08 - Coragem, coragem, o tempo urge. Ai de nós se nos encontrarmos
desprovidos para o dia da batalha! (L 26). São Jose Marello
São Marcos 6,30-34
Os apóstolos voltaram e contaram a
Jesus tudo o que tinham feito e ensinado. Havia ali tanta gente, chegando e
saindo, que Jesus e os apóstolos não tinham tempo nem para comer. Então ele
lhes disse:
- Venham! Vamos sozinhos para um lugar deserto a fim de descansarmos um pouco.
Então foram sozinhos de barco para um lugar deserto. Porém muitas pessoas os viram sair e os reconheceram. De todos os povoados, muitos correram pela margem e chegaram lá antes deles. Quando Jesus desceu do barco, viu a multidão e teve pena daquela gente porque pareciam ovelhas sem pastor. E começou a ensinar muitas coisas.
- Venham! Vamos sozinhos para um lugar deserto a fim de descansarmos um pouco.
Então foram sozinhos de barco para um lugar deserto. Porém muitas pessoas os viram sair e os reconheceram. De todos os povoados, muitos correram pela margem e chegaram lá antes deles. Quando Jesus desceu do barco, viu a multidão e teve pena daquela gente porque pareciam ovelhas sem pastor. E começou a ensinar muitas coisas.
Meditação:
Todos
nós, cada qual a sua maneira, somos chamados a dar uma resposta frente a uma
pergunta fundamental: Quem é Jesus? Marcos também se depara com este
questionamento. Sua comunidade, que vivia um momento difícil e conturbado da
história de Israel - o período anterior à grande guerra de 70 - esperava um
Jesus glorioso, revestido de poder. Acreditavam que Ele logo viria e acabaria
com as suas dificuldades. Para isto, era necessário que apenas orassem.
O evangelho de hoje
nos dá uma boa pista de como respondermos à inquietação apresentada. Vamos
ao texto:Lembremo-nos de que esta narração deve estar ligada aos textos anteriores e posteriores, para que possamos compreender melhor seu sentido. Antes dela, Mc 6,6-13, já se diz que Jesus havia enviado os discípulos à missão para fazer o que Ele faz, trazendo vida e esperança aos pobres e marginalizados.
A ação dos discípulos faz com que aqueles que viviam afastados da sociedade, discriminados e excluídos por esta, devido a uma lógica de poder e de pureza, sejam novamente trazidos ao centro (curam enfermos).
Para aqueles que se encontram divididos ou em situação de divisão, eles trazem a unidade possibilitadora de voltar a ser criativo (expulsam demônios), fazendo-os o centro do projeto de Deus, tornando-se eles também discípulos e profetas do mestre, que denunciam estas mesmas situações de corrupção, injustiça e marginalização. Devolve-se-lhes o direito a ser gente, ter esperanças e serem protagonistas da história (Mc 6,13).
Em contraste a este panorama Mc 6,14-29, apresenta um banquete do poder. Este banquete, que alimenta alguns sobre a fome de muitos, traz a morte e a injustiça. Mata-se um dos líderes do povo tentando matar sua esperança: João Batista. E agora, quem será o novo líder?
A perícope seguinte começa a delimitar o modelo da liderança de Jesus e a maneira como podemos identificá-lo. O versículo 30 começa nos informando que os discípulos contam a Jesus o que haviam realizado (Mc 6,13).
Pegando
a frase do Evangelho: "viu a
multidão e teve pena daquela gente porque pareciam ovelhas sem pastor",
Jesus atrai para si o título de pastor. Este atributo a Jesus, recebe a sua
justificação na observação do evangelista ao interpretar os sentimentos do
coração do Senhor vendo as multidões que O seguiam, Jesus se compadeceu delas,
teve pena.
Mestre
desde o início da Sua missão convida os discípulos, a todos manifestarem aos
homens o amor de Deus por eles. E, em poucas linhas, podemos ter o quadro da
vida de Jesus com os Apóstolos e a multidão do povo: a intimidade do Senhor com
o grupo dos Doze em ordem à formação dos mesmos, a atividade intensa da vida
pública de Jesus e dos Apóstolos, o entusiasmo do povo pelo Senhor, a sua
disponibilidade apesar da fadiga, por fim, os sentimentos profundos de Jesus
perante esse povo, errante e faminto.
É assim
que Deus olha para mim e para ti bem como para toda a tua família e os homens
no mundo inteiro. Deus deseja e quer que todos O procuremos: Havia ali tanta gente, chegando e saindo.
Embora
com o desejo e a vontade de atender a todos, Jesus com os apóstolos ele
ressalta a sua necessidade de descanso, depois as tarefas apostólicas. Para
dize que também o missionário precisa de descanso.
