02 dezembro - Humilhemo-nos ao considerar os nossos defeitos,
mas por outro lado alegremo-nos com a bondade e a misericórdia de Jesus que nos
quer perdoar: alegremo-nos com as dívidas de gratidão que nos unem cada vez
mais intimamente a Ele. (S 234). São
Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 21,34-36
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 34“Tomai cuidado para que vossos
corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das
preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; 35pois esse dia cairá como uma
armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra.
36Portanto,
ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar a tudo
o que deve acontecer e para ficardes de pé diante do Filho do Homem”.
Meditação:
Os últimos domingos do ano litúrgico – que acabou de chegar à sua
conclusão com a grande celebração do Senhor Jesus, Rei e juiz do universo –
alimentaram a nossa esperança mostrando que para o Senhor está orientada não
somente a grande história da família humana e da criação, mas também o caminho
pessoal cotidiano de cada um, vivenciado na fé como seu discípulo e
discípula.
O ano litúrgico encerra-se hoje com o incitamento à vigilância e à
oração, no fim do "discurso escatológico", conforme o Evangelho de
Lucas. Vivemos o dia da presença do Reino de Deus no mundo, que vem sobre nós
como uma armadilha. Mas no mundo também estão presentes os seus poderosos
"donos" que combatem o Reino, bem como combatem entre si mesmos, em
um processo autodestrutivo.
Esta exortação à vigilância encerra o discurso escatológico, iniciado
com a fala de Jesus sobre a ruína do templo. Os discípulos, comprometidos com a
libertação dos oprimidos e a restauração da dignidade humana, devem estar
atentos para não se deixarem seduzir pelas propagandas e pelos projetos de
sucesso oferecidos pelo sistema sob controle dos poderosos, que escravizam o
povo.
Alguns dos seus discípulos estavam comentando como o templo era adornado
com lindas pedras e dádivas dedicadas a Deus. Mas Jesus disse: Disso que vocês
estão vendo, dias virão em que não ficará pedra sobre pedra; serão todas
derrubadas.
Mestre, perguntaram eles, quando acontecerão essas coisas? E qual será o
sinal de que elas estão prestes a acontecer? Ele respondeu: Cuidado para não
serem enganados. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu! E o tempo está
próximo. Não os sigam.
Quando ouvirem falar de guerras e rebeliões, não tenham medo. É
necessário que primeiro aconteçam essas coisas, mas o fim não virá
imediatamente. Então lhes disse: Nação se levantará contra nação, e reino
contra reino. Haverá grandes terremotos, fomes e pestes em vários lugares, e
acontecimentos terríveis e grandes sinais provenientes do céu.
Temos como objetivo fazer uma coisa muito gloriosa, que é anunciar o
Evangelho do Reino de Deus por todo mundo. Há uma convicção muito clara em
nosso coração de que Deus se agrada disso e nos capacita como instrumento, como
um canal para honrar, glorificar e exaltar cada vez mais o nome do SENHOR.
Devemos ter, também, a convicção de que o SENHOR tem permitido que este
trabalho se realize para que almas perdidas venham a ser resgatadas e levadas
ao caminho certo que são os passos do SENHOR JESUS CRISTO.
Muitos estão perdidos, preocupados com as coisas desse mundo, estão
cegos, não conhecem a Palavra, mas Deus nos chamou para sermos LUZ. Deixe Deus
te usar, Ele anseia por isso!
Que você seja canal de benção para as pessoas. Vigiai e orai em todo o
tempo para que não caia nas ciladas do vosso adversário, ficai firme, fortaleça
o vosso coração no Senhor, porque dele procede todas as coisas. Ele te ama e
quer te usar.
Vigiai. A atitude que Jesus espera de cada cristão com relação à sua
vinda não é outra senão a vigilância. E as coisas que vos digo, digo-as a
todos: Vigiai (Mc 13,37).
Estar vigilante é estar atento, é estar prestando atenção a todos os
acontecimentos, a tudo que ocorre à sua volta, buscando ver nisto os sinais da
proximidade da vinda de Jesus.
Apesar da exortação do próprio Senhor ser no sentido de o crente ter de
vigiar durante todo o tempo, tem sido uma constante, na história da Igreja,
movimentos que têm posto em segundo plano, quando não em último plano, a
promessa da vinda de Jesus. Seja por meio da retirada total do tema do discurso
eclesiástico, seja através de decepções com as falsas profecias de designação
de datas para o tão aguardado retorno, muitos crentes têm negligenciado e
deixado de esperar Jesus.
