04 março - Tu, ó José, indica-nos o caminho,
sustenta-nos a cada passo, conduze-nos aonde a Divina Providência quer que
cheguemos. (L 208).
SÃO JOSE MARELLO
Mateus 9,14-15
Aproximaram-se de Jesus os discípulos de João e
perguntaram: "Por que jejuamos, nós e os fariseus, ao passo que os teus
discípulos não jejuam?" Jesus lhes respondeu: "Acaso os convidados do
casamento podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que
o noivo lhes será tirado. Então jejuarão.
Meditação:
O evangelho de hoje nos fala da presença. A
presença de Deus no Antigo Testamento quando Isaias nos assegura que somente
temos que invocá-la para que se faça presente e a presença de Jesus na
comunidade que deve suscitar a alegria. Quando essa presença faltar, teremos
que assumir outra atitude, mas deixemos para quando esse momento chegar.
Os discípulos de João, atrelados aos dos
fariseus, ficavam incomodados com o comportamento dos discípulos de Jesus no
tocante à prática do jejum. Ao supervalorizar este ato de piedade, imaginavam
estar dando mostras de santidade e de seriedade de vida. Não acontecendo o
mesmo com o grupo de Jesus, concluíam faltar-lhes profundidade. Quiçá os
considerassem levianos e desregrados.
Estas considerações não chegaram a
influenciar a pedagogia de Jesus, no trato com os discípulos. Servindo-se da
metáfora da festa de casamento, estabeleceu uma clara distinção entre o tempo
de alegrar-se e o tempo de jejuar.
O primeiro corresponderia ao tempo de sua
presença, qual um noivo, junto dos que escolhera para estar consigo. Seria o
tempo de festejar, comemorar, desfrutar de uma presença tão querida.
O segundo diz respeito ao tempo de sua
ausência, a ser consumada por meio da morte de cruz. Figurativamente, seria o
tempo da ausência do noivo, no qual todos se preparam para sua chegada, e se
privam de alimentos, em vista do banquete que será oferecido.
Portanto, os discípulos não jejuavam
simplesmente pelo fato de terem ainda Jesus junto de si. O tempo em que o
esposo lhes seria tirado estava se aproximando. Aí, sim, o jejum seria uma
exigência, em vista de preparar-se para acolher a segunda vinda do
Senhor.
A passagem evangélica de
hoje descreve o banquete que Mateus, o publicano, ofereceu a Jesus e a
seus discípulos por causa do convite que o Mestre lhe tinha feito para
segui-lo.
Os fariseus, nos versículos 11-13,
criticam-no por sentar à mesa com pecadores; os vv. 14-15 tocam no tema do
jejum. Entretanto, os interlocutores de Jesus já eram outros. Na passagem de
hoje, são os “discípulos de João” que substituem os fariseus.
Estranham que Jesus e seus discípulos não
jejuem como eles mesmos o fazem, de uma maneira rigorosa que supera amplamente
as observâncias judaicas relativas aos jejuns.
A resposta de Jesus evidencia que os
discípulos de João Batista não haviam descoberto ainda em Jesus o “noivo”
messiânico. Porque, se tivessem levado isso em conta, teriam compreendido que
de agora em diante o jejum não teria o mesmo significado.
Ele quis dizer aos discípulos de João
Batista, e todos aqueles que ainda estavam presos ao passado que, jejum é feito
em casos específicos, quando queremos servir melhor a Deus, quando estamos
passando por tribulações, perseguições, doenças e calamidades, nos
arrependimentos de pecados por nós e pelo povo, e conversões em massa.
Alías, Jejum, oração e boas obras são
mencionados frequentemente por ambos judeus e cristãos. Oração não fica a
frente do jejum, e boas obras, independente deles, mas como algo que os liga de
dentro. O mais completo entendimento da oração é particularmente oferecido em
conexão com o jejum.
Quando nós olhamos o que é dito sobre a
oração, e como ela é definida, nós podemos ver que a ênfase é naturalmente mais
no estado do coração e alma que no corpo, como possível expressão da oração em
geral.
Segundo são João Damasceno: “Oração é a
subida da mente e do coração de alguém a Deus ou o pedido das boas coisas de
Deus”.
Primariamente, a conversa com Deus como
atividade espiritual é enfatizada. Todavia, há também a prática e a experiência
de que não apenas pensamentos, conversa e atos espirituais por si só estão
inclusos na oração, mas também é o corpo.
A oração torna-se mais completa por meio do
corpo e do movimento, que acompanha as palavras da oração. O corpo e seu
movimento tornam a oração mais completa e expressiva para que ela possa mais
facilmente envolver a pessoa inteira.
