25 fev - “Sunt bona mixta malis”. Há coisas que satisfazem os gostos humanos, misturadas com outras que parecem más, se a razão não busca a sua luz na fé. (L 167). SÃO JOSÉ MARELLO
Leitura do santo Evangelho segundo São Lucas 5,27-32
Meditação:
Jesus convida um pecador a segui-lo e, além disso,
entra em sua casa para fazer uma refeição com ele. O que é que ele ganha com
isso, se sabe que a única coisa que está arranjando é juntar cada vez mais provas
contra si, quando o acusarem formalmente em Jerusalém diante do poder romano?
(Lc 23,5).
Aí está o segredo de seu modo de proceder: enquanto
“perde pontos” com o judaísmo oficial, ganha na tarefa de instauração do reino
de Deus; enquanto vai perdendo sua própria vida diante dos que lhe podem matar
o corpo (Mt 10,28), vai ganhando vida cada vez que pessoas como estas que o
acompanham à mesa se convertem e se abrem àquele acontecimento novo que era a
presença do Noivo (vv. 34-35) e do reino, que subverte absolutamente toda a
ordem estabelecida e mantida por um frio legalismo dos fariseus e doutores da
lei.
Quantas vezes damos as costas aos “pecadores
públicos”, deixando-nos levar por preconceitos ou pelo temor de sermos
criticados! Jesus nos está demonstrando com fatos reais que eles são na
realidade os que precisam dessa presença, desse acompanhamento que lhes
fazemos.
Esta passagem descreve a refeição que reúne Jesus e
seus discípulos com alguns pecadores, imediatamente depois do convite de Jesus
a Mateus. Afirma-se que o próprio Mateus organiza o banquete, e Lucas acentua
que o fez de maneira suntuosa.
Alguns fariseus se assombram diante dos discípulos
de que seu Mestre coma com pecadores. Jesus declara então que veio para os
doentes e os pecadores, e não para os sadios e justos.
Jesus pensa, sem dúvida, nesses “justos” que são
incapazes de transcender a noção de justiça para chegar a reconhecer a
misericórdia de Deus. Sua atitude lembra a dos operários da vinha que
reclamaram do pagamento dos que tinham trabalhado menos, ou a do filho mais
velho com ciúmes da bondade do pai para com o filho pródigo que mais precisava
dela; ou a do fariseu que se vangloriava de pagar com justiça até o mais
insignificante dízimo, mas desprezava o pedido de misericórdia do publicano.
Jesus opõe então, a uma atitude reduzida à mera
justiça do homem, outra baseada na misericórdia. Lembra que os profetas já
tinham rejeitado o valor dos ritos, declarando-os inclusive totalmente nulos em
proveito de uma fé fundamentada no amor e na misericórdia.
A Palavra de Deus é um esteio para a nossa
caminhada aqui na terra. Precisamos colocá-la na nossa vida e encarná-la a fim
de que possamos produzir frutos bons que alimentem a quem está necessitando.
Assim como viu Levi, Jesus também nos vê, “sentados (as)” no nosso posto de trabalho, na nossa vidinha acomodada fazendo apenas o que nos interessa e quem sabe, somente murmurando e reclamando das coisas que não estão muito boas!
Jesus também nos chama para segui-Lo! Seguir a Jesus é assumir a vida e enfrentar os encargos do dia a dia com o compromisso de construir um mundo novo, não somente esperando que os outros façam, mas participando das ações de justiça e fraternidade.
Os novos discípulos de Jesus devem anunciar o reino a partir do critério fundamental da inclusão, sobretudo para com aqueles que foram marginalizados pelos homens e pelas estruturas sociais, políticas e religiosas.
Ao optar por seguir Jesus, Levi não esqueceu os
seus “amigos” do passado. Pelo contrário preparou um banquete para Jesus e
convidou-os para que eles também, pudessem ter uma vida comprometida e
renovada.
Assim também, nós precisamos fazer quando somos
chamados para uma vida nova em Jesus Cristo. Mãos a obra, porque há muitos
(as), pecadores (as), como nós, que precisam sentar-se à mesa com o Mestre e
também participarem de uma vida nova.