Uma vida cristã sem esta esperança é uma vida sem alento, sem
perspectiva da eternidade, uma vida que passa a ser perigosamente envolvida com
as coisas deste mundo e que tem grande probabilidade de ser sufocada por estas
mesmas coisas, como ocorreu com a semente que brotou entre os espinhos (Mt
13,22).
Os sinais da vinda do Senhor estão se cumprindo. Tudo indica que o
retorno de Jesus é iminente. Esforcemo-nos, portanto, para que sejamos
vigilantes, tenhamos uma vida de oração, de santidade, cheia do Espírito Santo,
com o verdadeiro e genuíno amor divino em nossos corações e com absoluta
fidelidade e lealdade ao Senhor.
Não nos deixemos perturbar pelas falsas profecias, pelos que, mesmo
entre nós, comecem a esmorecer e a desacreditar da volta do Senhor, passando a
buscar as coisas desta vida, mesmo em nome de sua religiosidade, mesmo em nome
de Cristo.
Nunca percamos de vista que a razão de ser da nossa fé é a vida eterna,
é o convívio para sempre com Nosso Senhor nas mansões celestiais. Vigiemos e,
juntamente com o Espírito Santo, que nosso profundo desejo da alma seja dizer:
“Ora vem Senhor Jesus!”
Reflexão Apostólica:
O grande perigo das pessoas em relação à escatologia é a dissipação do
coração. Os atrativos e prazeres da vida, o acúmulo exagerado de bens
materiais, a liberação dos instintos egoístas são todos elementos que corrompem
o coração humano, impedindo-o de se preparar para o encontro com o Senhor.
Jesus recomenda vigilância e oração como as formas melhores de nos
colocarmos em clima de espera. Vigiar é ser capaz de detectar tudo quanto possa
desviar nossa atenção do fim almejado, acabando por nos afastar dos caminhos de
Deus. São muitas as formas com que o mau espírito procura atuar, para alcançar
o seu fim. Quem cochila, acaba caindo na armadilha para pegar os incautos. Só
os vigilantes conseguem safar-se das investidas do maligno.
Jesus pede que tenhamos cuidado. Há atitudes negativas e outras
positivas. Entre as negativas, o perigo é que nossa mente se obscureça pela
injustiça ou maldade. As positivas implicam em estar em permanente vigilância e
oração para ter forças a qualquer momento. O dia da manifestação plena é o
ultimo dia, mas que marca a história de todos os tempos.
Toda a história está orientada para esse dia e deve ser uma permanente
preparação para vivê-lo com grande gozo. Mas não sabemos quando acontecerá esse
dia. Jesus nos convida a estarmos sempre preparados. Portanto, perseverar na
espera requer uma atitude de atenção à história e de comunhão profunda com
Deus.
Esta preparação se alimenta com a escuta assídua da Palavra, a oração
continua e a prática do amor solidário e compassivo para com os irmãos. De
todas as maneiras Jesus nos deixa em absoluta liberdade. A decisão de acolher
ou não sua oferta salvifica depende, em parte, de nós.
A atenção à Palavra de Deus e a oração libertam os discípulos destas
armadilhas. De pé, unidos em comunidades, libertam-se da apatia e se dedicam,
com entusiasmo, à construção de um mundo novo possível.
A oração coloca-nos em contínua ligação com Deus, de quem recebemos luz
e força para permanecer em pé, vigilante à espera do Senhor. Ela predispõe-nos
para escutar os apelos divinos e deixar-nos guiar por eles. Sensibiliza-nos
para realizar o projeto de Deus. Mantém-nos sempre atentos à prática do bem,
como faz o Pai em benefício da humanidade.
Somente há dois caminhos possíveis para escolher: o que conduz à vida em
plenitude e em comunhão com Deus, e o que conduz à morte definitiva. Temos
liberdade para escolher consciente e responsavelmente. Pois bem, seguir o
caminho de Jesus implica em exigências, compromisso, sacrifício, entrega por
amor aos irmãos. As regras do jogo estão claras.
Hoje é o tempo de amar, é o dia de comunicar a liberdade e a vida,
semeando a paz, na alegria da fraternidade dos filhos de Deus.
Propósito:
Pai, ajuda-me a estar em permanente vigilância e oração,
preparando-me para o encontro com teu Filho Jesus e ser acolhido por ele.
