21 SETEMBRO - Quando
a paixão enfurece por dentro, é preciso calar. (S 177). São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho
segundo São Mateus 9,9-13
"Jesus saiu dali e, no caminho, viu um cobrador de impostos, chamado Mateus, sentado no lugar onde os impostos eram pagos. Jesus lhe disse:
-
Venha comigo.
Mateus
se levantou e foi com ele. Mais tarde, enquanto Jesus estava jantando na casa
de Mateus, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram e
sentaram-se à mesa com Jesus e os seus discípulos. Alguns fariseus viram isso e
perguntaram aos discípulos:
-
Por que é que o mestre de vocês come com os cobradores de impostos e com outras
pessoas de má fama?
Jesus
ouviu a pergunta e respondeu:
-
Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Vão e procurem
entender o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas: "Eu quero
que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de
animais." Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons."
Meditação:
O Evangelho de hoje nos fala sobre a vocação de Mateus, ou seja, sobre Jesus que o chama para ser seu discípulo. Precisamos perceber que Jesus chama um pecador público. Isto era algo de extraordinário. Mas, o que significa esta expressão “pecador público “? Significa que alguém era considerado publicamente pecador, pois todos conheciam a sua conduta de pecado.
Os capítulos depois do Sermão da Montanha, ou seja, os capítulos 8 e 9, narram a atividade de Jesus. Diríamos assim que se trata do programa de vida que proclamou no Sermão da Montanha como felicidade e paz para o povo é o que ele realiza com suas atitudes e obras.
Dessa maneira, Mateus apresenta a atividade messiânica de Jesus no seio de seu povo. No meio desta atividade está situado o texto que a Igreja nos oferece para refletir neste dia. Cabe-nos perguntar por que o evangelista situa o chamado de Levi neste momento de sua narrativa.
Talvez a resposta esteja no último versículo que hoje lemos: Aprendam, pois, o que significa: ‘"Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais." Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons, ou seja, o evangelista acha necessário esclarecer que o centro da missão do Messias é buscar o que estava perdido, curar os doentes, libertar os cativos, proclamar o ano de graça de misericórdia do Senhor! (Lc 4, 18-19).
Não podiam aproximar-se da laia de Mateus… ficariam eles próprios impuros e
precisariam de realizar depois os seus rituais de purificação. Não podiam de
maneira nenhuma entrar em casa de um maldito! Seria chamar sobre si a maldição…
Mas também não podiam deixar de “picar” o novo e estranho Rabbi de Nazaré que
se comportava como Profeta e que alguns começavam a dizer ser o Messias das
esperanças judaicas…
E isto
toca-me muito… Mas onde raio estavam os discípulos de Jesus para os fariseus
poderem falar com eles?!
Por isso
é que os fariseus foram ter com eles… porque sabiam que eles eram discípulos
daquele Mestre, mas viam que não estavam lá dentro com ele…
Mateus e
a sua “laia” continuam aí… Jesus, tenho a certeza absoluta que também! E que
continua a sentar-se à mesa com eles depois de os visitar nas suas próprias
bancas quotidianas… Os fariseus, ui ui… que também ainda por aí andam… e
os discípulos de Jesus… esses também… e parece-me que, na maior parte das
vezes, ainda no mesmo sítio. Somos dele, mas não estamos com ele…
Por isso estava sempre atento, e o que encontramos muitas vezes na primeira etapa dos evangelhos é que os fariseus vão fazer perguntas venenosas aos discípulos de Jesus, e ele NUNCA os deixa responder.
Ele bem sabia que não estavam preparados… Que as perguntas dos fariseus andavam a bailar também dentro deles, com a única diferença de que era sem veneno…
Jesus
deu-se conta do “burburinho” e pôs-se do lado dos seus. Quem eram os seus? Os que
estavam consigo à mesa e os discípulos… defendeu os dois grupos: “Não são os
sãos que precisam de médico, mas os doentes! Eu não vim para chamar os
piedosos, mas os pecadores” …
Jesus não gostava desta palavra. NUNCA a usa nos evangelhos a não ser para responder aos fariseus quando o “picam” com estas coisas dos “pecadores”, como eles lhes chamavam… Jesus responde-lhes numa linguagem que eles entendam, responde-lhes com as suas próprias palavras… Mas não a encontras na boca de Jesus em nenhum outro contexto!
Interessante,
não é?...
Jesus chamou para ser dos seus um tal de Mateus, cobrador de impostos, o que na altura significava ser pecador público, considerado maldito e impuro.
Eram traidores do seu povo, pois cobravam os impostos para os colonizadores romanos… Além disso, naqueles tempos parece que abundava essa antiga arte de “meter ao bolso”, coisas próprias dos antigos, claro, que hoje isto não acontece, não senhor…
O Evangelho de hoje nos diz que Jesus viu primeiro. Referindo-se a Mateus, é vê-lo na sua situação cotidiana: Jesus saiu dali e, no caminho, viu um cobrador de impostos, chamado Mateus, sentado no lugar onde os impostos eram pagos.
O olhar de Jesus é capaz de ir além do que um
simples olhar enxerga de um judeu cobrador de impostos. Ele reconhece em Mateus
um filho muito querido de Deus, e isso é o que Ele comunica primeiro para o
cobrador de impostos. Seu olhar sobre Mateus está carregado da ternura e
misericórdia de Deus Pai-Mãe, que cura as feridas e perdoa os pecados, amando-o
incondicionalmente.
Jesus continua e diz para ele: “Segue-me!”. Abre-se diante de Mateus a possibilidade de um caminho novo, impensável até esse momento. É convidado a deixar de ser uma engrenagem do império opressor, para passar a ser íntimo colaborador na construção de um reino de liberdade, justiça e solidariedade.
Deixemos que Jesus passe e nos olhe no nosso dia-a-dia e,
como Mateus, tenhamos a coragem de acolher esse olhar e a proposta que dele
brota.
Propósito:
Senhor Jesus, faze-me trilhar o caminho da
solidariedade, para que eu me aproxime daqueles aos quais deve ser levada a
salvação. Muitas
vezes, ao ouvirmos a Palavra de Jesus, parece que ouvimos a sua voz, mas não
abrimos as portas para que Jesus entre em nossas vidas. Ele insiste: “Escutem!
Eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu
entrarei na sua casa, e nós jantaremos juntos” (Apocalipse 3.20). Se você
quer essa graça, não há outro caminho. Não tranque a porta do seu coração, |
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