deste modo, não pode haver entendimento entre ambos.
O ensinamento de Jesus quanto
a comer sua carne e beber seu sangue foi de difícil entendimento, tanto para
seus discípulos quanto para seus adversários. O perigo principal consistiu em
tomar as suas palavras em sentido puramente material, numa evidente deturpação
do seu real significado. Os símbolos da carne e do sangue servem para
referir-nos à a totalidade do ser humano, à vida, a esta vida de onde se deve
atuar, de onde o discípulo está chamado a responder com suas atitudes e compromisso
aos desafios e aos inimigos do plano de Deus. Receber o corpo e o sangue do
Senhor significa entrar em comunhão com tudo quanto ele é - sua humanidade e
sua divindade - de forma que todo o ser do discípulo se deixe tomar por Ele.
Os judeus não entendem o que
Jesus quer dizer quando lhes fala dar-lhes a comer de sua carne. Ficando
desorientados. Enquanto lhes falava do pão podiam compreender que se
apresentava como um mestre de sabedoria que alimenta o povo. Porém agora
identifica esse pão como a mesma realidade humana, com sua carne e não como uma
doutrina. Comer sua carne é uma expressão que não compreendem, ainda que a
imagem seja clara: significa segundo Jesus, que é igual quando comemos, os
alimentos se tornam carne da nossa carne, o discípulos deve assemelhar-se a ele
e aceitar e fazer próprio o amor expressado por Jesus em sua vida (carne) e em
sua morte (sangue). Isto significa na realidade a comunhão eucarística: um
compromisso da comunidade para assemelhar-se a vida de Jesus (carne) e para estar
disposto até entregar a vida como Jesus entregou a dele (sangue).
Os verbos comer e beber
apontam para a experiência de assimilação de Jesus - sua pessoa e seu projeto
de vida - por parte dos discípulos. Assim como o alimento e a bebida, ao serem
ingeridos, passam a fazer parte do corpo físico de quem os consumiu, o mesmo
deve acontecer com quem adere a Jesus. Toda a existência do discípulo tende a
ficar permeada pelo Senhor, com o qual entrou em comunhão.
E se no Êxodo a carne do
cordeiro foi o alimento prévio a saída da escravidão e o sangue com que
marcaram os batentes das portas dos israelitas serviu de sinal ao exterminador
para que entrasse em suas casas, agora o sangue de Jesus não só liberta da
morte, como também da à vida definitiva.
Porém, falar "desta
vida", não nos pode deixar na pura imanência, no meramente tangível e
temporal. Os que escutavam a Jesus não podiam transpassar as barreiras do
material e por isso sentiram que se tratava de uma estranha doutrina. Jamais
haviam ouvido dizer que era necessário "devorar" o Mestre para dar
continuidade à sua obra. O convite é, então, "saciar-se" de Jesus
para poder projetar um Jesus que transforma e que impulsiona a transformar as
estruturas pessoais e sociais em novo ambiente, com nova vida.
A profunda identidade entre
Jesus e o Pai é, por assim dizer, o sacramento da íntima união do discípulo com
seu Mestre. Se nós, como servidores da Palavra, mantivéssemos isto claro,
possivelmente nosso ministério teria mais credibilidade. As coisas se complicam
quando acreditamos que somos os donos da mensagem, ou quando desapercebidamente
nos convertemos em anunciadores de nós mesmos.
Depois de falar do seu
ensinamento, Jesus passa a falar da eucaristia como fonte de vida em nós. Palavra e
sacramento, portanto, não se separam. A própria estrutura da santa missa segue
esse ordenamento, o que equivale a dizer que ninguém deve se aproximar do corpo
e do sangue de Cristo sem antes meditar e principalmente viver a palavra de
Cristo.
Acostumadas a celebrar a Eucaristia,
as comunidades cristãs interpretavam as palavras do Mestre num contexto de fé,
entendendo-as no sentido espiritual de comunhão com Jesus, simbolizado no pão e
no vinho consagrados. Suas palavras e sua presença alimentam as comunidades ao
longo da história. Aquele que acolhe Jesus na fé e identifica-se com ele,
assumindo o serviço na comunidade e solidarizando-se com próximo necessitado na
sociedade, viverá para sempre.
A Eucaristia sempre foi algo
surpreendente para as pessoas não cristãs. A maneira como falamos dela é
chocante para muitos. Se dizemos que comungamos o corpo de Jesus, pode-se
pensar que somos antropófagos. Se afirmamos que é um pedaço de pão, pode-se
pensar que somos loucos. Não somos antropófagos nem loucos. Existe aí um
mistério difícil de explicar. As palavras deixam sempre a desejar. Elas
escondem um profundo sentido de comunhão com Jesus, que faz com que nos
sintamos unidos a ele e unidos entre nós, que nos faz experimentar sua
vitalidade e sua força para seguir o Evangelho. Isso é a Eucaristia!
Graças à Eucaristia, a vida
cristã pode desenvolver-se num clima de alegria expressiva. A participação à
Eucaristia tende a renovar o impulso que anima os cristãos, faz com que a
religião não se torne um peso insuportável de obrigações, que nos torna
resignados ou nos neguemos a carregar este peso, mas uma expressão de vida e
regozijo profundo. A Comunhão do Corpo e do Sangue de Cristo, outra coisa não
faz que mudar-nos naquilo que com fé assimilamos.
“Quem come a minha carne e
bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. São palavras que devemos
trazer gravadas com letras douradas no nosso coração. Ter Cristo em si é ter a
vida em plenitude.
Quem quiser ter essa vida, capacite-se então para receber o
corpo e o sangue de Cristo. Para isso, é indispensável romper com o pecado, em
todas as suas manifestações. É assim que o discípulo se alimenta em sua
caminhada de encontro com o Pai. E assim alimentado, jamais desfalecerá pelo
caminho.
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