Como Levi, sejamos obedientes ao Mestre que nos chama para a sua missão. Saiba que a obediência ao chamado de Jesus é o único caminho de que dispõe a pessoa humana – ser inteligente e livre – para se realizar plenamente. Quando diz “não” a Deus o ser humano compromete o projeto divino e se diminui a si mesma, destinando-se ao fracasso. Digamos sim ao projeto de Deus em nossas vidas e vivamos eternamente.
Reflexão Apostólica:
O evangelho deste sábado nos apresenta Jesus sentado à mesa com pecadores. Não importa as criticas de seus opositores, Ele não tem duvidas em se sentar e compartilhar à mesa. Afinal de contas ele veio chamar os pecadores e com eles se senta, sabe qual é sua missão, que para ele é clara e a realiza.
Podemos fazer uma leitura complementar com Isaias que, prevendo os tempos
messiânicos, exige uma preparação para esse tempo de salvação: "Quando
tirares de ti a opressão, o gesto ameaçador e a maledicência, quando
compartilhar teu pão com o faminto e saciar o estômago do indigente, brilhará
tua luz nas trevas, tua escuridão se tornará meio dia".
Jesus nos acolhe no banquete do Reino, mas exige que tenhamos uma veste de
libertação, pessoal e comunitária, gestos e fatos, pão partido, compartilhado e
repartido com o faminto. É uma exigência, o tíquete de entrada do banquete e a
possibilidade de ver brilhar a luz de Deus. A justiça e a bondade com os demais
tornam possível essa luz.
Quaresma também é tempo propício de conversão e o evangelho de hoje nos dá um
modelo de conversão. Sejamos como Mateus, publicano e pecador reconhecido e
criticado por seu povo, mas atento e aberto à mudança. Façamos como ele,
abramos a porta de nossa casa e a do coração.
A maior condição para que nós possamos usufruir da misericórdia de Deus é
justamente a de nos sentirmos pecadores e necessitados de perdão. Jesus Cristo
veio ao mundo para nos revelar o grande amor do Pai por cada um de nós e nos
fazer participar do reino dos céus cuja porta é a Sua Misericórdia.
A cada um a quem Jesus diz, “segue-me” Ele dá oportunidade de conversão e de
vida nova. Os fariseus, no entanto, não entendiam assim, pois queriam ser
justos com suas próprias forças. O grande segredo de Levi (Mateus), cobrador de
impostos, pecador público foi o de reconhecer a sua condição de miséria e mesmo
sendo considerado “um caso sem jeito” acolheu o convite de Jesus e O
seguiu.
Quando nós caminhamos aqui na terra seguindo as concepções do mundo, isto é, de
como a maioria das pessoas pensa e age, a Palavra de Deus nos confunde porque
fala justamente o avesso do que todos pregam. Ao contrário do que todos nós
imaginamos, Jesus vem nos dizer que não veio chamar os justos, mas os pecadores
e é a estes que Ele procura. Portanto, precisamos nos reconhecer a nossa
condição de pecador para que Jesus também nos diga: “segue-me”
Assim, Ele nos dará oportunidade de conversão e de vida nova. Quanto mais
doente estiver uma pessoa maior será a sua cura, por isso Jesus nos diz: “os
que são sadios não precisam de médicos, mas sim os que estão doentes!”
A nossa necessidade de conversão é perene e nós nunca podemos nos contentar com
o que já progredimos. A cada dia precisamos ouvir o chamado do Senhor,
necessitamos recebê-Lo na nossa casa e sentar-nos na mesa com Ele. Quanto mais
reconhecermos a nossa enfermidade mais nós teremos Jesus como médico da nossa
alma e conseguiremos a cura do nosso coração.
Você também se considera doente e necessitado (a) de salvação e de cura? Você
já experimentou levar Jesus para sua casa e apresentá-Lo à sua família e aos
seus amigos? Os seus amigos são também doentes como você? Há alguém que você
conheça que é considerado pelo mundo como um caso sem jeito? Convide-o para
cear com Jesus na sua casa.
Propósito:
Pai, estou certo de que, mesmo
sendo pecador, sou amado por ti, e posso contar com a tua solidariedade, que me
descortina a misericórdia e a justiça como jeito novo de ser.
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