Um
tempo de retiro, de recuperação das energias, de intimidade com Deus. Foi por
isso que quando voltam empolgados com os resultados da missão, a primeira
reação do Mestre é convidá-los para uma retirada, para que possam refazer as
forças. Jesus tem critérios que não correspondem com o grande critério da
sociedade nossa – o da eficácia!
Para
ele, os apóstolos não eram máquinas, mas em primeiro lugar pessoas humanas, que
necessitavam de ser tratados como tais. O trabalho – mesmo o trabalho
missionário – não é o absoluto. Jesus reconhece a necessidade dum equilíbrio
entre todos os aspectos da vivência humana.
Aqui há
uma lição para muitos cristãos engajados hoje – embora devamos nos dedicar ao
máximo pelo apostolado, não devemos descuidar das nossas vidas particulares, da
nossa saúde, do cultivo de valores espirituais, da saúde e do relacionamento
afetivo com os outros.
Caso
contrário, estaremos esgotados em pouco tempo, meras máquinas ou funcionários
do sagrado, que não mostram ao mundo o rosto compassivo do Pai, mas que por
dentro seremos ocos.
A missão de Jesus deve
ser continuada nos discípulos. A primeira impressão que se tem é a de que se
findou a missão. Faz-se necessário, agora, descansar. Porém, diante de um povo
necessitado e marginalizado pelas autoridades, que estão mais interessadas e
preocupadas com suas leis injustas e ineficazes, com seus rituais sem vida, do
que com a miséria deste povo. Jesus utiliza justamente esta necessidade do povo
como critério de julgamento para o que "pode" ou "não pode"
ser feito. Jesus assume a tarefa de acolhê-los e alimentá-los. Frente à situação latente de um deserto em que não se pode viver ou estar só, por estar repleto das necessidades do povo, Jesus muda de atitude: tem compaixão. Aproxima-se e sente com este povo sua miséria e desejo. Compreende e rechaça a lógica que o explora e sacrifica, fazendo abrir os olhos para uma nova possibilidade: a partilha que advém da nova organização social (Mc 6,35-44).
Fazendo isso Jesus, se mostra como pastor para um povo sem líder e sem rumo. Esta perspectiva tem valor fundamental para Marcos: o pastor é aquele que defende a vida de suas ovelhas, está com elas e as dá identidade própria. Frente a um povo sofrido, oprimido e marginalizado por falsas lideranças, Jesus se mostra como o verdadeiro líder: aquele que tem por projeto a igualdade. Como Deus é o bom pastor de Israel, Jesus é o Deus que caminha conosco.
Nota-se, ainda, que Marcos diz que Jesus ensina (v. 34), porém não nos relata tais ensinamentos. Isto parece indicar que descobriremos os ensinamentos de Jesus ao olharmos para sua prática: ensinou a partilhar o pão, para que todos sejam saciados e possa sobrar.... A lógica atual do mercado prega o comprar, guardar para saciar. A lógica cristã do Reino deve basear-se justamente no contrário: doar para sobrar.
O banquete da vida é aprendido no encontro com o mais necessitado, tirando-o desta situação rumo à fraternidade. Não mais exclusão, injustiça ou marginalização, mas a justiça de Deus: a cada um conforme a sua necessidade.
Quem come o banquete com Jesus jamais vai querer sentar-se à mesa com Herodes... Em qual mesa estamos?
Reflexão Apostólica:
Os
discípulos de Jesus voltaram da missão para a qual haviam sido enviados e
reuniram-se com Ele para contar tudo que lhes havia acontecido. Com certeza
deviam estar cansados, pois Jesus convidou-os a descansar com Ele em um lugar
deserto. No entanto, a multidão sedenta os seguia em busca de ajuda.
Jesus
teve compaixão deles pois eram como “ovelhas sem pastor e começou, pois, a
ensinar-lhes muitas coisas.” Apesar de todo cansaço e da hora avançada Jesus
motivava os Seus discípulos a perceberem a necessidade daquele povo que buscava
cura, libertação e paz
Hoje
também, a multidão precisa de ajuda e, mesmo sem saber, ela busca alguma coisa
que possa preencher o vazio do seu coração. Somos chamados a enxergar as
necessidades dessa multidão e para isso, Jesus também nos forma.
Assim
como fez com os Seus discípulos Ele também nos atrai a um lugar deserto a fim
de nos preparar para que sejamos pastores (as) das pessoas desanimadas e sem
esperança que estão ao nosso redor.
Com
Jesus nós encontramos refrigério para a nossa alma e aprendemos muitas coisas
que nos são úteis, tanto para a nossa felicidade pessoal como também,
comunitária e familiar. Ele nos ensina a arte de viver melhor em qualquer
circunstância enfrentando todas as dificuldades.
