30 julho - A quem foi dito: "Ego ero merces tua magna nimis” Eu serei a tua recompensa infinitamente grande"? A Abraão obediente e fiel. (L 248). São Jose Marello
"Quando Jesus
acabou de contar essas parábolas, saiu dali e voltou para a cidade de Nazaré,
onde ele tinha morado. Ele ensinava na sinagoga, e os que o ouviam ficavam
admirados e perguntavam:
- De onde vêm a
sabedoria dele e o poder que ele tem para fazer milagres? Por acaso ele não é o
filho do carpinteiro? A sua mãe não é Maria? Ele não é irmão de Tiago, José,
Simão e Judas? Todas as suas irmãs não moram aqui? De onde é que ele consegue
tudo isso?
Por isso ficaram
desiludidos com ele. Mas Jesus disse:
- Um profeta é
respeitado em toda parte, menos na sua terra e na sua casa.
Jesus não pôde fazer
muitos milagres ali porque eles não tinham fé."
Meditação:
Os conterrâneos de Jesus O tinham visto partir como filho de carpinteiro, e agora O reencontram como Mestre, rodeado de discípulos.
É uma novidade que interpretam somente como vantagem social. Isso os impede de acolherem a Palavra de Deus e a explicação das Escrituras e a Sua revelação como o Ungido de Deus.
Vista a posição de Jesus neste prisma cria neles a impressão de que Jesus partiria acabando por deixá-los outra vez na sua pobreza.
É que no tempo de Jesus o judaísmo tinha suas esperanças na vinda de um messias que restauraria o antigo império de Davi, glorioso, segundo dizia a tradição.
Estas
esperanças tinham suas raízes na teologia de poder elaborada na corte dos
descendentes de Davi. Visavam recuperar seu poder e seus privilégios.
Na
realidade, a realeza, consolidada, por Davi distorceu o ideal de igualdade e
partilha característico da tradição de Moisés.
O projeto de Deus não é o de consolidar as estruturas de realeza e poder. O projeto de Deus é resgatar e promover a vida entre os pobres e excluídos, criando laços pessoais e sociais de fraternidade e partilha.
Este projeto nasce no meio do povo. Nasce em uma insignificante cidade da Galiléia, na casa de um simples carpinteiro, José. Este projeto nasce com a proclamação de seu filho Jesus de Nazaré.
Jesus reconhecidamente tem sabedoria e energia de comunicação. Mas sua origem humilde choca as pessoas submetidas à ideologia de poder do judaísmo.
Rejeitado
por aqueles seduzidos pelo poder, Jesus encontra acolhida entre os pobres e
pequeninos que lutam para se verem livres da humilhação, da escravidão, das
injustiças sociais, das drogas, da prostituição, da luxuria, da criminalidade,
da violência e de todo tipo de pecado. Mas isso, não se faz sem trabalho.
É preciso passar pela escola da humildade, da simplicidade, da força de vontade. E a melhor escolinha é aquela de José, na insignificante cidade de Nazaré.
Somos
convidados a olhar para José, homem justo, que tirava de seu trabalho na
carpintaria o sustento honesto de sua vida.
Lançando
nosso olhar para os nossos dias notamos uma grande distância dos homens entre
si. Por causa do avanço da ciência e da técnica.
A técnica traz seus benefícios, mas às vezes não só substitui o trabalhador, mas até o escraviza ou pior ainda o neutraliza.
Para o mundo digital, quem não se desenvolve no manejo da ciência e da técnica é excluído. A pessoa passa para segundo plano porque as relações que marcam o mundo do mercado do trabalho são as da produção, do aumento do lucro, e não a vida e a dignidade da pessoa.
Na última parte do texto de hoje, Jesus nos dá um puxão de orelha. Porque
muitas vezes fechamos os nossos ouvidos para acolher o conselho, a advertência
e o ensino daqueles que não nossos parentes, familiares, vizinhos ou
conhecidos.
Por outro, encoraja-nos a não desistirmos na nossa missão de anunciar o reino de Deus seja a que custo for. Jesus nos ensina que a tarefa é dura, sobretudo quando se trata de evangelizar a partir de dentro de casa.
Para Jesus também não foi fácil ser profeta na sua casa, na sua família. As pessoas duvidavam dele, não queriam acreditar no Seu poder e por isso mesmo Ele não fez ali muitos milagres.
Jesus é Aquele irmão que Deus nosso Pai nos enviou para nos mostrar o caminho
que nos leva para o Céu. E então, precisamos estar atentos para acolher as
pessoas que dentro da nossa casa nos abrem os olhos e são instrumentos de Deus
para nossa conversão. Ouvidos atentos e coração aberto, porque o Senhor fala
por meio de quem nós nunca nem esperávamos que falasse.