A unificação do corpo e da alma na oração é
particularmente manifestada em jejuar e orar. O jejum físico torna a oração
mais completa. Uma pessoa que jejua reza melhor e uma pessoa que reza, jejua
mais facilmente. Desta forma, a oração não permanece somente uma expressão ou
palavras, mas cobre o ser humano inteiro.
O jejum físico é uma admissão para Deus
diante dos homens que alguém não pode fazer sozinho e necessita de ajuda. Uma
pessoa experimenta sua impotência mais facilmente quando ela jejua, e por isso,
por meio do jejum físico, a alma está mais aberta a Deus. Sem jejum, nossas
palavras na oração permanecem sem uma fundação verdadeira.
No Antigo Testamento, os crentes jejuavam e
rezavam individualmente, em grupos e em várias situações da vida. Por causa
disso, eles sempre experimentavam a ajuda de Deus. Jesus confere uma força
especial ao jejum e a oração, especialmente na batalha contra os espíritos do
mal.
O jejum é um tipo de penitência no qual
abrimos mão de algo que nos agrada, e oferecemos esse “sacrifício” por alguma
boa intenção. E aqui entra um detalhe: só Deus precisa saber desse jejum! Não
precisa sair por aí se gabando de jejuar, ou se mostrando abatido por causa do
jejum! Pelo contrário, o verdadeiro jejum é feito escondido, para que somente o
nosso Deus, que vê o que está escondido, tome conhecimento.
No evangelho de hoje, Jesus justificou que
os seus discípulos não estavam em jejum porque Ele próprio estava presente, e
isso era motivo de festa! E festa não combina com jejum! Chegaria o dia
Reflexão Apostólica:
Deus
conhece o nosso coração e sabe das nossas motivações, portanto quando jejuamos
devemos fazê-lo com muita disposição e por amor, sem lamentos nem
justificativas.
Jesus
Cristo veio dar sentido a todas as nossas ações, assim, Ele nos ensina a
praticar os atos religiosos de coração, e não por obrigação. Há momentos na
nossa vida que não nos cabe jejuar nem fazer sacrifícios, mas sim aproveitar a
ocasião que nos é oferecida.
De que
adianta para nós o jejum se o nosso coração não está contrito no sacrifício? Um
coração ressentido, vingativo, revoltado não consegue amar nem fazer nada por
amor. Para os cristãos o jejum deve ter um significado de vida e de alegria.
Deve haver
uma razão de ser para o jejum. Não nos basta jejuar somente por jejuar, sem um
motivo que toque o nosso coração. Os discípulos de Jesus partilhavam com Ele de
todos os eventos com alegria e submissão à Sua vontade e aos Seus ensinamentos.
Eles estavam perto de Jesus e usufruíam da Sua presença e da Sua companhia,
portanto, não tinham clima para jejuar, nem precisavam disso.
Há que se
ter uma causa nobre e sincera para que nós pratiquemos o jejum e o
sacrifício.
Quando
você jejua você se sente em paz? Você gosta de mostrar aos outros que está
jejuando? O que Jesus acha do seu jejum? Você é uma pessoa que sabe
curtir o momento presente como um presente de Deus?
Hoje somos
convidados à alegria; é assim que devemos estar na Quaresma, tempo que
tradicionalmente adornamos a espiritualidade com penitências e jejuns. Na
primeira sexta da Quaresma, dia penitencial, a liturgia nos apresenta
Jesus defendendo seus discípulos que não jejuam; é um convite a buscar o
sentido mais profundo de nossos "jejuns e abstinências".
Por um lado poderemos permanecer nos sinais externos e seguir com nossos ritos,
sem refletir muito, o que é mais seguro, é mais fácil; ou procuramos nos tornar
mais conseqüentes e buscar no amor e na justiça a vontade de Deus: abrir
prisões injustas, libertar oprimidos, romper barreiras, partilhar o pão com
quem tem fome, hospedar os sem teto, vestir o desnudo, não nos fechar e
procurar que chegue a luz e a glória de Deus ao mundo. Deixemos de lado nossa
vaidade para que este jejum nos leve a sermos realmente autênticos e
verdadeiros cristãos.
Hoje é o dia esta é a hora da prática do jejum. Abrindo mão de certos prazeres, ou até oferecendo as nossas dores e sofrimentos a Deus, a fim de que Ele amenize o sofrimento nosso ou de outras pessoas.
Propósito:
Pai,
desejo preparar-me bem para celebrar a Páscoa, tempo de reencontro com o
Ressuscitado. Que o jejum me predisponha, do melhor modo possível, para este
momento.
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