27 MAIO - São João, o Apóstolo predileto, foi o primeiro membro da família de Maria: ele era virgem, e isso é uma linda prova da predileção de Maria pela virgindade. (S 343). São Jose Marello
EVANGELHO DO DIA
Marcos 10,46-52
-
Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim!
Muitas
pessoas o repreenderam e mandaram que ele calasse a boca, mas ele gritava ainda
mais:
-
Filho de Davi, tenha pena de mim!
Então
Jesus parou e disse:
-
Chamem o cego.
Eles
chamaram e lhe disseram:
-
Coragem! Levante-se porque ele está chamando você!
Então
Bartimeu jogou a sua capa para um lado, levantou-se depressa e foi até o lugar
onde Jesus estava.
- O
que é que você quer que eu faça? - perguntou Jesus.
-
Mestre, eu quero ver de novo! - respondeu ele.
-
Vá; você está curado porque teve fé! - afirmou Jesus.
No
mesmo instante, Bartimeu começou a ver de novo e foi seguindo Jesus pelo
caminho."
Meditação:
Estamos no fim da caminhada central de Jesus, desde Cesaréia
de Felipe até a sua morte e ressurreição
O texto começa com um senso de urgência - chegaram a Jericó e
logo saíram. Parece que têm pressa para caminhar até Jerusalém. E lá está o
cego Bartimeu. Onde? Sentado à beira do caminho! Enquanto Jesus está “a
caminho” com os seus discípulos, o cego está à beira do caminho! Simboliza
todos os que não conseguem caminhar no discipulado, mas estão parados, à beira
do seguimento de Jesus
Mas, esse texto está bem carregado de sentido. Logo que Bartimeu ouve que é
Jesus que passa, ele grita fortemente! “Filho de Davi, tem piedade de mim!” É
de novo um dos temas centrais da Bíblia - o grito do pobre e sofrido! Desde o
grito do sangue de Abel, passando pelo grito do Êxodo, de Jó, dos pobres nos
Salmos, de Bartimeu, de Jesus na Cruz, dos martirizados do Apocalipse, o tema do
grito do sofrido perpassa toda a Escritura, com a garantia de que Deus ouve
esse grito. Mas, a reação dos transeuntes é típica - mandam que Bartimeu se
cale! O poder dominante sempre quer abafar o grito do excluído! E isso não
mudou até os dias de hoje! Até nas Igrejas há quem não queira ouvir o grito, e
que faz tudo para abafar qualquer iniciativa popular. Mas, Deus ouve!
Com um fino toque de ironia, o texto mostra como, por causa da atitude de
Jesus, os mesmos que o mandaram calar agora têm que convidá-lo para falar com
Jesus. Mas, para isso, Bartimeu tem que lançar fora o manto - a única coisa que
ele possuía, a sua única segurança. Como os primeiros discípulos no lago (Mc 1,
18.20), ele aprende que não é possível seguir Jesus sem deixar algo, sem arriscar
a segurança humana para experimentar a mão de Deus.
Aqui Marcos faz contraste com a figura de Pedro, que tinha o
título certo “Tu és o Messias” (Mc 8, 29), mas a prática errada! Não quis que
Jesus caminhasse para a morte! Assim, em Marcos, o modelo de discípulo não é
Pedro, mas Bartimeu! Pois, mais importante do que os títulos e expressões
teológicas, sem negar a sua importância relativa, é a prática do seguimento de
Jesus! Um alerta para todos nós, para que a nossa prática seja coerente com a
nossa fé, no seguimento de Jesus, em favor do Reino de Deus.
Mais uma vez, a Palavra de Deus nos presenteia uma cura
milagrosa realizada pelo Senhor que vem revelar definitivamente a presença do
Reino entre os homens.
Jesus continua caminhando com seus discípulos e passa pela cidade de Jericó.
Muita gente o acompanha. À beira do caminho havia um cego chamado Bartimeu que
pedia esmola. Ele escuta que Jesus está passando por ali e começa a gritar,
pedindo que o ajude e tenha compaixão dele já que Jesus é o Messias.
A multidão, que muitas vezes se mete onde não deve, com
atitude comedida, começa a querer calar o cego... Por quê? Não sabemos...
Talvez por “pudor humano”, para não incomodar o Mestre... Mas sem dúvida,
Bartimeu não só não se cala, mas grita com mais força... Sabe, intui, percebe
que Jesus é o único que pode salvá-lo...
O Senhor para e pede que o chamem. A multidão o chama e agora lhe diz umas
palavras muito bonitas: “Não tenha medo! Levanta-te! Ele te chama!”
O relato é sumamente gráfico na resposta do cego. Em primeiro
lugar, joga seu manto, algo que era muito importante para os que viviam na rua
na época do Senhor: durante o dia, servia para por a esmola que pediam e à
noite para cobrir-se. O cego joga-o... Em segundo lugar, levantou-se num pulo.
Realiza um gesto exagerado para sua situação de não vidente… Porém tudo está a
serviço do terceiro elemento que é aproximar-se, com entusiasmo e esperança no
Senhor.
