31 – Que a Mãe Santíssima nos guarde sempre debaixo do seu manto! (L 17). São Jose Marello
Leitura do santo
Evangelho segundo São Lucas 1,39-56
"Alguns dias depois, Maria se aprontou e foi depressa para uma cidade que ficava na região montanhosa da Judéia. Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança se mexeu na barriga dela. Então, cheia do poder do Espírito Santo, Isabel disse bem alto:
- Você é a mais abençoada de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é
abençoada também! Quem sou eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?!
Quando ouvi você me cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da
minha barriga. Você é abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor
lhe disse.
A Canção de Maria
Então Maria disse:
- A minha alma anuncia a grandeza do Senhor. O meu espírito está alegre por
causa de Deus, o meu Salvador.
Pois ele lembrou de mim, sua humilde serva! De agora em diante todos vão me
chamar de mulher abençoada,
porque o Deus Poderoso fez grandes coisas por mim. O seu nome é santo, e ele
mostra a sua bondade a todos os que o temem em todas as gerações. Deus levanta
a sua mão poderosa e derrota os orgulhosos com todos os planos deles. Derruba
dos seus tronos reis poderosos. Dá fartura aos que têm fome e manda os ricos
embora com as mãos vazias. Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos
antepassados e ajudou o povo de Israel, seu servo.
Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e a todos os seus descendentes, para
sempre.
Maria ficou mais ou menos três meses com Isabel e depois voltou para casa."
Meditação:
Lucas,
em seu evangelho, com as narrativas de infância de Jesus, deixa perceber a sua
origem simples, em uma casa pobre, na pequena vila de Nazaré, longe de
Jerusalém, capital religiosa da Judeia, e de qualquer outra grande cidade onde
se concentram as elites privilegiadas.
Os quatro evangelhos apresentam a inauguração do ministério de Jesus a partir
do seu encontro com João Batista, do qual recebe o batismo.
Lucas antecipa este encontro já no ventre de suas mães, e evidencia a íntima
relação entre João Batista e Jesus com os paralelos entre as anunciações de
suas concepções e as narrativas de seus nascimentos.
Maria, em seu cântico, manifesta-se solidária com os pequenos e humildes
excluídos. Ela exprime que tem consciência de que a ação de Deus nela, que a
engrandece, se dá em benefício de todos os povos. Ela sabe que não pode separar
uma graça pessoal de um dom em favor da comunidade e do povo.
Em Maria que visita a sua prima Isabel Deus na pessoa de Jesus, Seu Filho
visita o seu povo.
Maria
é portadora da fonte da alegria e cada cristão é também convidado a sê-lo. A
minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito exulta em Deus meu Salvador. Com
estas palavras Maria reconhece, em primeiro lugar, os dons singulares que Lhe
foram concedidos e enumera depois os benefícios universais com que Deus
favorece continuamente o género humano.
Não
fique ingrata! Glorifica o Senhor a alma daquele que consagra todos os
sentimentos da sua vida interior ao louvor e serviço de Deus e, pela
observância dos mandamentos, mostra que está a pensar sempre no poder da
majestade divina.
Exulta
em Deus, seu Salvador, o espírito daquele que se alegra apenas em meditar no
seu Criador, de quem espera a salvação eterna.
Porque
fez em mim grandes coisas o Todo-poderoso, e santo é o seu nome. Maria nada
atribui aos seus méritos, mas reconhece toda a sua grandeza como dom d’Aquele
que, sendo por essência poderoso e grande, costuma transformar os seus fiéis,
pequenos e fracos, em fortes e grandes.
Logo
acrescentou: E santo é o seu nome, para fazer notar aos que a ouviam e mesmo
para ensinar a quantos viessem a conhecer as suas palavras, que, pela fé em
Deus e pela invocação do seu nome, também eles poderiam participar da santidade
divina e da verdadeira salvação, segundo a palavra do Profeta: E acontecerá que
todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. É precisamente o nome a
que Maria se refere ao dizer: E o meu espírito exulta em Deus meu Salvador.
