13 DEZEMBRO - Faz todos os teus trabalhos com o
desejo no fundo do coração de colocar neles todo o fervor de que és capaz, e
não te espantes com a repugnância (que não se deve confundir com a falta de
entusiasmo) que podes experimentar mesmo nas ações mais santas; ou melhor, ao
concluí-las, dá graças ao Senhor, por teres, na tua miséria, conseguido fazer
tanto, graças à sua ajuda. (L 88). SÃO JOSÉ
MARELLO
Mateus 21,28-32
""Que vos parece? Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: 'Filho, vai trabalhar hoje na vinha!' O filho respondeu: 'Não quero'. Mas depois mudou de atitude e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu:' Sim, senhor, eu vou'. Mas não foi. Qual dos dois fez a vontade do pai?" Os sumos sacerdotes e os anciãos responderam: "O primeiro." Então Jesus lhes disse: "Em verdade vos digo que os publicanos e as prostitutas vos precedem no Reino de Deus. Pois João veio até vós, caminhando na justiça, e não acreditastes nele. Mas os publicanos e as prostitutas creram nele. Vós, porém, mesmo vendo isso, não vos arrependestes, para crer nele. "
Meditação:
As parábolas são uma forma literária à qual se recorre para tornar compreensível uma realidade que se deseja revelar. Nos evangelhos encontramos quarenta e quatro parábolas.
Dentre elas, temos várias que são encontradas nos três evangelhos sinóticos.
Outras são próprias de um ou de outro evangelista. Assim temos duas parábolas
que são exclusivas de Marcos, nove exclusivas de Mateus, dezoito exclusivas de
Lucas, e duas exclusivas de João.
A parábola dos dois filhos só se encontra no Evangelho de Mateus. Esse dado é
importante, pois o evangelista tirou lá do fundo do baú (13,52) coisas antigas,
mas também coisas “novas”, a fim de dar ao seu escrito uma dimensão especial.
As parábolas exclusivas de Mateus são as coisas novas que ele reservou para o
momento certo, querendo com isso sublinhar a idéia básica que percorre todo o
evangelho.
Essa idéia básica é o tema da justiça do Reino, como já tivemos oportunidade de ver nos comentários ao evangelho dos domingos anteriores.
A parábola que hoje Jesus nos propõe, denuncia igualmente a falsa consciência
religiosa. A vinha é a realidade do mundo, na qual o trabalho é árduo e
urgente. A essa vinha, o Pai envia seus filhos. A resposta dos dois é ambígua.
Contudo, somente o compromisso do que inicialmente se havia negado ao trabalho
nos permite descobrir quem agiu coerentemente.
Deste modo Jesus denuncia
aqueles dirigentes e todo o povo que publicamente se compromete a servir ao
Senhor, nas que é incapaz de agir de acordo com suas palavras. Atitude que
contrasta com aqueles que, embora pareçam se negar ao serviço, terminam dando o
melhor de si na transformação da vinha.
Esta parábola expõe um dilema que põe à descoberto a práxis de seus ouvintes e
que, lida à luz dos acontecimentos da época de Jesus, nos mostra como os que
eram considerados pecadores pelo aparato religioso eram, na realidade, os
únicos atentos à voz do profeta.
A conversão não é um assunto de solenes proclamações ou de prolongados exercícios piedosos, mas um chamado inadiável à justiça e ao discernimento.
As palavras de Jesus feriam
a sensibilidade religiosa de seus contemporâneos que se consideravam autênticos
seguidores de Javé e inigualáveis homens de fé, porque colocava diante deles o
testemunho daquelas pessoas que eram consideradas uma classe de pecadores: as
prostitutas e os publicanos.
Prostitutas e publicanos não somente eram profissionais terrivelmente desprezados, mas aqueles que as exerciam eram considerados pessoas asquerosas e inadmissíveis entre a gente de bem.
Jesus ridiculariza todas
essas avaliações lançadas dos pedestais do sistema religioso e mostra, com os
fatos, que nem sequer a presença de um profeta tão grande como João Batista é
capaz de transformar as consciências calejadas e estéreis daqueles que se
consideravam salvos unicamente pelo alto cargo que ocupavam no aparato
religioso.
Mais além de uma interpretação limitada ao contexto judeu da época de Jesus, esta sua palavra pode e deve elevar-se à categoria universal e ao princípio teórico: o da primazia do fazer sobre o dizer, da prática sobre a teoria.
Um irmão disse que sim, muito disposto, mas seus atos desmentiram suas palavras: sua palavra verdadeira, sua palavra prática, foi um não.
O outro irmão pareceu estar
desde o princípio fora do caminho da salvação, por suas palavras negativas e
inaceitáveis; mas deixando de lado suas palavras, e ainda sem substituí-las por
outras mais adequadas, aceitáveis, ele de fato foi à vinha, “fez” a vontade do
Pai. Dizer/fazer, teoria/prática: o Evangelho deve ser propagado sem vacilações
diante destas disjuntivas.
Por isso, cabe aqui esta
bela oração do Beato Tiago Alberione:
"Jesus, Mestre:
que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu coração.
Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.
Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
Que eu reze com as tuas orações.
Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu
Reflexão Apostólica:
Quantos de nós não o vivemos
na própria pele? Quantas vezes, mesmos repletos de razão e motivos para não
fazer ou ajudar, mudamos de opinião (vejam o caso da CNBB ao fazer um
acordo, a tempos atras, com determinada senadora para “apoiar" a
aprovação do PLC 122), engolimos nossos “sapos” e com eles o orgulho, e por fim
ao ver tudo realizado, fomos tomados de satisfação e ALEGRIA?
Quando dizemos “amor ao inocente”
referimo-nos, em especial, a nossa vida em comunidade.
Às vezes, quando nos
recusamos a fazer algo por “orgulho ferido” acabamos prejudicando a quem não
tem culpa. Sabemos sim, que existem muitas coisas nos magoam ao ponto de não
querer mais, mas dizer “não” hoje e depois voltar atrás e dizer “sim”, nos dá
uma tremenda paz.
Só ela já daria muitas
laudas de texto e reflexão, mas deixamos uma mensagem importante: Todos temos
erros e como diria um padre amigo nosso: “santo é aquele que cai 1000 vezes e
se levanta 1001 vez”.
Temos muitos erros oriundos
do julgamento, principalmente dos feitos de forma aleatória e precipitada.
Milhões almejaram a santidade, poucos tiveram o reconhecimento humano dela, mas, uma parcela ainda maior que apenas poucos, tiveram o reconhecimento aos olhos de Deus.
A santidade é um projeto de
vida, galgado a cada dia. Ela não pode ser usada por nós como separação ou
seleção de pessoas, pois isso cabe somente a Deus.
Nossa alegria vem do Senhor!
Ele se faz precisar de nós!
Propósito:
Pai, quero ser para ti um filho que
escuta a tua Palavra e se esforça para cumpri-la com sinceridade. Que a minha
resposta a teu apelo não seja pura formalidade.
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