03 - Armemo-nos e armemo-nos logo! A
oração, o desapego das coisas passageiras, o zelo pela glória do Senhor, a fome
e a sede de justiça, o ardor em socorrer os
necessitados, o espírito de
sacrifício, de mortificação e de penitência. Estas são as armas que devemos
afiar, abraçando todos a mesma bandeira, prontos para a mesma
convocação. Este é o exército
permanente da Igreja, que nos chamou a defendê-la contra os poderosos e
numerosos inimigos. (L 26). SÃO JOSE MARELLO
Marcos 5,1-20
Naquele tempo, 1Jesus e seus
discípulos chegaram à outra margem do mar, na região dos gerasenos. 2Logo
que saiu da barca, um homem possuído por um espírito impuro, saindo de um
cemitério, foi a seu encontro. 3Esse homem morava no meio dos
túmulos e ninguém conseguia amarrá-lo, nem mesmo com correntes. 4Muitas
vezes tinha sido amarrado com algemas e correntes, mas ele arrebentava as
correntes e quebrava as algemas. E ninguém era capaz de dominá-lo. 5Dia
e noite ele vagava entre os túmulos e pelos montes, gritando e ferindo-se com pedras.
6Vendo Jesus de longe, o endemoninhado correu, caiu de joelhos
diante dele 7e gritou bem alto: “Que tens a ver comigo, Jesus, Filho
do Deus altíssimo? Eu te conjuro por Deus, não me atormentes!” 8Com
efeito, Jesus lhe dizia: “Espírito impuro, sai desse homem!” 9Então
Jesus perguntou: “Qual é o teu nome?” O homem respondeu: “Meu nome é ‘Legião’,
porque somos muitos”. 10E pedia com insistência para que Jesus não o
expulsasse da região. 11Havia aí perto uma grande manada de porcos,
pastando na montanha. 12O espírito impuro suplicou, então:
“Manda-nos para os porcos, para que entremos neles”. 13Jesus
permitiu. Os espíritos impuros saíram do homem e entraram nos porcos. E toda a
manada — mais ou menos uns dois mil porcos — atirou-se monte abaixo para dentro
do mar, onde se afogou. 14Os homens que guardavam os porcos saíram
correndo e espalharam a notícia na cidade e nos campos. E as pessoas foram ver
o que havia acontecido. 15Elas foram até Jesus e viram o
endemoninhado sentado, vestido e no seu perfeito juízo, aquele mesmo que antes
estava possuído por Legião. E ficaram com medo. 16Os que tinham
presenciado o fato explicaram-lhes o que havia acontecido com o endemoninhado e
com os porcos. 17Então começaram a pedir que Jesus fosse embora da
região deles. 18Enquanto Jesus entrava de novo na barca, o homem que
tinha sido endemoninhado pediu-lhe que o deixasse ficar com ele. 19Jesus,
porém, não permitiu. Entretanto, lhe disse: “Vai para casa, para junto dos teus
e anuncia-lhes tudo o que o Senhor, em sua misericórdia, fez por ti”. 20E
o homem foi embora e começou a pregar na Decápole tudo o que Jesus tinha feito
por ele. E todos ficavam admirados.
Meditação:
No Evangelho de
hoje, vemos um claro contraste entre a obra do demônio e a de Deus. O que
nos faz lembrar das palavras de Jesus registradas em João 10,10 "o ladrão
não vem senão para matar, roubar e destruir; mas eu vim para que vocês tenham
vida e a tenham com abundância".
O Diabo é esperto
para cativar e ludibriar as pessoas, apresentando uma série de atrativos que
têm, por objetivo último, o de matar, roubar e destruir. Tudo o que ele oferece
termina em
inferno. O Gadareno não nasceu endemoniado. Ele foi uma
pessoa como outra qualquer. Ele até mesmo tinha mulheres e filhos (v. 19).
A Bíblia
adverte: "Não deis lugar ao Diabo" (Ef 4,27). As pessoas podem se
afundar no pecado até ao ponto de se verem totalmente dominadas pelo mal. Eis
aí o retrato mais grotesco do que os demônios pretendem fazer com os seres
humanos. Dominado e derrotado pelo mal, aquele gadareno não habitava mais em
casa, mas em um cemitério (v. 3), e era impelido pelos demônios para a solidão
do deserto (Lc 8,29).
