09 maio - Imitemos Maria no seu grande
amor ao silêncio, não falando mais do que o necessário. (L 198). São Jose
Marello
João 10,1-10
"Jesus, o pastor
verdadeiro
Jesus disse: - Eu
afirmo a vocês que isto é verdade: quem não entra no curral das ovelhas pela
porta, mas pula o muro é um ladrão e bandido. Mas quem entra pela porta é o
pastor do rebanho. O porteiro abre a porta para ele. As ovelhas reconhecem a
sua voz quando ele as chama pelo nome, e ele as leva para fora do curral.
Quando todas estão do lado de fora, ele vai na frente delas, e elas o seguem
porque conhecem a voz dele. Mas de jeito nenhum seguirão um estranho! Pelo
contrário, elas fugirão, pois não conhecem a voz de estranhos.
Jesus fez esta
comparação, mas ninguém entendeu o que ele queria dizer.
Então Jesus continuou:
- Eu afirmo a vocês que isto é verdade: eu sou a porta por onde as ovelhas
passam. Todos os que vieram antes de mim são ladrões e bandidos, mas as ovelhas
não deram atenção à voz deles. Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo;
poderá entrar e sair e achará comida. O ladrão só vem para roubar, matar e
destruir; mas eu vim para que as ovelhas tenham vida, a vida completa."
Meditação:
Em complemento ao tema fundamental do evangelho, que é o dom da vida eterna, João apresenta um tema eclesial sob a forma de uma parábola: o redil das ovelhas.
Em Jesus, temos o modelo do verdadeiro pastor. Nele se realiza a espera do bom
pastor prometido por Deus: o «grande pastor», maior que Moisés (Hb 13,20). Em
Jo 10,1-10 se afirma que Jesus é a «porta» para se chegar às ovelhas e para ter
acesso às pastagens (10,7.9-10).
O tema das ovelhas já tinha sido introduzido em Jo 2,15 e em particular em 5,2
onde se indica uma porta das Ovelhas com cinco pórticos nos quais estavam
deitados os doentes para serem curados.
Neste último contexto as ovelhas estão indicando o povo oprimido pelos líderes.
Em Jo 10,1 Jesus liga o tema das ovelhas ao átrio do templo, a instituição
judaica administrada por pessoas com poder que pisavam o direito, a justiça e
aproveitavam do povo. Essas pessoas são qualificadas por Jesus como «ladrões e
bandidos».
Jesus dirige esta parábola a alguns fariseus que lhe estavam próximos, após a
cura de um cego. Jesus, de início, se afirma como sendo a porta do redil. É
através dele que entram os verdadeiros pastores e as ovelhas, formando a
autêntica comunidade.
João, por meio desta bela alegoria, quer expressar que Jesus é o verdadeiro
Pastor, é o homem que realmente conduz o rebanho para os melhores pastos.
A alegoria é uma síntese da profunda reflexão que desenvolveu a comunidade joanina a partir da experiência de vida junto ao Mestre, chegando à conclusão de que o projeto de Jesus é uma porta que comunica a humanidade com a vida plena.
Nesta alegoria Jesus se identifica com o verdadeiro pastor do rebanho que conhece pessoalmente cada uma de suas ovelhas. Entra no curral e as retira. De onde as retira? Das garras desses pastores que entraram no curral sem serem enviados por Deus, ladrões e assaltantes que entraram para roubar, matar e destroçar.
Por que a comunidade não entende o que Jesus está dizendo? Porque as pessoas tinham certeza que os pastores anteriores eram consagrados. Mas Jesus tem um olhar crítico sobre a realidade.
Não se pode entrar na comunidade de qualquer maneira nem por qualquer lugar.
Deve-se entrar pela mesma prática de misericórdia, serviço e justiça de Jesus e
essa porta que é Jesus é porta de liberdade. Pode-se entrar e sair para
encontrar a vida e vida em abundância.
Enquanto milhões de seres humanos se debatem na maior miséria, continuamos repetindo que Jesus veio para que tenhamos vida e vida em abundancia.
Como poderão crer os pobres sem uma mudança real de suas situações desumanas?
Os povos perdem força em meio a situações conflitivas e com dor vemos que seus
pastores são responsáveis quando não diretamente culpados.
As diferentes imagens que encontramos neste relato (a porta, o salteador e o pastor) quer manifestar que as atitudes e comportamentos de Jesus são propostas de vida diferentes daquelas promovidas pelos líderes da ordem social e econômica do momento que, tal como descreve o relato, são estranhos que não promovem e defendem a vida da comunidade; são esses que entram ao lado do rebanho para “roubar, destroçar e matar”.
O
bom pastor é aquele que se identifica com suas ovelhas, aquele que se envolve
na dinâmica das mesmas. A comunidade cristã deve reconhecer novamente a voz de
seu Pastor para se deixar conduzir na liberdade pelo caminho da misericórdia e
da justiça, já que muitas vezes caminha pela indiferença e comodidade em
abundância.
Reflexão Apostólica:
Deus é o grande pastor e Jesus a porta! Lembremos do evangelho da
semana passada (26/4): "(…)
SÓ PODERÃO VIR A MIM AQUELES QUE FOREM TRAZIDOS PELO PAI, que me enviou, e eu
os ressuscitarei no último dia. Nos Profetas está escrito: 'Todos serão
ensinados por Deus.' E todos os que ouvem o Pai e aprendem com ele vêm a mim."
(Jo 6, 44-46)
Ontem, vimos a passagem que se segue à de hoje. Fazer essas idas e vindas na
leitura dos evangelhos nos permite contextualizar o que esta acontecendo e de
certa forma primar do entendimento, em separado, de um determinado versículo em
detrimento ao seu pré-texto, texto e contexto.
Ele nos remete a intrigante solução de uma dúvida: A quem estamos ouvindo?
Gostaria de trazer um exemplo da nossa realidade para fazermos uma analogia da
situação proposta. Convido-os comigo a imaginar… Imagine uma festa, um evento,
um show… Numa praia ou num lugar amplo, tipo daquelas festas de fim de ano que
acontecem em vários locais do Brasil.
Como bem sabemos, nem todos se encantam ou são fãs dos cantores que se revezam
no palco, portanto, fazem suas “panelinhas” em palcos alternativos um pouco
mais afastado do som central.
Isso é bem comum em festas dentro de bairros onde pessoas, por meio de sons bem potentes instalados em seus carros, promovem ilhas de som, competindo com o evento central onde se concentram a maioria das pessoas. Precisamos notar bem a situação… Os dois eventos estão acontecendo simultaneamente e competem entre si, mas quem sairá vencedor?
Vivemos isso no que diz respeito à participação dos fieis na igreja. A missa
para muitos, principalmente os mais jovens, deixou de ser o “som central” da
semana, mas de certa forma isso não me preocupa, pois sempre fomos uma “ilha de
som alternativo”.
Sim! Jesus apresentava um viver alternativo aos olhos daquele tempo e ainda do
nosso. De certa forma competia com o viver pagão da maioria e com o cárcere
intelectual dos doutores da lei judaicos
É preciso viver nesse mundo, mas não ser desse mundo. A voz do pastor, por mais
que nesse mundo ainda soe como voz “alternativa” é a única que salva e leva à
porta. Viver no mundo carece de que vivamos em ilhas com o “alternativo”, pois
foi através dela que os judeus foram libertos do cárcere do Egito. Um palco
chamado oração.
Nem tudo que existe no mundo é ruim como apregoam alguns segmentos extremistas,
pois de certa forma fomos nós mesmos que os estragamos. A sexualidade era uma
situação de um casal, mas hoje se resume a pulseiras multicoloridas colocadas
nos braços de adolescentes.
Nem tudo que “toca” no palco central deve nos prender. Não podemos ser reféns
do que não gostamos ou concordamos para estar na moda ou fazer parte da turma,
pois por muitas vezes que buscamos ser descolados e diferentes, estamos na
verdade sendo iguais a outros tantos. Sim! Ser diferente às vezes é ser igual a
alguém, portanto não nos torna diferente!
O jovem que ainda procura o engajamento social e em uma pastoral ou movimento
ainda soa como um “palco alternativo”
Lembremo-nos: Nem tudo me convém!
Propósito: Participar da
entrega de Jesus e fazer tudo
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