Enquanto
a Igreja aguarda a jubilosa esperança da vida eterna introduz na sua liturgia o
costume, belo e salutar, de cantar todos este hino de Maria na salmodia
vespertina, para que o espírito dos fiéis, ao recordar assiduamente o mistério
da Encarnação do Senhor, se entregue com generosidade ao serviço divino e,
lembrando-se constantemente dos exemplos da Mãe de Deus, se confirme na verdadeira
santidade.
Como
Maria, que da nossa boca brotem apenas as palavras de gratidão que traduzem o
sentir mais profundo do nosso coração: «A minha alma glorifica o Senhor e o
meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador»
Reflexão
Apostólica:
Maria recebe de Deus um grande
presente e uma grande responsabilidade – Ser a mãe de Jesus. O que se passou na
cabeça daquela jovem, na fração de segundos entre a mensagem do anjo Gabriel e
a resposta da mãe escolhida por Deus? Que reação temos ao sermos pegos de surpresa?
Sim! Tremem-se as pernas, pupilas se dilatam, o corpo se arrepia, nosso tempo
de reação fica comprometido pela descarga de adrenalina na corrente sanguínea,
a freqüência cardíaca dispara, ficamos pálidos e geralmente não conseguimos nem
nos mover, outros apenas fogem.
Numa situação fisiológica tão
desconfortável e peculiar (ainda parece que é a noite) é que Maria recebe o
anúncio. O anjo a acalma, diz que nada há por temer, recebe o SIM da jovem e
parte!
Imagino agora a inquietação dessa serva ao saber o que lhe aconteceu por meio
do Espírito Santo. Imagine alguém que passou numa prova, num concurso, no
vestibular, [...] e que naturalmente quer que apareça, o mais rápido que
possível, alguém para que possa contar a novidade e com ela celebrar. Lembrei
dos meus familiares quando passei no vestibular… Estavam mais felizes do que
eu, mas por que?
Porque olhavam para meu sucesso como se fosse deles. O que eu havia conseguido
era uma vitória, mas para eles era o gol do time favorito numa final de
campeonato. “(…) Ele cumpriu as promessas que fez aos nossos antepassados e
ajudou o povo de Israel, seu servo. Lembrou de mostrar a sua bondade a Abraão e
a todos os seus descendentes, para sempre”.
Foi assim que Isabel recebeu Maria. Isabel talvez se lembrasse das promessas de
Deus para seu povo, lembrava das vezes em que foram infiéis; olhava para Maria,
sua prima, e talvez pensasse: Ele nos perdoou! “(…) Você é a mais abençoada
de todas as mulheres, e a criança que você vai ter é abençoada também! Quem sou
eu para que a mãe do meu Senhor venha me visitar?! Quando ouvi você me
cumprimentar, a criança ficou alegre e se mexeu dentro da minha barriga. Você é
abençoada, pois acredita que vai acontecer o que o Senhor lhe disse”.
Isabel via naquele ventre a prova real que Deus não havia abandonado seu povo
(para o Judeu, o maior bem que podemos querer, é sentir a presença de Deus).
A alegria de sua prima se
firmava, pois em meio ao domínio romano, da opressão, dos tantos deuses, da
falta de fé, alguém conseguiu tocar a Deus, gesto este que outras santas
mulheres, santas, pois tinham fé, conseguiram durante a missão de Jesus.
Do anúncio ao MAGNIFICAT foram poucos dias. Da possível dúvida que brotava de
um coração humano, da angústia de ser mãe numa terra onde apedrejavam as
adúlteras, de estar noiva de José e de portar em seu ventre a maior declaração
de amor de Deus, foram poucos dias. Isso nos chama atenção ao fato de não
podermos perder tempo. João Evangelista, mesmo tão querido e próximo a Jesus, levou
quase sessenta pra entender do fundo de sua alma que Deus é amor!
Maria com seu “SIM” ensinou ao mundo a perdoar e esquecer o erro de EVA e a
fraqueza de ADÃO. Fez acreditarmos novamente que nunca estamos sozinhos.
Maria foi visionária num tempo onde homens eram pequenos; foi destemida, pois
não sabia as linhas escritas no seu destino. Amou uma criança, a fez homem, o
viu pregar, anunciar, salvar, [...]. Jesus não passou num vestibular, mas creio
que Maria, como mãe, ao vê-lo se tornar grande, se realizou em seu filho.
Santa Maria, mãe de Deus, Rogai por nós!
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