GALINHAS
GORDAS
Padre
Geraldo Orione de Assis Silva
Num
sítio muito longe daqui, lá pras bandas de onde nasci, havia um velho homem que
criava galinhas. Nesse sítio, as galinhas se orgulhavam de ter belo galinheiro,
bem montado, com poleiros elegantes, onde, ao cair da tarde, todas – desde as
mais novas até as mais velhas – se empoleiravam para dormir.
Mas
orgulho à parte, certa feita, veio um temporal desses que não pede licença pra
cair, nem avisa os estragos que vai fazer. Era vento balançando as árvores pra
lá e pra cá; chuva forte se derramando sobre o telhado; trovões e raios, e não
havia água benta nem palha do domingo de ramos que conseguisse acalmar a
tempestade.
As
galinhas se puseram em polvorosa. Corriam, batiam asas, se encolhiam nos
cantos. As galinhas-mãe ajuntavam seus pintainhos; e o galo-pai cacarejava
forte para a chuva espantar. Qual nada! A tempestade caiu com força durante
horas e deixou
Passado
o caos inicial, tudo deveria votar ao normal no dia seguinte. Mas como fazer
sem poleiro para dormir? Na primeira noite, as penosas ficaram desorientadas,
feito almas penadas, zanzando de um lado pro outro, acometidas por grave
insônia que não as deixava descansar. Sem poleiro era impossível dormir. No
auge de sua dignidade, madames galinhas se recusavam a fazer do chão seu
poleiro, como se fossem patas e gansas que não sabem empoleirar-se. Isso era
demais pra elas!
No
outro dia, logo cedo, o galo cantou e reuniu a galinhada para uma assembleia.
Ninguém tinha dormido mesmo; era hora de trabalhar. Na reunião, a pauta não
podia ser outra: um lugar para dormir até quer o galinheiro fosse reerguido,
afinal sem dormir não dá pra aguentar a dureza da vida aviária.
As
opiniões foram diversas; cada galinha cacarejava uma sugestão. Mas, diante das
intempéries da vida, lugar mais seguro não parecia haver que uma mangueira
frondosa, junto ao galinheiro. Foi, com certeza, o lugar mais votado. A maioria
tinha deliberado: no fim da tarde, cada galinha daria jeito de se empoleirar na
alta mangueira do quintal.
Então,
uma a uma lá iam elas ensaiando seu voo. Certamente, os galhos, bem mais altos
que o confortável poleiro feito à medida de sua comodidade galinácea,
dificultavam o empoleiramento natural. As galinhas mais novas e mais esbeltas
alçaram voo e tiveram sucesso nas primeiras tentativas. Mas pobres aves gordas
e velhas, já quase prontas para se tornarem uma boa sopa de parideira! A
primeira tentativa foi desastrosa. Não houve impulso que lhes ajudasse a
atingir os galhos. Todo bater de asas parecia vão. Nada! As galinhas se
espatifavam no chão. Insistentes como são as galinhas, tentaram novos voos;
todos inúteis, todos frustrados, todos com o mesmo resultado: o chão. Era
vexame demais. Patas e gansas se riam das galinhas, sentindo-se vingadas, uma
vez que a natureza não lhes favorecia o empoleiramento e dormiam no chão,
brilhasse a lua ou caísse a chuva.
Joãozinho,
o filho do sitiante, "arreparava" feito bom mineiro as galinhas em
procissão a se espatifarem no chão, depois do insucesso dos ensaios. E se
divertia, rindo a valer das pobres galinhas gordas. Mas, para espanto de
Joãozinho, certa tarde, quando o sol se punha e as galinhas mais uma vez
tentavam alcançar o poleiro, passou bem debaixo da mangueira um cachorro
alvoroçado a perseguir um gato irritante. E qual não foi o susto das galinhas,
que, num pulo só, gordas e magras alcançaram a mangueira. Nem mesmo as galinhas
gordas acreditavam em tal façanha. Olhavam orgulhosas para o chão, vendo patas
e gansas lá embaixo, e elas lá nas alturas, em pé de igualdade com as galinhas
elegantes. Vendo o ocorrido, Joãozinho não se fez de rogado. Enquanto o galinheiro
não era reerguido, já sabia qual era sua tarefa ao entardecer: assustar
galinhas gordas para que achassem forças para altos voos arriscar. Desde então,
Joãozinho aprendeu a lição: basta um susto da vida e a gente logo voa mais
alto!
Nenhum comentário:
Postar um comentário