10 DE FEVEREIRO - Que Deus nos
inspire e nos assista, pois ai de nós se formos soldados despreparados no campo
de batalha. (L 15). São Jose Marello
Marcos
7,31-37
Naquele tempo, 31Jesus
saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da
Galileia, atravessando a região da Decápole. 32Trouxeram então um
homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a
mão. 33Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em
seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a
língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que
quer dizer: “Abre-te!” 35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua
língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade.
36Jesus recomendou com insistência
que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles
divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas
as coisas: Aos surdos faz ouvir e aos mudos falar
Meditação:
Voltamos aqui, a propósito do aspecto particular das
curas de mudos na Bíblia, ao tema da fé, que é o ponto principal desta
passagem. A maioria das narrativas que tratam da vocação de profetas, quer
dizer, de personagens que foram portadores da Palavra de Deus, narram ao mesmo
tempo curas de surdos ou mudos (Ex 4,10-17; Jr 1).
Trata-se de um procedimento literário cuja
finalidade é dar a entender que o profeta apoiado tão-somente em suas
faculdades naturais não é capaz sequer de começar a falar, mas que recebe de
“Outro” uma palavra que deve transmitir. Por isso a cura de um mudo que
proclama a Palavra é considerada como um sinal evidente do que é a fé: uma virtude
infusa que não depende das qualidades humanas.
A cura de um mudo quer nos dar, portanto, a
entender que devemos ter consciência de que a fé é um bem messiânico. Mas, ao
relatar esta cura, Marcos quer tornar como seu o tema do Antigo Testamento que
relaciona mutismo e falta de fé.
O evangelista sublinha repetidas vezes que a
multidão tinha ouvidos e não ouvia, tinha olhos e não via. Somos chamados a
profetizar e evangelizar, e somente de Deus procedem nossas capacidades.
Jesus encontra com uma comunidade surda e muda.
Isto é algo que simboliza o personagem que nos apresenta o relato evangélico.
Esse homem representa a comunidade que tem que ser curada espiritualmente. Essa
cura, que é produto do amor gratuito de Deus, levará a comunidade a entender as
palavras de Jesus e chegar a confessá-lo como o "Filho de Deus Crucificado
e Ressuscitado".
Este relato evangélico tem muitos sinais
libertadores que são necessários para compreender, para poder assimilar o
conteúdo profundo desta perícope. Este milagre, antes de tudo, estabelece uma
gratidão na qual a humanidade total de Jesus se encontra comprometida. Jesus
utiliza suas mãos, a utilização das mãos manifesta a aproximação de Deus que
Jesus possui.
Esta aproximação se faz necessária, para que o povo
volte a escutar e seja capaz de proclamar. A religião oficial havia distanciado
Deus da esfera popular e por isso eles sentiam-no distante e abstrato.
Jesus emprega também a saliva: é símbolo que recria
o indivíduo novamente e torna-o apto para que possa continuar a história, pela
nova história de liberdade inaugurada por Jesus.
Outro sinal: os olhos levantados para o céu: são
expressão com a qual o evangelista manifesta o desejo intenso de Jesus de curar
a comunidade que padece de surdez e de mudez e esse desejo se converte em
oração que o Pai misericordioso escuta para o bem do povo.
Uma palavra: "Effatá". Com esta palavra
Jesus convida a comunidade a se abrir, para que o projeto de Deus se faça
efetivo no meio da comunidade. Todos esses sinais externos que Jesus realiza
para que o milagre seja possível na vida do povo, são um Dom gratuito de Deus e
este Dom gratuito do Pai é que tornará possível que a comunidade confesse a
Jesus como o Senhor da história.
A surdez impossibilitava a comunidade
seguidora de Jesus a compreender mesmo o que Jesus dizia. Hoje também nós, em
nossas comunidades, padecemos de surdez que nos impossibilita de escutar o
projeto libertador de Deus em nossas vidas.
Reflexão Apostólica:
O milagre
que nedutanis no texto de hoje está vinculado com a compreensão universal
do Evangelho. A salvação chega a todos os povos, os limites se ampliam com o
anúncio da Boa Nova aos pagãos. O surdo-mudo representa o povo pagão, e
expressa simbolicamente o silencio e a negação dessa palavra salvadora para os não
judeus.
Curando o surdo mudo Jesus abre a possibilidade aos pagãos. Eles devem ser
participantes ativos da salvação. Concede a eles a capacidade de escutar e
falar a Palavra de Deus.
Jesus cura o surdo-mudo com sinais muito expressivos. Eles ilustram a ternura e a compaixão de Deus pelos que são excluídos da comunidade. Jesus é apresentado como aquele que restaura todas as coisas, dando-lhes um novo alento de vida.
Com a cura do surdo-mudo, Jesus torna presente o projeto de uma nova humanidade
e de uma nova criação. Essa nova humanidade e criação estão fundamentadas na
Palavra de vida e no amor de Deus Pai, que defende e protege a vida. A escuta
da Palavra deve nos conduzir a uma verdadeira mudança de vida.
Jesus levou o homem para fora da multidão, colocou
os dedos nos seus ouvidos e tocou a sua língua. Assim Ele quer fazer conosco:
tirar-nos do mundo, da multidão e nos levar para um lugar onde nós possamos
escutá-lo, onde Ele possa nos tocar.
Ele quer abrir os nossos ouvidos e a nossa boca
porque nós só conseguiremos deixar de ser mudos quando deixarmos de ser surdos
à Sua Palavra que são ensinamentos preciosos para nós. Como pode falar de Deus
aquele que não escuta a Deus?
Um coração surdo, é um coração que não sabe se
expressar, não sabe contagiar, não sabe atrair as pessoas. Jesus quer fazer
também em nós esse grande milagre: abrir os nossos ouvidos para que possamos
falar com facilidade as coisas lindas que o Espírito Santo nos revelar.
Primeiramente Jesus quer nos afastar do meio da
multidão para poder tocar com os dedos nos nossos ouvidos, depois disso
tornar-se-á mais fácil para nós soltar a nossa língua a fim de divulgar as
coisas que o Senhor tem feito bem na nossa vida.
“Efatá”, (Abre-te), é a palavra chave que Jesus
ordena aos nossos ouvidos e boca espirituais. – Jesus já tocou os seus ouvidos
ou você continua no meio da multidão daqueles que não “ouvem”, por isso, não
entendem a Palavra de Deus?
Você acha que não fala em nome de Deus porque você
é tímido (a) ou porque você não pára para escutar o que Ele tem a lhe
dizer? Você precisa ser tocado por Jesus em relação a isso?
Jesus “fazia bem todas as coisas”. Isto revela o
empenho que colocava no exercício de sua missão. Ele não fazia as coisas pela
metade, não concedia benefícios parcelados e condicionados, nem se contentava
com ações malfeitas. Pelo contrário, seus gestos poderosos traziam a marca da
plenitude.
No caso do surdo-mudo, a plenitude do gesto de
Jesus deve ser entendida para além da cura física. O fato de abrir-lhe os ouvidos,
possibilitando-lhe ouvir perfeitamente, e da libertação da mudez, de modo a
poder falar sem dificuldade, já é, por si, formidável. Contudo, isto ainda
seria insuficiente para que a ação de Jesus fosse declarada bem-feita.
Era necessário possibilitar ao surdo-mudo um
“abrir-se” ainda mais radical: desfazer-lhe as outras prisões, e num nível tal
de profundidade, de forma a colocá-lo em plena sintonia com Deus e com os seus
semelhantes.
Sem esta passagem da cura física à cura espiritual,
a primeira não teria muita importância. Vale a pena alguém ser curado da surdez
e da mudez para levar uma vida egoísta, sem solidarizar-se com os necessitados?
Tem sentido ser privilegiado com um gesto de misericórdia de Jesus, e
recusar-se a ser misericordioso com o próximo?
Só uma cura radical possibilitaria àquele homem ser
misericordioso com os demais. E era isto que interessava a Jesus.
Hoje é comum vermos nas ruas muitas pessoas com
fones de ouvidos, ouvindo música ou mesmo programas do mundo, alienando-se dos
acontecimentos que o cercam.
Vemos também muitos jovens passeando em seus
automóveis com o som ligado no último volume e também muitos em suas próprias casas
gostam de ouvir música no volume máximo.
Entretanto para ouvir o que seus pais têm a dizer
ou a Palavra de Deus eles viram as costas e preferem não ouvir. Somos rebeldes
à nossos pais e não queremos ouvir a Palavra de Deus. Por isso, há entre nós tantos
enfermos do corpo e da alma.
O Senhor nos fez com dois ouvidos e uma boca para
que saibamos mais ouvir do que falar. A nossa fé vem pelo ouvir, se quisermos
aumentar a nossa fé devemos ouvir mais.
Propósito:
Senhor queremos ser tuas ovelhas e ouvir a Tua
voz!
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