É também sumamente interessante a atitude do Senhor. Perante o cego, vai reagir
com uma pergunta: “que queres que eu te faça?”. A resposta do cego é simples e
não se deixa esperar: “Mestre, que eu veja”.
Jesus sem muitas voltas e apelando à fé – confiança do cego lhe dirá que pode
ir tranqüilo dado que está curado. Diz-nos o texto que imediatamente pode ver
outra vez e, o que é muito importante, que segue o Senhor pelo caminho.
Num mundo como o nosso, não há mais lugar para uma fé
anônima, formalista, hereditária. É necessária uma fé fundada no aprofundamento
da palavra de Deus, na opção e nas convicções pessoais. Uma fé conscientemente
abraçada e não passivamente recebida em herança.
Tudo isto comporta um novo modo de enfrentar o problema da
iniciação cristã, um novo modo de considerar a evangelização e a
sacramentalização. Abre-se um imenso campo de ação à pastoral em geral e à
catequética particularmente.
O cristão deverá percorrer (ou repercorrer, se se trata de
adulto) não tanto um caminho feito de etapas e gestos sacramentais, mas um
itinerário de fé, um catecumenato renovado, sem o qual não têm sentido nem
eficácia os gestos sacramentais feitos em prazos fixos.
Reflexão Apostólica:
O cego de Jericó é o protótipo do homem
que vive à margem das coisas de Deus e, por isso, sente a amargura e o fracasso
de uma vida na escuridão. No seu desespero ele gritava pedindo o auxílio de
Jesus e quanto mais os discípulos mandavam que ele calasse, mais ele gritava,
porque a fé gritava dentro dele.
Muitas vezes nós também estamos vivendo
assim: mendigando amor, atenção, carinho, sentados à beira do caminho, vendo a
vida passar e sem enxergar nenhum sentido para ela.
O fato de pedir com fé é a chave dos
nossos apelos ao Senhor. Somente aquele (a) que se sente necessitado e
carente tem certeza do que quer pedir a Deus.
O homem cego quer enxergar; o aleijado
quer andar. Por isso, Jesus nos atende conforme o apelo do nosso coração que se
angustia e clama por socorro e pergunta a cada um de nós: “O que queres que eu
te faça?” E quando Jesus percebe que o nosso apelo é a nossa real necessidade e
que temos convicção daquilo que pleiteamos, Ele nos chama e nos atende.
Esta é a oportunidade para que possamos
pedir a Ele: “Mestre, que eu veja”. É também nesses momentos que temos de nos
levantar e aceitar o convite de Jesus, através das outras pessoas: “Levanta-te,
coragem, Jesus te chama”. Da mesma forma que o cego, nós também precisamos nos
despojar do manto humano de proteção que colocamos sobre os nossos ombros e que
nos impede de corrermos ao encontro de Jesus quando Ele passa no nosso caminho
atraído pelo nosso clamor.
Em algum momento você também vive esta
situação de cegueira espiritual, de não perceber uma saída para os seus
questionamentos? O que você tem pedido a Jesus: a visão certa para que
você tenha consciência do que fazer ou uma varinha de condão para que milagrosamente
os seus questionamentos e os seus problemas desapareçam? Para você o que
significaria o “sentar-se à beira da estrada”?
O cego não
é aquele que não vê, mas aquele que não quer ver. Quantos passam a vida sentados à beira do caminho, braços cruzados, olhos
perdidos no vazio e na escuridão, acomodados, desencorajados, desesperançados,
descrentes de Deus, descrentes do mundo, descrentes das pessoas… Mortos vivos
ou vivos mortos? Em qual das duas categorias você se ajusta?
Jesus está passando agora na rua do seu
coração. Não deixe esta graça passar sem realizar o que Deus quer. Peça,
busque, clame, grite, como Bartimeu: Jesus, filho de Davi, tem compaixão de mim! Clama
com as palavras que o Espírito Santo te inspirar: Jesus, eu só enxergo as
coisas do mundo. O meu coração e os meus olhos encharcados de concupiscências,
de pecados, de vícios, de egoísmo, de orgulho, de vaidade, de adultério, de
rancor.. Eu sou cego para o amor, para o perdão, para a misericórdia, para a
disponibilidade, para o serviço aos irmãos, para a partilha; eu sou cego para a
humildade, para o desprendimento, para a renúncia, para o despojamento de mim
mesmo. Tem compaixão de mim!
E os teus olhos se abrirão; tua alma
exultará; teu espírito haverá de cantar as misericórdias que o Senhor realizou
na tua vida.
Mas não basta apenas isto. É necessário
exercitar a fé. É seguindo Jesus pelo caminho, como fez Bartimeu, que se
cumpriram as palavras de Jesus em sua vida: “Vai, a tua fé te
salvou”.
Propósito:
Pai, dá-me forças para lutar contra a cegueira que me impede
de reconhecer teu amor misericordioso manifestado
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