Tornou-se um ser
anti-social e violento (v. 4), vivendo inquieto e ansioso, andando de um lado
para o outro numa angústia sem tréguas (v. 5). Ele passou a não apreciar e nem
a valorizar mais a própria vida. Perdeu o pudor e, sem nenhum respeito próprio,
andava sem roupas (Lc 8,27). Com um espírito autodestrutivo, feria-se a com
pedras (v. 5).
Este é um quadro chocante, mas devemos saber que o adversário tem estratégias diferentes para atingir pessoas diferentes. Geralmente ele é mais sutil.
Este é um quadro chocante, mas devemos saber que o adversário tem estratégias diferentes para atingir pessoas diferentes. Geralmente ele é mais sutil.
Quantos não ficam
surpresos consigo mesmos ao serem tomados pelo ódio, rancor, chegando mesmo a
agirem com assustadora violência? Quantos não estão também estressados e
angustiados sem conseguir descansar direito? Quantos não estão perdendo o
pudor. Por exemplo, o que acontece em certos bailes funk.
Onde foi parar a
dignidade humana? E quantos não estão também experimentando uma grande solidão?
Mesmo em meio a multidão, sentem-se como um Robson Crusoé. Não tem amigos em
quem possam confiar. Feridos e traumatizados, desenvolveram verdadeiras
couraças que servem de barreiras para o desenvolvimento de saudáveis
relacionamentos interpessoais. Estão, de fato, sem perceber, sendo impelidos
para o deserto.
Mas a boa notícia é de que há esperança, mesmo para alguém tão arruinado como era o caso do endemoniado gadareno. Jesus o libertou! De modo que, agora, ele podia ser visto assentado tranquilamente na comunhão de Jesus e de seus discípulos (v. 15). Sinal de que estava apto a voltar ao convívio social. E não se encontrava mais nu, pois estava agora vestido (v. 15)!
Mas a boa notícia é de que há esperança, mesmo para alguém tão arruinado como era o caso do endemoniado gadareno. Jesus o libertou! De modo que, agora, ele podia ser visto assentado tranquilamente na comunhão de Jesus e de seus discípulos (v. 15). Sinal de que estava apto a voltar ao convívio social. E não se encontrava mais nu, pois estava agora vestido (v. 15)!
Recobrou sua honra e
dignidade! E já não mais gritava e agia como um louco, pois havia recuperado o
bom senso (v. 15). Além destas três coisas maravilhosas, outra é que ele agora
encontrou razão e motivação para viver (Mc 5,18).
Queria seguir o
Mestre! Desejava tornar-se um missionário! Pretendia ir para terras distantes,
mas Jesus orienta-o a primeiramente retornar para sua família. Pois missões
começa em casa (v. 19 e At 1,8)!
Jesus promove a
restauração do lar! Ao mesmo tempo, Jesus está deixando um missionário em
Decápolis (v.20)! Uma testemunha do seu poder libertador! Sinal de sua
compaixão até mesmo por aqueles que se mostram hostis a ele.
Como o processo de libertação daquele homem implicou no sacrifício de dois mil porcos (v.13), o povo dali acabou expulsando a Jesus da região (v. 17), pois possuíam um sistema de valores onde porcos valem mais que os humanos. Jesus representava uma ameaça aos porcos daquele povo.
Como o processo de libertação daquele homem implicou no sacrifício de dois mil porcos (v.13), o povo dali acabou expulsando a Jesus da região (v. 17), pois possuíam um sistema de valores onde porcos valem mais que os humanos. Jesus representava uma ameaça aos porcos daquele povo.
Vemos aí que não só
aquele individuo, mas também o próprio povo também estava dominado por
distintas legiões, como a daqueles porcos que representam seu egoísmo
materialista, e eram também dominados literalmente por uma legião do Exército
Romano que ocupava a cidade. Aquele povo há séculos vinha sendo dominado e
oprimido por uma sucessão de nações estrangeiras.
Por fim, entendemos
que aquele povo também era dominado por demônios de toda espécie que buscavam
afastar as pessoas da vida abundante e impedir o seu progresso em direção a
Deus.
E quanto a nós? Existe algo que impede nossa caminhada cristã, que atrapalha nossos relacionamentos, que nos perturba e oprime ou que nos domina e escraviza? Existe algo que amamos mais do que a Deus? Onde está o nosso tesouro? “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6,19-21). “Não podeis servir a dois senhores” (Mt 6,24). É tão triste constatar que “a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas” (Jo 3,20). Mas Jesus veio para desfazer as obras do Diabo (1Jo 3,8) e quer conceder a você uma vida abundante e significativa (Jo 10,10). Entregue-se sem reservas ao Senhor da Vida!
