12 dezembro - A repugnância ao bem é um efeito da nossa natureza que nos
impele ao mal, e tu sabes que temos três inimigos constantemente em guerra
contra nós: o demônio, o mundo e a carne; ninguém pode escapar de suas
perturbações; mas também ninguém, que esteja unido a Deus, poderá ser vencido.
(L 88)
São Jose Marello
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas
3,10-18
"Então o povo perguntava: – O
que devemos fazer? Ele respondia: – Quem tiver duas túnicas dê uma a quem não
tem nenhuma, e quem tiver comida reparta com quem não tem. Alguns cobradores de
impostos também chegaram para serem batizados e perguntaram a João: – Mestre, o
que devemos fazer? – Não cobrem mais do que a lei manda! – respondeu João.
Alguns soldados também perguntavam: – E nós, o que devemos fazer? E João
respondia: – Não tomem dinheiro de ninguém, nem pela força nem por meio de
acusações falsas. E se contentem com o salário que recebem. As esperanças do
povo começaram a aumentar, e eles pensavam que talvez João fosse o Messias. Mas
João disse a todos: – Eu batizo vocês com água, mas está chegando alguém que é
mais importante do que eu, e não mereço a honra de desamarrar as correias das
sandálias dele. Ele os batizará com o Espírito Santo e come fogo. Com a pá que
tem na mão, ele vai separar o trigo da palha. Guardará o trigo no seu depósito,
mas queimará a palha no fogo que nunca se apaga. João anunciava de muitas
maneiras diferentes a boa notícia ao povo e apelava a eles para que mudassem de
vida."
Meditação:
Neste 3º Domingo do Advento, a Igreja nos exorta vivamente a abrir o nosso coração à alegria. Com efeito, é o domingo conhecido como Gaudete (“alegrai-vos”).
O seu único anseio é preparar o povo para
acolher a salvação que se faz presente em Jesus Cristo. O Senhor está perto e,
por isso, devemos ouvir a palavra do profeta Sofonias, que nos anima:
“Alegra-te e exulta de todo o coração” (Sf 3,14c).
Mais adiante no Evangelho, são estas as pessoas que vão responder positivamente diante da pregação do próprio Jesus. Escrevendo para as comunidades pelo ano 80-85 d.C., Lucas quer lembrar os cristãos que eles também devam estar abertos para achar sinceridade e bondade fora das vias “aceitáveis”- como fizeram João e Jesus!
Usando este artifício, Lucas quer salientar que é uma pergunta que tem que ser feito constantemente durante a nossa caminhada.
Não há cristão que possa se dispensar de
fazê-la sempre, por achar que já sabe a resposta. É interessante que João,
embora uma pessoa de cunho fortemente ascético, não exige sacrifícios, ou
práticas religiosos como jejum e abstinência.
Ela enfatiza uma exigência muito mais radical, que atinge o cerne do nosso ser – uma preocupação com os mais pobres, manifestada na busca de justiça e solidariedade.
As nossas Campanhas da Fraternidade seguem
esta linha de João – pois muitas vezes é mais fácil abster duma carne ou duma
bebida do que engajar-se na luta por um mundo melhor. Este trecho traz à tona
mais uma vez um dos temas principais do Evangelho de Lucas – o uso correto dos
bens materiais.
É através de gestos e ações concretas de
justiça, respeito, solidariedade e coerência cristã, como vamos demonstrar
nossa vontade de paz, como vamos construindo um tecido social mais digno de filhos
de Deus, como vamos conquistando as mudanças radicais e profundas que nossa
vida e nossa sociedade necessitam.
Reflexão Apostólica:
Na semana passada, nos foram apresentadas algumas metáforas que tinham a
ver com a preparação de um caminho para a chegada do Senhor.
Hoje, três grupos de
pessoas perguntam como deve ser feita esta preparação de maneira concreta, ou
seja, o que significa endireitar o caminho, aplainar vales etc.
Primeiro, vem a pergunta do povo em geral, depois a dos cobradores de impostos e, finalmente, a dos soldados. “Que devemos fazer?” É a pergunta insistente das multidões que se dirigem a João.
Elas não querem só ouvir
falar da conversão como tal, mas querem saber concretamente o que deve ser
feito. E esta é a pergunta que fazemos também nós hoje. João responde sem
demora.
Tudo o que devemos fazer é o
que diz respeito ao nosso comportamento em relação ao próximo. Como tratamos as
pessoas?
Não é um pedido dirigido
só a quem vive na abundância para que doe algo do que lhe sobra, mas a todos
aqueles que têm alguma coisa a mais daquilo que lhes é necessário. Até mesmo
aquela pessoa que só tem duas túnicas, deve dar uma e se contentar em ter uma
só, se o seu próximo não tem nenhuma.
Diante da necessidade do próximo, nós só podemos ter o necessário. Pois é, mas quantas vezes ouvimos este Evangelho e temos um monte de coisas ainda em bom estado de conservação e ficamos ano após ano contemplando-o ou até mesmo nem sabemos onde elas estão: é uma roupa que compramos ou ganhamos e nunca usamos, é o computador ou celular anterior, ainda funcionando direitinho, são alimentos que esperamos terminar o prazo de validade pra jogar no lixo, são livros acadêmicos que já faz um tempão que não o abrimos, sinal de que não vamos mais precisar deles. Mas o apego quer nos impedir de doar tudo isso e muito mais a quem necessita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário