01 DE ABRIL 2016 - Festa
de São José Trabalhador.
As
atividades intelectuais e aquelas manuais sejam equilibradas como dois meios
que conduzem ao único fim: o serviço de Deus na imitação de São José. (L 207). São
Jose Marello
6º DOMINGO DA PÁSCOA
Leitura do santo Evangelho segundo São João 14,23-29
Leitura do santo Evangelho segundo São João 14,23-29
"Jesus
respondeu: «Se alguém me ama, guarda a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu e
meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada. Quem não me ama, não guarda as
minhas palavras. E a palavra que vocês ouvem não é minha, mas é a palavra do
Pai que me enviou. Essas são as coisas que eu tinha para dizer estando com
vocês. Mas o Advogado, o Espírito Santo, que o Pai vai enviar em meu nome, ele
ensinará a vocês todas as coisas e fará vocês lembrarem tudo o que eu lhes
disse».
«Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo. Vocês ouviram o que eu disse: ‘Eu vou, mas voltarei para vocês’. Se vocês me amassem, ficariam alegres porque eu vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. Eu lhes digo isso agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês acreditem."
«Eu deixo para vocês a paz, eu lhes dou a minha paz. A paz que eu dou para vocês não é a paz que o mundo dá. Não fiquem perturbados, nem tenham medo. Vocês ouviram o que eu disse: ‘Eu vou, mas voltarei para vocês’. Se vocês me amassem, ficariam alegres porque eu vou para o Pai, pois o Pai é maior do que eu. Eu lhes digo isso agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vocês acreditem."
Meditação:
O livro dos Atos apresenta-nos novamente a controvérsia dos apóstolos
com algumas pessoas do povo que diziam que os não-circuncidados não podiam
entrar no reino de Deus.Os apóstolos descartavam o preceito judaico da
circuncisão.
Esta se realizava após oito dias do nascimento da criança do sexo
masculino. Dessa forma, asseguravam-se-lhe todas as bênçãos prometidas por ser
um membro em potencial do povo eleito e por participar da Aliança com Deus.
Todo varão não-circuncidado, segundo tal tradição, devia ser expulso do povo,
do solo judaico, por não ter sido fiel à promessa de Deus (cf. Gênesis 17, 9
-12).
O ato ritual da circuncisão estava carregado – e ainda o está – de
significado cultural e religioso para o povo judeu. Estava ligado também ao
peso histórico-cultural de exclusão das mulheres, as quais não participavam de
rito algum para iniciar-se na vida do povo: não eram consideradas cidadãs.
Para os cristãos, a circuncisão já não é nem será importante. Aqueles
rito e tradição não mais vigoravam. Já não era necessário praticar ritos
externos distanciados da justiça e di amor misericordioso de Deus. No
cristianismo, homens e mulheres somos iguais, e no Batismo adquirimos todos a
dignidade de filhos de Deus e membros do corpo de Cristo, que é a Igreja.
Acreditamos sim que é necessário realizar uma constante “circuncisão do
coração” (cf. Deuteronômio 10, 16) para que tanto homens como mulheres
consigamos purificar-nos do egoísmo, do ódio, da mentira e de tudo aquilo que
nos degenera.
O Apocalipse nos apresenta também uma crítica à tradição judaica que
excluía pessoas. João viu em suas revelações a nova Jerusalém que baixava do
céu e que estava enfeitada para seu esposo, Cristo ressuscitado. Esta nova
Jerusalém é a Igreja, triunfante e imaculada, fiel ao Cordeiro e não se deixou
levar pelas estruturas que muitas vezes geram a morte. Aqui está a crítica do
cristianismo ao judaísmo que se deixou monopolizar pelo Templo, na qual os
varões, e entre estes especialmente os protegidos pela Lei, eram os únicos que
podiam relacionar-se com Deus; um Templo que sinal de exclusão para as pessoas
simples do povo e os não-judeus.
A Nova Jerusalém que João descreve em seu livro não necessita de templo,
porque o próprio Deus estará lá, manifestando sua glória e seu poder no meio
dosa que lavram suas vestes no sangue do Cordeiro. Não haverá mais exclusão –
nem puros nem impuros –, porque Deus será tudo em todos, sem distinção alguma.
No evangelho de João, Jesus, dentro do contexto da Última Ceia e do
grande discurso de despedida, insiste no vínculo fundamental que deve
prevalecer sempre entre os discípulos e ele: o amor. Judas Tadeu fez uma
pergunta a Jesus: “Senhor, por que razão hás de manifestar-te a nós e não ao
mundo?”.Obviamente, Jesus, sua mensagem, seu projeto do reino, são para o
mundo; mas não nos esqueçamos que para João a categoria “mundo” é todo aquele
que se opõe ao plano ou o querer de Deus e, portanto, rejeita abertamente a
Jesus; logo, o sentido que dá João à manifestação de Jesus é uma experiência
exclusiva de um reduzido número de pessoas que devem ir adquirindo uma formação
tal que cheguem a se assemelhar a seu Mestre e sua proposta, mas com o fim de
ser luz para o “mundo”; e o primeiro meio que garanta a continuidade da pessoa
e da obra de Jesus encarnado numa comunidade ao serviço do mundo, e o amor.
Amor a Jesus e a seu projeto, porque aqui se fala necessariamente de Jesus e do
reino como uma realidade inseparável.
