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setembro – Sede extraordinários nas coisas ordinárias. (M 9/94/17; cfr. S
268). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 9,57-62
"Quando Jesus e os discípulos iam pelo caminho, um homem disse a Jesus:
- Eu estou pronto a
seguir o senhor para qualquer lugar onde o senhor for.
Então Jesus disse:
- As raposas têm as
suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem não tem onde
descansar.
Aí ele disse para outro
homem:
- Venha comigo.
Mas ele respondeu:
- Senhor, primeiro
deixe que eu volte e sepulte o meu pai.
Jesus disse:
- Deixe que os mortos sepultem
os seus mortos. Mas você vá e anuncie o Reino de Deus.
Outro homem disse:
- Eu seguirei o senhor,
mas primeiro deixe que eu vá me despedir da minha família.
Jesus respondeu:
- Quem começa a arar a
terra e olha para trás não serve para o Reino de Deus."
Meditação:
Em Mateus, na passagem paralela a esta, Jesus e os
discípulos preparavam-se para atravessar o mar em direção a Gadara.
A caminhada que Jesus aqui inicia com os discípulos é mais
teológica do que geográfica. Lucas não tem a pretensão de nos descrever os
lugares por onde Jesus vai passar até chegar a Jerusalém.
Seu objetivo é apresentar um itinerário espiritual, ao longo do qual Jesus vai mostrando aos discípulos os valores do Reino e os vai presenteando com a plenitude da revelação de Deus.
É o caminho que terá o seu fim na Paixão Morte e Ressurreição do Mestre. Portanto, trata-se do caminho no qual se vai irromper a salvação definitiva. Como discípulos, somos exortados a seguir este caminho, para nos identificarmos plenamente com Jesus.
Este caminho é penoso e exigente. Alias como se costuma dizer: a rapadura é mole, mas não é mole não!
Lucas apresenta – através do diálogo entre
Jesus e três candidatos a discípulos – algumas das condições para percorrer, com
Jesus, esse caminho que leva a Jerusalém, isto é, que leva ao acontecer pleno
da salvação.
O primeiro diálogo sugere que o discípulo deve despojar-se
totalmente das preocupações materiais: para o discípulo, o Reino tem de ser
infinitamente mais importante do que as comodidades e o bem-estar material: As
raposas têm as suas covas, e os pássaros, os seus ninhos. Mas o Filho do Homem
não tem onde descansar.
O segundo diálogo sugere que o discípulo deve desapegar-se desses deveres e obrigações que, apesar da sua relativa importância, impedem uma resposta imediata e radical ao Reino: Deixe que os mortos sepultem os seus mortos. Mas você vá e anuncie o Reino de Deus.
O terceiro diálogo sugere que o discípulo deve desapegar-se de
tudo, para fazer do Reino a sua prioridade fundamental: nada – nem a própria família – deve adiar e demorar o
compromisso com o Reino: Quem começa a arar a terra e olha para trás não
serve para o Reino de Deus.
Não podemos ver estas exigências como normativas: noutras circunstâncias, Ele mandou cuidar dos pais ( Mt 15,3-9); e os discípulos – nomeadamente Pedro – fizeram-se acompanhar das esposas durante as viagens missionárias ( 1 Cor 9,5)
… O que estes ensinamentos pretendem dizer é que o discípulo é convidado a eliminar da sua vida tudo aquilo que possa ser um obstáculo no seu testemunho quotidiano do Reino.
Por isso, a nós discípulos de Jesus é proposto que o sigamos no caminho de Jerusalém. Pois é por ele que chegaremos à salvação, à vida plena.
Trata-se de um caminho que implica a renúncia a nós mesmos, aos nossos interesses, ao nosso orgulho, e um compromisso com a cruz, com a entrega da vida, com o dom de nós próprios, com o amor até às últimas conseqüências.
Graças a Deus que nós temos um Pai paciente, compreensivo e amoroso, que compreende os nossos medos, lutas e fraquezas.
Ele está sempre pronto a estender-nos a mão, a perdoar e a aceitar-nos na Sua Igreja. Não porque nós mereçamos ou estejamos aptos, mas porque Ele é AMOR.
Quando vacilarmos, choremos e arrependamo-nos dos nossos pecados, orando : -
"ajuda, Senhor, a minha falta de fé" (Mc 9:24).
No entanto, e sabendo nós da compreensão e amor do nosso Mestre e Senhor, temos
que olhar firmemente para a Obra, segurar firmemente a rabiça do arado e
integrar-nos no trabalho de Deus.