Muitas vezes Deus nos manda Seus emissários que nos aconselham com palavras de sabedoria que Ele próprio sugeriu para nós. Porém, por ser essa pessoa, simplesmente alguém que é muito conhecido nosso, nós desprezamos as recomendações de Deus.
Nesse
caso, os milagres também não acontecem na nossa vida, e muitos problemas nunca
serão solucionados por causa da nossa impertinência.
Abertos ao convite da conversão, do arrependimento e da acolhida ao Reino dos
Céu, sejamos corajosos no anúncio do Evangelho a começar pelos nossos.
Reflexão Apostólica:
Uma verdade é certa, ainda temos profunda dificuldade em reconhecer nossos
próprios erros e talvez seja essa a dificuldade ou barreira mais colocada,
porém a menos vista para se ouvir. Em contrapartida, temos uma habilidade
tremenda de procurar um culpado, uma “conspiração”, uma segunda intenção na fala
das pessoas.
“A fome e a vontade de comer” num mesmo momento: Não querer ouvir associado aos
pré-julgamentos que fazemos daquele que nos exorta.
Além dos fatos já narrados, Jesus era oriundo de uma cidade, uma região, um
povo simples…; num tempo onde o povo se acostumou (ou foi obrigado a se
acostumar) a ver a verdade vir apenas dos sábios e doutores da lei que advinham
de uma classe social acima, de um povo nobre, estudado, (…). Jesus rompia assim
mais um paradigma sócio-cultural.
Onde estão os profetas? Por que se calaram? Calaram-se ou, como
antes, não são ouvidos?
Partindo desse ponto…
Chamo muita atenção daqueles que se encantam ao ver ou ouvir falar da oração
“(…) Assim, AS LÍNGUAS SÃO SINAL, não para os fiéis, mas PARA OS INFIÉIS; enquanto as PROFECIAS SÃO UM SINAL, não para os infiéis, MAS PARA OS FIÉIS. Se, pois, numa assembléia da igreja inteira todos falarem em línguas, e se entrarem homens simples ou infiéis, não dirão que estais loucos? Se, porém, todos profetizarem, e entrar ali um infiel ou um homem simples, por todos é convencido, por todos é julgado; os segredos do seu coração tornam-se manifestos. Então, prostrado com a face em terra, adorará a Deus e proclamará que Deus está realmente entre vós“. (I Co 14,22-25)
A condição nunca foi o estudo, o posto, a idade e sim fé. Se milagres não
acontecem, um dos motivos é a nossa falta de fé. Repito, onde estão os
profetas?
Estão na RCC, nas Pastorais, nos Vicentinos, no Cursilho, no ECC, nas ENS, no
CRISTMA, no Decolores, na PJ, em meio aos catequistas, espalhados por todas as
pastorais e também fora delas (…), mas por que não falam?.
Quando disse “fora delas” é porque devidamente acredito que Deus ainda suscita
profetas onde mais precisa deles e onde ainda existe um fio de esperança nas
pessoas.
Vejo profetas em meio a uma reivindicação social, nos que trabalham como voluntários em causas nobres e humanitárias. Vejo profetas lendo essa mensagem e levantando seu clamor a Deus. Vejo ainda esperança no matrimonio, nas famílias, nos jovens;;; Vejo Deus colocando profetas aonde se precisa.
Historicamente, os grandes estudiosos dividiram os profetas do Antigo
Testamento em maiores e menores em virtude de sua atuação e compromisso
popular, mas o que na verdade o que os diferenciava era a missão que Deus lhes
confiou.
Reparemos Jesus, conhecido pelos estudiosos como o maior de todos os profetas, que nada fez de errado, foi condenado sem ao menos ser ouvido.
Assim, não engano, seremos nós em nossas casas, nossas famílias, no nosso
trabalho, em nossa comunidade (…), mas como o mestre o fez, mesmo recenseados,
não deixemos de falar, de ter fé, de profetizar a vida. A alguns Deus chamou
para grandes obras sociais e a outros a pequenos reparos em suas (nossas)
famílias.
A história um dia nos classificará como maiores ou menores, mas Deus nos
oferece sempre a MAIOR missão que podemos suportar, sendo assim, a cada vitória
uma nova missão na medida em que suportamos.
Quanto a não ser ouvido, demonstremos com a vida, não tem como não verem. Jesus
assim o fez e por até os céticos reconhecem que Ele foi realmente grande.
Propósito:
Ver além das aparências e reconhecer a presença de Deus nas coisas e pessoas
mais simples do meu dia.
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