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setembro - Para praticar o bem, as próprias paixões ajudam: ajudam quando
não tomam o predomínio e se deixam guiar pela razão, a cujo serviço as devemos
submeter com a graça de Deus. (L 207).
São Jose Marello
Leitura
do santo Evangelho segundo São Lucas 8,1-3
"Em
seguida, Jesus percorria cidades e povoados proclamando e anunciando a Boa-Nova
do Reino de Deus. Os Doze iam com ele, e também algumas mulheres que tinham
sido curadas de espíritos maus e de doenças: Maria, chamada Madalena, de quem
saíram sete demônios; Joana, mulher de Cuza, alto funcionário de Herodes;
Susana, e muitas outras mulheres, que os ajudavam com seus bens."
Meditação:
Lucas, no prólogo de seu evangelho, propõe-se a fazer um relato de
modo ordenado dos acontecimentos relativos a Jesus.
A ordem proposta não é no sentido de linearidade histórica, mas em
uma perspectiva teológica da compreensão da Boa Nova de Jesus.
A introdução "em seguida" não significa uma sucessão temporal, mas
uma sucessão lógica das suas narrativas. Esta é a única vez que, nos
evangelhos, ao longo do ministério de Jesus, se menciona um grupo de discípulos
formado por homens e mulheres, sendo estas identificadas nominalmente. Na
narrativa da paixão elas aparecerão, particularmente estas que acompanhavam
Jesus desde a Galiléia (Lc 23,55).
Apesar da maioria das narrativas bíblicas haver um nítido predomínio do
protagonismo masculino, característica da cultura judaica, esse breve trecho
introdutório de Lucas revela a presença de mulheres.
Longe de serem simples mulheres, pois aparecer, destacar-se num
cenário masculino revela um grande teor de importância dentro de um grupo
social.
Notemos que mulheres que foram citadas na bíblia mudaram a
história de suas vidas e por vezes do grupo ou comunidade que viviam. Sobre
elas é dito que tinham sido curadas. Isto é, tinham sofrido as
conseqüências da exclusão social e de gênero, mas sentiam-se libertadas por
Jesus. Seguiam Jesus e serviam o grupo. Elas já entenderam e praticavam o
serviço, que é a característica fundamental do Reino.
Antes de conhecerem Jesus pertenciam a um grupo seleto chamado
deserto. Elas eram “os excluídos” a quem nos referimos comumente nos dias de
hoje. Não tinham voz, vez ou fala. A vida devia se vivida conforme o que ia
acontecendo; eram meras espectadoras de suas próprias vidas… Jesus então
aparece e as promove a protagonistas.
Sobre os doze não se diz nada. Mas mais adiante estarão discutindo
sobre quem seria o maior. Estes estão ainda possuídos da ideologia davídica em
vista de um messias poderoso.
Em torno de Jesus, sob o seu fascínio, reúnem-se discípulos e discípulas que
vão amadurecendo. Surgem relações novas entre homens e mulheres, caracterizadas
pela liberdade, solidariedade e serviço.
As mesmas dificuldades, o mesmo modo de pensar em relação à
mulher, continuam dois mil anos depois, dentro da Igreja. Enquanto na sociedade,
a mulher tem progressivamente assumido o seu papel de igualdade com o homem, na
Igreja isso ainda não acontece.
Argumentam-se razões teológicas, de Tradição, mas a única de que não se fala,
que não se admite, é a discriminação de que a mulher ainda é alvo.
À mulher, a nível de serviços, tudo é permitido fazer na Igreja. Não lhe é
permitido assumir um papel de destaque em igualdade com o homem, nos ritos e no
governo da Igreja.
Homem e mulher, Deus os criou à sua imagem e semelhança. Com os mesmos direitos
e deveres.
O direito da mulher, com os seus carismas, servir a Igreja em igualdade com o
homem, vem da ação libertadora de Jesus Cristo. Enquanto ele não existir, a
Igreja prega com palavras, o que nega em atos.
Todo aquele que se aproxima de Jesus começa a compreender que suas vidas
merecem muito mais do que o pouco que oferecem ou se dão.
Por vezes, nós que estamos a frente, pensamos que somos a última
bolachinha do pacote, mas na verdade as grandes pérolas de Jesus não são vistas
ou passam desapercebidas aos nossos olhos: São os filhos de Deus no mundo.
Esse povo bom, mesmo sem saber tem a proteção do Altíssimo a lhe
guardar. Apesar de apenas acompanhar os apóstolos, (ir a missa de vez em
quando, rezar muito pouco. Deus conhece o que já venceram e sua fé.
Entranho dizer que alguém tão pouco dedicado tenha a máxima
atenção do Pai, mas na realidade também fazemos isso… Quantos filhos bons (que
não dão trabalho) “sofrem” pela falta de atenção dos pais que dedicam 100% do
seu tempo e cuidado a aquele que dá trabalho? Poderíamos até cobrar mais de
Deus quanto a isso, mas a sabedoria divina explica ao filho que ficou na
parábola do filho pródigo que “(…) Tudo que é meu é seu!”.
Engraçado é que nenhuma das mulheres, pelo menos no que está
escrito, demonstrou falta de fé ou coragem como aqueles que ficavam “agarrados”
a Cristo. Pedro quase afogou, Felipe correu; João não quis entrar no sepulcro,
e por ai vai… Em que momento essas mulheres desistiram de acreditar? Não
encontro referencia…
A maioria das pessoas que ABANDONAM
a luta, a igreja, o grupo, a pastoral são aquelas de frente e não aquelas que
passeiam. Claro que as aflições são maiores, mas não é “via de regra”.