E quanto a nós? Existe algo que impede nossa caminhada cristã, que atrapalha nossos relacionamentos, que nos perturba e oprime ou que nos domina e escraviza? Existe algo que amamos mais do que a Deus? Onde está o nosso tesouro? “Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração” (Mt 6,19-21). “Não podeis servir a dois senhores” (Mt 6,24). É tão triste constatar que “a luz veio ao mundo, mas os homens amaram mais as trevas” (Jo 3,20). Mas Jesus veio para desfazer as obras do Diabo (1Jo 3,8) e quer conceder a você uma vida abundante e significativa (Jo 10,10). Entregue-se sem reservas ao Senhor da Vida!
Reflexão
Apostólica:
Com a leitura de
hoje ocorre algo particular. Uma ação que para muitos é negativa e vai contra
os interesses e a dignidade do Rei Davi é a maldição que um homem lança contra
ele, porém ele mesmo a interpreta como a vontade de Deus e deixa o homem
passar; enquanto que no evangelho, a ação de Jesus a favor do endemoniado,
libertando-o e enviando os demônios à manada de porcos, é interpretada como um
mal pelos gerasenos e pedem a Jesus que se retire de seu território.
O fundo das duas
situações há como que um elemento comum: a dignidade das pessoas. No caso do
Antigo Testamento, a situação não se resolve, mas no caso do Novo Testamento a
dignidade é restituída.
A ação de Jesus se mostra incômoda, pois causou o bem para alguém, mas prejudica os interesses de outros. Ocorre-nos que devemos fechar as portas à salvação que se dá ao outro. Preferimos ficar como estamos, afastando-nos do que nos incomoda, que nos faz mudar, que nos propõe salvar. Será que temos medo da luz e da liberdade? É tão alto o preço que pagamos pela salvação a ponto de preferirmos ficar como estamos?
A ação de Jesus se mostra incômoda, pois causou o bem para alguém, mas prejudica os interesses de outros. Ocorre-nos que devemos fechar as portas à salvação que se dá ao outro. Preferimos ficar como estamos, afastando-nos do que nos incomoda, que nos faz mudar, que nos propõe salvar. Será que temos medo da luz e da liberdade? É tão alto o preço que pagamos pela salvação a ponto de preferirmos ficar como estamos?
Jesus veio ao mundo
para salvar o homem do pecado e da morte eterna. No entanto, o homem muitas
vezes continua refém e escravo das artimanhas do espírito do mal.
Assim como aquele
endemoninhado que vivia no “meio dos túmulos” muitos de nós ainda nos deixamos
escravizar e insistimos em viver a cultura da morte. Não reconhecemos a Deus
como nosso Pai e provedor persistimos em lutar com armas que, ao invés de nos
libertar são como algemas e correntes que nos prendem à mesma situação durante
muito tempo da nossa vida.
Porém, o Pai não
quer que se perca nenhum filho Seu, por isso, ainda hoje Jesus Cristo vem a nós
a fim de nos libertar dos “espíritos maus” que nos perseguem. Jesus expulsou
para longe os carcereiros que atormentavam aquele homem da região dos gerasenos
e recomendou-lhe que fosse para casa, para junto dos seus.
Assim também Ele
quer fazer conosco. Somos curados e libertados para amar e cultivar relacionamentos
saudáveis a partir da nossa casa, na nossa família. Ele nos tira do meio dos
sepulcros e nos conduz a uma vida de paz e harmonia conosco e com o próximo,
bastando para isso que nos rendamos ao Seu poder amoroso.
O evangelho nos
oferece uma faceta interessante: quem foi tocado pela liberdade que Jesus
oferece está disposto a assumir seu estilo de vida, o "endemoniado
curado" queria ir com Jesus. No entanto, é aconselhado a ficar com os seus
e aí proclame a Boa Nova do Reino, as maravilhas realizadas pela misericórdia
de Deus.
Você ainda continua
lutando com as armas que o mundo lhe impõe ou já se rendeu ao poder do Deus que
liberta o homem do pecado? Quais são os “espíritos maus” que insistem em
prender você no meio dos sepulcros? Você já voltou para casa ou continua
habitando no cemitério?
Propósito:Pai, faze-me anunciador da compaixão que tens por mim, a qual se manifesta na libertação de meu egoísmo e na abertura do meu coração para o serviço ao meu semelhante.
Nenhum comentário:
Postar um comentário