Não podemos desculpar toda a sorte de cobardia de certos cristãos formais, pois a vitória só nos advém por segurarmos firmemente o arado e olhar para Jesus, Autor e Consumador da nossa fé (Hb 12,2).
Não voltar para trás para a corrida dos covardes, dos medrosos e dos derrotados, dos medíocres, antes mesmo da partida.
Jesus é exigente: quem está com a mão no arado não deve olhar para trás, mas
seguir em frente em resposta ao chamado para a missão.
Reflexão Apostólica:
Quantas vezes nos pegamos dizendo: “Senhor serei fiel, atendei meu pedido” ou “vamos rezar para que Deus possa abençoar nosso
encontro”? Repare que nessa
segunda frase existe uma verdade e um medo. Verdade: Precisamos
que Deus a nos ungir, que abençoe o local, a situação, que vá a nossa frente (…); mas revela um medo implícito. Dá para entender?
Se realmente temos fé falaríamos: “esse encontro (reunião, grupo, família) é Dele e por Ele será abençoado”. De forma alguma estaríamos mandando em Deus, mas declarando a autoridade Dele sobre a situação.
Talvez seja o sentimento (ou a falta dele) de “grau de parentesco” que nos impeça de acreditar. Somos seus filhos e como filhos Ele nos concede a autoridade de expulsar o mal, mas se não creio nisso, não consigo acreditar; não consigo ter fé.
A fé é a primeira condição para as coisas acontecerem, mas o tempo é segunda. A fé precisa resistir ao tempo, mas a modernidade tem interferido em nossa vocação de esperar.
Aprendemos aos poucos a querer tudo para hoje, mais tardar, amanhã; aprendemos aos poucos a por condições para servir, para ajudar, para se entregar…
Existem pessoas que tem a boa vontade em servir mais ainda carregam seus mortos. Pecados, erros e faltas do passado, que já foram mortos, ainda são carregados.
Isso é tão nítido nas pessoas que mesmo conhecendo a Deus ainda são amargas, ranzinzas, briguentas, fofoqueiras e às vezes colocam esses “cadáveres” como condição de continuar o serviço: “Amo a Deus, mas vocês tem que gostar do jeito que eu sou”. Coisa nenhuma! Ninguém merece receber nossas pedradas por não termos ainda conseguido amadurecer na fé.
A vida é um bem comum a todos, o caminho também. Ele é repleto de flores e
pedras, mas o nosso livre arbítrio é que decide o que levaremos por esse
caminho. As flores e as pedras ficam no caminho, pois fazem parte do caminho de
nossa aprendizagem, mas só a levamos conosco se quisermos.
Irmãos difíceis carregam sacolas cheias de pedras, de passados, de medos, de preceitos, de paradigmas (…) e todas as vezes que são chamados a seguir uma vida melhor, não conseguem abandonar o peso que acostumou a carregar durante anos, até mesmo décadas. Sacolas ou mochilas cheias de pedras me fazem lembrar que Jesus um dia disse:
“(…) Não leveis nem ouro, nem
prata, nem dinheiro em vossos cintos, nem mochila para a viagem, nem duas
túnicas, nem calçados, nem bastão; pois o operário merece o seu sustento” (Mt 10, 9-10).
Talvez, para exercermos melhor nosso ministério de serviço e em nossas funções no trabalho, na escola, na família, (…) seja imprescindível que não carreguemos o passado nas costas. É preciso dar um basta naqueles que dizem que o passado é nossa cruz e que precisamos carregá-lo.
O passado não é nossa cruz, pois como Cristo, ela (cruz) também nos libertou. A cruz que realmente carregamos são as escolhas e promessas que fazemos hoje e serão difíceis de se cumprir se além do peso da cruz tenhamos que carregar as pedras.
Anunciaremos o reino de Deus em nossa vida e na dos que nos cercam quando:
Tomamos conhecimento que somos filhos e não escravos;
Abandonamos as pedras e mesmo nos tropeços conseguirmos ver as flores;
Acreditamos, como padre Fábio de Melo canta: “Que Deus me ama e não estou só, que Deus cuida de mim”. Acreditemos! Deus acabou de curar algo dentro de nós hoje!
Quando formos decidir algo em nossas vidas e na vida dos nossos, sejamos
convictos (as), custe o que custar.
Propósito:
Pai, torna-me apto para
o serviço do teu Reino, dando-me as virtudes necessárias para não me desviar do
caminho traçado por ti, mesmo devendo pagar um alto preço por isso.
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