16 dezembro – Marquemos, passo a passo, o nosso progresso espiritual, sem nunca desanimar com as nossas quedas: ergamo-nos sempre com coragem, retomando novas forças para prosseguir a caminhada em direção ao Céu. (S 210). São Jose Marello
Lucas
7,24-30
"Depois que os mensageiros de
João partiram, Jesus começou a falar às multidões sobre João: "Que fostes
ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Que fostes ver? Um homem vestido
com roupas finas? Os que vestem roupas finas e vivem no luxo estão nos palácios
dos reis. Que fostes ver então? Um profeta? Sim, eu vos digo, e mais que um
profeta... Eu vos digo: entre todos os nascidos de mulher não há ninguém maior
do que João. No entanto, o menor no Reino de Deus é maior do que ele. Todo o povo
que o escutava e até os publicanos reconheceram a justiça de Deus e deixaram-se
batizar por ele. Mas os fariseus e os doutores da Lei recusaram ser batizados
por João e desprezaram os planos de Deus a respeito deles"."
As parábolas de Jesus encaminham à
conversão de quem as escuta, menos dos fariseus e doutores da lei, que rejeitam
o que Deus queria deles ao se deixarem batizar por João.
Quem assumia o batismo de João buscava a transformação constante sua vida aos
valores de Deus, aos valores do reino.
Ser cristão hoje é estar nesse desejo de se deixar transformar constantemente por Deus, por seu Espírito, e testemunhar o reino de igualdade e justiça
No evangelho de hoje, o centro da mensagem de Jesus é a pessoa de João Batista. Jesus se dirige às pessoas por meio de perguntas, para chamar atenção sobre o tema.
Ele faz que seu público veja que os que se vestem com magnificência e vivem comodamente, se encontram em seus palácios, de onde se controla o poder, totalmente oposto à figura de João.
Hoje, Jesus diz quem é João Batista para a multidão que o acompanhava. E isso acontece após a saída dos discípulos do próprio João, que a mando dele, foram conferir se Jesus era mesmo o Messias, o enviado de Deus.
Jesus se desmancha em elogios a João Batista. Diz que João é mais que um profeta, que ele é o mensageiro citado no Antigo Testamento, o qual veio para anunciar o Filho de Deus.
Este, diz Jesus, é seu precursor, e entre os nascidos não há ninguém maior que
ele; mas o menor do reino é maior que ele, já que se inaugura um tempo novo que
supera o anterior, no qual todos serão vistos com igualdade e justiça, como
verdadeiros irmãos.
O texto lido do evangelho de Lucas é
muito oportuno para revisar nossa capacidade de contemplar e para aprender
daqueles que vivem seu compromisso cristão com autenticidade e alegria.
Jesus pergunta aos ouvintes o que foram ver quando saíram ao encontro de João.
Um homem poderoso, exótico, cheio de luxo, ou um profeta?
Assim, Jesus exalta o profetismo de João e a coerência de sua pregação. Os
poderosos estão em seus palácios.
Só conseguem enxergar seus luxos e comodidades. Não conseguem ver nem sentir a
dor dos pobres.
Por isso, no tempo de João Batista, não conseguiram aceitar o batismo de João,
ao contrário, sentiram-se criticados e confrontados por ele.
Para eles, a saída mais simples era tirar João do caminho, com uso da força. A
proposta de conversão de João está na base do projeto de Deus.
Nenhuma justiça será alcançada enquanto não houver verdadeira mudança de vida;
e este é o centro da pregação de João.
A relação entre João e Jesus converge na prática da justiça como mestra do
amor. O projeto de Jesus se nutre do profetismo do Batista.
Hoje, o evangelho nos convida a lembrar de homens e mulheres que em nossas
comunidades e na sociedade dão testemunho de vida em sua luta pela justiça,
pela defesa da criação: graças à ação do Espírito Santo em todo tempo e lugar
há pessoas simples e comprometidas, autênticos profetas, que levam a história para
o Reino de Deus.
Hoje, encontramos Jesus questionando com sabedoria toda uma geração, e nela toda humanidade, que parece indiferente diante da vontade de Deus e que, de fato, rejeitou historicamente os mensageiros de Deus. Jesus compara sua geração com crianças que não se escutam nem se compreendem entre si.
Esta falta de entendimento pode ser considerada como a confluência de múltiplos
egoísmos, que gera unicamente choque de interesses, surdez e cegueira ante os
desígnios de Deus.
Sem dúvida, Jesus lança uma crítica profética àqueles que escutaram a mensagem e que assassinaram os profetas.
Trata-se do inconformismo social, que não entende facilmente o papel dos
enviados de Deus.
João e Jesus foram criticados pela radicalidade e a coerência em seus estilos de vida. Agora, quem são os que tampam os ouvidos e fecham os olhos ante o anúncio?
Hoje, as grandes causas a favor da justiça, da paz, do cuidado com a criação,
parecem estrelar-se contra a cegueira e a surdez gerada pelas estruturas do
poder dominante.
Muitas pessoas ouvem as mensagens do Evangelho, mas não se sensibilizam com
elas, não correspondem a elas, de modo que elas não provocam eco em suas vidas.
O conhecimento da Palavra de Deus é muito importante, mas não é tão importante como a comunhão de idéias e valores que deve haver entre os homens e Deus.