Agora bem, Jesus sabe que não poderá estar por muito tempo acompanhando
seus discípulos; mas também sabe que há outra forma não necessariamente física
de estar com eles. Por isso, prepara-os para que aprendam a experimentá-lo não
já como uma realidade material, mas em outra dimensão na qual poderão contar
com a força, a luz, o consolo e serem guiados necessários para manter-se firmes
e afrontar o caminhar diário na fidelidade. Promete-lhes pois, o Espírito Santo,
ele, alma e motor da vida e de seu projeto, para que acompanhe o discípulo e a
comunidade.
Finalmente, Jesus entrega a seus discípulos o dom da paz: “minha paz
lhes deixo, dou-lhes minha paz” (v. 27); testamento espiritual que o discípulos
terá de buscar e cultivar como um projeto que permite tornar presente no mundo
a vontade do Pai, manifestada em Jesus. É que na Sagrada Escritura e no projeto
de vida cristã a paz não se reduz a uma mera ausência de armas e de violência;
a paz abrange todas as dimensões da vida humana e se converte num compromisso
permanente para os seguidores de Jesus.
Reflexão Apostólica:
O Evangelho deste domingo se
situa dentro do chamado primeiro discurso de despedida do quarto evangelho.
Ele não deve ser considerado
como relatos históricos das últimas palavras de Jesus, mas como uma coleção de
sentenças características do Senhor e meditações da comunidade primitiva,
especialmente a joânica.
Este discurso trata
essencialmente da situação dos discípulos depois da ida de Jesus ao Pai, e de
como será a nova presença de Deus no meio da comunidade.
Em outra passagem evangélica
Jesus promete aos seus sua presença até o final dos tempos: “Eu estarei com
vocês todos os dias até o final dos tempos” (Mt 28,16).
No texto de hoje, Ele “explica”
como ela será: “Se alguém me ama, guarda a minha palavra, e meu Pai o amará. Eu
e meu Pai viremos e faremos nele a nossa morada”.
Jesus sabe que não estará mais
fisicamente com sua comunidade então os quer preparar para que aprendam a
descobri-Lo na sua nova presença, tão real como a anterior!
Jesus, depois de ressuscitar
voltará, mas não o fará sozinho, voltará com o Pai, e sua casa será cada pessoa
que o ame e viva sua palavra, seu mandamento do amor (Jo 21,1-9).
Não pode ser maior a
similitude entre a situação da primeira comunidade com a nossa. Também nós
precisamos não só acolher esta nova presença de Deus, mas também ter um olhar
“crente” para descobri-La.
Para esta ousada tarefa, os
amigos e amigas de Jesus de todos os tempos não estão sós, o Pai envia sobre
eles o Espírito Santo. Ele será o mestre interior que conduzirá os discípulos
no caminho da construção do Reino.
Daí a importância do cultivo
da amizade com o Espírito Santo, estar atentos/as a suas moções, inspirações
para levá-las adiante. O apóstolo Paulo em suas cartas é ousado quando em mais
de uma oportunidade diz: “O Espírito Santo e eu temos decidido...”, o que
mostra a intimidade que vivia com a terceira pessoa da Trindade.
Na vida de todos os santos e
santas, vemos essa sensibilidade espiritual que os levou a encarnar o evangelho
em diferentes situações e culturas até dar a própria vida.
Tal é o exemplo de Frei
Galvão, o primeiro santo brasileiro. Frade franciscano nascido em Guaratiguetá,
em 1739, homem de grande piedade, fundador do convento do Novo Recolhimento em
São Paulo.
Era considerado santo já em
vida, e a cidade fez dele o seu prisioneiro. Em várias ocasiões as exigências
da sua Ordem Religiosa pediam que se mudasse para outro lugar, mas tanto o povo
como as irmãs do convento por ele fundado, como o bispo e mesmo a Câmara
Municipal de São Paulo intervieram para que ele não deixasse a cidade.
Qual era o segredo deste homem
que recorria extensas distâncias a pé pregando e atendendo pessoas, com grande
zelo apostólico?
Sem dúvida que o Espírito que
o animava e conduzia era o mesmo Espírito de Jesus, a quem ele soube escutar,
perceber e seguir.
Jesus sabe que aquele que se
deixa conduzir pelo Espírito e assim é fiel ao Plano do Pai, vai ter
dificuldades, vai ter oposições, vai experimentar em algum momento o abandono e
a solidão.
Por isso, Ele lhes oferece a
paz, sua paz, que é sua Presença. Essa é a herança que o Ressuscitado deixa à
sua comunidade. É dom e tarefa ao mesmo tempo, porque viver ressuscitados, em
comunhão com Deus e os irmãos, implica doar a vida para que tudo aquilo que
ainda sofre a crucifixão ressuscite.
A paz do Ressuscitado é uma
“paz inquieta”, não acomodada aos poderes econômicos, políticos do momento,
que, muitas vezes, são responsáveis de que reine no mundo a “paz dos
cemitérios”!
Como cada um de nós e em
comunidade escutamos, discernimos e agimos de acordo as moções do Espírito
Santo? Como seguidores e seguidoras de Jesus por que paz trabalhamos?
Propósito:
Deus
Pai e Mãe: envia sobre nós teu Espírito de sabedoria, para que, conforme
prometeu Jesus, nos vá recordando tudo o que teu Filho nos ensinou, e nos vá
fazendo descobrir outras muitas possibilidades que aqueles mesmos ensinamentos
comportam para viver a fé de um modo novo, com fidelidade criativa, neste mundo
também novo em que nos tocou viver. Ajuda-nos a descobrir que “só o amor é
digno de fé, e a distinguir tudo o que em cada religião é cultural e acidental,
para que firmes na adoração de teu mistério inexprimível, nos abramos à
universalidade de teu amor e da fraternidade humana, acima de toda fronteira de
raça, cultura ou religião.
Nenhum comentário:
Postar um comentário