Quantas pessoas em nossas comunidades, que não estão de frente,
mas as vemos há anos, nos mesmos lugares nas missas e eventos. Elas não
abandonam a Deus com facilidade. Quermesses, novenas, tríduos, festas, (…) lá
estão elas. Chovendo? Lá vêm elas de capa! (risos!) Será que também não tem
seus próprios problemas e aflições.
Precisamos aprender com o exemplo silencioso daquelas mulheres e
desses irmãos perseverantes de hoje a não desistir. Deus nos promove a
protagonista para que EU
DECIDA não desistir; EU
QUEIRA levantar; EU
QUEIRA algo melhor…
Reflexão Apostólica:
Como
é bom refletirmos sobre as mulheres da Bíblia e aprendermos delas lições
preciosas para a nossa vida. Mulheres que foram privilegiadas por estarem
juntas a Ele, o próprio Deus, aprenderem d'Ele, serem curadas por Ele e
andarem, diariamente, com Ele.
Não
somos deste tempo bíblico, mas, como amamos ao Senhor, podemos também,
assim como elas, vivermos aos pés do nosso Salvador, aprendendo d'Ele, sendo
curados por Ele e tendo, diariamente, a companhia d'Ele.
Nós
não podemos vê-Lo como elas O viam, mas sabemos que Ele está conosco,
diariamente. e nunca nos abandona pois Ele deixou registrado
Como
vimos no Evangelho de hoje, Jesus tinha um grupo de discípulas, formado de
mulheres que o seguia por dois motivos:
Primeiro, eram mulheres que foram curadas por Jesus, e em sinal de gratidão o
seguiam para ajudá-lo em sua caminhada, pois eram mulheres ricas. Vejam que
uma delas era nada mais nada menos a Joana, mulher de Cuza, procurador de
Herodes. Não era fraca não!
O segundo motivo destas mulheres seguirem Jesus, é que a situação da mulher
naqueles tempos era de grande humilhação, inferioridade e discriminação por
parte dos homens, não havendo nenhuma consideração de igualdade entre marido e
mulher, muito pelo contrário a mulher servia apenas para procriar.
Jesus, como era contra todo tipo de discriminação e preconceito, defendia a
igualdade da mulher em relação ao seu marido. Mais um motivo de gratidão
daquelas mulheres para seguir o Mestre e o ajudar em sua caminhada. Assim
o grupinho das discípulas de Jesus estava ligado a ele por laços de afeto e
gratidão. Não se tratava de fãs, nem de paquera, como alguém possa pensar.
Jesus aceita essa colaboração do grupo feminino, vendo isso de uma forma sadia
e como uma ajuda muito bem-vinda. E essas mulheres são tratadas em pé de
igualdade com os discípulos e sua tarefa consistia em prestar assistência a
Jesus com seus bens, e, assim, aliviá-lo de certas preocupações materiais,
inevitáveis para qualquer ser humano.
Comparando aquelas mulheres com as de hoje, percebemos que todo extremismo
acarreta uma situação oposta. A posição de inferioridade da mulher em
relação ao homem, gerou o movimento de libertação feminina que analisado nos
mínimos detalhes resultou em um movimento de desvalorização feminina.
Isto porque, libertação feminina não pode ser interpretada como libertinagem
feminina. Constantemente vemos garotas dizendo e gritando palavrões pela
rua. Certamente, isto não é libertação feminina, mais sim desvalorização da
menina.
Por outro lado, ser livre, não é ser promíscua, não é fazer o que lhe vem na
cabeça. Ser livre não é fugir do casamento, fugir de construir uma família, e
botar filhos no mundo sem pensar nas conseqüências. Não tenho nada contra
estas meninas que agem assim, pois elas não têm culpa, pois são vítimas de uma
mídia que as ensinou que liberdade da mulher significa vulgarizar a mulher.
A mulher não tem de ser submissa nem de ser vista como objeto de prazer, ou de
procriação. Mas precisa se valorizar, e ser valorizada pela sociedade. Precisa
ser tratada em pé de igualdade pelos homens. Mãe solteira não pode ser
discriminada, pois são nossas irmãs em Cristo e precisam ser acolhidas,
orientadas e se possível, evangelizadas. Desse jeito, estamos dando à mulher, o
valor que ela merece, assim como nós gostaríamos que fosse tratada a nossa mãe.
Não nos esqueçamos que sempre atrás de um grande homem, está sempre uma grande
mulher.
Propósito:
Pai,
reveste-me do amor e da fidelidade necessárias para ser servidor do Reino. Que
eu demonstre meu reconhecimento a ti, colocando minha vida a serviço do meu
próximo. Ó Deus, coloca em meu coração o desejo ardente de Te servir, de
aprender de Ti e de repousar nas Tuas decisões para a minha vida. Que eu tenha
o coração e as mãos abertas para o Teu serviço, assim como Madalena, Joana e
Suzana. Que cada passo que eu der seja sempre para a Tua honra e glória.
++++
Você alguma vez já perdeu a esperança?
Quando enfrentamos problemas e dificuldades, muitas vezes deixamos de acreditar
que podemos superar estes momentos difíceis. Mas não perca a esperança. Tenha
fé, confie nas promessas de Deus, lembre-se de que a fé é a certeza de que
vamos receber as coisas que esperamos. Deus está ao nosso lado e ele quer nos
ajudar. Mas Deus não é um Pai que mima o filho, Ele está presente e age em
nossa vida. Ele espera que façamos tudo como se tudo dependesse de nós, mas que
saibamos que tudo depende de Deus.
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