Desse
modo nós poderemos ajudar aquelas pessoas que ainda não O conhecem e não têm
ainda intimidade para ficarem a sós com Ele. Os melhores ensinamentos da nossa
vida nós os recebemos quando passamos por experiências de dor e de sofrimento,
com Jesus!
Ser
pastor é saber dar testemunho de fé, de confiança no plano de Deus e, assim,
ser luz para o irmão que também passa por necessidade. Jesus também, hoje, nos
leva a descansar, refrigera as nossas dores e nos consola para que também,
possamos ser pastores que aliviam e que amparam as ovelhas transviadas.
Você se
sente pastor (a) de alguém ou espera que alguém venha pastoreá-lo
(a)? Você tem testemunhado as suas experiências de dor para ajudar a
alguém? Jesus já o (a) levou para o deserto? O que você tem aprendido
com Jesus?
Todos os
momentos são bons para evangelizar, Jesus não os desperdiça e inclusive muda o
programado para ensinar, tudo porque se deixa interpelar pela condição das
pessoas e por saber o motivo pelo qual veio. Serve-nos como modelo. O pastoreio
era para o povo de Israel um tema muito importante. Desde Abraão até o rei
Davi, muitos dos grandes personagens tinham sido pastores.
E a imagem do bom pastor estava introduzida na mentalidade do povo. O próprio Deus era considerado o "pastor de Israel". Pelo descuido de muitos sacerdotes do templo, de falsos profetas e de mestres que só exploravam o povo e viviam às custas dos pobres, Deus promete enviar um pastor, como Davi, que apascentará o povo segundo o coração de Deus.
Esse é Jesus! Como bom pastor, é todo ternura para com seus cordeiros e suas ovelhas (não tem tempo nem para comer ou descansar), e vai até o extremo quando se trata de defender o rebanho, pelo qual entrega sua vida. Ser como Jesus, ter seu perfil e atitudes fez muitas pessoas serem generosas e valentes a ponto de se lançaram ao mundo para trabalhar pelos que estavam sozinhos, tristes e abandonados, imitando Jesus e os apóstolos, não tendo tempo sequer para comer ou descansar. Somos assim?
E a imagem do bom pastor estava introduzida na mentalidade do povo. O próprio Deus era considerado o "pastor de Israel". Pelo descuido de muitos sacerdotes do templo, de falsos profetas e de mestres que só exploravam o povo e viviam às custas dos pobres, Deus promete enviar um pastor, como Davi, que apascentará o povo segundo o coração de Deus.
Esse é Jesus! Como bom pastor, é todo ternura para com seus cordeiros e suas ovelhas (não tem tempo nem para comer ou descansar), e vai até o extremo quando se trata de defender o rebanho, pelo qual entrega sua vida. Ser como Jesus, ter seu perfil e atitudes fez muitas pessoas serem generosas e valentes a ponto de se lançaram ao mundo para trabalhar pelos que estavam sozinhos, tristes e abandonados, imitando Jesus e os apóstolos, não tendo tempo sequer para comer ou descansar. Somos assim?
Como vimos,
o texto ressalta a compaixão de Jesus para com o povo com uma característica
específica: era um povo muito sofrido, rejeitado e desprezado pelos chefes
político-religiosos de então, que nem tinha tempo para comer. E quando ele se
retirava, o povo ia atrás dele. O que atraía tanta gente?
Com
certeza não foi em primeiro lugar a doutrina, nem os milagres, mas o fato de
irradiar compaixão, de demonstrar duma maneira concreta o amor compassivo de
Deus. Jesus não teve “pena” do povo, não teve “dó” dos sofridos. Teve
“compaixão”, literalmente, sofria junto, e tinha uma empatia com os sofredores,
que se transformava numa solidariedade afetiva e efetiva.
Este
traço da personalidade de Jesus desafia as Igrejas e os seus ministros hoje,
para que não sejam burocratas do sagrado, mas irradiadores da compaixão do Pai.
Infelizmente,
muitas vezes as nossas igrejas mais parecem repartições públicas do que lugares
do encontro com a comunidade que acredita no amor misericordioso de Deus e na
compaixão de Jesus!
A frieza
humana freqüentemente marca as nossas atitudes, pregações e cuidado pastoral.
Num mundo que exclui que marginaliza e que só valoriza quem consome e produz o
texto de hoje nos desafia para que nos assemelhemos cada vez mais a Jesus,
irradiando compaixão diante das multidões que hoje como nunca estão como
ovelhas sem pastor.
Propósito:
Pai, dá-me as disposições necessárias para eu realizar bem a missão recebida de Jesus, tendo-o sempre como modelo.
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