O conhecimento nos ajuda a realizar esta comunhão de modo que ele é um meio necessário para que possamos atingir o fim, mas o conhecimento não é a finalidade em si.
Se ficamos apenas no conhecimento, não dançamos com as flautas nem batemos no peito com o canto fúnebre, não comungamos as idéias de Jesus.
A novidade do Reino começa com João. Jesus proclama: "Desde o dia de João
Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência e violentos se apoderam
dele..." (Mt 11,12).
João significa uma ruptura com os pilares do judaísmo: o sacerdócio, o Templo e
a Lei que excluía os seus inadimplentes (pecadores).
Ele descarta a linhagem sacerdotal do pai, troca o Templo de Jerusalém pelo deserto (periferia), e anuncia a libertação dos oprimidos pela Lei, acusados de pecadores, através da prática da justiça.
Na elementar parábola narrada por Jesus, um grupo de crianças tenta se comunicar com outro grupo, com brincadeiras de alegria ou tristeza, porém, o outro grupo os rejeita. Então, o próprio Jesus passa a explicá-la.
João Batista fez seu anúncio da conversão, de maneira austera, nas regiões
desérticas do Jordão, e foi acusado de “ter um demônio”.
Jesus, por sua vez, anunciando a chegada do Reino dos Céus de maneira simples e
comum, no meio do povo, comendo com os pecadores e publicanos, é chamado de “comilão
e beberrão”.
Os chefes religiosos, que vêem em João e em Jesus uma ameaça ao seu poder,
procuram difamá-los diante do povo. Porém, o povo, excluído e oprimido,
reconhece a sabedoria da mensagem de Jesus e a recebe com alegria e esperança.
Mas que gente difícil aquela, a quem Jesus fora enviado! Eles haviam recusado a
sabedoria de Deus, que primeiro se apresentara no ascetismo de João e depois a
condescendência de Jesus para com os pecadores e excluídos do seu tempo.
Corremos o risco de dizer isto para os do tempo de Jesus. Não será que Jesus nos está dirigindo também a mesmíssima mensagem?
Vivemos tempos muito fortes em críticas, muitas vezes, infundadas; sem pés nem cabeça. E, como ontem, Jesus continua insistentemente dizendo: “Com quem vou comparar esta geração?”
Ele se apresentou aos homens com uma nova mensagem: mensagem do amor, da paz, da justiça, da partilha, da solidariedade, da reconciliação e, sobretudo da misericórdia. Mas não foi compreendido e acolhido.
Só os simples, os humildes, os disponíveis, os amigos da verdade a Ele
aderiram, reconhecendo n’Ele o ponto de chegada de toda a Lei e os Profetas.
Os outros, principalmente os chefes do povo, puseram-se contra Ele e O
rejeitaram. Todavia, por ser forte, soube compreender os fracos e os reerguer,
dando-lhes uma nova dignidade de viver entre os irmãos.
Se, enquanto fracos, condenavam os outros, agora, fortalecidos por Cristo e com Cristo, eles devem perdoar para que permaneçam sempre fortes. Já que os fracos condenam e os fortes perdoam.
Peçamos a Jesus que nos ensine a perdoar para sermos a geração dos fortes, a fim de suportarmos as fraquezas dos mais débeis como nos ensina São Paulo.
Reflexão Apostólica:
Essa profecia é datada de aproximadamente
quatrocentos e poucos anos antes da vinda de Cristo, portanto o próprio profeta
não a viu se concretizar, mas nem por isso a guardou para si.
Será que prestamos atenção no evangelho de
ontem, onde Jesus afirma que cobradores de impostos e as prostitutas estariam
primeiro no reino dos céus que os próprios inteligentes da época? Quem eram
esses cobradores e prostitutas?
Não é difícil de reparar que, muitos dos que
foram tocados pelo olhar de Jesus, não mais o abandonaram e muitos desses foram
pessoas que tiveram exemplos profundos de mudança de vida ou conversão.
São coisas que cultivamos por vontade
própria. Quando se diz que nossa fé dura o tempo da vela é porque normalmente
procuramos a Deus quando estamos apurados e logo que resolvido o problema, ou
seja, ao acabar a vela, sumimos. E é nessa hora que deparamos com algo chamado
de TEMPO DE DEUS.
De Malaquias foram quatrocentos anos, de
outros 700… Ficamos muito aflitos ao muito precisar, rogar a Deus e as
coisas acontecerem a seu tempo mesmo que nós quiséssemos que Ele o apressasse.
Apesar desse tempo parecer não passar, nem
por isso Deus é mal, no entanto acaba sendo o culpado das fatalidades da nossa
própria omissão (filhos afastados, casamentos que se acabam,…) e de nossas
sem-vergonhices como cristãos.
Jesus denunciava muito a hipocrisia dos
fariseus e como diz hoje: Deus não enganou a ninguém “(…) Que fostes ver no deserto?
É preciso que caminhemos nas duas faces, pois
a hipocrisia se apega as docilidades dos ensinamentos sem compromisso em ouvir
e refletir as exortações, portanto Deus nos concederá tudo que pedirmos, mas é
preciso que eu faça a minha parte também.
Como diria a canção de Lenon, interpretada
por Simone: Então
é natal e o que você fez?
Propósito:
Pai,
que o testemunho fulgurante de João Batista sirva de inspiração para minha
adesão ao teu Reino. Que jamais me faltem a firmeza e o despojamento do
Precursor.
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