SANTO ESTÊVÃO - ANIVERSÁRIO DE NASCIMENTO E DE BATISMO DE SÃO
JOSÉ MARELLO (1844).
Mateus 10,17-22
"Cuidado com as pessoas, pois vos entregarão
aos tribunais e vos açoitarão nas suas sinagogas. Por minha causa, sereis
levados diante de governadores e reis, de modo que dareis testemunho diante
deles e diante dos pagãos. Quando vos entregarem, não vos preocupeis em como ou
o que falar. Naquele momento vos será dado o que falar, pois não sereis vós que
falareis, mas o Espírito do vosso Pai falará
Meditação:
É obvio que a comunidade de Mateus estava passando por situações de sofrimento e perseguição, situação que também teve que passar Jesus.
É bom lembrar que os cristãos foram expulsos pelos judeus no ano 70, por
anunciarem a Boa Nova de Jesus Cristo. Tiveram que comparecer em tribunais,
foram maltratados e ultrajados.
Mas nem tudo é dor, sofrimento e contradição: também há uma
mensagem de alento e esperança para todos aqueles que se arriscaram assumir
este caminho libertador: "Não se preocupem com o que vão dizer"!
Foi exatamente essa confiança que alimentou e sustentou o santo
que celebramos neste dia, santo Estevão, o primeiro mártir do cristianismo.
Ele anunciou incansavelmente o Evangelho, foi preso e levado até o
Sinédrio para interrogatório. Foi caluniado e posteriormente apedrejado pelos
judeus.
Pode parecer estranho que no dia seguinte à grande celebração
natalina da Igreja, a liturgia nos proponha a festa do primeiro mártir cristão.
Talvez não o faça propositalmente, mas se trate de uma feliz
coincidência litúrgica: adorar a Jesus recém nascido é algo tão sério e tão
grave como estar disposto a dar a vida por Ele e por seu evangelho, estar
disposto a ser seu mártir.
“Mártir” é uma palavra grega que significa “testemunha”, estritamente falando,
quem deu sua vida para ratificar seu testemunho.
Portanto, cumpriam-se em Estevão, as palavras de Jesus que
meditamos hoje no evangelho de Mateus: "O
irmão entregará à morte o próprio irmão; o pai entregará o filho; os filhos se
levantarão contra seus pais e os matarão. Sereis odiados por todos, por causa
do meu nome. Mas quem perseverar até o fim, esse será salvo.".
Nosso mundo, cheio de injustiças, guerras, fome, covardias e
inconseqüências precisa de homens como Estevão que, sem se importar com as
conseqüências, não se cansem de anunciar a justiça, a verdade, o amor e a
misericórdia de Deus.
Ao longo dos séculos a Igreja contou com um exército de mártires
de toda classe e condição: homens e mulheres; velhos, adultos, jovens e até crianças;
papas, bispos, sacerdotes, religiosos e leigos; ignorantes e sábios; pobres e
ricos, cristãos de todos os tempos, até nossos dias, deram sua vida por Jesus
Cristo e seu evangelho.
Peçamos ao Pai, seu Espírito de força, coragem, confiança e perseverança
para continuarmos na caminhada, e para que de alguma forma consigamos mostrar
às pessoas, que um mundo de paz, justiça e dignidades é possível, e podemos
iniciar dentro de nossa casa, na nossa família.
"[...]Pelo menos 27 pessoas morreram, num domingo, na explosão de uma igreja católica em Madalla, perto de Abuja, capital da Nigéria [...] "
"O atentado contra a igreja na Nigéria, precisamente no dia de Natal, manifesta infelizmente mais uma vez um ódio cego e absurdo que não tem nenhum respeito pela vida humana”. (Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano)
O destino do discípulo de Jesus é o mesmo do Mestre. Ele foi rejeitado pelos
grupos dos fariseus como inimigo da ordem querida por Deus. O mesmo acontecerá
com os discípulos.
Um discípulo de Jesus, a nova imagem de Deus, tem como tarefa:
testemunhar, na pobreza, na simplicidade, na humildade e em todas as
circunstancias, com coragem e clareza.
O evangelho recorda que esta nova imagem de Deus gera conflito e
perseguição. Se Deus vive no nosso meio é preciso transformar nossa vida, viver
segundo Deus.
Se Deus vive em nosso meio, deve-se acabar com privilégios,
exclusivismos e com o poder que gera a separação, para recuperar a dignidade de
toda criatura e de todo ser humano.
"Ainda
hoje há pessoas que, não conseguindo reconhecer a Deus na fé, se interrogam se
a Força última que segura e sustenta o mundo seja verdadeiramente boa ou,
então, se o mal não seja tão poderoso e primordial como o bem e a beleza que,
por breves instantes luminosos, se nos deparam no nosso cosmos.
«Manifestaram-se a bondade de Deus (…) e o seu amor pelos homens»: eis a
certeza nova e consoladora que nos é dada no Natal." (Bento
XVI - Homília, Natal 2011)
Manter-se fiel até o fim é o que Cristo nos pede hoje. A recompensa? A salvação! Ontem celebramos o nascimento de nosso Rei. Hoje celebramos o triunfal martírio de seu soldado Estevão. Cristo nos adverte que ser seu seguidor não é um caminho fácil.
Quantas vezes se riram de nós por sermos cristãos, no trabalho ou no colégio, os vizinhos ou amigos, e inclusive em nossas próprias famílias?
Essa é a perseguição, e muitas outras, que nos adverte Cristo a fim de que tenhamos esperança e forças para nos mantermos firmes com a ajuda do Espírito, que falará por nós. Que maravilhoso é ser instrumentos de Deus para sua mensagem!
O Filho de Deus tomou nossa natureza humana para enobrecê-la, purificá-la e divinizá-la; para que fôssemos filhos de Deus, e o somos pela Graça, se a vivermos imitando, reproduzindo em nós as virtudes de Jesus: seu amor ao Pai, seu zelo pela salvação das almas, sua obediência, sua humildade, sua pobreza, sua santidade para, definitivamente, construir seu Reino.
Talvez não mereçamos a graça de poder dar nossa vida pelo Evangelho, porém é uma exigência de nossa fé dar testemunho diante dos demais, com nossa vida e com nossas palavras, com nosso compromisso por construir um mundo mais humano e mais justo onde nós, os que nos consideramos filhos de Deus, possamos viver em paz e com dignidade, onde transformemos em realidade os ensinamentos daquele cujo nascimento estamos celebrando nestes dias.
Por tudo isso, concluímos essa reflexão com as palavras
finais de Sua Santidade o Papa Bento XI, proferidas em
sua mensagem "Urbi
et Orbi":
Amados irmãos e irmãs, dirijamos o olhar para a Gruta de Belém: o
Menino que contemplamos é a nossa salvação. Ele trouxe ao mundo uma mensagem
universal de reconciliação e de paz. Abramos- Lhe o nosso coração, acolhamo-Lo
na nossa vida. Repitamos-Lhe com confiada esperança: «Veni ad salvandum nos»."
Propósito:
Senhor Jesus, agora ficou claro para mim que a minha missão, como discípulo e missionário de teu amor, tem a grande responsabilidade de garantir que a tua Palavra não se perca. É o meu trabalho, e depende de mim, que a tua mensagem de amor cheque a todos os homens e a todas as mulheres, começando com a minha própria família. Eu confio em tua graça, que nunca desilude um coração que realmente chega perto de Ti. Espírito de coragem perseverante, nas adversidades da vida, vem em meu auxílio, e ajuda-me para que não arrefeça a minha adesão a Jesus e ao Reino.
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